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Por que os brasileiros estão tão interessados no controle de armas? Testando o modelo de múltiplos fluxos

Resumo

O controle de armas tem sido uma questão política relevante ao Brasil durante mais de 20 anos. O primeiro objetivo deste artigo é compreender e explicar a inusitada importância desse assunto na agenda política. O segundo é a verificação empírica de uma modificação proposta ao marco das correntes múltiplas de John Kingdon para melhorar sua aplicação em contextos latino-americanos. Os resultados sugerem que tanto os partidários de um maior controle de armas como os partidários de sua liberalização foram capazes de explorar o aumento dos homicídios e sua proximidade a legisladores e presidentes para unir as correntes e reintroduzir sistematicamente o assunto na agenda. O processo foi marcado pela forte influência de grupos com interesses opostos, ao mesmo tempo em que os partidos políticos e a opinião pública representavam um rol secundário. Em consequência, o processo de constituição da agenda refletiu uma corrente política que reconhece como as legislaturas e os partidos políticos costumam ser débeis na América Latina, enquanto os grupos de interesses podem ter uma grande influência sobre os poderes executivos que dominam os processos de formulações de políticas.

controle de armas; Brasil; correntes múltiplas; estudo das políticas; configuração da agenda

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