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A CULTURA AFRO-BRASILEIRA E A EDUCAÇÃO FÍSICA: UM RETRATO DA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO

AFRO-BRAZILIAN CULTURE AND PHYSICAL EDUCATION: A PORTRAIT OF KNOWLEDGE PRODUCTION

LA CULTURA AFROBRASILEÑA Y LA EDUCACIÓN FÍSICA: UN RETRATO DE LA PRODUCCIÓN DEL CONOCIMIENTO

Resumo:

O estudo objetiva analisar os artigos científicos, oriundos dos periódicos da área de Educação Física, que tematizem a Cultura Afro-Brasileira. Nossa pesquisa teve o recorte temporal de 2001 a 2017, reconhecendo oito periódicos da área e catalogando 92 artigos. Os dados indicam que as produções se concentram em dois temas, são eles: estudos sobre capoeira e estudos sobre o racismo no futebol. Concluímos que, embora a Cultura Afro-Brasileira seja amplamente rica, é necessário acrescer seu lastro na produção de conhecimento da área, tornando-se palco de pesquisas que aprofundem seu arcabouço teórico, principalmente em um país ainda com marcas de racismo, como é o Brasil, visando contribuir para a valorização da Cultura Afro-Brasileira principalmente no que concerne ao seu papel na construção da igualdade social.

Palavras-Chave:
Cultura; Grupo com ancestrais do continente africano; Capoeira; Futebol

Abstract:

This article analyzes scientific articles in Physical Education journals that address Afro-Brazilian Culture. Our research focused on 2001-2017 and found 8 (eight) journals in the area, cataloguing 92 articles. The data indicate that articles focus on two themes: Capoeira and Racism in football. We conclude that although Afro-Brazilian Culture is very rich, its influence on knowledge production in the area has to be increased to provide the stage for research that deepens its theoretical framework, especially in a country still racist like Brazil, in order to contribute to valuing that culture, especially in terms of its role in building social equality.

Keywords:
Culture; African continental ancestry group; Capoeira; Soccer

Resumen:

Este estudio tiene como objetivo analizar los artículos científicos, oriundos de los periódicos del área de Educación Física, que traten sobre la Cultura Afrobrasileña. Nuestra investigación tuvo el recorte temporal de 2001 a 2017, reconociendo 8 (ocho) periódicos del área y catalogando 92 (noventa y dos) artículos. Los datos indican que las producciones se concentran en dos temas: estudios sobre capoeira y estudios sobre racismo en el fútbol. La conclusión es que pese a que la Cultura Afrobrasileña es ampliamente rica es necesario añadir su lastre a la producción de conocimiento del área, convirtiéndose en escenario de investigaciones que profundicen su estructura teórica, principalmente en un país todavía racista, como es Brasil, con el objetivo de contribuir a la valorización de la Cultura Afrobrasileña, principalmente en lo que concierne a su papel en la construcción de la igualdad social.

Palabras clave:
Cultura; Grupo de ascendencia continental africana; Capoeira; Fútbol

1 INTRODUÇÃO

Neste artigo partimos do entendimento que pensar em igualdade social no Brasil por vezes torna-se um movimento utópico, quer seja pela dinâmica da realidade sócio-política, que cada vez mais acentua a estratificação social ou pela luta por uma sociedade justa que a cada dia dá sinais de sua individualização. Assim, acreditamos que tecer uma análise sobre as relações étnico-raciais no campo da Educação Física é antes de mais nada uma escolha política, no sentido de ir contra todo o movimento social de exclusão.

Portanto, compreendemos que investigar a temática sobre a Cultura Afro-Brasileira recai diretamente sobre o debate das desigualdades sociais com ênfase nas questões étnicas. Acreditamos que tecer tais análises ainda sejam necessárias para problematizar o racismo no Brasil, que se manifesta desde a não aceitação do cabelo crespo até a injúria pelo tom da pele.

Contemporaneamente, reconhecemos que existem políticas afirmativas que tratam da erradicação do racismo, como é o caso da Lei n. 10.639 (BRASIL, 2003BRASIL. Ministério da Educação. Decreto nº 10.639. Regula que os conteúdos referentes à História e Cultura Afro-Brasileira serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de Educação Artística e de Literatura e História Brasileira.Brasília, 2003. Disponível em: Disponível em: https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=591241 . Acesso em: 26 mar. 2019.
https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb...
) que foi fruto de reivindicações de movimentos sociais1 1 De acordo com Guimarães (2008), podemos chamar de ações afirmativas toda e qualquer política pública que tenha a finalidade de promover a igualdade aos grupos historicamente marginalizados, como é o caso da população afrodescendente. . Tal lei reforça a luta a favor da valorização e reconhecimento da Cultura Afro-Brasileira trazendo a obrigatoriedade do trato da cultura e arte dos conteúdos afro-brasileiros no currículo escolar da Educação Básica.

Nesse movimento de problematizar as desigualdades sociais, este artigo delimitou como recorte questionar: Como a produção científica da Educação Física vem tematizando a Cultura Afro-Brasileira?2 2 Nesta pesquisa apresentamos dados oriundos da dissertação intitulada “A inserção da Cultura Afro-Brasileira nas aulas de Educação Física Escolar: Limites e Possibilidades na Rede Estadual de Pernambuco” (LIMA, 2018).

Logo, nosso objetivo central foi analisar os artigos científicos, oriundos dos periódicos da área de Educação Física, que tematizem a Cultura Afro-Brasileira.

Assim, se faz importante olhar para o cenário da produção do conhecimento acerca dos conteúdos afro-brasileiros para conhecer como está situada essa discussão dentro da referida área de estudo, o que corrobora com Gamboa (2007GAMBOA, Silvio Sanchez. Pesquisa em educação: métodos e epistemologias. Chapecó: Argos, 2007.) no sentido de compreender a pesquisa como processo de produção de conhecimento que nos faz entender a realidade na qual estamos inseridos.

2 METODOLOGIA

Inicialmente fizemos a catalogação de artigos científicos que tratam os conteúdos afro-brasileiros nos periódicos da área de Educação Física com intuito de entender como essa discussão vem se materializando em nossa área de estudo3 3 Nessa fase, contamos com a participação de uma estudante com o projeto ANÁLISE DE ARTIGOS CIENTÍFICOS SOBRE OS CONTEÚDOS AFRO-BRASILEIROS NA ÁREA DE EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR aprovado no Edital IC/CNPq - 2016/2017. .

