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Arranjos Produtivos Locais (APL) e Fatores Formadores das Dimensões do Desenvolvimento Local

Resumo

A partir dos anos 1980, passou a ser observado maior desenvolvimento nos locais onde se instalavam aglomerados industriais. Foco nos fatores formadores das dimensões do desenvolvimento local pode revelar ações que auxiliam na definição de estratégias de melhoria para as regiões. Estudou-se, a partir das relações/interações entre os atores participantes de Arranjos Produtivos Locais (APL), como fatores interferem no desenvolvimento local, considerando as dimensões ambiental, cultural, econômica, espacial, institucional, política e social. Optou-se por estudo qualitativo, análise multicasos e de conteúdo. Foram identificados, nos arranjos, aspectos de abrangência de cada dimensão e revelou-se um universo de fatores que interferem no desenvolvimento local. O fator cooperação, coletividade e a dimensão institucional se apresentaram como principais “catalizadores” e potenciais disseminadores de ações promotoras do desenvolvimento.

arranjos produtivos locais; desenvolvimento local; análise multidisciplinar

Abstract

From the 1980s onwards, a more significant development occurred in places where industrial agglomerates were installed. Focusing on factors that form the dimensions of local development may reveal actions that help to define improvement strategies for the regions. This study shows how factors — by the relations/interactions between the actors participating in clusters — interfere in the local development, considering the environmental, cultural, economic, spatial, institutional, political, and social dimensions. We chose a qualitative study, multi cases and content analysis. We identified aspects of the scope of each dimension and revealed a universe of factors that interfere in the local development in the clusters. The main "catalysts" and potential disseminators of actions promoting development were the Cooperation and Collectivity factor and the institutional dimension.

clusters; local development; multidisciplinary analysis

Introdução

Entre 1900 e 1950 (Era Industrial Clássica), as empresas estavam integralmente verticalizadas, com sistema de produção em massa e estruturas “inchadas”. Já entre 1960 e 1990 (Era Industrial Neoclássica ou Pós-Fordista), ocorreu novo paradigma técnico-econômico, baseado em formas de organização amparadas pela cooperação e aprendizagem interativa (Lastres & Cassioalto, 2003), processos de desintegração vertical/desverticalização e sistemas de produção “enxutos” ( Fochezatto, 2010Fochezatto, A. (2010). Desenvolvimento regional: Recomendações para um novo paradigma produtivo. In O. A. C. Conceição, M. Z. Grando, S. U. Teruchkin, L. A. E. Faria (Orgs.), Três décadas de economia gaúcha: O ambiente regional (pp. 160-192). Porto Alegre, RS: FEE. ; Olivares & Dalcol, 2010)Olivares, G. L., Dalcol, P. R. T. (2010). Proposta de um sistema de indicadores para medir o grau de contribuição dos aglomerados produtivos para o desenvolvimento local e regional. Revista Brasileira de Gestão e Desenvolvimento Regional , 6 (2), 188-218. Retrieved from https://bit.ly/39WihK1
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. A partir de 1970, ocorreram mudanças na organização industrial das empresas que formavam polos industriais havendo fortalecimento das relações e maior envolvimento entre os agentes ( Marini & Silva, 2012Marini, M. J., Silva, C. L. (2012). Desenvolvimento regional e arranjos produtivos locais: uma abordagem sob a ótica interdisciplinar. Revista Brasileira de Gestão e Desenvolvimento Regional , 8 (2), 107-129. Retrieved from https://bit.ly/3rimmOm
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; Olivares & Dalcol, 2010Olivares, G. L., Dalcol, P. R. T. (2010). Proposta de um sistema de indicadores para medir o grau de contribuição dos aglomerados produtivos para o desenvolvimento local e regional. Revista Brasileira de Gestão e Desenvolvimento Regional , 6 (2), 188-218. Retrieved from https://bit.ly/39WihK1
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; 2014; Ribeiro, Martinelli, & Joyal, 2013).

De acordo com Santos, Diniz e Barbosa (2004), entre 1980 e 1990, emergiu a necessidade de entender a concentração de empresas em dada localidade e atividade produtiva. Segundo Costa (2010)Costa, E. J. M. (2010). Arranjos produtivos locais, políticas públicas e desenvolvimento regional . Brasília, DF: Ministério da Integração Nacional. , o conceito brasileiro de Arranjo Produtivo Local (APL) foi criado pelo antigo Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), hoje Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), por volta de 1990, tendo como referência duas experiências pioneiras de desenvolvimento: os distritos industriais italianos e o Vale do Silício, na Califórnia.

As APL se constituem em uma das possibilidades para o desenvolvimento regional ( Marini & Silva, 2012Marini, M. J., Silva, C. L. (2012). Desenvolvimento regional e arranjos produtivos locais: uma abordagem sob a ótica interdisciplinar. Revista Brasileira de Gestão e Desenvolvimento Regional , 8 (2), 107-129. Retrieved from https://bit.ly/3rimmOm
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). Vários estudos propuseram associação entre desenvolvimento para os locais e a presença de aglomerados ( Isbasoiu, 2007Isbasoiu, G. M. (2007). Industrial clusters and regional development. The case of Timesoara and Montebelluna . Paper or poster presented at the Conference of European Regions Knowledge Based Innovation Network (ERIK), Brussels. Retrieved from https://bit.ly/2MGokJw
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; Lastres & Ferraz, 1999Lastres, H. M. M., Ferraz, J. C. (1999). Economia da informação, do conhecimento e do aprendizado. In: H. M. M. Lastres, S. Albagli (Orgs.), Informação e globalização na era do conhecimento (pp. 27-57) . Rio de Janeiro, RJ: Campus. ; Oliveira & Martinelli, 2014a, Sforzi & Boix, 2015)Sforzi, F., Boix, R. (2015). What about industrial district(s) in regional Science? Investigaciones Regionales , 32 (2015), 61-73. Retrieved from https://bit.ly/3u5ZTGv
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. O olhar para fatores e dimensões do desenvolvimento local pode revelar estruturas ainda não observadas e auxiliar nas estratégias de melhoria e desenvolvimento para o aglomerado e a região.

Marini e Silva (2012)Marini, M. J., Silva, C. L. (2012). Desenvolvimento regional e arranjos produtivos locais: uma abordagem sob a ótica interdisciplinar. Revista Brasileira de Gestão e Desenvolvimento Regional , 8 (2), 107-129. Retrieved from https://bit.ly/3rimmOm
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desenharam uma matriz de sete dimensões (ambiental, cultural, econômica, espacial, institucional, política e social) que interagem e se inter-relacionam no espaço do APL, ainda não contempladas, conjuntamente, nos estudos da área.

No contexto de desenvolvimento local e APL, as dimensões se referem aos aspectos interdisciplinares do território de produção (e reprodução) das relações sociais e das práticas, sendo formadas por fatores que representam as experiências e as ações dos indivíduos que participam da região de um aglomerado.

Nesse contexto, esta pesquisa teve como objetivo geral estudar, a partir das relações/interações entre os atores participantes de APL, como fatores interferem no desenvolvimento local, considerando as dimensões ambiental, cultural, econômica, espacial, institucional, política e social. Os objetivos específicos foram: (a) identificar as dimensões e os fatores presentes nos APL, considerando a possível interferência no desenvolvimento local; e (b) alocar os fatores conforme as dimensões do desenvolvimento local.

A identificação fator-dimensão foi um esforço inicial, coerente do ponto vista do entendimento do desenvolvimento local, fundamental para revelar as interferências diretas, no sentido de serem imediatas, para mostrar tanto as dimensões geradoras dos fatores quanto as primeiras ações que podem influenciar essas dimensões.

O artigo está estruturado em introdução e, na sequência, a revisão de literatura. Na terceira parte, aspectos metodológicos seguido pelo tópico das discussões, análises e resultados; encerrando com as considerações finais e referências.

Referencial teórico

Revisão sistemática: aglomerados industriais e desenvolvimento local

Inicialmente, realizou-se uma busca nas bases de dados Scopus (Editora Campus/Elsevier) e Web of Science (Thomson Reuters Scientific) para localizar trabalhos publicados entre 2010 e 2015, e conhecer o atual cenário de publicações na área que discutissem uma ou mais das sete dimensões do desenvolvimento local em aglomerados. Web of Science é a mais antiga base de ciências sociais (Benítez Hurtado, Carpes, Inomata, & Rados, 2012), podendo ser considerada a mais importante fonte de dados para análise bibliométrica (Leeuwen, 2006) e conta com quatro coleções da área: Science Citation Index Expanded (SCI-Expanded); Social Sciences Citation Index (SSCI); Arts & Humanities Citation Index (A&HCI); e Conference Proceedings Citation Index – Social Science & Humanities (CPCI-SSH) (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, n. d.). A base Scopus indexa títulos acadêmicos revisados por pares e é a maior base de referências bibliográficas de literatura científica no mundo (Elsevier, c2021).

