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MAPEANDO RELAÇÕES EM PESQUISAS SOBRE POBREZA E MIGRAÇÃO (1980-2017)

MAPEANDO RELACIONES EN INVESTIGACIONES SOBRE POBREZA Y MIGRACIÓN (1980-2017)

RESUMO

Este artigo apresenta um Mapeamento Sistemático da Literatura (MSL) sobre o que tem sido produzido e discutido acerca das relações entre pobreza e migração entre 1980 e 2017, com o intuito de analisar as principais preocupações dos pesquisadores, além das temáticas, dos períodos e dos locais de origem dos trabalhos. O artigo parte da hipótese de que, ao conhecer a realidade internacional (utilizando bases como Web of Science, Scopus e ScienceDirect), será possível avaliar, a posteriori, a produção latino-americana (analisando as bases SciELO, LatIndex e RedALyC), de modo a comparar as principais preocupações locais com as mundiais. O trabalho, deste modo, objetiva avaliar quais os principais temas relacionados e discutidos quando se fala de “pobreza e migração” e quais as relações estabelecidas entre estes. Os resultados desta pesquisa mostram, dentre outros, que a relação entre pobreza e migração é multidimensional, multidirecional e multiescalar. Duas preocupações sempre presentes dizem respeito às questões socioeconômicas e à relação de causalidade entre migração e pobreza (ainda sem claro consenso). Ainda que, após 2007, tenha se verificado um crescimento exponencial das publicações, constatou-se a baixa presença de artigos que analisem as realidades latino-americana e brasileira, sendo necessário o uso de bases indexadas locais (SciELO, LatIndex e RedALyC).

Palavras-chave:
Pobreza e migração; Mapeamento sistemático da literatura; Bases de dados bibliográficos; Bibliometria

RESUMEN

Este artículo presenta un Mapeo Sistemático de la Literatura (MSL) sobre lo que se ha producido y discutido acerca de las relaciones entre pobreza y migración entre 1980 y 2017, con el fin de analizar las principales preocupaciones de los investigadores, además de las temáticas, de los períodos y de los locales de origen de los trabajos. El artículo parte de la hipótesis de que, al conocer la realidad internacional (utilizando bases como Web of Science, Scopus y ScienceDirect), será posible evaluar, a posteriori, la producción latinoamericana (analizando las bases SciELO, LatIndex y RedALyC) para comparar las principales preocupaciones locales con las mundiales. El trabajo, de este modo, tiene como objetivo evaluar cuáles son los principales temas relacionados y discutidos cuando se habla de “pobreza y migración” y cuáles son las relaciones establecidas entre éstos. Los resultados de esta investigación muestran, entre otros, que la relación entre pobreza y migración es multidimensional, multidireccional y multiescalar. Dos preocupaciones siempre presentes se refieren a las cuestiones socioeconómicas y a la relación de causalidad entre migración y pobreza (aún sin claro consenso). Aunque, después de 2007, se ha verificado un crecimiento exponencial de las publicaciones, se constató la baja presencia de artículos que analicen las realidades latinoamericana y brasileña, siendo necesario el uso de bases indexadas locales (SciELO, LatIndex y RedALyC).

Palabras-clave:
Pobreza y migración; Mapeo sistemático de la literatura; Banco de datos bibliográficos; Bibliometría

ABSTRACT

This article presents a Systematic Mapping Study (SMS) of what has been produced and discussed about the relations between poverty and migration between 1980 and 2017, in order to analyze the researcher’s main concerns, as well as the themes, periods and places of origin of the papers. The article is based on the hypothesis that, knowing the international context (using platforms such as Web of Science, Scopus and ScienceDirect), it would be possible to evaluate, a posteriori, the production in Latin America (analyzing SciELO, LatIndex and RedALyC), with the aim of comparing the main concerns, both locally and globally. The paper aims to evaluate the main themes related to and discussed when one talks about “poverty and migration” and the relationships established between them. The results of this research show, among others, that the relationship between poverty and migration is multidimensional, multidirectional and multiscale. Two main concerns that are always present are related to socioeconomic issues and the causal link between migration and poverty (still without a clear consensus). Although, there was an exponential growth in publications after 2007, the low presence of articles that analyze the Latin-American and Brazilian realities was verified, which makes the use of local platforms (SciELO, LatIndex and RedALyC) necessary.

