Acessibilidade / Reportar erro

Identidade feminina: um conceito complexo

Female identity: a complex concept

Resumos

O objetivo deste trabalho foi identificar os significados que compõem o conceito complexo identidade feminina. Quatorze mulheres de 44-74 anos, atendidas num programa de alfabetização de adultos, fizeram parte de discussões em grupo sobre ser mulher, nas quais dados orais, escritos e imagéticos (fotografia) foram coletados, durante treze sessões semanais de uma hora e meia, em média. Os dados foram transcritos na íntegra e submetidos a uma análise temática dialógica. Os resultados explorados neste artigo estão relacionados ao papel social da mulher. Cada papel social foi analisado, considerando-se três grupos temáticos: atividade do papel, seus modos de execução e suas conseqüências. As mulheres estudadas apresentaram identificações múltiplas: mãe/avó, filha, esposa, dona de casa, mulher-trabalhadora 1 (remunerada) e mulher-trabalhadora 2 (dona-de-casa), merecendo destaque o par de papéis sociais mãe-esposa, que definiram outros aspectos sobre o ser mulher.

identificações; narrativa; papel social


This study aimed at identifying meanings that compose complex concept female identity. Fourteen women 44-74 years old attending an adult literacy program took part on discussions group about the theme being a woman in which oral, written and image (picture) data were collected. Data were tape-recorded during 13 one and a half hour weekly sessions. Data were thoroughly transcribed and submitted to a thematic dialogical analysis. In this paper the theme women's social role is prioritized. Each role was analyzed considering three thematic groups - the role's activities, its modes of execution and its consequences. Results indicated that women had multiple identifications- mother/grandmother, daughter, wife, housewife, working woman 1 (rewarded) and working woman 2 (housewife). The pair of roles mother-wife standed out as it defined other aspects of being a woman.

identifications; narrative; social role


Identidade feminina - um conceito complexo

Female identity: a complex concept

Juliana Eugênia Caixeta; Silviane Barbato

Universidade de Brasília

Endereço para correspondência Endereço para correspondência: Juliana Eugênia Caixeta QI 03, Bloco P, Apto. 305 Guará, I/DF, Cep 71020-162 E-mail: jucaixeta@brturbo.com

RESUMO

O objetivo deste trabalho foi identificar os significados que compõem o conceito complexo identidade feminina. Quatorze mulheres de 44-74 anos, atendidas num programa de alfabetização de adultos, fizeram parte de discussões em grupo sobre ser mulher, nas quais dados orais, escritos e imagéticos (fotografia) foram coletados, durante treze sessões semanais de uma hora e meia, em média. Os dados foram transcritos na íntegra e submetidos a uma análise temática dialógica. Os resultados explorados neste artigo estão relacionados ao papel social da mulher. Cada papel social foi analisado, considerando-se três grupos temáticos: atividade do papel, seus modos de execução e suas conseqüências. As mulheres estudadas apresentaram identificações múltiplas: mãe/avó, filha, esposa, dona de casa, mulher-trabalhadora 1 (remunerada) e mulher-trabalhadora 2 (dona-de-casa), merecendo destaque o par de papéis sociais mãe-esposa, que definiram outros aspectos sobre o ser mulher.

Palavras-chave: identificações; narrativa; papel social.

ABSTRACT

This study aimed at identifying meanings that compose complex concept female identity. Fourteen women 44-74 years old attending an adult literacy program took part on discussions group about the theme being a woman in which oral, written and image (picture) data were collected. Data were tape-recorded during 13 one and a half hour weekly sessions. Data were thoroughly transcribed and submitted to a thematic dialogical analysis. In this paper the theme women's social role is prioritized. Each role was analyzed considering three thematic groups - the role's activities, its modes of execution and its consequences. Results indicated that women had multiple identifications- mother/grandmother, daughter, wife, housewife, working woman 1 (rewarded) and working woman 2 (housewife). The pair of roles mother-wife standed out as it defined other aspects of being a woman.

Key-words: identifications; narrative; social role.

Os conceitos de mulher e homem são construções históricas. Assim, metodologias que estudam os significados que os indivíduos constroem em suas relações sociais, como a história oral e a autobiografia, se tornaram ferramentas importantes para obtenção de informações sobre gênero (Beauvoir, 1949/1960; Louro, 1995; Rocha-Coutinho, 1994; 2000; Scott, 1995; Thébaud, 1991).

Até o começo do século XX, informações sobre as mulheres eram obtidas, sobretudo, no espaço doméstico, através de cartas e diários, inclusive, sabe-se que muitos foram destruídos pelas próprias mulheres, geralmente casadas, para se adequarem aos padrões sócio-culturais do silêncio e quietude femininos (Inácio,1989; Leite,1989; Perrot,1989; Rocha-Coutinho, 1994). Com a recuperação da história oral e autobiográfica, as mulheres, entre outros grupos, passaram a ter sua história valorizada e contada não só no espaço doméstico, mas no público também.