Utilizou-se busca em trabalho completo e sem restrição de língua estrangeira1 1 . Foi utilizado grupo de cinco pares de palavras-chaves para cada dimensão, por exemplo: (a) “desenvolvimento local” e “dimensão espacial”; (b) “arranjo produtivo local” e “dimensão espacial”; (c) “ local development ” and “ spatial dimension ”; (d) “ clusters ” and “ spatial dimension ”; (e) “ industrial districts ” and “ spatial dimension ”. Os mesmos pares foram utilizados trocando apenas a dimensão (cultural, política, institucional, social, econômica, ambiental). . Após a leitura dos resumos (quando suficiente) e leitura completa (em caso de dúvida), foram encontrados 9 trabalhos: dimensão espacial (4 “ clustersandspatial dimension ”; 1 “ industrial districtsandspatial dimension” ); dimensão social (2 “ clustersandsocial dimension ” e 1 “arranjo produtivo local” e “dimensão social”); dimensão ambiental (1 “arranjo produtivo local” e “dimensão ambiental”); dimensões cultural, política, econômica e institucional (nenhum).

No total, foram selecionados cinco trabalhos (dois na base Scopus e sete na base Web of Science; havendo repetição de trabalho entre as bases) que contemplaram dimensões do desenvolvimento local: Alvarenga, Matos, Machado, Sobreira e Matos (2013); Belso-Martinez (2010)Belso-Martinez J A. (2010). Outsourcing decisions, product innovation and the spatial dimension: Evidence from the Spanish footwear industry. Urban Studies , 47 (14), 3057-3077. doi: 10.1177/0042098009359952
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; Carrol e Zeller (2012)Carrol, M. C., & Zeller, M.C. (2012). The cognitive limits to economic cluster formation. Urbani Izziv , 23 (Suppl.1), 553-562. doi:10.5379/urbani-izziv-en-2012-23-supplement-1-005
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; Doloreux, Shearmur e Guillaume (2015) e Herrerias e Ordoñez (2012)Herrerias, M. J., Ordoñez, J. (2012). New evidence on the role of regional clusters and convergence in China (1952-2008). China Economic Review, 23 (4), 1120-1133. doi: 10.1016/j.chieco.2012.08.001
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. No entanto, não consideraram a integração do arcabouço dimensional (complexo, multi e interdisciplinar) de construção do território, das relações entre os agentes e das inter-relações destes com o espaço e com as dimensões.

Arranjos produtivos locais: surgimento, construção do conceito e fatores formadores

A concentração espacial das atividades econômicas ocorre como resultado de duas forças opostas: aglomeração (origem na tríade das economias externas marshallianas – mão de obra especializada/qualificada; presença de spillovers de conhecimento; fornecimento de serviços e matéria-prima especializada) ( Costa, 2010Costa, E. J. M. (2010). Arranjos produtivos locais, políticas públicas e desenvolvimento regional . Brasília, DF: Ministério da Integração Nacional. ; Fochezatto, 2010Fochezatto, A. (2010). Desenvolvimento regional: Recomendações para um novo paradigma produtivo. In O. A. C. Conceição, M. Z. Grando, S. U. Teruchkin, L. A. E. Faria (Orgs.), Três décadas de economia gaúcha: O ambiente regional (pp. 160-192). Porto Alegre, RS: FEE. ; Marshall, 1996Marshall, A. (1996). Princípios de economia: Tratado introdutório (vol. 1). São Paulo, SP: Nova Cultural. ); e dispersão (imobilidade da mão de obra, alto custo de transporte e efeitos externos do ambiente) ( Bekele & Jackson, 2006Bekele, G. W., Jackson, R. (2006). Theoretical perspectives on industry clusters . Research Paper 2006-5 . Morgantown: West Virginia University. Retrieved from https://bit.ly/2N1m1R3
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; Krugman & Venables, 1996)Krugman, P., Venables, J. (1996). Integration, specialization, and adjustment. European Economic Review , 40 (3-5), 959-967. doi: 10.1016/0014-2921(95)00104-2
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. Na visão dos Distritos Industriais de Becattini, as organizações são agentes da produção, o conhecimento é o motor da produção e os homines novi são os agentes do empreendedorismo. Juntos, formam mistura de sentimentos de pertencimento que une indivíduos pelo interesse comum e pela natureza sócio-histórico-cultural ( Fochezatto, 2010Fochezatto, A. (2010). Desenvolvimento regional: Recomendações para um novo paradigma produtivo. In O. A. C. Conceição, M. Z. Grando, S. U. Teruchkin, L. A. E. Faria (Orgs.), Três décadas de economia gaúcha: O ambiente regional (pp. 160-192). Porto Alegre, RS: FEE. ; Sforzi & Boix, 2015)Sforzi, F., Boix, R. (2015). What about industrial district(s) in regional Science? Investigaciones Regionales , 32 (2015), 61-73. Retrieved from https://bit.ly/3u5ZTGv
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.

APL é um conjunto de empresas próximas, de setores similares ou relacionados, que geram externalidades resultantes de fatores históricos, econômicos e sociais (Casanueva, Castro, & Gálan, 2013), havendo mecanismos de transferência de conhecimento ( Casanueva et al., 2013Casanueva, C., Castro, I., Gálan, J. L. (2013). Informational networks and innovation in mature industrial clusters. Journal of Business Research , 66 (5), 603-613. doi: 10.1016/j.jbusres.2012.02.043
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; Delgado, Porter, & Stern, 2014). Apesar de diferentes conceitos na literatura, as principais características são comuns ( Marini & Silva, 2012)Marini, M. J., Silva, C. L. (2012). Desenvolvimento regional e arranjos produtivos locais: uma abordagem sob a ótica interdisciplinar. Revista Brasileira de Gestão e Desenvolvimento Regional , 8 (2), 107-129. Retrieved from https://bit.ly/3rimmOm
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.

Neste trabalho, optou-se pelo termo APL, conceituado por Cassiolato, Lastres e Stallivieri (2008) como agentes econômicos, políticos e sociais, reunidos em um espaço territorial, apresentando vínculos (ainda que iniciais) entre os agentes ligados à atividade-foco: organizações públicas e privadas; organizações produtoras/fornecedoras de bens e/ou serviços; organizações que atuam na qualificação dos recursos humanos; instituições associadas à pesquisa, engenharia e ao desenvolvimento; e aquelas voltadas para política, financiamento e ações de fomento. De acordo com Porter (2000)Porter, M. E. (2000). Location, competition, and economic development: local clusters in a global economy. Economic Development Quartely , 14 (1), 15-34. Doi: 10.1177/089124240001400105
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, internacionalmente tem sido utilizado o termo cluster .

Para haver externalidades e desenvolvimento, há necessidade de estabelecer inter-relações ( Carrol & Zeller, 2012Carrol, M. C., & Zeller, M.C. (2012). The cognitive limits to economic cluster formation. Urbani Izziv , 23 (Suppl.1), 553-562. doi:10.5379/urbani-izziv-en-2012-23-supplement-1-005
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; Marini & Silva, 2012)Marini, M. J., Silva, C. L. (2012). Desenvolvimento regional e arranjos produtivos locais: uma abordagem sob a ótica interdisciplinar. Revista Brasileira de Gestão e Desenvolvimento Regional , 8 (2), 107-129. Retrieved from https://bit.ly/3rimmOm
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, confiança e formação de vínculos territoriais ( Lastres & Cassiolato, 2003)Lastres, H. M. M., Cassiolato, J. E. (2003). Glossário de arranjos e sistemas produtivos e inovativos locais. Rio de Janeiro, RJ: RedeSist. Retrieved from https://bit.ly/2MYaCl8
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. A sinergia ocorre desde que a cooperação e a consciência coletiva sejam a base da geração de resultados ( Alvarenga et al., 2013)Alvarenga, R. A. M., Matos, F. R. N., Machado, D. Q., Sobreira, M. C., Matos, L. B. S. (2013). Arranjo produtivo local e desenvolvimento sustentável: Uma relação sinérgica no município de marco (CE). Revista de Administração Mackenzie , 14 (5), 15-43. doi: 10.1590/S1678-69712013000500002 .