Keywords:
Poverty and migration; Systematic mapping study; Bibliographic databases; Bibliometrics

INTRODUÇÃO

Estudar as relações existentes entre pobreza e migração envolve desafios que se manifestam desde a escolha de se estudar a relação em si, até a definição das próprias categorias de análise (pobreza e migração). De um lado, existe a questão da construção ideológica stricto sensu do problema migratório: nesta direção, é bastante comum, no imaginário coletivo, enxergar a migração como principal causa da pobreza na cidade (VAINER, 1995VAINER, C. B. Estado e Migração no Brasil: da imigração à emigração. In: PATARRA, Neide Lopes (Coord.) Emigração e imigração no Brasil contemporâneo. São Paulo: FNUAP, 1995. p. 39-52.). De outro lado, entretanto, há de se considerar que compreender esta relação implica entender mais profundamente o papel que a própria dinâmica migratória tem na diminuição da pobreza (MARTINE, 2005MARTINE, G. A globalização inacabada: migrações internacionais e pobreza no século 21. São Paulo em Perspectiva, São Paulo, v. 19, n. 3, p. 3-22, 2005.; CANO, 2011CANO, W. Novas determinações sobre as questões regional e urbana após 1980. Campinas: IE/UNICAMP, 2011. 38p. (Texto para Discussão IE/UNICAMP nº 193).). Antes de avançar na proposta que se faz neste artigo, todavia, é preciso compreender o que se estuda ao analisar a pobreza, para que, em seguida, se avalie a relação desta com a dinâmica migratória (nacional e/ou internacional).

Ao analisar as pesquisas que estudam a pobreza a partir de uma abordagem quantitativa, é possível dividi-las em dois grandes grupos. Em um primeiro grupo, se encontram aquelas pesquisas de caráter demográfico, que procuram entender questões relacionadas à fecundidade (AASSVE et al., 2005AASSVE, A.; ENGELHARDT, H.; FRANCAVILLA, F.; et al. Poverty and fertility in less developed countries: a comparative analysis. Colchester: University of Essex, 2005. 44p. (ISER Working Paper Series nº 2005-13).) e à mortalidade da população pobre. Alternativamente, estes trabalhos podem focar em uma análise mais descritiva dos pobres, avaliando-os em termos de composição por variáveis como raça/cor e estado civil (BRITO, 2008BRITO, F. Transição demográfica e desigualdades sociais no Brasil. Revista Brasileira de Estudos de População, São Paulo, v. 25, n. 1, p. 5-26, 2008.; LIPTON, 1983LIPTON, M.. Demography and poverty. Washington, DC: The World Bank, 1983. 127p. (World Bank Staff Working Papers nº 623).) ou, ainda, estrutura etária (EASTERLIN, 1987EASTERLIN, R. The new age structure of poverty in America: permanent or transient? Population and Development Review, New York, v. 13, n. 2, p. 195-208, 1987.). No segundo grupo, estão pesquisas de cunho socioeconômico, que utilizam dados sobre os domicílios para delinear o perfil da população pobre (FERREIRA; LANJOUW; NERI, 2003FERREIRA, F. H. G.; LANJOUW, P.; NERI, M. A robust poverty profile for Brazil using multiple data sources. Revista Brasileira de Economia, Rio de Janeiro, v. 57, n. 1, p. 59-92, 2003.). Ambos os tipos são empregados para entender quem é o pobre, mas não para compreender como este entrara ou continua na pobreza.

Pesquisas sobre pobreza, independente de intersecções interdisciplinares adicionais, costumam partir de definições objetivas para delimitar as técnicas de mensuração deste fenômeno (HAGENAARS; DE VOS, 1988HAGENAARS, A.; DE VOS, K. The Definition and Measurement of Poverty. The Journal of Human Resources, Madison, v. 23, n. 2, p. 211-221, 1988.). Dentre as técnicas mais utilizadas para delimitação da população pobre, podem ser apontadas: as necessidades básicas (HAGENAARS; VAN PRAAG, 1985HAGENAARS, A.; VAN PRAAG, B. M. S. A synthesis of poverty line definitions. Review of Income and Wealth, Ottawa, V. 31, n. 2, p. 139-154, 1985.); os múltiplos do salário mínimo (ROCHA, 1996ROCHA, S. Poverty under inflation. In: ØYEN, E.; MILLER, S. M.; SAMAD, S. A. (Eds.) Poverty - a global review: Handbook on International Poverty Research. Oslo: Scandinavian University Press, 1996.); as cestas de consumo regionais (ROCHA, 2000ROCHA, S. Estimação de linhas de indigência e pobreza: opções metodológicas no Brasil. In: HENRIQUES, R. (Org.) Desigualdade e pobreza no Brasil. Rio de Janeiro: IPEA, 2000.); e a mediana da renda (SOARES, 2009SOARES, S. S. D. Metodologias para estabelecer a linha de pobreza: objetivas, subjetivas, relativas, multidimensionais. Brasília: IPEA, 2009. 53p. (Texto para Discussão nº 1381).). Depois do processo de estimação, especialmente quando se usa uma linha de pobreza monetária, é comum empregar medidas que resumam, em um único número, a dimensão e a profundidade da pobreza (BANCO MUNDIAL, 2005BANCO MUNDIAL. Introduction to poverty analysis. Washington, DC: The World Bank, 2005. 218p.; FOSTER; GREER; THORBECKE, 1984FOSTER, J.; GREER, J.; THORBECKE, E. A class of decomposable poverty measures. Econometrica, Malden, v. 52, n. 4, p. 761-767, 1984.). Isto mostra que, de modo geral, estudos sobre pobreza têm se pautado em um “parâmetro de renda abaixo do qual as pessoas são consideradas pobres” (ROCHA, 1997ROCHA, S. Do consumo observado à linha de pobreza. Pesquisa e Planejamento Econômico, Rio de Janeiro, v. 27, n. 2, p. 313-352, 1997., p. 313).