A maioria das sociedades, inclusive a brasileira, institucionaliza o papel do homem como diferente do papel da mulher no seu discurso social (Graciano, 1978; Mead, 1969; Rocha-Coutinho, 1994). Nas palavras de Rocha-Coutinho (1994), "o papel de cada ator social é sempre desempenhado em interação com o outro, numa relação de reciprocidade e troca" (p.15). Bourdieu (1995), Louro (1995) e Scott (1995) interpretam este jogo como uma "divisão" do mundo a partir das diferenças biológicas, de tal forma que ambos os sexos detêm o poder; um, masculino, público; outro, feminino, privado, ligado ao mundo das mulheres com suas funções maternais e reprodutoras.

Se, num primeiro momento, tem-se a impressão de dois mundos separados, o cotidiano dos discursos e dos fazeres mostra que as duas esferas, pública e privada, se interrelacionam. Schmidt (1999) faz uma consideração importante sobre a questão dos espaços públicos e privados. Para ele, esses espaços também são compreendidos como construções históricas e não possuem fronteiras cristalizadas, um podendo adentrar no outro, sendo que em relatos de pessoas de gerações mais velhas, é comum esta separação ser percebida com facilidade. Rocha-Coutinho (1994), em sua tese de doutorado sobre estratégias de controle, ou seja, "as formas de um agente social levar uma pessoa a pensar, sentir ou agir de um modo que nem sempre partiria espontaneamente dela" (p.127), concluiu que mulheres cariocas de 60 a 75 anos mantêm, com clareza, a separação entre seus espaços de dominação privados, onde utilizam estratégias sutis de controle (como o jeitinho, chantagem emocional); enquanto reconhecem que o homem deve atuar no mundo público, podendo utilizar estratégias diretas de poder.

É neste fazer cultural e histórico complexo que os significados de gênero e dos processos de identificação se desenvolvem. Mesmo as mudanças sociais que estão ocorrendo em direção a levar a mulher a adentrar no espaço público com mais freqüência e força, não conseguiram alterar, significativamente, o conceito identidade feminina construído ao longo da história da humanidade. Ocorreu, no entanto, uma ampliação dos significados que compõem este conceito complexo para que as novas funções sociais pudessem participar desse constructo. A mulher continua constituindo-se em múltiplas facetas, sem perder sua principal fonte de identificação que é a maternidade (Beauvoir, 1949/1960; Rocha-Coutinho, 1994; 2000).

Objetivo

O objetivo deste trabalho foi identificar os significados que compõem o conceito complexo de identidade feminina, de acordo com um grupo de mulheres da camada popular, migrantes e sub-escolarizadas da cidade de Ceilândia/DF, a partir da produção de significações pela utilização da linguagem em suas formas: oral, imagética (fotografia) e escrita.

Procurou-se estudar o conceito de identidade feminina a partir de uma perspectiva cultural, assim acredita-se que os diálogos medeiam a produção de narrativas que enunciam elementos que podem oferecer informações sobre os significados que constituem o conceito de identidade feminina nas diferentes situações contextuais que foram desenvolvidas com o grupo de mulheres participantes.

Deve-se, no entanto, esclarecer que este trabalho apresenta uma ênfase na constituição da identidade feminina como formada por significados relacionados aos processos de identificações (Hall, 1999; Woodward, 2000). Nesta perspectiva, as identidades não são fixas e permanentes. Ao utilizar o termo identidade, o mesmo é compreendido como instâncias dinâmicas e dialógicas do desenvolvimento do EU, ou seja, no sentido de identificações:

"a identidade torna-se uma "celebração móvel": formada e transformada continuamente em relação às formas pelas quais somos representados ou interpelados nos sistemas culturais que nos rodeiam (Hall, 1987). É definida historicamente, e não biologicamente. O sujeito assume identidades diferentes em diferentes momentos, identidades que não são unificadas ao redor de um "eu" coerente. Dentro de nós há identidades contraditórias, empurrando em diferentes direções, de tal modo que nossas identificações estão sendo continuamente deslocadas." ( Hall, 1999, p.13).