Assim, fizemos um levantamento de periódicos que atendessem aos seguintes critérios de inclusão: ser pertencentes ao webqualis A1, A2, B1 e B24 4 Optamos por catalogar periódicos com webqualis mais elevados por entender que os mesmos têm longo alcance e assim compreenderemos como estes artigos estão sendo publicizados. da CAPES, ser um periódico brasileiro e que tomassem em seu escopo as discussões pedagógicas e socioculturais da Educação Física.

Logo, nosso corpus de análise se deu sobre 8 (oito) periódicos sendo eles: revistas Movimento, Pensar a Prática, Motriz, Motrivivência, Revista Brasileira de Ciência do Esporte, Revista de Educação Física/UEM, Revista Brasileira de Educação Física e Esporte e Revista Brasileira de Ciências e Movimento.

Nessa etapa, nosso objetivo se constituiu em elencar os artigos científicos sobre a Cultura Afro-Brasileira entre os anos de 2001 e 2017. Esse recorte temporal se deu pelas primeiras discussões sobre a Lei 10.639 de 2003, que começaram no ano de 20015 5 As indicações do primeiro debate sobre a Lei n.10.639/03 se solidificaram na Conferência das Nações Unidas contra o Racismo no ano de 2001 realizado na África do Sul (BRASIL, 2006). . Nesse mapeamento inicial, dentre os 8 (oito) periódicos analisados e catalogados nosso corpus foi de 92 (noventa e dois) artigos científicos, como nos mostra a Tabela 1, sendo os mesmos elencados em um quadro no excel.

Tabela 1 -
Artigos sobre a Educação Física e a Cultura Afro-Brasileira - 2001/2017.

Pesquisamos cada periódico pelo sumário de todas as suas edições desde 2001. Inicialmente analisamos o título e as palavras-chaves, buscando correspondência com os seguintes temas: Cultura Afro-Brasileira, Diversidade Cultural, Racismo, Afro-Brasileiro, Conteúdo Afro-Brasileiro. Após a compatibilidade dos mesmos, analisamos os resumos para confirmar esta catalogação.

A partir dos dados levantados, introduzimos a análise onde focalizamos na especificidade do presente estudo, ou seja, o trato da Cultura Afro-Brasileira pela área de Educação Física.

Para a análise recorremos a técnica de análise de conteúdo categorial por temática, baseado em Bardin (2011BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 2011., p. 30), que aponta que a análise de conteúdo “é um conjunto de técnicas de análise das comunicações que utiliza procedimentos sistemáticos”. Ainda segundo a autora, fazer uma análise temática “consiste em descobrir os núcleos do sentido que compõe a comunicação cuja a presença ou frequência de aparição pode significar alguma coisa para o objetivo analítico” (BARDIN, 2011BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 2011., p. 104).

Nos debruçamos nas categorias analíticas e empíricas de Minayo (1998MINAYO, Maria Cecília de Souza. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 5. ed. São Paulo: Hucitec-Abrasco, 1998.) para categorizar as unidades de Contexto e Registro tomando como referência Bardin (2001).

Nesse movimento, destacamos as respectivas categorias e unidades que surgiram em nossa análise:

Quadro 1 -
Categorias analíticas e empíricas (unidades de contexto e registro).

3 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Conforme já situamos, ao adentrarmos na especificidade dos artigos que apresentavam relação com a Cultura Afro-Brasileira, nosso mapeamento identificou 92 (noventa e dois) artigos. Diante deste cenário, incialmente percebemos que a área da Educação Física se aproxima sim das relações étnico-raciais, contudo ainda de forma tímida, pois foram localizados 92 (noventa e dois) artigos em 16 (dezesseis) anos, o que indica a existência e ao mesmo tempo carência.

Os dados indicam estudos sobre as manifestações culturais; as comunidades quilombolas; os esportes em grupos étnicos africanos; a legislação; o multiculturalismo e a interculturalidade e, por fim, a capoeira e o racismo no futebol como conteúdos tematizados pela Educação Física.

Por mais que haja uma amplitude temática como fora supracitado, há uma incidência maior em dois polos temáticos: a Capoeira e o racismo no Futebol, sendo identificado 58 (cinquenta e oito) artigos referentes a estas temáticas (63%), sendo a Capoeira a mais evidente com 44 (quarenta e quatro) artigos do total das produções (47%).

3.1 FUTEBOL: RACISMO EM CAMPO

Sobre o futebol, as discussões estão atreladas ao racismo no esporte de alto rendimento. Nestes, há 2 (dois) artigos que discutem especificamente sobre os casos de racismo no final da Copa do Mundo em 1950, especialmente no que se referente ao caso do goleiro Barbosa. Mas, também há 1 (um) artigo que discute sobre os recentes casos de racismo, a exemplo do jogador Aranha do time porto-alegrense: “Grêmio”.

Também identificamos discussões sobre o papel das grandes empresas financiadoras do futebol sobre a exploração e a propagação de estereótipos do corpo negro. Além deste, conjuntamente há um eixo temático sobre os jogos de futebol de “preto x brancos” ocorridos nos anos de 1927 e 1931, onde foi analisado um dos primeiros eventos esportivos que tinha o intuito de trazer a integralização de “raças” após abolição.

O tema futebol, apresenta uma linearidade de discussão, sendo entendido como uma identidade nacional é lá que se expõe o que o Brasil ‘quer ser’ e o que realmente o Brasil ‘é’. Como exemplo, citamos Abrahão e Soares (2009ABRAHÃO, Bruno Otávio de Lacerda; SOARES, Antônio Jorge. O que o brasileiro não esquece nem a tiro é o chamado frango de Barbosa: questões sobre o racismo no futebol brasileiro. Movimento, v. 15, n. 2, p. 13-31, abr./jun. 2009. Disponível em: Disponível em: https://seer.ufrgs.br/Movimento/article/viewFile/3033/5132 . Acesso em: 26 mar. 2019.
https://seer.ufrgs.br/Movimento/article/...
, p. 19), quando falam sobre a final da Copa do Mundo de 1950: “O que era para ser uma partida final de Copa do Mundo se transformou em um solo fértil para análises socioantropológicas sobre a sociedade brasileira”. Isto é, no futebol fica exposto a democracia e o preconceito.