Especialmente a partir dos anos 1990, de forma alternativa ao que vinha sendo feito, a perspectiva multidimensional para análise da pobreza tem sido mais aplicada (CODES, 2008CODES, A. L. M. A trajetória do pensamento científico sobre pobreza: em direção a uma visão complexa. Brasília: IPEA, 2008. 33p. (Texto para Discussão nº 1332).). Esta abordagem, a qual varia em sua operacionalização conforme o pesquisador, busca adicionar às análises dimensões como a opinião dos pobres (NARAYAN et al., 2000NARAYAN, D.; PATEL, R.; SCHAFFT, K.; et al. Voices of the Poor: can anyone hear us? Washington, DC: The World Bank, 2000. 360p.) e as capabilities (SEN, 1985SEN, A. K. Commodities and Capabilities. Amsterdam: North-Holland, 1985. 130p.; 2001SEN, A. K. Development as Freedom. Oxford: Oxford University Press, 2001. 384p.), além de incluir variáveis para mensurar o acesso aos serviços básicos e à moradia adequada, bem como ao sistema de proteção social (ALKIRE; FOSTER, 2011ALKIRE, S.; FOSTER, J. Counting and multidimensional poverty measurement. Journal of Public Economics. Amsterdam, v. 95, n. 7-8, p. 476-487, 2011.). Estes avanços metodológicos reforçam a insuficiência da renda para medir condições de vida (HOFFMANN, 1998HOFFMANN, R. Distribuição de renda - medidas de desigualdade e pobreza. São Paulo: UdUSP, 1998. 285p.), especialmente por ser uma técnica indireta de mensuração da pobreza (BRADSHAW; FINCH, 2003BRADSHAW, J.; FINCH, N. Overlaps in dimensions of poverty. Journal of Social Policy, Cambridge, v. 32, n. 4, p. 513-525, 2003.).

Independentemente da abordagem utilizada, tem sido cada vez mais frequente o estudo da pobreza a partir de técnicas espaciais de mapeamento, conhecidas como poverty mapping (HENNINGER; SNEL, 2002HENNINGER, N.; SNEL, M. Where are the poor? Experiences with the development and use of poverty maps. Washington, DC: World Resources Institute, 2002.; DEICHMANN, 1999DEICHMANN, U. Geographic aspects of inequality and poverty. Roma: FAO, 1999.), as quais dão conta de observar a “heterogeneidade das condições de pobreza subjacentes à média nacional, revelando bolsões insuspeitos de pobreza, mesmo dentro de áreas relativamente abastadas” (BEDI; COUDOUEL; SIMLER, 2007BEDI, T.; COUDOUEL, A.; SIMLER, K. Maps for Policy Making: Beyond the Obvious Targeting Applications. In: BEDI, T.; COUDOUEL, A.; SIMLER, K. (Eds.) More than a Pretty Picture: using poverty maps to design better policies and interventions. Washington, DC: The World Bank, 2007. p. 3-22., p. 5, tradução minha)1 1 No original: “(…) the heterogeneous poverty conditions that underlie the national average, revealing unsuspected pockets of poverty even within relatively well-off áreas.” . A adoção desta abordagem chama a atenção para o entendimento das inter-relações entre pobreza e migração, uma vez que este fenômeno, assim como o primeiro, se processa no espaço e passa por mudanças significativas também ao longo do tempo e por conta de acontecimentos econômicos, políticos e sociais (BAENINGER, 2012BAENINGER, R. Fases e faces da migração em São Paulo. Campinas: NEPO-UNICAMP, 2012.).

