Este texto tem dois objetivos: o primeiro é prosseguir em um esforço coletivo de enfrentamento dos procedimentos de exclusão que marcam o campo dos estudos organizacionais. Ao tomar como tema de pesquisa os movimentos sociais, assumimos os riscos de 'rechaço' e 'isolamento', constantemente rememorados pelo 'silêncio da razão'. O segundo propósito é contribuir para tornar visível parte da multiplicidade de mundos organizacionais negada pela hegemonia da organização. O termo hegemonia se refere, aqui, a um alinhamento do discurso político que produz um significado social específico: a definição de organização a partir de um enfoque sistêmico estrutural como objeto formalizado. Para que possamos nos envolver nessa tarefa, precisamos nos expor a outras possibilidades: tanto aquelas já presentes em nosso campo disciplinar e que adotam uma abordagem processual do organizar, quanto por fertilização a partir do engajamento com outros campos disciplinares. Nesse sentido, fazemos uma breve revisão teórica sobre o tema da resistência no que se refere à apropriação do conhecimento, e registramos algumas produções feitas por acadêmicos ativistas ou por ativistas sem inserção na academia, ambos construindo conhecimento na sua práxis de intelectuais orgânicos.