O espaço é transformado pela intervenção humana ao mesmo tempo que transforma os indivíduos que dele compartilham ( Corrêa, 2000Corrêa, R. L. (2000). Região e organização espacial (7th ed.). São Paulo, SP: Ática. ). O território é espaço socialmente construído, resultado das representações sociais, como manifestações e hábitos ( Albuquerque, 1998Albuquerque, F. (1998). Desenvolvimento econômico local e distribuição do progresso técnico: Uma resposta às exigências do ajuste estrutural (A. R. P. Braga, Trad.). Fortaleza, CE: BNB. ; Boisier, 2001Boisier, S. (2001). Desarrollo (local): ¿De qué estamos hablando? In: A. V. Barquero, O. Madoery (Eds.), Transformaciones globales, instituciones y politicas de desarrollo local . Rosario: Editorial Homo Sapiens. ; Brandão, 2007Brandão, C. (2007). Territórios com classes sociais, conflitos, decisão e poder. In: A. C. Ortega, F. N. A. Almeida (Orgs.), Desenvolvimento territorial, segurança alimentar e economia solidária (pp. 39-61) . Campinas, SP: Alínea. ; Joyal & Bessa, 2012Joyal, A., Bessa, L. F. M. (2012). Inteligência territorial e desenvolvimento sustentável: exemplos marroquinos e brasileiros. Informe Gepec , 16 (1), 6-25. doi:10.48075/igepec.v16i1.6351
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; Lemos, Santos, & Crocco, 2005; Marini & Silva, 2012)Marini, M. J., Silva, C. L. (2012). Desenvolvimento regional e arranjos produtivos locais: uma abordagem sob a ótica interdisciplinar. Revista Brasileira de Gestão e Desenvolvimento Regional , 8 (2), 107-129. Retrieved from https://bit.ly/3rimmOm
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, e também é perpassado por conflitos ( Brandão, 2007)Brandão, C. (2007). Territórios com classes sociais, conflitos, decisão e poder. In: A. C. Ortega, F. N. A. Almeida (Orgs.), Desenvolvimento territorial, segurança alimentar e economia solidária (pp. 39-61) . Campinas, SP: Alínea. .

Para Di Giacinto, Gomellini, Micucci, e Pagnini (2013), a aglomeração produtiva é fomentada pela comunidade local, dada a coexistência e partilha entre valores culturais e éticos. Marini e Silva (2012)Marini, M. J., Silva, C. L. (2012). Desenvolvimento regional e arranjos produtivos locais: uma abordagem sob a ótica interdisciplinar. Revista Brasileira de Gestão e Desenvolvimento Regional , 8 (2), 107-129. Retrieved from https://bit.ly/3rimmOm
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ressaltam que a cooperação depende de relações sociais e institucionais, mostrando-se o capital social do local como importante componente, que, segundo Lastres e Cassiolato (2003)Lastres, H. M. M., Cassiolato, J. E. (2003). Glossário de arranjos e sistemas produtivos e inovativos locais. Rio de Janeiro, RJ: RedeSist. Retrieved from https://bit.ly/2MYaCl8
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, foi adotado a partir das ideias de Bourdieu (1986Bourdieu, P. (1986). The forms of capital. In: J. G. Richardson (Org.), Handbook of theory and research for the sociology of education (pp. 241-268). New York: Greenwood Press. , 1998Bourdieu, P. (1998). O capital social: Notas provisórias. In: A. M. Catani, M. A. Nogueira (Orgs.), Escritos de educação (pp. 65-69). Petrópolis, RJ: Vozes. ), Coleman (1988)Coleman, J. S. (1988). Social capital in the creation of human capital. American Journal of Sociology , 94 , S95-S120. Retrieved from https://bit.ly/2YLWMov
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e Putnam (2006)Putnam, R. D. (2006). Comunidade e democracia: A experiência da Itália moderna . Rio de Janeiro, RJ: Fundação Getúlio Vargas. , reconhecido pela importância das relações sociais para compreensão e intervenção na atividade econômica.

Os laços de amizade e confiança cooperativa facilitam os fluxos de informações e a governança desempenha importante papel estimulante, sendo fundamental gestora das práticas democráticas ( Casanueva et al., 2013Casanueva, C., Castro, I., Gálan, J. L. (2013). Informational networks and innovation in mature industrial clusters. Journal of Business Research , 66 (5), 603-613. doi: 10.1016/j.jbusres.2012.02.043
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; Cassiolato & Szapiro, 2003Cassiolato, J. E., Szapiro, M. (2003). Uma caracterização de arranjos produtivos locais de micro e pequenas empresas. In: H. M. M. Lastres, J. E. Cassiolato, M. L. Maciel (Orgs.), Pequena empresa: Cooperação e desenvolvimento local (pp. 35-50) . Rio de Janeiro, RJ: Relume Dumará. ). A ampla gama de instituições de apoio, públicas e privadas, podem melhor explorar e transferir informações, conhecimentos e oportunidades, continuamente refinados pelas reações internas, proximidade e intensidade das trocas (Molina-Morales & Martinez-Cháter, 2016). De acordo com Carrol e Zeller (2012)Carrol, M. C., & Zeller, M.C. (2012). The cognitive limits to economic cluster formation. Urbani Izziv , 23 (Suppl.1), 553-562. doi:10.5379/urbani-izziv-en-2012-23-supplement-1-005
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, Herrerias e Ordoñez (2012)Herrerias, M. J., Ordoñez, J. (2012). New evidence on the role of regional clusters and convergence in China (1952-2008). China Economic Review, 23 (4), 1120-1133. doi: 10.1016/j.chieco.2012.08.001
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, Lastres e Cassiolato (2003)Lastres, H. M. M., Cassiolato, J. E. (2003). Glossário de arranjos e sistemas produtivos e inovativos locais. Rio de Janeiro, RJ: RedeSist. Retrieved from https://bit.ly/2MYaCl8
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e Marini, Silva, Nascimento e Strauhs (2012), é necessário incluir o Estado para apoiar a governança local.

Os trabalhos acerca de APL apresentam aspectos, características ou variáveis que compõem a estrutura dos aglomerados, importantes em estimular e reforçar práticas, formando fatores que podem estar associados ao desenvolvimento dos locais ( Tabela 1 ).

Tabela 1
Fatores presentes em aglomerados empresariais, mencionados em literatura

Estratégias públicas/privadas de desenvolvimento em aglomerações produtivas podem fornecer alternativa para o desenvolvimento mais amplo, no sentido de contemplar dimensões além da financeira, a partir da presença dos fatores já presentes nos territórios dos arranjos, que também perpassam pelas dimensões ambiental, institucional, política, espacial, social e cultural.

Desenvolvimento local: desenvolvimento a partir da formação do território

Nas últimas décadas do século XX, transformações como globalização, avanços tecnológicos e reestruturação do sistema produtivo redirecionaram as discussões sobre o processo de desenvolvimento ( Albuquerque, 1998Albuquerque, F. (1998). Desenvolvimento econômico local e distribuição do progresso técnico: Uma resposta às exigências do ajuste estrutural (A. R. P. Braga, Trad.). Fortaleza, CE: BNB. ; Alvarenga et al., 2013Alvarenga, R. A. M., Matos, F. R. N., Machado, D. Q., Sobreira, M. C., Matos, L. B. S. (2013). Arranjo produtivo local e desenvolvimento sustentável: Uma relação sinérgica no município de marco (CE). Revista de Administração Mackenzie , 14 (5), 15-43. doi: 10.1590/S1678-69712013000500002 ; Benko, 2002Benko, G. (2002). Economia, espaço e globalização: Na aurora do século XXI (3rd ed.). São Paulo, SP: Hucitec. ; Brandão, 2007Brandão, C. (2007). Territórios com classes sociais, conflitos, decisão e poder. In: A. C. Ortega, F. N. A. Almeida (Orgs.), Desenvolvimento territorial, segurança alimentar e economia solidária (pp. 39-61) . Campinas, SP: Alínea. ; Fochezatto, 2010Fochezatto, A. (2010). Desenvolvimento regional: Recomendações para um novo paradigma produtivo. In O. A. C. Conceição, M. Z. Grando, S. U. Teruchkin, L. A. E. Faria (Orgs.), Três décadas de economia gaúcha: O ambiente regional (pp. 160-192). Porto Alegre, RS: FEE. ; Marini & Silva, 2012Marini, M. J., Silva, C. L. (2012). Desenvolvimento regional e arranjos produtivos locais: uma abordagem sob a ótica interdisciplinar. Revista Brasileira de Gestão e Desenvolvimento Regional , 8 (2), 107-129. Retrieved from https://bit.ly/3rimmOm
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; Martinelli & Joyal, 2004)Martinelli, D. P., Joyal, A. (2004). Desenvolvimento local e o papel das pequenas e medias empresas . Barueri, SP: Manole. . Segundo Veiga e Zatz (2008)Veiga, E., Zatz, L. (2008). Desenvolvimento sustentável: Que bicho é esse? Campinas, SP: Autores Associados. , Marini e Silva (2012)Marini, M. J., Silva, C. L. (2012). Desenvolvimento regional e arranjos produtivos locais: uma abordagem sob a ótica interdisciplinar. Revista Brasileira de Gestão e Desenvolvimento Regional , 8 (2), 107-129. Retrieved from https://bit.ly/3rimmOm
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e Cardoso (2014)Cardoso, J. C., Jr. (2014). Planejamento, democracia e desenvolvimento no Brasil: Perspectivas à luz das capacidades estatais e instrumentos governamentais. In. A. B. Calixtre, A. M. Biancarelli, M. A. M. Cintra (Eds.), Presente e futuro do desenvolvimento brasileiro (pp. 79-114). Brasília, DF: IPEA. , desde o fim da Segunda Guerra Mundial até a metade dos anos 1970, desenvolvimento não se distinguia de crescimento econômico, apresentado pela forma como o sistema econômico gerava progresso técnico e produtividade – o Produto Interno Bruto (PIB). Mas havia necessidade de “resgatar a grande diferença . . . entre PIB e riqueza. Principalmente porque o PIB não inclui a depreciação de ativos, como é o caso da degradação dos ecossistemas” ( Veiga, 2007, pVeiga, E. (2007). Desenvolvimento sustentável: Alternativas e impasses. In T. M. M. Keinert (Org.), Organizações sustentáveis: Utopias e inovações (pp. 21-42). São Paulo, SP: Annablume. , p. 41). Estabeleceu-se a necessidade de incorporar aspectos e fatores, ainda ausentes ( Cardoso, 2014)Cardoso, J. C., Jr. (2014). Planejamento, democracia e desenvolvimento no Brasil: Perspectivas à luz das capacidades estatais e instrumentos governamentais. In. A. B. Calixtre, A. M. Biancarelli, M. A. M. Cintra (Eds.), Presente e futuro do desenvolvimento brasileiro (pp. 79-114). Brasília, DF: IPEA. .