Avançando na dinâmica migratória, não só os pobres migram, além de que nem todo pobre de um município lá nasceu e/ou só lá viveu - isto é, há, tanto entre os pobres como entre os não-pobres, naturais e migrantes (MARIA; BAENINGER, 2016MARIA, P. F.; BAENINGER, R. Migração e pobreza: primeiras aproximações para o Brasil (1995-2014). In: SEMINÁRIO E PESQUISA EM CIÊNCIAS HUMANAS, 11., 2016, Londrina. Anais… São Paulo: Blucher, 2016.) -, já que pode lançar mão do ato migratório como estratégia de sobrevivência (MARTINE, 2005MARTINE, G. A globalização inacabada: migrações internacionais e pobreza no século 21. São Paulo em Perspectiva, São Paulo, v. 19, n. 3, p. 3-22, 2005.; PATARRA, 2006PATARRA, N. L. Migrações internacionais: teorias, políticas e movimentos sociais. Estudos Avançados, São Paulo, v. 20, n. 57, p. 7-24, 2006.)2 2 Ambos os autores se referem a esta estratégia no âmbito das migrações internacionais. Entretanto, é possível, sem prejuízo analítico, adotar este enfoque também em relação às migrações internas. . Em contrapartida, é também possível, por conta de fatores sociais, políticos e econômicos de segregação e/ou exclusão (KOTHARI, 2002KOTHARI, U. Migration and chronic poverty. Manchester: Institute for Development Policy and Management, 2002. 32p. (Chronic Poverty Research Center - WP 16).), que os pobres não migrem ou não adotem a migração como estratégia.

Argumenta-se, assim, pela necessidade de incluir a condição migratória nos estudos sobre pobreza, bem como a análise de como melhoraram as condições de vida da população migrante ao longo do tempo (MARIA; BAENINGER, 2016MARIA, P. F.; BAENINGER, R. Migração e pobreza: primeiras aproximações para o Brasil (1995-2014). In: SEMINÁRIO E PESQUISA EM CIÊNCIAS HUMANAS, 11., 2016, Londrina. Anais… São Paulo: Blucher, 2016.). Esta proposição se pauta na visão de que a migração pode ser compreendida como “causa e consequência da pobreza crônica, tanto para aqueles que migram como para os que ficam e, consequentemente, algo fundamental para entender o papel da pobreza crônica na migração é a relação entre ‘mobilidade’ e ‘imobilidade’” (KOTHARI, 2002KOTHARI, U. Migration and chronic poverty. Manchester: Institute for Development Policy and Management, 2002. 32p. (Chronic Poverty Research Center - WP 16)., p. 4, tradução minha)3 3 No original: “(…) a cause and consequence of chronic poverty for those who move as well as for those who stay behind and consequently, key to understanding the role of migration in chronic poverty is the relationship between ‘mobility’ and ‘immobility’ (…).” .

Observou-se que a análise da pobreza no Brasil carece de estudos que incluam a migração e abordem as relações entre estas dimensões, bem como sua reconfiguração sobre o território brasileiro ao longo do tempo (MARIA; BAENINGER, 2016MARIA, P. F.; BAENINGER, R. Migração e pobreza: primeiras aproximações para o Brasil (1995-2014). In: SEMINÁRIO E PESQUISA EM CIÊNCIAS HUMANAS, 11., 2016, Londrina. Anais… São Paulo: Blucher, 2016.). Tal análise é necessária à medida que ainda é preciso compreender mais a fundo quais as conexões existentes entre as duas dimensões (SIDDIQUI, 2012SIDDIQUI, T. Impact of migration on poverty and development. Brighton: University of Sussex, 2012. 44p. (“Migrating out of Poverty” Research Programme Consortium - Working Paper 2).)4 4 Ainda que o autor aborde este ponto na migração internacional, aplicaremos este argumento à migração interna. . Questões como os diferenciais de gênero e as formas pelas quais os pobres se beneficiam (ou não) da migração ainda precisam ser entendidas. Falta também esclarecer como a migração impacta na composição e no nível da pobreza nas economias das regiões de origem e de destino (SIDDIQUI, 2012SIDDIQUI, T. Impact of migration on poverty and development. Brighton: University of Sussex, 2012. 44p. (“Migrating out of Poverty” Research Programme Consortium - Working Paper 2).) e como o ato de (não) migrar pode ser positivo para sair da pobreza e/ou mantê-la por mais gerações (KOTHARI, 2002KOTHARI, U. Migration and chronic poverty. Manchester: Institute for Development Policy and Management, 2002. 32p. (Chronic Poverty Research Center - WP 16).).

A partir das inquietações acima, procura-se analisar as relações entre pobreza e migração sob uma perspectiva diferente da comumente utilizada no métier demográfico, com a aplicação de técnicas utilizadas pela Bibliometria. Para compreender mais adequadamente os elementos apresentados até aqui (bem como avaliar se as questões apresentadas são alvo de discussão e estudo na academia), é preciso categorizar e dimensionar o que tem sido escrito, na literatura internacional, sobre as relações entre pobreza e migração. O intuito é mapear as principais características das pesquisas na área, bem como identificar e quantificar os principais veículos de divulgação, os temas mais relevantes e a evolução temporal das publicações.

Nesta direção, o objetivo central deste artigo não é se debruçar sobre arcabouços teóricos e métodos de análise, mas sim definir quais os temas abordados nos estudos sobre pobreza e migração, bem como mensurar e analisar a evolução deste campo de pesquisa no tempo e no espaço. Com isto, a proposta deste trabalho é: (1) conhecer o que tem sido escrito sobre a relação entre migração e pobreza;(2) verificar a evolução dos principais temas de pesquisa nos estudos de pobreza e migração; e (3) agregar evidências a respeito das principais variáveis complementares que são utilizadas nestes estudos.