Santos, Capraro e Lise (2010SANTOS, Natasha; CAPRARO, André Mendes; LISE, Riqueldi Straub. Racismo e a derrota que não foi esquecida: uma análise dos discursos de Mário Filho na obra “o negro no futebol brasileiro” e da imprensa escrita acerca da final da Copa do Mundo de 1950. Movimento, v. 16, n. 4, p. 191-208 dez. 2010. Disponível em:Disponível em:https://seer.ufrgs.br/Movimento/article/view/15923/10851 . Acesso em: 26 mar. 2019.
https://seer.ufrgs.br/Movimento/article/...
) apontam que o mito da democracia racial ganha força com o futebol. Segundo os autores, Gilberto Freyre caracterizava em seus estudos a democracia racial pelo fato do país ser miscigenado e para ele internacionalmente é isso que se repercutia sobre o Brasil, que por sermos miscigenados tínhamos as mesmas oportunidades. Sobre esse argumento, reflete-se que:

O futebol brasileiro dramatiza a ambiguidade e a complexidade, ou, nas palavras de Schwarcz (2003), as “duas realidades diversas” do sistema racial brasileiro. Essa rememoração ocorre, sobretudo, porque as justificativas da derrota teriam dramatizado o debate racial, metonimizado, naquele momento, pelos negros da seleção (ABRAHÃO; SOARES, 2009ABRAHÃO, Bruno Otávio de Lacerda; SOARES, Antônio Jorge. O que o brasileiro não esquece nem a tiro é o chamado frango de Barbosa: questões sobre o racismo no futebol brasileiro. Movimento, v. 15, n. 2, p. 13-31, abr./jun. 2009. Disponível em: Disponível em: https://seer.ufrgs.br/Movimento/article/viewFile/3033/5132 . Acesso em: 26 mar. 2019.
https://seer.ufrgs.br/Movimento/article/...
, p. 19).

Ou também como informam Santos, Capraro e Lise (2010SANTOS, Natasha; CAPRARO, André Mendes; LISE, Riqueldi Straub. Racismo e a derrota que não foi esquecida: uma análise dos discursos de Mário Filho na obra “o negro no futebol brasileiro” e da imprensa escrita acerca da final da Copa do Mundo de 1950. Movimento, v. 16, n. 4, p. 191-208 dez. 2010. Disponível em:Disponível em:https://seer.ufrgs.br/Movimento/article/view/15923/10851 . Acesso em: 26 mar. 2019.
https://seer.ufrgs.br/Movimento/article/...
, p. 195), “A miscigenação brasileira, que antes causava vergonha, no futebol se caracterizou como o motivo dos bons resultados”.

Contudo, ao se criticar os jogadores, principalmente jogadores negros, esse espelho de integração social recai para aversão aos mesmos, ou seja, o mito da democracia racial no Brasil é posto em xeque, a exemplo do xingamento de “macaco” nos estádios evidenciado nos artigos. Tal insulto corresponde a um ponto de análise: que a comparação com o macaco se dá pela analogia que o mesmo é um ser irracional, e assim o negro também o seria, o que indica que do ponto de vista intelectual estava se entendendo que o negro seria atrasado.

Chamamos a atenção das falas de Santos, Capraro e Lise (2010SANTOS, Natasha; CAPRARO, André Mendes; LISE, Riqueldi Straub. Racismo e a derrota que não foi esquecida: uma análise dos discursos de Mário Filho na obra “o negro no futebol brasileiro” e da imprensa escrita acerca da final da Copa do Mundo de 1950. Movimento, v. 16, n. 4, p. 191-208 dez. 2010. Disponível em:Disponível em:https://seer.ufrgs.br/Movimento/article/view/15923/10851 . Acesso em: 26 mar. 2019.
https://seer.ufrgs.br/Movimento/article/...
) que reconhecem que quando se fala em futebol por vezes a sociedade insiste em tratar o racismo como consequência de uma frustração e não de fato como uma aversão aos negros. Logo, entende-se porque o preconceito no Brasil é tão velado.

Outro ponto marcante nessa discussão é sobre como se comportam as organizações que regulam o futebol na América Latina, como a Federação Internacional de Futebol (FIFA) e a Confederação Sul-Americana de Futebol (CONMEBOL) diante das injúrias raciais em campo, como alertado:

No entanto, os próprios dirigentes das referidas instituições são contrários à aplicação de penalidades mais contundentes. A aplicação de penas irrisórias por parte das organizações esportivas contraria a lógica da luta por uma sociedade igualitária e sem preconceitos não só raciais, mas de qualquer tipo a exemplo (LISE et. al., 2015LISE, Riqueldi Straub et al. O caso Tinga: analisando (mais) um episódio de racismo no futebol sul-americano. Pensar a Prática, v. 18, n. 4, out./dez. 2015. Disponível em: Disponível em: https://www.revistas.ufg.br/fef/article/view/32123/0 . Acesso em: 26 mar. 2019.
https://www.revistas.ufg.br/fef/article/...
, p. 830).

Os autores apontam a hipótese de que as punições impostas pelas instituições que administram o futebol pelo mundo, em casos de discriminação racial, são demasiadamente brandas. Ideia também posta no estudo de Melo et. al. (2011MELO, Vinicus Thiago. ANÁLISE TÉCNICO-TÁTICA DO JOGO DA CAPOEIRA: contribuições para pensar a metodologia de ensino-aprendizagem-treinamento Motrivivência, n. 44, p. 177-189, 2015.Disponível em: Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/motrivivencia/article/view/2175-8042.2015v27n44p177/29374 . Acesso em: 26 mar. 2019.
https://periodicos.ufsc.br/index.php/mot...
) onde afirmam que o futebol é venda de contemplação e que pode até trazer a ideia da integração social que é elucidada por Gilberto Freyre, mas a realidade é que existem hierarquias raciais e étnicas sendo essas chagas da sociedade brasileira.

Os artigos apontam que o esporte de alto rendimento é um ponto de venda de um espetáculo, que o brasileiro tenta passar a ideia de que há uma identidade nacional, porém na prática essa ‘brasilidade’ é irrigada de hierarquias étnicas. Logo, fica claro que no campo científico o esporte, mais especificamente, o futebol é um assunto complexo de debate no que tange as relações étnico-raciais e que o racismo ainda é fortemente presente em campo, como afirmam Santos, Capraro e Lise (2010SANTOS, Natasha; CAPRARO, André Mendes; LISE, Riqueldi Straub. Racismo e a derrota que não foi esquecida: uma análise dos discursos de Mário Filho na obra “o negro no futebol brasileiro” e da imprensa escrita acerca da final da Copa do Mundo de 1950. Movimento, v. 16, n. 4, p. 191-208 dez. 2010. Disponível em:Disponível em:https://seer.ufrgs.br/Movimento/article/view/15923/10851 . Acesso em: 26 mar. 2019.
https://seer.ufrgs.br/Movimento/article/...
).