A partir de então, várias discussões contemplaram o desenvolvimento sob a inclusão, necessária, de diversos aspectos: instituições (formais e informais) , que são centro da sociabilidade ( Abramovay, 2001Abramovay, R. (2001). Desenvolvimento e instituições: A importância da explicação histórica. In G. Arbix, M. Zilbovicius, R. Abramovay (Orgs.), Razões e ficções do desenvolvimento (pp. 165-178). São Paulo, SP: Editora UNESP. ); visão holística , para encarar em conjunto diversas dimensões; ser sustentável e durável (ecodesenvolvimento/desenvolvimento sustentável, de Ignacy Sachs); comprometimento sincrônico (necessidades sociais mais urgentes), comprometimento diacrônico (possibilidades de reprodução para a próxima geração) ( Montibeller, 1993Montibeller, G., Filho (1993). Ecodesenvolvimento e desenvolvimento sustentável: Conceitos e princípios. Textos de economia , 4 (1), 131-142. Retrieved from https://bit.ly/3tuDXoa
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); e aprofundamento das práticas democráticas, com participação coletiva, liberdade de escolhas e garantia dos direitos ( Veiga & Zatz, 2008Veiga, E., Zatz, L. (2008). Desenvolvimento sustentável: Que bicho é esse? Campinas, SP: Autores Associados. ).

Para que se tenha desenvolvimento, é necessário que haja governança regional, pois, em esfera local, a confiança é mais presente e as ações mais coletivas, abrangentes e transparentes ( Veiga, 2014Veiga, E. (2014). O âmago da sustentabilidade. Estudos Avançados , 28 (82), 7-23. doi: 10.1590/S0103-40142014000300002
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). O território é resultado da construção integrada e da coesão produtiva e multidimensional, com ações geradas, mantidas e transformadas por um arcabouço institucional ( Brandão, 2007Brandão, C. (2007). Territórios com classes sociais, conflitos, decisão e poder. In: A. C. Ortega, F. N. A. Almeida (Orgs.), Desenvolvimento territorial, segurança alimentar e economia solidária (pp. 39-61) . Campinas, SP: Alínea. ).

Os APL são formas industriais que geram transformações concretas nos locais, assim, é um processo socioeconômico que deve ser entendido como forma de desenvolvimento local, em perspectiva territorial ( Marini & Silva, 2012Marini, M. J., Silva, C. L. (2012). Desenvolvimento regional e arranjos produtivos locais: uma abordagem sob a ótica interdisciplinar. Revista Brasileira de Gestão e Desenvolvimento Regional , 8 (2), 107-129. Retrieved from https://bit.ly/3rimmOm
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; Mattos, 2008Mattos, S. M. C. S. (2008). Arranjos produtivos locais como estratégia para o desenvolvimento local: O caso de Maracás. Sitientibus , (39), 131-167. Retrieved from https://bit.ly/2MGoxMO
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; Sforzi & Boix, 2015)Sforzi, F., Boix, R. (2015). What about industrial district(s) in regional Science? Investigaciones Regionales , 32 (2015), 61-73. Retrieved from https://bit.ly/3u5ZTGv
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.

Os estudos e teorias acerca do desenvolvimento regional evoluíram das abordagens microeconômicas de localização da indústria, que consideravam o espaço geográfico como simples local voltado à maximização na escolha para a melhor localização. A partir dos anos 1970, o território passa a ser entendido como resultado da produção social ( Brandão, 2007Brandão, C. (2007). Territórios com classes sociais, conflitos, decisão e poder. In: A. C. Ortega, F. N. A. Almeida (Orgs.), Desenvolvimento territorial, segurança alimentar e economia solidária (pp. 39-61) . Campinas, SP: Alínea. ). O território é condição para o desenvolvimento, pois dispõe de recursos específicos (materiais e imateriais) que são da região, não transferíveis e que constroem a história local (Iizuka, Gonçalves-Dias, & Aguerre, 2012).

Na década de 1980, surgem as teorias de crescimento endógeno, que enxergavam o progresso tecnológico como endógeno ( Marini & Silva, 2012Marini, M. J., Silva, C. L. (2012). Desenvolvimento regional e arranjos produtivos locais: uma abordagem sob a ótica interdisciplinar. Revista Brasileira de Gestão e Desenvolvimento Regional , 8 (2), 107-129. Retrieved from https://bit.ly/3rimmOm
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). O foco é o regional/local, considerando interconexão multidimensional entre os elementos. Há um novo paradigma, em que o desenvolvimento deve ser estruturado pelos próprios atores/agentes dos locais ( Martinelli & Joyal, 2004)Martinelli, D. P., Joyal, A. (2004). Desenvolvimento local e o papel das pequenas e medias empresas . Barueri, SP: Manole. . A Teoria de Desenvolvimento Regional propõe a abordagem de APL para ações e práticas de desenvolvimento em aglomerações (Vecchia, 2008).

Analisando os conceitos locais para o desenvolvimento, Marini e Silva (2012)Marini, M. J., Silva, C. L. (2012). Desenvolvimento regional e arranjos produtivos locais: uma abordagem sob a ótica interdisciplinar. Revista Brasileira de Gestão e Desenvolvimento Regional , 8 (2), 107-129. Retrieved from https://bit.ly/3rimmOm
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mencionaram que são diferentes terminologias para o mesmo ponto de convergência a necessidade de valorizar diversas questões territoriais, e não apenas econômicas.

Optou-se, neste estudo, pelo termo “desenvolvimento local”, exprimindo o apresentado por Fragoso (2005)Fragoso, A. (2005). Contributos para o debate teórico sobre o desenvolvimento local: Um ensaio baseado em experiências investigativas. Revista Lusófona de Educação , 5 (5), 63-83. Retrieved from https://bit.ly/3tvX6WU
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como ações que visam mudanças no longo prazo com intuito de promover a qualidade de vida dos indivíduos do território, a partir do interesse, da articulação e do envolvimento de todos, dos diferentes níveis da sociedade (agentes internos e externos), constituindo processo coletivo e educativo de transformação, tendo na mudança a característica principal para o desenvolvimento, com vistas à (re)construção do futuro.

Nos estudos de desenvolvimento local, o entendimento de sustentabilidade deu origem à incorporação das dimensões social, econômica, ambiental, espacial e cultural ( Boisier, 2001Boisier, S. (2001). Desarrollo (local): ¿De qué estamos hablando? In: A. V. Barquero, O. Madoery (Eds.), Transformaciones globales, instituciones y politicas de desarrollo local . Rosario: Editorial Homo Sapiens. ; Ribeiro et al., 2013Ribeiro, A. V., Martinelli, D. P., Joyal, A. (2013). O setor de confecções em Bandeira do Sul-MG e o desenvolvimento local/sustentável: Um estudo de caso. Desenvolvimento Regional em debate , 3 (1), 216-239. Doi: 10.24302/drd.v3i1.389
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). Além do envolvimento dessas cinco dimensões, para avaliar as interações presentes no espaço territorial, são necessárias as dimensões política e institucional ( Marini et al., 2012Marini, M. J., Silva, C. L., Nascimento, D. E., Strauhs, F. R. (2012). Avaliação da contribuição de arranjos produtivos locais para o desenvolvimento local. Revista Bibliográfica de Geografia y Ciências Sociales , 17 (996). Retrieved from https://bit.ly/3pTHEl7
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), pois formam estrutura político-administrativa, um dos elementos principais da noção de território ( Boisier, 2001Boisier, S. (2001). Desarrollo (local): ¿De qué estamos hablando? In: A. V. Barquero, O. Madoery (Eds.), Transformaciones globales, instituciones y politicas de desarrollo local . Rosario: Editorial Homo Sapiens. ; Marini et al., 2012Marini, M. J., Silva, C. L., Nascimento, D. E., Strauhs, F. R. (2012). Avaliação da contribuição de arranjos produtivos locais para o desenvolvimento local. Revista Bibliográfica de Geografia y Ciências Sociales , 17 (996). Retrieved from https://bit.ly/3pTHEl7
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).