A fim de alcançar os objetivos propostos, parte-se de uma pergunta abrangente: o que tem sido discutido a respeito das relações entre migração e pobreza nas últimas quatro décadas (1980-2017)? A partir do levantamento bibliográfico realizado por meio de um mapeamento sistemático da literatura (MSL) será possível, em um estágio futuro, comparar as tendências observadas nas principais bases indexadas (como Web of Science, Scopus e ScienceDirect) com aquelas encontradas nas principais bases latino-americanas (como LatIndex, SciELO e RedALyC), de modo a identificar possíveis diferenças teóricas, metodológicas e temáticas.

MATERIAIS E MÉTODOS

De modo a alcançar os objetivos apresentados e responder à pergunta proposta, lança-se mão de um método de varredura e análise da bibliografia existente, o mapeamento sistemático da literatura (MSL). Quando se tem uma pergunta de pesquisa abrangente, antes de iniciar uma revisão sistemática de literatura (RSL), é recomendada a realização do MSL, pois isto permite, como o nome sugere, mapear toda (ou, pelo menos, grande parte) a literatura produzida sobre determinado tema, identificando grupos de evidências e também lacunas em potencial (KITCHENHAM; CHARTERS, 2007KITCHENHAM, B.; CHARTERS, S. Guidelines for performing Systematic Literature Reviews in Software Engineering. Version 2.3. Keele; Durham: Keele University; University of Durham, 2007. 65p. (EBSE Technical Report EBSE-2007-01).). Este método tem se especializado em fornecer um panorama amplo sobre o estado da arte em determinada área do conhecimento, seguindo um protocolo rígido que permita a replicabilidade e a transparência de pesquisas do tipo (HADDAWAY et al., 2016HADDAWAY, N. R.; BERNES, C.; JONSSON, B.; et al. The benefits of systematic mapping to evidence-based environmental management. Ambio - A Journal of the Human Environment, Stockholm, v. 45, n. 5, p. 613-620, 2016.).

Ao usar este método, o esperado é obter um número elevado de publicações, dado que as palavras-chave utilizadas tendem a ser menos específicas (KITCHENHAM; CHARTERS, 2007KITCHENHAM, B.; CHARTERS, S. Guidelines for performing Systematic Literature Reviews in Software Engineering. Version 2.3. Keele; Durham: Keele University; University of Durham, 2007. 65p. (EBSE Technical Report EBSE-2007-01).). Os principais objetivos de um MSL - utilizado para evitar que pesquisas relevantes na área sejam esquecidas -, dentre outros, são: “descrever a natureza de um campo de pesquisa; (…) [e] interpretar os achados de uma síntese” (GOUGH; THOMAS, 2012GOUGH, D.; THOMAS, J. Commonality and diversity in reviews. In: OUGH, David; OLIVER, Sandy; THOMAS, James (Orgs.) An introduction to systematic reviews. Los Angeles: SAGE, 2012. p. 35-65., p. 46, tradução minha)5 5 No original: “to describe the nature of a field of research; (…) to interpret the findings of a synthesis.” . Alguns dados importantes dizem respeito à compreensão da disseminação e da estruturação da produção em um determinado tema de interesse e à avaliação de sua cobertura (HEINZ, 2014HEINZ, M. Systematic Mapping Studies. Mainz: Universität Koblenz-Landau, 2014. Disponível em: https://userpages.uni-oblenz.de/~laemmel/esecourse/slides/sms.pdf. Acesso em: 11 fev. 2017.
https://userpages.uni-oblenz.de/~laemmel...
). Por fim, mapeamentos de literatura são capazes de nos dar detalhes relevantes a respeito de quem está escrevendo (e qual sua filiação institucional), bem como onde está publicando - o que permite georreferenciamento (HADDAWAY et al., 2016HADDAWAY, N. R.; BERNES, C.; JONSSON, B.; et al. The benefits of systematic mapping to evidence-based environmental management. Ambio - A Journal of the Human Environment, Stockholm, v. 45, n. 5, p. 613-620, 2016.).

O procedimento para realização do MSL neste trabalho está apresentado na Figura 1. A partir de uma pergunta abrangente e de um conjunto de palavras-chave que ajudem a selecionar a literatura pertinente, espera-se detalhar as temáticas que têm sido abordadas na discussão sobre pobreza e migração. A definição dos termos de busca é feita a partir da pergunta de pesquisa, enquanto a escolha das bases de dados é feita observando as principais bases de indexação de artigos na área. A formulação da string de busca é feita a partir dos principais tópicos da pergunta e considerando as possíveis combinações de palavras (usando operadores booleanos) e a possibilidade de truncamentos (para comportar sufixos diferentes). Por fim - antes de extrair, codificar, sintetizar e analisar os resultados -, são excluídas as publicações repetidas e aquelas não aderentes à pesquisa (o que é feito a partir da análise dos títulos, das palavras-chaves e dos resumos).