3.2 CAPOEIRA: O ELEMENTO CHAVE DA CULTURA AFRO-BRASILEIRA

A capoeira é um tema bastante explorado nas produções, por diversas perspectivas, seja como abordagem pedagógica ou como espaço de luta e resistência, consistindo em um elemento que faz contraponto à cultura de massificação. De uma forma geral, os artigos frisam a capoeira como manifestação e patrimônio cultural brasileiro.

Essa afirmação da capoeira como patrimônio cultural é elucidado também por determinações legais, a exemplo:

Nesse sentido em julho de 2008 a capoeira foi reconhecida pelo IPHAN - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - como patrimônio cultural imaterial do Brasil, através do registro das rodas capoeira no Livro das Formas de Expressão e do Ofício dos Mestres de capoeira no Livro dos Saberes (LUSSAC; TUBINO, p. 2009LUSSAC, Ricardo Martins Porto; TUBINO, Manoel José Gomes Capoeira: a história e trajetória de um patrimônio cultural do Brasil. Movimento, v. 17, n. 3, p. 215-232, jul./set. 2009.Disponível em: Disponível em: http://www.periodicos.uem.br/ojs/index.php/RevEducFis/article/viewArticle/5815 . Acesso em: 26 mar. 2019.
http://www.periodicos.uem.br/ojs/index.p...
, p. 14).

Percebemos que no tema geral da capoeira, a mesma tem uma aproximação grande com os processos educativos, principalmente como aprendizagem para determinados segmentos etários ou discussões sobre regulamentos desportivos. É enfatizada sua importância destacando que:

A inserção da capoeira na escola como atividade formal ou não formal é uma vitória para essa arte, não só por que ela passou por um período difícil em sua história, mas também pelo fato de, atualmente, existem algumas concepções equi vocadas que aliam o entendimento da prática da capoeira à participação de culto religioso, gerando ranços e preconceitos desnecessários (SABINO; BENITES, 2010SABINO, Thércio Fábio Pontes; BENITES, Larissa Cerignoni. A Capoeira como uma atividade extracurricular numa escola particular: um relato de experiência. Motrivivência, n. 35, p. 234-246, dez. 2010.Disponível em: Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/motrivivencia/article/viewFile/2175-8042.2010v22n35p234/18093 . Acesso em: 26 mar. 2019.
https://periodicos.ufsc.br/index.php/mot...
, p. 235).

Também identificamos o trato da mesma pela perspectiva do ritual, através da ancestralidade e historicidade dos sujeitos produtores de saberes. Há discussões sobre as lições de vida que a capoeira e seu entrelaçamento como manifestação artística permitem.

A mesma lição podemos tirar do jogo da movimentação espiral: despojar-se da rigidez cotidiana para trazer a noção do imprevisível, do desconhecido. Assim, deixamos de ser parecidos com pugilistas, ávidos pelo golpe direto e rígido. Na Capoeira, nenhuma resposta é pronta, mas interage com a questão como um complemento. Da mesma maneira temos que lidar com a vida e aceitar o imprevisível como um parceiro de dança (ALVES, 2013ALVES, Flávio Soares. O encontro com a capoeira no tempo da vadiação. Movimento, v. 19, n. 2, p. 277-300, abr./jun. 2013.Disponível em: Disponível em: https://seer.ufrgs.br/Movimento/article/view/30542 . Acesso em: 26 mar. 2019.
https://seer.ufrgs.br/Movimento/article/...
, p. 179).

Existe, também, o entendimento de que a capoeira é práxis revolucionária e que sua construção do conhecimento de forma dialética confronta o conformismo frente ao modo de produção que o sistema capitalista impõe.

Contudo é necessário apontar aos praticantes de capoeira - dentre estes os professores/as e mestres, que tenham como objetivo não somente “melhorar” sua prática pedagógica, mas que se coloquem como mais um intelectual orgânico a serviço da classe trabalhadora. Capoeiristas e defensores das demais tradições cul turais de cunho popular: Uni-vos! (BUENO; SILVA; CAPELA, 2011BUENO, Marcos Cordeiro; SILVA, Bruno Emmanuel Santana da; CAPELA, Paulo Ricardo do Canto. A Capoeira como possível instrumento de práxis revolucionária: experiência no CEC Itacorubi - Florianópolis. Motrivivência, n. 37, p. 83-97, dez. 2011. Disponível em: Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/motrivivencia/article/view/2175-8042.2011v23n37p83 . Acesso em: 26 mar. 2019.
https://periodicos.ufsc.br/index.php/mot...
, p. 95).

Ao mesmo tempo, percebemos discussões sobre a capoeira como manifestação corporal artística que traz em seu escopo toda uma história de luta e resistência que também se molda a partir das demandas da conjuntura da sociedade e interesse do capital, como por exemplo:

Se, outrora ele era carregado de irreverência, surpresa, malícia, improvisação e imprevisibilidade, atualmente ele tem se apresentado mais sintonizado com outras categorias típicas do ideário neoliberal, como espetacularização, racionalização, competição e performance (FALCÃO, 2006FALCÃO, José Luiz Cirqueira. O jogo da capoeira em jogo. Pensar a Prática, v. 7, n. 2, 59-74, 2006. Disponível em: Disponível em: https://www.redalyc.org/pdf/4013/401338525005.pdf . Acesso em: 14 fev. 2020.
https://www.redalyc.org/pdf/4013/4013385...
, p. 72).

O que para alguns perde a significação poética da mesma, pois na capoeira “muitas vezes seus vetores são influenciados pelas tendências da sociedade do espetáculo” (MELO, 2015MELO, Vinicus Thiago. ANÁLISE TÉCNICO-TÁTICA DO JOGO DA CAPOEIRA: contribuições para pensar a metodologia de ensino-aprendizagem-treinamento Motrivivência, n. 44, p. 177-189, 2015.Disponível em: Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/motrivivencia/article/view/2175-8042.2015v27n44p177/29374 . Acesso em: 26 mar. 2019.
https://periodicos.ufsc.br/index.php/mot...
, p. 184).