Os locais são territórios onde há fatores formadores e transformadores das dimensões, por isso há possibilidade de intervenção para melhoria da qualidade de vida. A literatura mencionada tece importantes contribuições para compreender os impactos no desenvolvimento local, na medida em que apresenta elementos constituintes de fatores que permeiam os territórios. De acordo com Mattos (2008)Mattos, S. M. C. S. (2008). Arranjos produtivos locais como estratégia para o desenvolvimento local: O caso de Maracás. Sitientibus , (39), 131-167. Retrieved from https://bit.ly/2MGoxMO
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, transformar o ambiente para reprodução de práticas de alcance do desenvolvimento envolve um complexo (multi e inter) de variáveis, ou seja, diversidade e associações que devem ser traduzidas em práticas que considerem as diversas dimensões. A Tabela 2 sintetiza, de acordo com a revisão de literatura, os autores que mencionaram as dimensões do desenvolvimento local, e os principais aspectos de abrangência apontados.

Tabela 2
Aspectos gerais das dimensões do desenvolvimento local

Ainda, é preciso incorporar nas análises condições fundamentais à complexidade das inter-relações entre fatores e dimensões: comprometimento sincrônico e diacrônico ( Montibeller, 1993Montibeller, G., Filho (1993). Ecodesenvolvimento e desenvolvimento sustentável: Conceitos e princípios. Textos de economia , 4 (1), 131-142. Retrieved from https://bit.ly/3tuDXoa
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); perspectiva de território ( Albuquerque, 1998Albuquerque, F. (1998). Desenvolvimento econômico local e distribuição do progresso técnico: Uma resposta às exigências do ajuste estrutural (A. R. P. Braga, Trad.). Fortaleza, CE: BNB. ; Boisier, 2001Boisier, S. (2001). Desarrollo (local): ¿De qué estamos hablando? In: A. V. Barquero, O. Madoery (Eds.), Transformaciones globales, instituciones y politicas de desarrollo local . Rosario: Editorial Homo Sapiens. ; Brandão, 2007Brandão, C. (2007). Territórios com classes sociais, conflitos, decisão e poder. In: A. C. Ortega, F. N. A. Almeida (Orgs.), Desenvolvimento territorial, segurança alimentar e economia solidária (pp. 39-61) . Campinas, SP: Alínea. ; Iizuka et al., 2012Iizuka, E. S., Gonçalves-Dias, S. F. L., Aguerre, P. (2012). Reflexões sobre o desenvolvimento territorial sustentável, gestão social e cidadania deliberativa: O caso da bacia do rio Almada (BA). Revista de Administração Pública , 46 (6), 1599-1623. doi:10.1590/S0034-76122012000600009
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; Marini & Silva, 2012Marini, M. J., Silva, C. L. (2012). Desenvolvimento regional e arranjos produtivos locais: uma abordagem sob a ótica interdisciplinar. Revista Brasileira de Gestão e Desenvolvimento Regional , 8 (2), 107-129. Retrieved from https://bit.ly/3rimmOm
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; Martinelli & Joyal, 2004Martinelli, D. P., Joyal, A. (2004). Desenvolvimento local e o papel das pequenas e medias empresas . Barueri, SP: Manole. ; Ribeiro et al., 2013Ribeiro, A. V., Martinelli, D. P., Joyal, A. (2013). O setor de confecções em Bandeira do Sul-MG e o desenvolvimento local/sustentável: Um estudo de caso. Desenvolvimento Regional em debate , 3 (1), 216-239. Doi: 10.24302/drd.v3i1.389
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; Sforzi & Boix, 2015)Sforzi, F., Boix, R. (2015). What about industrial district(s) in regional Science? Investigaciones Regionales , 32 (2015), 61-73. Retrieved from https://bit.ly/3u5ZTGv
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; associação entre as sete dimensões ( Marini & Silva, 2012)Marini, M. J., Silva, C. L. (2012). Desenvolvimento regional e arranjos produtivos locais: uma abordagem sob a ótica interdisciplinar. Revista Brasileira de Gestão e Desenvolvimento Regional , 8 (2), 107-129. Retrieved from https://bit.ly/3rimmOm
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e perspectiva temporal (longo prazo) como componente intrínseco e gradual ( Abramovay, 2001Abramovay, R. (2001). Desenvolvimento e instituições: A importância da explicação histórica. In G. Arbix, M. Zilbovicius, R. Abramovay (Orgs.), Razões e ficções do desenvolvimento (pp. 165-178). São Paulo, SP: Editora UNESP. ; Cunha et al., 2012Cunha, J. A. C., Passador, J. L., Passador C. S. (2012). A presença de agentes intermediadores na formação de redes interorganizacionais: Uma análise sob a perspectiva temporal. Cadernos EBAPE.BR , 10 (1), 108-128. doi: 10.1590/S1679-39512012000100008 .
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; Martinelli & Joyal, 2004)Martinelli, D. P., Joyal, A. (2004). Desenvolvimento local e o papel das pequenas e medias empresas . Barueri, SP: Manole. .

Aspectos metodológicos

A proposta foi desenvolver uma pesquisa de abordagem qualitativa, natureza aplicada e descritiva. O estudo multicasos, como proposto por Triviños (1987)Triviños, A. N. S. (1987). Introdução à pesquisa em ciências sociais: A pesquisa qualitativa em educação . São Paulo, SP: Atlas. , foi utilizado como estratégia para alcançar o objetivo proposto.

Pesquisas qualitativas que preveem análise de conteúdo devem propor categorias de análise, formadas por elementos de conteúdo a serem agrupados por parentesco de sentido (Silva, Gobbi, & Simão, 2005). Considerando a Tabela 2 , as seguintes categorias de análise foram definidas: (a) Aspectos Ambientais; (b) Aspectos Culturais; (c) Aspectos Econômicos; (d) Aspectos Espaciais; (e) Aspectos Institucionais; (f) Aspectos Políticos; e (g) Aspectos Sociais.

Quanto à delimitação da pesquisa, foi realizada análise em três APL situados nas regiões Sudeste e Centro-Oeste do Brasil. Definiram-se APL situados em diferentes estados e que tivessem atividade foco em áreas distintas, objetivando maior abrangência quanto aos dados. As escolhas também consideraram: sugestões de gestores estaduais de programas para APL e pesquisadores do tema; certificação formal do APL; consolidação do APL; disponibilidade de participação; potencial em mostrar as sete dimensões (integradas) e capacidade de análise multidimensional do desenvolvimento local. Acrescenta-se escolha por conveniência, considerando a proximidade geográfica dos arranjos, tempo determinado para conclusão da pesquisa e orçamento disponível para o deslocamento até a cidade sede dos aglomerados.

Três técnicas foram utilizadas para coletar dados: pesquisa bibliográfica e documental – arquivos digitais de compartilhamento de informações e relatórios de produção, revista de divulgação, panfletos de cursos de qualificação e marketing, fôlderes, e-mails e sites (Associação Central dos Fruticultores do Norte de Minas – ABANORTE; Polo Industrial de Software – PISO; União dos Confeccionistas de Taquaral – UNICA); entrevistas semiestruturadas e elementos da observação não participante (movimentações, ações e esclarecimentos prestados pelos atores participantes dos arranjos, dentro e fora do momento das entrevistas). O roteiro para entrevista foi gerado com base na revisão de literatura com foco nos fatores mencionados ( Tabela 1 ) e na associação desses fatores com as sete dimensões do desenvolvimento local ( Tabela 2 ).

O corpus de pesquisa foi definido por amostragem Bola de Neve ( Vinuto, 2014Vinuto, J. (2014). A amostragem bola de neve na pesquisa qualitativa: Um debate aberto. Temáticas , Campinas, 22 (44), 203-220. doi:10.20396/tematicas.v22i44.10977
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), iniciando por informantes chaves, as sementes , que sugeriram indivíduos com disponibilidade e diferentes perfis/cargos ( Tabela 3 ). As entrevistas foram realizadas entre 18 de abril de 2017 e 23 de outubro de 2017, sendo entrevistados 21 indivíduos, totalizando 20 horas, aproximadamente.