Figura 1
Procedimento adotado para realização do mapeamento sistemático da literatura

As informações necessárias para a busca de publicações são apresentadas na Figura 2. A partir da pergunta de pesquisa, foram escolhidos dois termos, a serem combinados de todas as formas/derivações possíveis, para elaborar as strings de busca: ‘pobreza’ e ‘migração’. Estes termos serão buscados nas três principais bases de artigos científicos indexados (Web of Science, Scopus e ScienceDirect). Além disto, a busca se restringirá a artigos publicados entre 1980 e 2017, em inglês, em revistas das seguintes áreas: Demografia, Economia, Planejamento Urbano, Ciências Sociais, Sociologia, Geografia, Interdisciplinar e Multidisciplinar.

Figura 2
Diretrizes para busca de publicações em MSL sobre ‘pobreza e migração’

Entre as três bases de dados, há diferenças importantes na formulação da string de busca, conforme apresentado no Quadro 1. Enquanto a Scopus e a ScienceDirect trabalham com a busca simultânea no TAK (Title-Abstract-Keywords), a Web of Science faz a busca preferencialmente em tópicos e títulos, cabendo ao pesquisador solicitar a busca nas outras partes do artigo. No caso, se optou pela busca TAK nas duas primeiras bases, enquanto foi feita uma combinação entre tópicos e título para a terceira. Por fim, o uso de operadores booleanos AND e OR permitiu uma busca mais bem direcionada e aperfeiçoada dos artigos de interesse.

Quadro 1
Strings de busca utilizados para realização de MSL sobre 'pobreza e migração'

A fim de descartar os artigos que não se enquadram nos interesses desta pesquisa, foram aplicados os critérios de exclusão indicados na Figura 3. Entre os critérios, constam a duplicidade dos artigos e a não-pertinência a periódicos das áreas de interesse. Ademais, foram excluídas publicações a partir de uma análise dos títulos e dos resumos, por meio dos grupos de palavras-base (PB) a seguir, relacionadas com a pergunta: Grupo 1 (sobre pobreza) - poor, poverty, deprivation, poorness, indigence; Grupo 2 (sobre migração) - migrant, migration, emigration. immigration. out-migration, in-migration. No caso, artigos que se enquadrassem em um dos critérios a seguir foram removidos da listagem: (1) nenhuma palavra-base no título e/ou no resumo; (2) uma palavra-base (seja do Grupo 1, seja do Grupo 2) no título, mas nenhuma encontrada no resumo.

Figura 3
Critérios de exclusão para os artigos analisados no MSL de ‘pobreza e migração’

Para sistematização e compilação dos artigos coletados neste levantamento, foi utilizado o gerenciador de referências Zotero® 5.0.33, as análises quantitativas e a preparação dos gráficos foram feitas com auxílio do Microsoft Excel® 2016, e as nuvens de palavras foram produzidas por meio do R® 3.4.2.

RESULTADOS

O levantamento de publicações alcançou um total de 1.872 referências, sendo 172 da Web of Science, 1.518 da Scopus e 182 da ScienceDirect, considerando a presença de duplicatas em todas as bases (Tabela 1). Destas publicações, um total de 378 foi excluído por não serem artigos em periódicos da área, 250 por duplicação e outros 573 foram removidos na Etapa 3 (ver Figura 3). Dos restantes, outros 70 foram excluídos após a leitura dos títulos, dos resumos e das palavras-chaves, por não responderem à pergunta de pesquisa.

Tabela 1
Número de artigos indexados sobre a temática 'pobreza e migração' e temas correlatos (1980-2017)

Assim, mantiveram-se 86 artigos da Web of Science, 469 da Scopus e 46 da ScienceDirect, perfazendo um total de 601 publicações. A maior amplitude de trabalhos na Scopus se deve à maior abrangência em termos de revistas disponíveis nesta base de dados. Estas publicações foram analisadas conforme a periodização e a espacialização das publicações, os principais autores e os periódicos mais utilizados, as temáticas abordadas e a evolução destas no tempo. Em termos temporais, conforme se observa no Gráfico 1, há um crescimento expressivo do número de publicações na área, especialmente após 2007, com relativo refreamento nos últimos cinco anos. Nesta direção, ainda que este resultado seja parcialmente ‘contaminado’ pelo aumento da acessibilidade de publicações em períodos mais remotos, se nota um olhar mais atento aos temas pobreza e migração, bem como às suas inter-relações.

