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Testing the ecomorphological hypothesis in a headwater riffles fish assemblage of the rio São Francisco, southeastern Brazil

A ecomorfologia de 14 espécies de peixes residentes em um trecho de corredeiras do curso superior do rio São Francisco, sudeste do Brasil, foi analisada e combinada com dados de comportamento alimentar e dieta, previamente obtidos por nós. Os três principais agrupamentos ecomorfológicos de espécies identificados refletem a ocupação espacial de micro-hábitats da seguinte forma: a) caracídeos nectônicos com corpos comprimidos, olhos laterais e nadadeiras peitorais laterais, com hábitos noturnos e oportunistas alimentares (Astyanax rivularis, Bryconamericus stramineus e Bryconamericus sp.); b) nectobentônicos com corpos fusiformes e nadadeiras peitorais expandidas, que incluem os caracidiíneos predadores de espreita que se alimentam principalmente de larvas aquáticas bentônicas de insetos (Characidium fasciatum e Characidium zebra), parodontídeos pastadores de epilíton (Apareiodon ibitiensis e Parodon hilarii) e bagres especuladores de substratos que se alimentam principalmente de larvas aquáticas de insetos (Cetopsorhamdia iheringi, Imparfinis minutus, Rhamdia quelen e Trichomycterus sp.); c) bentônicos com corpos deprimidos, lábios modificados em discos orais suctorias, olhos dorsais e nadadeiras peitorais amplas, representados pelos cascudos perifitívoros (Hisonotus sp., Harttia sp. e Hypostomus garmani). Correlação entre dieta e morfologia geral não foi significative em nossa análise, a não ser quando o conjunto analisado incluiu apenas as espécies nectônicas e bentônicas, indicando que a ausência de correlação entre esses fatores é mais pronunciada no grupo de espécies nectobentônicas. A constatação do caso ineqüívoco de convergência morfológica entre os Characidiinae e Parodontidae nectobentônicos é um claro exemplo de como a integração da informação filogenética com a ecomorfologia pode identificar objetivamente casos de convergência e divergência adaptativa. Finalmente, a congruência entre os resultados ecomorfológicos com aqueles obtidos independentemente sobre a ecologia das espécies estudadas em seu ambiente natural parece ser uma forte evidência em favor do proposto valor preditivo da hipótese ecomorfológica.


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