Tabela 3
Objetos de estudo e corpus de pesquisa

A interpretação dos dados foi realizada por análise de conteúdo ( Bardin, 2010Bardin, L. (2010). Análise de conteúdo (5th ed.). Lisboa: Edições 70. ). As entrevistas foram minuciosamente ouvidas construindo tabela com duas colunas: (1ª) descrição do conteúdo das falas (trecho por trecho); e (2ª) identificação dos fatores que interferem no desenvolvimento local (conforme descrito na primeira coluna). Posteriormente, a segunda coluna foi transferida ao software Excel, apresentando todos os grupos de fatores, ordenados em ordem alfabética para melhor organização e visualização de como foram denominados. O estudo foi baseado no enfoque indutivo quando da análise dos dados. Inicialmente, foram utilizados os 33 fatores da revisão de literatura e novos fatores foram surgindo, seguindo a mesma premissa das categorias de análise (pertinentes do ponto de vista do objetivo da pesquisa, exaustivos, mas não demasiados, precisos e mutuamente exclusivos). Ao final, foram encontrados 54 fatores.

Apresentação dos dados, análise, discussão e resultados

Inicialmente, identificaram-se as dimensões e os fatores presentes nos APL, considerando a possível interferência no desenvolvimento local ( Tabela 4 ). Todas as sete dimensões foram expressas pelas falas, seja direta ou indiretamente, associadas às atividades e interferência no desenvolvimento das regiões. Quanto aos fatores que interferem no desenvolvimento local, vários puderam ser identificados, direta ou indiretamente, confirmando o que a literatura aponta (com grifo na Tabela 4 ) ou revelados pelos dados coletados (sem grifo na Tabela 4 ).

Tabela 4
Fatores que interferem no desenvolvimento local

Apesar de todos os fatores apresentados na revisão de literatura interferirem no desenvolvimento, é importante destacar que essa interferência ocorre contribuindo ou inibindo, considerando que determinado fator pode estar presente ou ausente. Estar presente ou ausente é uma condição/situação inconstante, na medida em que depende de qual o assunto discutido e do momento e/ou grupo de indivíduos que estabelece relação com o fator naquela ocasião. Essa condição foi apontada nos três APL estudados, reforçando os estudos de Lastres e Cassiolato (2003)Lastres, H. M. M., Cassiolato, J. E. (2003). Glossário de arranjos e sistemas produtivos e inovativos locais. Rio de Janeiro, RJ: RedeSist. Retrieved from https://bit.ly/2MYaCl8
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e Molina-Morales e Martinez-Cháter (2014), que apresentaram diferenças nos benefícios da aglomeração, podendo indicar que o perfil de envolvimento das organizações é diferente de uma para outra.

O APL de Software não apresentou os fatores: Atendimento às Leis Ambientais; Competição Social (Dentro); Competição Social (Fora); Inclusão do Consumidor; Partidarismo Político e Mercado Internacional . Nesse último, as decisões para exportação existem, mas são particulares às estratégias das empresas, não sendo um fator do APL.

De forma geral, para os demais fatores não mencionados na literatura, todos os entrevistados relataram entendimento da interferência dos fatores no desenvolvimento local, sendo que alguns merecem maior atenção. O fator Inclusão do Consumidor foi mencionado persistentemente apenas por um dos produtores do APL de Fruticultura como fator para alcance de desenvolvimento. Outro fator mencionado entre os entrevistados foi Partidarismo Político , como gerador de entraves na cooperação, com recorrência significativa no APL de Confecção.

Outro momento de atenção quanto aos fatores está associado ao cargo ocupado, nos arranjos de Jaíba e Taquaral de Goiás. Nos cargos de nível de base, as falas remeteram à falta da percepção do desenvolvimento como resultado da transformação social, principalmente no contexto da entrevista que mencionava os fatores Projetos Sociais (Doação e Desenvolvimento) e Relacionado Diretamente com a Dimensão Financeira . Já para os proprietários e nos cargos de nível de gestão, essa percepção se difere entre os entrevistados, havendo apenas 5 entrevistados que associaram, estritamente, o desenvolvimento à transformação social (2 empresárias e gestoras da Associação para Certificação Formal e 1 empresário – APL de Confecção; e 1 gestora da Abanorte e 1 produtor – APL de Fruticultura). Eles contaram suas vivências e perspectivas associando o desenvolvimento local estritamente às ações e práticas que consideram o aprendizado/conhecimento coletivo como ferramenta fundamental de transformação para melhor distribuição de renda, oportunidades e ganhos.

Observou-se também, quanto ao fator Ganhos , que, pela revisão de literatura, havia sido nomeado como Ganhos Mútuos , no entanto, pelo contexto analisado nos três arranjos, verificou-se que esses ganhos, apesar de terem sido significativos, não foram mútuos. O resultado aponta prejuízo em relação à distribuição da renda gerada, já que o ganho não foi equitativo entre os participantes, principalmente os financeiros e de acesso a serviços de qualidade, como segurança, educação e saúde, que foram maiores para uns que para outros.

Dentre os fatores não apresentados na revisão de literatura, a Tabela 5 mostra o significado para cada um no contexto do desenvolvimento local.

Tabela 5
Fatores do desenvolvimento local não mencionados na revisão de literatura

Os 54 fatores formam um complexo universo expresso por manifestações reticuladas e ações que perpassam e interferem nas dimensões. Em um segundo momento desta pesquisa, o objetivo foi alocar esses fatores conforme as categorias de análise.

A literatura indicou 33 fatores e ações adjacentes às dimensões. Como o objetivo dos trabalhos não era identificar os fatores inicialmente afetados nem considerar as dimensões para o desenvolvimento, os fatores não tiveram suas dimensões apontadas, mas sinalizadas pelos autores. Os fatores foram alocados com a dimensão mais bem representada por ele, no sentido de mostrar qual dimensão é imediatamente geradora do fator, assim como recebe seus resultados também imediatamente à implementação das ações, com foco nesse fator. As associações foram realizadas a partir das sugestões de ações e conceitos mencionados como formadores dos fatores, mostrando o que a literatura aponta nesse sentido e, ao mesmo tempo, buscando complementar esse entendimento com o observado nos arranjos analisados. Já para os 21 fatores revelados estritamente pela análise de conteúdo, a alocação fator-dimensão foi realizada, exclusivamente, a partir dos dados e contextos narrados pelas entrevistas. A Tabela 6 mostra a associação fator-dimensão sem detecção de diferença de um arranjo para outro.

Tabela 6
Análise fator-dimensão

Alguns fatores apresentaram discordância entre o que a literatura aponta e o que a análise de conteúdo revelou. Foram mencionados na literatura como diretamente associados à dimensão financeira: Composição de PME ( Lastres & Cassiolato, 2003Lastres, H. M. M., Cassiolato, J. E. (2003). Glossário de arranjos e sistemas produtivos e inovativos locais. Rio de Janeiro, RJ: RedeSist. Retrieved from https://bit.ly/2MYaCl8
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); Cooperação, Coletividade ( Dias, 2011Dias, C. N. (2011). Arranjos produtivos locais (APL’s) como estratégia de desenvolvimento. Desenvolvimento em Questão , 9 (17), 93-122. doi:10.21527/2237-6453.2011.17.93-122
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; Olivares & Dalcol, 2010Olivares, G. L., Dalcol, P. R. T. (2010). Proposta de um sistema de indicadores para medir o grau de contribuição dos aglomerados produtivos para o desenvolvimento local e regional. Revista Brasileira de Gestão e Desenvolvimento Regional , 6 (2), 188-218. Retrieved from https://bit.ly/39WihK1
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; Santos et al., 2004Santos, G. A. G., Diniz, E. J., Barbosa, E. K. (2004). Aglomerações, arranjos produtivos locais e vantagens competitivas locacionais. Revista do BNDES , 11 (22), 151-179. Retrieved from https://bit.ly/3oLKQhi
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; Vecchia, 2006)Vecchia, R. V. R. D. (2006). Arranjos produtivos locais como estratégia de desenvolvimento regional e local. Revista Capital Científico , 4 (1), 31-50. Retrieved from https://bit.ly/2MC87oQ
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; e Mercado Internacional ( Dias, 2011Dias, C. N. (2011). Arranjos produtivos locais (APL’s) como estratégia de desenvolvimento. Desenvolvimento em Questão , 9 (17), 93-122. doi:10.21527/2237-6453.2011.17.93-122
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; Lastres & Cassiolato, 2003Lastres, H. M. M., Cassiolato, J. E. (2003). Glossário de arranjos e sistemas produtivos e inovativos locais. Rio de Janeiro, RJ: RedeSist. Retrieved from https://bit.ly/2MYaCl8
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; Santos et al., 2004)Santos, G. A. G., Diniz, E. J., Barbosa, E. K. (2004). Aglomerações, arranjos produtivos locais e vantagens competitivas locacionais. Revista do BNDES , 11 (22), 151-179. Retrieved from https://bit.ly/3oLKQhi
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, já que proporcionam às empresas redução de custos, expansão de mercados, crescimento da competitividade e inovação em produtos e processos. No entanto, de acordo com o conjunto dos dados, são fatores que melhor se aproximam da dimensão institucional, pois, a partir desta, são disseminados e inseridos nas ações. Os trechos a seguir mostram como os fatores estão associados imediatamente à dimensão institucional do desenvolvimento local.