Figura 4a
Palavras-chave mais utilizadas em artigos de ‘pobreza e migração’ (1980-2017)

Figura 4b
Palavras-chave mais utilizadas em artigos de ‘pobreza e migração’, por período de publicação (1980-2007 à esquerda; 2008-2017 à direita)

Gráfico 1
Número de artigos indexados sobre a temática ‘pobreza e migração’ (1980-2017)

Do total de publicações levantadas, aproximadamente ¼ se concentra em 17 revistas com pelo menos cinco artigos em cada uma, conforme se observa na Tabela 2. Destas, apenas quatro concentram cerca de 10% de todos os artigos; tais journals estão entre os mais importantes veículos na Demografia e temas afins. Ademais, dentre as outras revistas, pelo menos cinco abordam de forma especial as temáticas de desenvolvimento e pobreza. Neste sentido, se nota que as revistas que mais publicam estudos relacionados à temática ‘pobreza e migração’ (bem como em áreas afins) são veículos preocupados com uma abordagem ou inter/multidisciplinar, ou relacionada ao desenvolvimento socioeconômico.

Tabela 2
Distribuição das publicações em 'pobreza e migração' em periódicos arbitrados, segundo os principais veículos (1980-2017)

Em termos autorais, um conjunto de 14 pessoas publicaram, no período analisado, pelo menos 3 artigos (como autores ou coautores). Observam-se duas questões relevantes, uma acerca da origem dos pesquisadores e outra a respeito dos períodos de publicação. Em termos de origem, há uma relevante concentração de artigos do Reino Unidos e dos Estados Unidos, com certa predominância da Universidade de Sussex como fonte dos trabalhos. A respeito dos períodos de publicação, se nota que há, entre os principais autores, dois momentos distintos de publicação: entre 1995 e 2003 (15 artigos); e de 2010 em diante (20 publicações).

Tabela 3
Distribuição das publicações em 'pobreza e migração', segundo os autores com pelo menos três contribuições e respectivos anos de publicação (1980-2017)

Analisando as palavras-chave de todos os artigos, foi possível observar não só quais foram os termos mais empregados (Figura 4a), como também avaliar a mudança no uso das palavras no tempo, comparando os períodos 1980-2007 e 2008-2017 (Figura 4b)6 6 A rotina para criação das nuvens de palavras das Figuras 4a e 4b está disponível no Apêndice 1, a qual foi criada com base no pacote R ‘wordcloud’, de Fellows (2014). . Ao fazer a análise geral, se observa que termos como ‘migração internacional’, ‘remessas’ e ‘migração laboral’ são os mais comumente associados às palavras principais. Todavia, tal análise carece de considerar que a migração e a pobreza são elementos altamente suscetíveis a fatores que agem em escalas local, nacional e global, ao longo do tempo.

A título de exemplo, segmentaram-se os artigos em antes e depois da crise econômica mundial (o que divide o número de artigos em 230 até 2007 e 371 a partir de 2008). Se torna relativamente fácil observar que, até 2007, as palavras-chave mais relevantes estavam ligadas às dinâmicas econômica e populacional, com menor peso da migração internacional e das remessas; expressões como ‘determinantes da migração’ também eram comuns, o que mostra o viés pelo qual seguiam os estudos na área. Após a crise econômica mundial em 2007-2008, todavia, houve mudanças relevantes nas abordagens sobre a temática, com a maior presença de estudos que analisam as migrações tanto internacionais como laborais, bem como o papel das remessas e as relações dos fluxos com a dinâmica da desigualdade.

Para análise das tendências em termos das temáticas abordadas em artigos de ‘pobreza e migração’, foi selecionado um total de 110 das 601 publicações (18,3%), as quais, ao serem analisados na Etapa 3 (descrita na Figura 3), tinham pelo menos uma palavra-base de cada um dos dois grupos de palavras-chave (sobre pobreza e sobre migração) no título. Tal escolha levou em consideração que títulos com palavras de ambos os grupos seriam mais claramente ligados à temática de interesse. Para estes artigos, foi analisada a evolução tanto das temáticas em geral, como para os principais periódicos que veicularam publicações na área.

Em termos gerais, o Gráfico 2 mostra que os temas que mais se sobressaíram nos últimos 40 anos (os quais respondem por quase dois-quintos do total) são dois: (1) as relações entre migração, pobreza e outras dimensões (como desigualdade, saúde, mercado de trabalho e outros); e (2) os efeitos da migração (interna e internacional) sobre a pobreza, tanto dos que migram, como dos que não-migram e dos nativos. Outros quase 40% são destinados a estudos direcionados às relações pobreza-migração, aos efeitos da pobreza sobre a migração e aos enfoques sobre a migração da população pobre.

Gráfico 2
Distribuição de artigos sobre ‘pobreza e migração’ por tema (1980-2017)

Segmentando estas publicações (e suas respectivas categorizações) no tempo, mudanças expressivas ocorreram nos temas abordados, como é possível observar na Tabela 4. Até o final do século passado, eram mais comuns publicações que procurassem compreender quais as relações entre pobreza e migração. Já nos anos 2000, houve a inclusão de mais dimensões ao estudo desta relação, bem como mais pesquisas sobre os efeitos da pobreza na migração (adotando-a, por exemplo, como estratégia de sobrevivência). Por sua vez, no período pós-crise, surgem outros temas outrora menos comuns, como as poverty traps, os valores da população migrante e/ou pobre e o papel das remessas.