Método

Participaram deste estudo 14 mulheres, com idade variando de 44 a 74 anos, todas alunas de uma turma de alfabetização de adultos, parte de um programa do governo federal, na Ceilândia, cidade do Distrito Federal. Considerando-se o objetivo do estudo, elas foram escolhidas entre 21 alunos por serem mulheres e as mais assíduas ao curso. Os dados foram coletados em sala de aula, durante treze sessões semanais, em que foram desenvolvidas oficinas sobre o tema: mulher. Cada oficina tinha a duração aproximada de uma hora e meia, totalizando 12 horas de gravação em áudio. As oficinas eram geradas a partir do estudo de palavras, já que se tratava de um curso de alfabetização. A partir da palavra mulher, a pesquisadora1 1 Primeira autora deste artigo. passou a ser mediadora na construção de significados sobre ser mulher naquele contexto social específico. Para tanto, utilizaram-se as seguintes técnicas: relatos de vida (com uso de gravador), colagem (recorte de fotografias de revista e jornal), fotografia (tiradas pelas próprias mulheres) e redação de textos individuais e coletivos.

As imagens fotográficas eram de caráter nacional, quando retiradas de revistas e jornais (técnica da colagem) e, de caráter local/pessoal, quando eram produzidas pelas próprias alunas.

Inicialmente, utilizou-se a técnica de colagem. Era pedido para cada aluna montar um cartaz sobre o tema mulher. Para isso, havia tesouras, revistas, colas, cartolinas e canetas hidrocor. Após a montagem, cada aluna apresentava o que tinha feito, explicando suas escolhas oralmente, para as demais colegas, pesquisadora e professora. Este momento permitia a interação social como promotora de aprendizagem na medida em que as alunas compartilhavam suas histórias de vida e do grupo, falavam de seus conhecimentos sobre o ser mulher.

O segundo passo foi a introdução de cinco câmeras fotográficas manuais, 35 mm. Foi necessária uma aula de treinamento, pois algumas alunas nunca haviam manuseado uma máquina fotográfica. Depois da preparação inicial, foi pedido que cada pessoa tirasse três fotos sobre coisas relacionadas à mulher, sendo que apenas uma poderia conter pessoas. Enquanto as alunas revezavam as máquinas para a coleta de imagens, em sala, foi escrito um texto coletivo sobre o tema mulher.

Nas sessões seguintes, cada aluna teve oportunidade de apresentar suas fotografias, textos individuais e idéias para as colegas. Na entrega das fotografias para suas autoras, foi pedido que elas escrevessem um texto sobre suas fotografias.

Dessa forma, foram propostas atividades em que os conceitos de mediação instrumental e simbólica permeavam a interação social, rumo à construção de várias narrativas sobre o grupo e sobre as próprias mulheres (Vygotsky, 1987/1999). Foram utilizados materiais para confecções de produtos (ex: fotografias e colagens) que, por sua vez, tornaram-se materiais mediadores de outros procedimentos, ex: produção de significados sobre suas histórias de vida, seus conceitos de mulher: materiais ⇔ procedimentos = sentido.

Ao longo da coleta, as discussões eram organizadas a partir de questões centrais constituídas pela revisão da literatura relacionada ao problema de pesquisa e da análise parcial das sessões, na medida em que havia um intervalo de uma semana entre as sessões com a pesquisadora.

Os diálogos foram transcritos em sua integridade. Procedeu-se a uma análise temática das narrativas, numa perspectiva dialógica, compreendendo-se a linguagem como um fenômeno social e interativo. Como os dados foram tratados numa perspectiva dialógica da pragmática da linguagem e, portanto, como atos de fala, foi necessário eleger unidades de análise que mantivessem o dinamismo da linguagem (Markovà, 1990). Numa análise dialógica, essa unidade é o enunciado, que tanto pode ser um texto (unidade de significação) em si, como um trecho de texto. Tais enunciados permitiram chegar a grupos temáticos. A obtenção de tais grupos temáticos exige inúmeras leituras e re-leituras do material pesquisado. Após as leituras, o texto é recortado, buscando-se parafrasear os significados disponíveis e mais recorrentes acerca do conceito estudado, a fim de se chegar a signos que denotem os complexos significativos que compõem os conceitos veiculados durante a entrevista, os quais por sua vez, formam o conceito complexo identidade feminina.

Resultados e discussão: um modelo para identidade feminina

A análise temática permitiu a compreensão de que a identidade feminina, para este grupo de senhoras, foi composta por dois grupos temáticos: papéis sociais da mulher e envelhecimento. Neste artigo, dá-se ênfase ao primeiro tema, que, por sua vez, foi dividido em três sub-temas, a saber: a) atividade do papel: refere-se aos conceitos relacionados aos papéis sociais assumidos por essas senhoras: mãe, esposa, filha, dona-de-casa e trabalhadora 1 (mulheres que exerciam atividade remunerada fora de casa) e 2 (dona-de-casa); b) modo de execução: é a forma como as senhoras relataram que desenvolvem os papéis sociais. Por exemplo, ser mãe exige muita luta cotidiana para criar os filhos, e c) conseqüências do papel: refere-se às conseqüências de cada papel para a vida daquelas mulheres. Por exemplo, o cansaço foi a conseqüência mais relatada. (Figura 1).