A maior dificuldade é isso [as relações entre os empresários], eu creio que, por falta de conhecimento, essa resistência, entendeu? . . . Eu aluguei pra três lojas de lingerie aqui do lado. Aí o pessoal fala: “Você é doido, abrir pra concorrente?”. Mas eu nunca acho que a pessoa que está na minha cidade é meu concorrente, né? Porque assim, como o dia que meus clientes vêm me visitar e compra na deles, acontece [o contrário]. E essa ideia mal interpretada faz com eles achem que eu possa estar querendo tomar o espaço deles, e eles passam a não participar do mesmo espaço que eu. Acaba, nós, se tornando concorrente, nem sei como que fala isso, né? Mas é isso, faz com que eles fiquem mais fechados, entendeu? [Com uma visão mais competitiva] Isso! . . . [Onde poderia ter cooperação] cooperação, a palavra certa, é isso aí. (APL Confecção de Taquaral de Goiás, entrevista 7, 2017). O ambiente institucional deve ser trabalhado para transformar ações competitivas em cooperativas – Fator Cooperação, Coletividade .

Quando nós vamos abrir o caminho da exportação da banana? Na hora que a banana do Equador tiver aqui em Janaúba, pro pessoal está consumindo a banana do Equador? Aí já é tarde, né? Então, o caminho da exportação é um caminho que tem que ser construído, pelo que eu vi e tenho observado. (APL Fruticultura Jaíba, entrevista 1, 2017). Proposta de discussão apresentada pela Associação sobre a necessidade de formação de estratégia de exportação – Fator Mercado Internacional .

Apoio do Governo foi mencionado em alguns trabalhos como tendo interferência direta na dimensão econômica ( Cassiolato & Szapiro 2003Cassiolato, J. E., Szapiro, M. (2003). Uma caracterização de arranjos produtivos locais de micro e pequenas empresas. In: H. M. M. Lastres, J. E. Cassiolato, M. L. Maciel (Orgs.), Pequena empresa: Cooperação e desenvolvimento local (pp. 35-50) . Rio de Janeiro, RJ: Relume Dumará. ; Fochezatto, 2010Fochezatto, A. (2010). Desenvolvimento regional: Recomendações para um novo paradigma produtivo. In O. A. C. Conceição, M. Z. Grando, S. U. Teruchkin, L. A. E. Faria (Orgs.), Três décadas de economia gaúcha: O ambiente regional (pp. 160-192). Porto Alegre, RS: FEE. ; Schmitz, 1999Schmitz, H. (1999). Global competition and local cooperation: Success and failure in the Sinos Valley, Brazil. Word Development , 27 (9), 1627-1650. Doi: 10.1016/S0305-750X(99)00075-3
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; Porter, 2000)Porter, M. E. (2000). Location, competition, and economic development: local clusters in a global economy. Economic Development Quartely , 14 (1), 15-34. Doi: 10.1177/089124240001400105
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(Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo – SEDECT-SP, recuperado de https://bit.ly/37mlY9U em 30 de março, 2014; Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais – Sede-MG, recuperado de https://bit.ly/3l0T1pE). No entanto, para outros autores, o governo deve promover estratégias para todas as dimensões do desenvolvimento ( Carrol & Zeller, 2012Carrol, M. C., & Zeller, M.C. (2012). The cognitive limits to economic cluster formation. Urbani Izziv , 23 (Suppl.1), 553-562. doi:10.5379/urbani-izziv-en-2012-23-supplement-1-005
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; Dias, 2011Dias, C. N. (2011). Arranjos produtivos locais (APL’s) como estratégia de desenvolvimento. Desenvolvimento em Questão , 9 (17), 93-122. doi:10.21527/2237-6453.2011.17.93-122
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; Herrerias & Ordoñez, 2012Herrerias, M. J., Ordoñez, J. (2012). New evidence on the role of regional clusters and convergence in China (1952-2008). China Economic Review, 23 (4), 1120-1133. doi: 10.1016/j.chieco.2012.08.001
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;). A dimensão institucional é imediata e capaz de gerar e interferir no desenvolvimento do local, pois tem melhor potencial para atrair a participação e o apoio dos governos, e também atuar como disseminadora das ações.

Acionei o governo do Estado . . . [E me disseram]: “Se você mostrar pra gente que existe condições para APL. . . [a gente pode te ajudar com ações de apoio]” . . . As condições são que haja cooperação entre as empresas, que haja um histórico de articulação, de organização no setor, ou seja, que exista uma governança, de pessoas ou entidades [atividades trabalhadas em conjunto]. (APL Software de Ribeirão Preto, entrevista 1, 2017). Contato da Associação como o governo para formalização do APL.

O fator Geração de Externalidades, Sinergia foi apontado como associado à dimensão financeira ( Lastres & Cassiolato, 2003Lastres, H. M. M., Cassiolato, J. E. (2003). Glossário de arranjos e sistemas produtivos e inovativos locais. Rio de Janeiro, RJ: RedeSist. Retrieved from https://bit.ly/2MYaCl8
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;) e social ( Alvarenga et al., 2013)Alvarenga, R. A. M., Matos, F. R. N., Machado, D. Q., Sobreira, M. C., Matos, L. B. S. (2013). Arranjo produtivo local e desenvolvimento sustentável: Uma relação sinérgica no município de marco (CE). Revista de Administração Mackenzie , 14 (5), 15-43. doi: 10.1590/S1678-69712013000500002 . No entanto a dimensão institucional foi apontada como direta geradora de externalidades. O trecho deixa evidente a sinergia produzida sob o apoio da governança. Inclusive os que não participam das ações usufruem indiretamente dos benefícios.

Olha, as que participam ativamente [do APL], eu colocaria essas quarenta que são associadas ao Piso, mas, de alguma forma, as ações que são feitas . . . as outras empresas, elas usufruem um pouco desse saber coletivo, da concentração de mão de obra aqui da região. Mas, de forma direta, elas deixam de usufruir de muitos benefícios, que são as ações que são executadas propriamente [por essas que participam]. (APL Software de Ribeirão Preto, entrevista 1, 2017)

Outros dois fatores merecem destaque são Ganhos e Inovação , que foram relatados interferindo em toda a sociedade organizada em torno do arranjo. As falas complementam o apresentado pela literatura de que o fator Ganhos compreende as sete dimensões ( Alvarenga et al., 2013Alvarenga, R. A. M., Matos, F. R. N., Machado, D. Q., Sobreira, M. C., Matos, L. B. S. (2013). Arranjo produtivo local e desenvolvimento sustentável: Uma relação sinérgica no município de marco (CE). Revista de Administração Mackenzie , 14 (5), 15-43. doi: 10.1590/S1678-69712013000500002 ; Bekele & Jackson, 2006Bekele, G. W., Jackson, R. (2006). Theoretical perspectives on industry clusters . Research Paper 2006-5 . Morgantown: West Virginia University. Retrieved from https://bit.ly/2N1m1R3
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, mas, imediatamente, é mais bem trabalhado sob a dimensão institucional, já que a capacidade de coordenação potencializa e contribui para equalizar os ganhos. O fator Inovação teve associação diretamente econômica ( Bekele & Jackson, 2006Bekele, G. W., Jackson, R. (2006). Theoretical perspectives on industry clusters . Research Paper 2006-5 . Morgantown: West Virginia University. Retrieved from https://bit.ly/2N1m1R3
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; Fochezatto, 2010Fochezatto, A. (2010). Desenvolvimento regional: Recomendações para um novo paradigma produtivo. In O. A. C. Conceição, M. Z. Grando, S. U. Teruchkin, L. A. E. Faria (Orgs.), Três décadas de economia gaúcha: O ambiente regional (pp. 160-192). Porto Alegre, RS: FEE. ; Lastres & Cassiolato, 2003Lastres, H. M. M., Cassiolato, J. E. (2003). Glossário de arranjos e sistemas produtivos e inovativos locais. Rio de Janeiro, RJ: RedeSist. Retrieved from https://bit.ly/2MYaCl8
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; Vecchia,), mas indicou práticas voltadas a todas as dimensões, pois é preciso inovar nas ações ambientais, sociais, políticas, institucionais e territoriais/espaciais. Considerando o estudo de Cardoso (2014)Cardoso, J. C., Jr. (2014). Planejamento, democracia e desenvolvimento no Brasil: Perspectivas à luz das capacidades estatais e instrumentos governamentais. In. A. B. Calixtre, A. M. Biancarelli, M. A. M. Cintra (Eds.), Presente e futuro do desenvolvimento brasileiro (pp. 79-114). Brasília, DF: IPEA. e a análise dos dados, o desenvolvimento somente poderá ser abrangente por meio da associação imediata do fator Inovação à dimensão institucional, pela capacidade desta em gerenciar, planejar, articular e disseminar ações voltadas à inovação, nas várias dimensões do desenvolvimento.

