Este ensaio discute os sentidos do tempo na sociedade contemporânea. Para isso, introduz, em primeiro lugar, uma breve História da construção social do tempo linear e da disseminação do tempo do relógio na sociedade ocidental. A absorção do tempo do relógio durou um longo período de aproximadamente três séculos, tempo este que é hoje percebido como absolutamente natural. O tempo do relógio organizou instituições e a vida social, especialmente nas sociedades industrializadas. Na segunda parte, argumentamos que, assim como o relógio nas sociedades industriais, o computador é o símbolo do tempo nas sociedades contemporâneas. O tempo do computador não é linear, mas simultâneo, instantâneo. Diferentemente do tempo linear do relógio, o tempo do computador é múltiplo, flexível, mas também fonte de opressão e ansiedade. Perguntamos, finalmente, o que vai acontecer com as pessoas, com as instituições e com a vida social, quando as pessoas corporificarem o tempo múltiplo do computador.