Este artigo propõe apresentar algumas questões concernentes ao estudo do aspecto interdiscursivo da escritura machadiana, compreendido aqui como a relação com discursos já-escritos empreendida a partir do espaço da biblioteca. Partiremos de uma sucinta apresentação do percurso histórico da biblioteca pessoal de Machado, a fim de tecer algumas considerações sobre a aproximação entre escrita e leitura, para, em seguida, analisarmos o que chamamos de biblioteca ficcional, isto é, a maneira pela qual a escritura ficcionaliza e relaciona-se com os discursos já-escritos. Nesse movimento, percebe-se que essa interdiscursividade acaba por problematizar as condições de enunciabilidade e de legibilidade da própria obra literária, apontando para o caráter preponderantemente crítico da ficção de Machado de Assis.
interdiscursividade; escritura; bibliotecas particulares; enunciabilidade; legibilidade