Essa perspectiva artística da capoeira também é tratada em diversos artigos, inclusive nas suas interpelações com a dança. Percebemos relações com a ginástica, com o esporte e principalmente com o jogo (FALCÃO, 2006FALCÃO, José Luiz Cirqueira. O jogo da capoeira em jogo. Pensar a Prática, v. 7, n. 2, 59-74, 2006. Disponível em: Disponível em: https://www.redalyc.org/pdf/4013/401338525005.pdf . Acesso em: 14 fev. 2020.
https://www.redalyc.org/pdf/4013/4013385...
; MWEWA; VAZ, 2006MWEWA, Christian Muleka; VAZ, Alexandre Fernandez. Corpos, Cultura, Paradoxos: observações sobre o jogo decapoeira. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, v. 27, n. 2, p. 45-58, jan./mar. 2006.Disponível em: Disponível em: http://cev.org.br/biblioteca/corpos-cultura-paradoxos-observacoes-sobre-o-jogo-capoeira/ . Acesso em: 26 mar. 2019.
http://cev.org.br/biblioteca/corpos-cult...
; LUSSAC, 2015LUSSAC, Ricardo Martins Porto. Especulações acerca das possíveis origens indígenas da capoeira e sobre as contribuições desta matriz cultural no desenvolvimento do jogo-luta. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, v. 29, n. 2, p. 267-278, abr./jun. 2015.Disponível em: Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbefe/v29n2/1807-5509-rbefe-29-02-00267.pdf . Acesso em: 26 mar. 2019.
http://www.scielo.br/pdf/rbefe/v29n2/180...
).

É importante frisar que mesmo com essa amplitude e aprofundamento no que concerne a capoeira dentro da área da Educação Física, Silva e Ferreira (2012SILVA, Lucas Contador Dourado da, FERREIRA, Alexandre Donizete. Capoeira Dialogia: o corpo e o jogo de significados.Revista Brasileira de Ciências do Esporte, v. 34, n. 3, p. 665-681, jul./set. 2012.Disponível em: Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0101-32892012000300010&script=sci_abstract&tlng=pt . Acesso em: 26 mar. 2019.
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S010...
) apontam que por horas as mesmas estão em compassos diferentes, principalmente no contexto da linguagem corporal:

Permitimos olhar o corpo através do jogo da Capoeira, para realçá-lo, sobretudo a propósito da Educação Física. De certa forma, mudamos nossos olhares sobre ele e sobre nós, seres humanos. Sendo importante considerar: se o corpo nos “fala”, parece que ele tem mais a dizer do que a Educação Física tem conseguido “escutar”. Como se ele gritasse: Veja-me! O que quero lhes dizer? Prestem muita atenção! (SILVA; FERREIRA, 2012SILVA, Lucas Contador Dourado da, FERREIRA, Alexandre Donizete. Capoeira Dialogia: o corpo e o jogo de significados.Revista Brasileira de Ciências do Esporte, v. 34, n. 3, p. 665-681, jul./set. 2012.Disponível em: Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0101-32892012000300010&script=sci_abstract&tlng=pt . Acesso em: 26 mar. 2019.
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S010...
, p. 678).

Em síntese, percebemos que quando se fala sobre a Cultura Afro-Brasileira dentro da Educação Física o debate acadêmico recai fortemente sobre a capoeira. Acreditamos que tal presença pode advir do fato de que ela foi incorporada como símbolo patriótico brasileiro. Argumento esse muito enfatizado nos artigos, sendo entendida e abordada por diversas perspectivas: na cultura corporal, no alto rendimento, na perspectiva artística, ritual e de ancestralidade e, até como meio inclusivo, como estratégia metodológica para pessoas com algum tipo de deficiência. Ou seja, o tema capoeira é massivamente a principal contribuição da Cultura Afro-Brasileira no campo científico da Educação Física, sendo esse seu principal lócus de discussão.

3.3 OUTRAS TEMÁTICAS SOBRE A EDUCAÇÃO FÍSICA E A CULTURA AFRO-BRASILEIRA

Como já mencionamos, na produção de conhecimento sobre a Cultura Afro-Brasileira e a Educação Física, tem-se o foco em dois temas: a Capoeira e o racismo no Futebol, contudo, também identificamos aproximações com outras temáticas mais pontuais com as relações étnico-raciais.

Alguns artigos apontam uma carência de estudo sobre as manifestações Afro-Brasileiras na área do lazer, numa perspectiva emancipatória, conforme Santos e Pimentel falam (2015SANTOS, Silvana dos; PIMENTEL, Giuliano Gomes de Assis. Manifestações afro-brasileiras e educação emancipatória para o lazer. Pensar a Prática, v. 18, n. 1, p. 203 - 211, jan./mar. 2015.Disponível em: Disponível em: https://www.revistas.ufg.br/fef/article/view/31228 . Acesso em: 26 mar. 2019.
https://www.revistas.ufg.br/fef/article/...
, p. 203): “Embora o Brasil seja um país multicultural, há carência de manifestações afro-brasileiras no âmbito da intervenção no lazer”. E os autores ainda enfatizam sua importância numa perspectiva mais complexa ligada a oralidade do povo africano:

A educação para e pelo lazer utilizando-se dos elementos culturais afro-brasileiros possibilitam elementos pouco recorrentes nos moldes de trabalho hegemônicos. Pensamos na inserção de práticas como capoeira, arte e danças no contexto da animação, bem como, aumentar a complexidade das práticas recorrentes considerando aspectos ligados ao modus vivendis da herança afro-brasileira, tais como vadiagem, axé, oralidade e religiosidade (SANTOS; PIMENTEL, 2005SANTOS, Silvana dos; PIMENTEL, Giuliano Gomes de Assis. Manifestações afro-brasileiras e educação emancipatória para o lazer. Pensar a Prática, v. 18, n. 1, p. 203 - 211, jan./mar. 2015.Disponível em: Disponível em: https://www.revistas.ufg.br/fef/article/view/31228 . Acesso em: 26 mar. 2019.
https://www.revistas.ufg.br/fef/article/...
, p. 203).

Também há estudos sobre grupos étnicos negros e as ações lúdicas à eles voltadas historicamente, a exemplo do artigo:

O presente texto é fruto de uma investigação de caráter bibliográfico, cujo objetivo central foi investigar e reunir possíveis registros e bibliografias acerca da história da cultura lúdica das crianças negras em Santa Catarina com o lócus centrado na cidade de Florianópolis (MARIA; SILVA, 2004MARIA, Jailson Lucio de; SILVA, Maurício Roberto da. Em busca das pistas sobre a historiografia da cultura lúdica das crianças negras em Santa Catarina. Motriviência, n. 23, p. 191-216, dez. 2004.Disponível em: Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/motrivivencia/article/viewFile/2050/3907 . Acesso em: 26 mar. 2019.
https://periodicos.ufsc.br/index.php/mot...
, p. 191).