Muito [o produto é superior ao produzido no início]. É o conhecimento adquirido, favoreceu a produção, favoreceu a questão do uso de produtos melhores, a gente passou a conhecer aquilo que você achava que. . . nooossa! [era o melhor, deixou de ser] . . . As outras empresas começaram, também, a ver que era necessário mudar [adquirir material diferenciado], se não, não vendia. Então assim, conhecimento, né? Esse tempo que foi favorecendo tanto o processo de produção como a melhoria, também, dos produtos. (APL Confecção de Taquaral de Goiás, entrevista 7, 2017).

O trecho apresentado foi citado em um contexto da entrevista que mostra como a inovação está presente nos produtos e processos: diretamente econômicos, mas essas ações foram resultado de aprendizados conjuntos adquiridos por meio das transformações e ações inovadoras, de interação e compartilhamento entre os envolvidos ao longo das experiências vividas.

O fator Profissionalismo foi alocado na dimensão institucional, pois, assim como o fator Inovação , deve atingir uma amplitude de interferência em todas as dimensões, já que representa a melhora tanto na profissionalização das tomadas de decisão e dos processos administrativos como na profissionalização do comportamento voltado às práticas profissionais e pessoais da convivência coletiva, imprescindíveis às dimensões para o desenvolvimento local.

Após a análise fator-dimensão, foi possível observar as dimensões que mais foram mencionadas: institucional (21), social (11), econômica (8) e cultural (6). Já para as dimensões ambiental (3), espacial (3) e política (2), foram encontrados poucos fatores.

Algumas observações são pertinentes do ponto de vista da pesquisa, como a baixa menção aos fatores das dimensões política, espacial e ambiental. É fundamental que se dê igual importância a essas dimensões, para que, de fato, se tenha ações voltadas ao desenvolvimento local. Nesta linha de atenção aos dados, a dimensão econômica apresentou 8 fatores, número baixo para uma dimensão amplamente mencionada na literatura. Esse número reforça o que estudos já discutem e concluem sobre o peso indevido que se tem dado aos aspectos financeiros para entender desenvolvimento ( Boisier, 2001Boisier, S. (2001). Desarrollo (local): ¿De qué estamos hablando? In: A. V. Barquero, O. Madoery (Eds.), Transformaciones globales, instituciones y politicas de desarrollo local . Rosario: Editorial Homo Sapiens. ; Brandão, 2007Brandão, C. (2007). Territórios com classes sociais, conflitos, decisão e poder. In: A. C. Ortega, F. N. A. Almeida (Orgs.), Desenvolvimento territorial, segurança alimentar e economia solidária (pp. 39-61) . Campinas, SP: Alínea. ; Diniz & Gonçalves, 2005Diniz, C. C., Gonçalves, E. (2005). Economia do conhecimento e desenvolvimento regional no Brasil. In: C. C. Diniz, M. B. Lemos (Orgs.), Economia e território (pp. 131-170). Belo Horizonte, MG: Editora UFMG. ; Fochezatto, 2010Fochezatto, A. (2010). Desenvolvimento regional: Recomendações para um novo paradigma produtivo. In O. A. C. Conceição, M. Z. Grando, S. U. Teruchkin, L. A. E. Faria (Orgs.), Três décadas de economia gaúcha: O ambiente regional (pp. 160-192). Porto Alegre, RS: FEE. ; Fragoso, 2005Fragoso, A. (2005). Contributos para o debate teórico sobre o desenvolvimento local: Um ensaio baseado em experiências investigativas. Revista Lusófona de Educação , 5 (5), 63-83. Retrieved from https://bit.ly/3tvX6WU
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Destaque para a dimensão institucional, que mais apresentou fatores, indo ao encontro do que a literatura apresenta como agente fundamental para o sucesso das ações: a governança ( Cassiolato & Szapiro, 2003Cassiolato, J. E., Szapiro, M. (2003). Uma caracterização de arranjos produtivos locais de micro e pequenas empresas. In: H. M. M. Lastres, J. E. Cassiolato, M. L. Maciel (Orgs.), Pequena empresa: Cooperação e desenvolvimento local (pp. 35-50) . Rio de Janeiro, RJ: Relume Dumará. ; Cunha et al., 2012Cunha, J. A. C., Passador, J. L., Passador C. S. (2012). A presença de agentes intermediadores na formação de redes interorganizacionais: Uma análise sob a perspectiva temporal. Cadernos EBAPE.BR , 10 (1), 108-128. doi: 10.1590/S1679-39512012000100008 .
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; ). Esta tem o potencial de disseminar ações favoráveis, por ser capaz de estimular e implementar a cooperação, a troca de informações e o aprendizado, coletivos, de forma coordenada com os objetivos de desenvolvimento.

Alocar cada fator a uma dimensão é distanciar-se da complexa realidade dos arranjos, pois cada fator interfere direta e/ou indiretamente, em todas as dimensões, simultaneamente. A identificação fator-dimensão foi um esforço inicial, fundamental para revelar as interferências diretas e imediatas, e mostrar tanto as dimensões geradoras dos fatores quanto as primeiras ações que podem ser influenciadoras dessas dimensões, esforço coerente do ponto vista do entendimento do desenvolvimento local.

Considerações finais

Os APL são uma das possibilidades de estratégias (públicas e privadas) para o desenvolvimento das regiões. De forma ainda não abordada na literatura, o estudo revelou 54 fatores, apontando especificidades, assim como associações com os aspectos de abrangência de sete dimensões. Os resultados contribuem para o entendimento dos elementos que compõem cada fator e dimensões, e tece análise sobre como esses fatores interferem nessas dimensões, permitindo melhor formulação de estratégias de desenvolvimento, na medida em que consideram aspectos locais ambientais, econômicos, culturais, espaciais, institucionais, políticos e sociais.

Nesse contexto, o fator Cooperação, Coletividade e a dimensão institucional apresentaram ser principais “catalizadores” e potenciais disseminadores de ações promotoras do desenvolvimento nos APL. O fator Ganhos apontou necessidade de maior comprometimento com a equidade dos ganhos gerados para que sejam mútuos. A distribuição desigual do acesso a serviços de qualidade foi sendo ampliada, na medida em que se verificava falta de envolvimento e distanciamento de ações voltadas aos fatores Cooperação, Coletividade, Mútua Participação, Inovação e Inclusão da Comunidade Local .

É pertinente destacar os limites metodológicos: (a) abordagem qualitativa, que considera percepções da pesquisadora sobre a visão dos pesquisados (amenizada na utilização de mais de uma fonte de dados); (b) amostragem bola de neve, que considera a rede social das “sementes” e excluem os demais atores; (c) não diversificação de perfis dos atores/agentes do APL de software de Ribeirão Preto, em que que apenas o grupo dos gestores relacionados à Associação se dispuseram a participar (mas puderam fornecer informações substanciais para atender o objetivo aqui proposto); e (d) não possibilidade de generalização dos dados sem o devido cuidado, pois estudo multicasos analisa em profundidade apenas casos específicos.

Sugere-se, para futuras pesquisas, (a) compreender os resultados para o desenvolvimento das regiões quando são analisados, em conjunto, fatores e dimensões de APL; e (b) analisar outros arranjos, de outras regiões e países, identificando fatores que compõem as dimensões, verificando similaridades e inconsistências entre os arranjos aqui pesquisados e, a partir disso, propor embasamento teórico mais consistente.

Agradecimentos

Os autores agradecem aos participantes dos APL pesquisados, que disponibilizaram tempo para contribuir com esta pesquisa.

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Notas

  • 1
    . Foi utilizado grupo de cinco pares de palavras-chaves para cada dimensão, por exemplo: (a) “desenvolvimento local” e “dimensão espacial”; (b) “arranjo produtivo local” e “dimensão espacial”; (c) “ local development ” and “ spatial dimension ”; (d) “ clusters ” and “ spatial dimension ”; (e) “ industrial districts ” and “ spatial dimension ”. Os mesmos pares foram utilizados trocando apenas a dimensão (cultural, política, institucional, social, econômica, ambiental).
  • Verificação de plágio
    A O&S submete todos os documentos aprovados para a publicação à verificação de plágio, mediante o uso de ferramenta específica.
  • Disponibilidade de dados
    A O&S incentiva o compartilhamento de dados. Entretanto, por respeito a ditames éticos, não requer a divulgação de qualquer meio de identificação dos participantes de pesquisa, preservando plenamente sua privacidade. A prática do open data busca assegurar a transparência dos resultados da pesquisa, sem que seja revelada a identidade dos participantes da pesquisa.
  • Financiamento: Os autores não receberam apoio financeiro para a pesquisa, autoria ou publicação deste artigo.
Editor Associado: Airton C. Cançado

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    07 Maio 2021
  • Data do Fascículo
    Jan-Mar 2021

Histórico

  • Recebido
    03 Jul 2018
  • Aceito
    20 Abr 2020
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