Tabela 4
Distribuição relativa (%) das publicações em 'pobreza e migração', por tema abordado e período de publicação (1980-2017)

Nesta lista de publicações, as principais revistas utilizadas variam um pouco em relação ao conjunto geral de artigos. Nesta seleção, as principais revistas utilizadas foram a Rural Sociology (7), a Development Southern Africa (4), a Social Indicators Research e o IDS Bulletin (3 cada). Já em termos de autoria, entre os que têm mais de um artigo publicado, 5 estão nos EUA (Madison, Old Main e Minneapolis), 3 no Reino Unido (Sussex e Londres), 2 na Nova Zelândia (Waikato e Otago) e outros 2 em instituições de caráter supranacional (Nações Unidas) ou multinacional (Banco Mundial).

CONCLUSÃO

O propósito deste artigo foi realizar um mapeamento sistemático da literatura (MSL) sobre o que tem sido produzido e discutido acerca das relações entre a pobreza e a migração (bem como seus desdobramentos), com o intuito de analisar as principais preocupações dos acadêmicos, além das temáticas, dos períodos e dos locais onde as pesquisas são realizadas. Pode-se perceber que ainda não há uma definição a respeito da causalidade existente entre pobreza e migração, mas se nota o caráter multifacetado, multidirecional e multidimensional destes fenômenos. Ademais, se observou que as pesquisas na área são multiescalares (ou seja, envolvem não só o local, mas também o global).

Por conta da muito baixa presença de artigos indexados (nas três bases selecionadas) que analisem as realidades latino-americana (em geral) e brasileira (em especial), faz-se necessária a adição de outras bases para sanar esta lacuna (por exemplo, SciELO, LatIndex, RedALyC e também o Google Scholar). Ademais, a partir dos artigos publicados nos periódicos mais bem qualificados (seguindo, por exemplo, critérios como o Qualis, da CAPES) que forem levantados nestas bases adicionais, é preciso realizar uma amostragem ‘bola de neve’, para incluir ‘literatura cinza’ (artigos de congresso, dissertações e teses, relatórios de pesquisa, etc.) nas análises.

Finalmente, a realização deste mapeamento sistemático da literatura permitiu ter uma noção mais clara e abrangente do estado da arte sobre pobreza e migração, além de conhecer as principais formas de analisar esta relação. Um próximo passo diz respeito, de um lado, à análise das metodologias (quantitativas, qualitativas e mistas) empregadas e, de outro lado, ao levantamento das principais referências utilizadas por estes artigos, com o objetivo de aprofundar ainda mais o conhecimento sobre o tema ‘pobreza e migração’.

Como o mapeamento realizado reteve pesquisas, em sua grande maioria, que não abordam a Brasil e/ou a América Latina (dado que muitas destas publicações não estão indexadas nas bases selecionadas), o MSL realizado permitiu construir, ainda que indiretamente, uma série de ferramentas comparativas para posterior análise do que é feito no continente. A partir do levantamento, a ser realizado a posteriori com bases latino-americanas, será possível comparar o que se escreve sobre o tema aqui e no resto do mundo.

NOTAS

  • 1
    No original: “(…) the heterogeneous poverty conditions that underlie the national average, revealing unsuspected pockets of poverty even within relatively well-off áreas.”
  • 2
    Ambos os autores se referem a esta estratégia no âmbito das migrações internacionais. Entretanto, é possível, sem prejuízo analítico, adotar este enfoque também em relação às migrações internas.
  • 3
    No original: “(…) a cause and consequence of chronic poverty for those who move as well as for those who stay behind and consequently, key to understanding the role of migration in chronic poverty is the relationship between ‘mobility’ and ‘immobility’ (…).”
  • 4
    Ainda que o autor aborde este ponto na migração internacional, aplicaremos este argumento à migração interna.
  • 5
    No original: “to describe the nature of a field of research; (…) to interpret the findings of a synthesis.”
  • 6
    A rotina para criação das nuvens de palavras das Figuras 4a e 4b está disponível no Apêndice 1, a qual foi criada com base no pacote R ‘wordcloud’, de Fellows (2014)FELLOWS, I. wordcloud: Word Clouds. R package version 2.5. 2014. Disponível em: https://CRAN.R-project.org/package=wordcloud. Acesso em: 08 jan. 2018.
    https://CRAN.R-project.org/package=wordc...
    .

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    25 Abr 2019
  • Data do Fascículo
    2019

Histórico

  • Recebido
    05 Mar 2018
  • Aceito
    30 Out 2018
  • Publicado
    15 Fev 2019
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