Além destes, há estudos sobre o desporto no continente africano, onde Tonetti (2007TONETTI, Claudio. A mídia televisiva em Moçambique e os espaços de discussão sobre o desporto. Motrivivência, n. 28, p. 154-163, jul./2007.Disponível em: Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/motrivivencia/article/view/9230 . Acesso em: 26 mar. 2019.
https://periodicos.ufsc.br/index.php/mot...
) analisa a abordagem da mídia e do desporto na inter-relação existente entre eles em Moçambique.

Chamamos atenção para uma discussão sobre os estereótipos étnico-raciais no alto rendimento. Percebe-se que no campo técnico ainda há uma crença de superioridade sobre uma pré-disposição biológico-genética dos atletas negros para o basquete e para a corrida de velocidade, assim como uma menor pré-disposição biológica-genética para a natação, ou seja, o êxito esportivo no discurso de muitos técnicos se daria por uma característica da raça. A exemplo da discussão apresentada por Migliorati, Aranda e Gonzales (2016MIGLIORATI, Mascia; ARANDA, Antônio Fraile; GONZÁLEZ, Rufino Cano. Os estereótipos étnicos nos profissionais do Esporte. Movimento, v. 22, n. 3, p. 766-782, jul./set. 2016.Disponível em: Disponível em: https://seer.ufrgs.br/Movimento/article/view/59453 . Acesso em: 26 mar. 2019.
https://seer.ufrgs.br/Movimento/article/...
, p. 766):

Dentre os treinadores e estudantes de Educação Física, existem estereótipos étnicos ligados à procedência étnica e em relação ao rendimento desportivo, tais como a crença de superioridade e a predisposição biológico-genética dos desportistas negros para o basquete e para a corrida de velocidade, assim como uma menor predisposição para a natação.

Outro debate que os artigos trazem é sobre o multiculturalismo e a educação intercultural. Nestes, existe um eixo em comum que é o desenvolvimento crítico dos estudantes através da análise do conhecimento popular. A exemplo de Neira (2008NEIRA, Marcos Garcia. A cultura corporal popular como conteúdo do currículo multicultural da Educação Física. Pensar a Prática, v. 11, n. 1, p. 81-89, jan./jul. 2008.Disponível em: Disponível em: https://www.revistas.ufg.br/fef/article/view/1699 . Acesso em: 26 mar. 2019.
https://www.revistas.ufg.br/fef/article/...
, p. 81) quando reconhece que os estudos culturais “Indicam que os conteúdos da cultura popular e a metodologia de ensino inspirada na etnografia proporcionaram o fortalecimento da identidade cultural da comunidade”.

Ainda sobre a Educação Intercultural, Oliveira e Daolio (2011OLIVEIRA, Rogerio Cruz.; DAOLIO, Jocimar. Educação Intercultural e Educação Física Escolar: possibilidades de encontro. Pensar a Prática, v. 14, n. 2, p. 1-11, maio/ago. 2011.Disponível em: Disponível em: https://www.revistas.ufg.br/fef/article/view/11348 . Acesso em: 26 mar. 2019.
https://www.revistas.ufg.br/fef/article/...
, p. 1) apontam que

O eixo argumentativo compreende a escola como espaço sócio-cultural que, para além de respeitar e valorizar as diferenças, deve alinhar-se na direção da comunicação, do diálogo e do compartilhar entre os diferentes atores que compõem o cotidiano escolar.

Nesses estudos, tanto no multiculturalismo como na interculturalidade, há uma orientação do fortalecimento da identidade cultural da comunidade e o desenvolvimento de uma postura crítica dos estudantes através da aproximação e análise do conhecimento popular.

Além disso, também há necessidade de refletir sobre as políticas públicas que envolvam lazer e educação em comunidades quilombolas e indígenas. Como o estudo de Souza e Lara (2011SOUZA, Thaís Godói de; LARA, Larissa Michelle. O Estado da Arte de Comunidades Quilombolas no Paraná: produção de conhecimento e práticas corporais recorrentes. Revista da Educação Física/UEM, v. 22, n. 4, p. 555-568, dez. 2011.Disponível em: Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1983-30832011000400007&script=sci_abstract&tlng=pt . Acesso em: 26 mar. 2019.
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S198...
, p. 37) que apontam que:

O desenvolvimento da pesquisa em comunidades quilombolas no Paraná no intuito de estudar as políticas públicas relacionadas a esporte/lazer (sua efetividade e possibilidades reais de implementação e/ou aperfeiçoamento) leva-nos a concluir pela necessidade de que as comunidades sejam inseridas num conjunto de ações estatais que possam dar alicerce para que elas recomponham suas próprias estratégias de luta e reconheçam suas necessidades em termos de esporte e lazer.

Ou estudos sobre prática corporais, como no Quilombo da Calunga, onde:

As folias, danças como o forró, a catira e a sussa, a capoeira, jogos e brincadeiras, além do futebol, são algumas das mais frequentes práticas corporais encontradas, quase todas marcadas por um hibridismo com a cultura de massa e atuando como vetores de reconstrução da tradição em busca da reafirmação da identidade cultural (SILVA; FALCÃO, 2012SILVA, Ana Márcia. FALCÃO, José Luiz Cirqueira. Práticas Corporais na experiência quilombola: um estudo com Comunidades do Estado de Goiás/Brasil. Pensar a Prática, v. 15. n.1, p. 52-70, jan./mar. 2012.Disponível em: Disponível em: https://www.revistas.ufg.br/fef/article/view/17990 . Acesso em: 26 mar. 2019.
https://www.revistas.ufg.br/fef/article/...
, p. 52).

Ou a relação da Saúde com as comunidades Quilombolas de Santarém, desenvolvido por Freitas, Silva e Galvão (2009FREITAS, Dionísio; SILVA, Jasson Miranda; GALVÃO, Edna Ferreira Coelho. A relação do lazer com a saúde nas Comunidades Quilombolas de Santarém. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, v. 30, n. 2, p. 89-105, jan. 2009. Disponível em: Disponível em: http://revista.cbce.org.br/index.php/RBCE/article/view/438 . Acesso em: 26 mar. 2019.
http://revista.cbce.org.br/index.php/RBC...
, p. 89) que evidenciaram que

O convívio de oito meses nos quilombos mostrou-nos um distanciamento das práticas religiosas e corporais próprias da cultura afrodescendente, e uma aproximação com a cultura de massa. Além disso, as dificuldades do acesso aos serviços públicos de educação e saúde ajudaram a manter e reproduzir os conhecimentos de ervas e plantas medicinais, assim como a figura do curandeiro.

Existem discussões de diferentes ordens sobre as comunidades quilombolas no Brasil, seja, em atividades físicas, práticas corporais ou políticas públicas.

Sobre dança, apesar da amplitude de manifestações/repertório que fazem parte da Cultura Afro-Brasileira, encontramos pontualmente um artigo que traz esse debate:

Com base em um contexto problemático pautado pela necessidade de estudos que permitam explorar e conhecer a diversidade étnico-racial presente nas mais diversas localidades do país, esta pesquisa teve como objetivo geral analisar o significado das manifestações dançantes da cultura afro-brasileira presente nas produções do Grupo de Dança Cristal em Londrina, no Paraná (SBORQUIA; DALBEN, 2017SBORQUIA, Silvia Pavesi; DALBEN, André. A dança afro-brasileira em Londrina. Pensar a Prática, v.20, n. 2, p. 282 - 294, abr./jun. 2017.Disponível em: Disponível em: https://www.revistas.ufg.br/fef/article/view/41994 . Acesso em: 26 mar. 2019.
https://www.revistas.ufg.br/fef/article/...
, p. 287).

Destacamos discussões que falam especificamente sobre o racismo, como por exemplo Araujo e Molina Neto (2008ARAÚJO, Maíra Lopes; MOLINA NETO, Vicente. "Essanegranão!" a prática política-pedagógica de uma professora negra em uma Escola da Rede Municipal de Ensino de Porto Alegre: Um Estudo de Caso. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, v. 29, n. 2, p. 203-225, 2008.Disponível em: Disponível em: http://cev.org.br/biblioteca/essanegranao-a-pratica-politica-pedagogica-de-uma-professora-negra-em-uma-escola-da-rede-municipal-de-ensino-de-porto-alegre-um-estudo-de-caso/ . Acesso em: 26 mar. 2019.
http://cev.org.br/biblioteca/essanegrana...
) que analisam o racismo no âmbito escolar. Percebemos que todos os artigos que falam especificamente sobre o preconceito racial e as teorias racialistas, a exemplo de Jesus (2008JESUS, Marcelo Sirqueira. A dialética da teoria racialista como saber para problematizar em pesquisas sobre questões raciais no campo da Educação Física Escolar. Motrivivência, n. 30, p. 169-184, 2008. Disponível em: Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/motrivivencia/article/view/2175-8042.2008n30p169 . Acesso em: 26 mar. 2019.
https://periodicos.ufsc.br/index.php/mot...
) são interligados a área da Educação Física Escolar.

Destacamos, também, um debate sobre a Lei n, 10.639/03 e a Educação Física Escolar, conforme dialoga Pires e Souza (2015PIRES, Joice Vigil Lopes; SOUZA, Maristela da Silva. Educação Física e a aplicação da Lei Nº 10.639/03: análise da legalidade do ensino da cultura afro-brasileira e africana em uma Escola Municipal do RS. Movimento, v. 21, n. 1, p. 193-204, jan./mar. 2015.Disponível em: Disponível em: https://seer.ufrgs.br/Movimento/article/view/46624 . Acesso em: 26 mar. 2019.
https://seer.ufrgs.br/Movimento/article/...
, p. 202): “[...] o cumprimento da lei a que nos referimos torna-se mais um compromisso repassado aos professores. Compromisso este com os negros brasileiros, de uma dívida que é social e de classes”.

Ainda nesse eixo, há um artigo que discute sobre as questões étnico-raciais e a Educação Física Escolar como possibilidades em seu trato pedagógico tomando como campo de discussão a rede de ensino de Porto Alegre.

Muito mais do que simplesmente ser incluída como conteúdo no currículo as questões Étnicas podem e devem como nos mostra o exemplo do professor Baobá servir de metodologia para a prática pedagógica; possibilitam a vivência de novos valores, construir novas e diversas visões de mundo de um mundo mais justo, solidário, afetivo e de paz (BINS; MOLINA NETO, 2017BINS,Gabriela Nobre; MOLINA NETO, Vicente. Mojuodara: uma possibilidade de trabalho com as questões étnico-raciais na Educação Física. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, v. 39, n.3, p. 247-253, 2017.Disponível em: Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbce/v39n3/0101-3289-rbce-39-03-0247.pdf . Acesso em: 26 mar. 2019.
http://www.scielo.br/pdf/rbce/v39n3/0101...
, p. 252).

Assim, conforme o exposto, percebemos que na Educação Física há diferentes formas de debater as relações étnico-raciais e diferentes nuances de se pensar sobre tal temática.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Debater sobre a produção do conhecimento das relações étnico-raciais e em especial a Cultura Afro-Brasileira é reconhecer uma relação política, diante de um cenário ainda manchado pelo racismo.

A priori, entendemos que há produções sobre a temática em períodicos de outras áreas do conhecimento, como o campo da Educação, Arte e etc. No entanto, nosso objetivo se constituiu em reconhecer como a Educação Física tem acolhido e debatido a Cultura Afro-Brasileira nos seus próprios periódicos.

E assim, diante das análises apresentadas percebemos pontos importantes. Embora as discussões sobre a Cultura Afro-Brasileira se apresentem de forma pontual dentro da Educação Física, elas estão presentes sob diferentes óticas e visões.

O trato da Cultura Afro-Brasileira é massivamente tematizado a partir de estudos sobre a Capoeira. Visualizamos a mesma em suas diversas facetas, como por exemplo: o esporte, a manifestação artística, o ritual, e assim apontamos a amplitude de se discutir sobre essa temática dentro da produção do conhecimento na área da Educação Física.

Percebemos, também, um movimento de diálogo com o Futebol. Ou seja, a Cultura Afro-Brasileira o toma como referência se tornando palco de discussão, visto a sua dimensão sócio-cultural. Uma vez que o Futebol é um dos campos visuais onde o racismo se faz presente.

Saindo da Capoeira e o racismo no Futebol, há outros questionamentos (embora sejam tímidos) ao pensar tal temática, como, por exemplo, as questões étnicas no Brasil e suas diferentes vertentes como: lazer, legislação, movimentos multiculturais/interculturais, comunidades quilombolas, dentre outros.

Isto é, há uma discussão rica sobre a Cultura Afro-Brasileira, porém ao passo que mostra uma amplitude de se olhar o fenômeno também denota a necessidade de uma saída de zona de conforto. Apontamos a notoriedade de refletir sobre os diversos leques da Cultura Afro-Brasileira ainda pouco explorados e muito transitórios, como por exemplo: as danças e os jogos afro-brasileiros, as atividades lúdicas e de lazer de comunidades quilombolas, dentre outras presentes nas manifestações populares de nossa população de norte a sul. Reconhecendo, assim, o vasto leque de pensar sobre as relações étnico-raciais e suas contribuições para a gênese e construção do conhecimento brasileiro.

Em síntese nosso estudo reconhece que a Educação Física tem sim a responsabilidade de debater cientificamente a Cultura Afro-Brasileira. Principalmente porque a área tem a responsabilidade com a perspectiva de intervenção-transformação da realidade em seus diversos locais de atuação, corroborando, assim, com uma perspectiva democrática de formação humana.

REFERÊNCIAS

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  • SABINO, Thércio Fábio Pontes; BENITES, Larissa Cerignoni. A Capoeira como uma atividade extracurricular numa escola particular: um relato de experiência. Motrivivência, n. 35, p. 234-246, dez. 2010.Disponível em: Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/motrivivencia/article/viewFile/2175-8042.2010v22n35p234/18093 Acesso em: 26 mar. 2019.
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  • SANTOS, Natasha; CAPRARO, André Mendes; LISE, Riqueldi Straub. Racismo e a derrota que não foi esquecida: uma análise dos discursos de Mário Filho na obra “o negro no futebol brasileiro” e da imprensa escrita acerca da final da Copa do Mundo de 1950. Movimento, v. 16, n. 4, p. 191-208 dez. 2010. Disponível em:Disponível em:https://seer.ufrgs.br/Movimento/article/view/15923/10851 Acesso em: 26 mar. 2019.
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  • SANTOS, Silvana dos; PIMENTEL, Giuliano Gomes de Assis. Manifestações afro-brasileiras e educação emancipatória para o lazer. Pensar a Prática, v. 18, n. 1, p. 203 - 211, jan./mar. 2015.Disponível em: Disponível em: https://www.revistas.ufg.br/fef/article/view/31228 Acesso em: 26 mar. 2019.
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  • SBORQUIA, Silvia Pavesi; DALBEN, André. A dança afro-brasileira em Londrina. Pensar a Prática, v.20, n. 2, p. 282 - 294, abr./jun. 2017.Disponível em: Disponível em: https://www.revistas.ufg.br/fef/article/view/41994 Acesso em: 26 mar. 2019.
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  • SILVA, Ana Márcia. FALCÃO, José Luiz Cirqueira. Práticas Corporais na experiência quilombola: um estudo com Comunidades do Estado de Goiás/Brasil. Pensar a Prática, v. 15. n.1, p. 52-70, jan./mar. 2012.Disponível em: Disponível em: https://www.revistas.ufg.br/fef/article/view/17990 Acesso em: 26 mar. 2019.
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  • SILVA, Lucas Contador Dourado da, FERREIRA, Alexandre Donizete. Capoeira Dialogia: o corpo e o jogo de significados.Revista Brasileira de Ciências do Esporte, v. 34, n. 3, p. 665-681, jul./set. 2012.Disponível em: Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0101-32892012000300010&script=sci_abstract&tlng=pt Acesso em: 26 mar. 2019.
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  • SOUZA, Thaís Godói de; LARA, Larissa Michelle. O Estado da Arte de Comunidades Quilombolas no Paraná: produção de conhecimento e práticas corporais recorrentes. Revista da Educação Física/UEM, v. 22, n. 4, p. 555-568, dez. 2011.Disponível em: Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1983-30832011000400007&script=sci_abstract&tlng=pt Acesso em: 26 mar. 2019.
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  • TONETTI, Claudio. A mídia televisiva em Moçambique e os espaços de discussão sobre o desporto. Motrivivência, n. 28, p. 154-163, jul./2007.Disponível em: Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/motrivivencia/article/view/9230 Acesso em: 26 mar. 2019.
    » https://periodicos.ufsc.br/index.php/motrivivencia/article/view/9230
  • 1
    De acordo com Guimarães (2008GUIMARÃES, Antônio Sergio Alfredo. Preconceito racial: modos, temas e tempos. São Paulo: Cortez, 2008.), podemos chamar de ações afirmativas toda e qualquer política pública que tenha a finalidade de promover a igualdade aos grupos historicamente marginalizados, como é o caso da população afrodescendente.
  • 2
    Nesta pesquisa apresentamos dados oriundos da dissertação intitulada “A inserção da Cultura Afro-Brasileira nas aulas de Educação Física Escolar: Limites e Possibilidades na Rede Estadual de Pernambuco” (LIMA, 2018LIMA, I. T. G. A inserção dos conteúdos afro-brasileiros nas aulas de Educação Física escolar: limites e possibilidades na rede estadual de Pernambuco. 186f. (Dissertação) - Programa Associado de Pós-graduação em Educação Física, Universidade de Pernambuco, Recife, 2018.).
  • 3
    Nessa fase, contamos com a participação de uma estudante com o projeto ANÁLISE DE ARTIGOS CIENTÍFICOS SOBRE OS CONTEÚDOS AFRO-BRASILEIROS NA ÁREA DE EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR aprovado no Edital IC/CNPq - 2016/2017.
  • 4
    Optamos por catalogar periódicos com webqualis mais elevados por entender que os mesmos têm longo alcance e assim compreenderemos como estes artigos estão sendo publicizados.
  • 5
    As indicações do primeiro debate sobre a Lei n.10.639/03 se solidificaram na Conferência das Nações Unidas contra o Racismo no ano de 2001 realizado na África do Sul (BRASIL, 2006BRASIL. Ministério da Educação. Orientações e Ações para Educação das Relações Étnico-Raciais. Brasília: SECAD, 2006. Disponível em: Disponível em: http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/orientacoes_etnicoraciais.pdf . Acesso em: 26 mar. 2019.
    http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/ori...
    ).
  • Apoio:

    O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001. This study was financed in part by the Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Finance Code 001

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    10 Jan 2022
  • Data do Fascículo
    2020

Histórico

  • Recebido
    14 Ago 2019
  • Aceito
    04 Fev 2020
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