Explicando melhor o papel social trabalhadora: trabalhadora 1 refere-se àquelas mulheres do grupo que, em algum momento, tinham trabalhado em atividade remunerada, fora de casa. Já a trabalhadora 2, surgiu porque o grupo das mulheres donas-de-casa, que nunca haviam trabalhado em atividade remunerada fora de casa, emitiram opiniões tradicionais sobre as trabalhadoras 1.

{Vide Figura 1 no final deste artigo}

Resumindo, da análise temática foi construído um modelo para a identidade feminina da mulher de acordo com as informações que circularam no grupo durante as discussões. Esse constructo foi composto por seis papéis sociais que a mulher assumiu no seu cotidiano: esposa, dona-de-casa, mãe/avó, filha, velha e trabalhadora, onde existe uma forma de execução para cada papel social bem como suas conseqüências.

O modelo apresentado abrange três movimentos: horizontalidade, representado pelas setas horizontais; verticalidade, pelas setas verticais e diagonalidade, pelas setas diagonais e por aquela ligada à conseqüência cuidadeira.

Por ser muito complexa a descrição da totalidade dos movimentos, optou-se neste trabalho, por tratar da verticalidade uma vez que é o movimento que representa a própria identidade feminina na sua multiplicidade de papéis, formas de execução e conseqüências.

Como já foi colocado, a identidade é uma construção sócio-histórica, constantemente transformada na interação com o outro, portanto, o movimento vertical observado no resultado reafirma que esses papéis ocorrem conjuntamente, tendo seus significados na relação, mas também em conflito e transformação. No cotidiano da mulher, eles se fazem sempre presentes na dança da vida, como pode ser constatado no trecho abaixo. Os dados entre parênteses referem-se às iniciais e idade da falante:

"É mulher e mãe, dona-de-casa, esposa, trabalha, lava, cuida dos filhos e dos netos, mais o que tem sabe, mais o que aparece a gente tá ali. Tá ali ajudando, cuidando" (EM, 60)

Compreender a identidade feminina como uma multiplicidade dinâmica de papéis sociais exige recuperar a história e os diversos contextos que possibilitaram essa construção da mulher através do tempo. Com isto, quer-se enfatizar que, possivelmente, a mulher nem sempre foi dividida e, ao mesmo tempo, múltipla como hoje.

A transformação dos papéis sociais de homens e mulheres começou a acontecer no século XVIII em virtude de importantes mudanças políticas, sociais e econômicas, tais como: a ascensão da burguesia, criação dos estados nacionais, início da industrialização e a formação da sociedade capitalista. Neste período, a família extensa feudal desaparece para dar lugar à família burguesa: pai, mãe e filhos(as). É a idéia de identidade individual, do privado, das residências particulares, da família nuclear que começa a ser construída. Nesta nova família, aparece a figura da criança como aquele membro que precisa de cuidados especiais para se desenvolver bem, afinal, ela é o futuro dos estados nacionais em construção. Para atender a essa nova exigência social, a mulher foi confinada na esfera doméstica, onde, por amor, passou a viver com o objetivo de cuidar dos(as) filhos(as), marido e casa. Começa, então, a ser institucionalizada a característica cuidadeira da mulher, refletida nas suas atuações como mãe, esposa e dona-de-casa (Ariés, 1986; Castro, 1996; Nolasco, 2001; Rocha-Coutinho, 1994).

"A mulher passa a viver para o amor: amor a seus filhos, a seu esposo, a sua casa. Para tanto, ela deveria se manter pura, distante dos problemas e das tentações do mundo exterior - o mundo do trabalho -, que deveria ficar sob o encargo do homem." (Rocha-Coutinho,1994, p.29).

A separação dos espaços de atuação entre público e privado trouxe conseqüências que são experienciadas até os dias de hoje. Aos homens cabe o espaço público, com seus desafios, poderes e produção e, do outro lado, encontra-se o espaço privado, próprio das mulheres. A elas, cabe a reprodução, o cuidado com a casa, filhos(as) e esposo. Como o papel de dona-de-casa não é compreendido como um trabalho, mas sim como uma obrigação feminina, advinda da sua natureza de mulher, não goza dos direitos civis que a sociedade capitalista, em crescimento, passa a elaborar para seus trabalhadores.

Conceitos como "natureza feminina" passam a ser mencionados com freqüência neste período, fruto de todo esse contexto sócio-histórico de confinamento da mulher no lar, para cumprir papéis sociais que permitissem a seus homens cuidar do mundo produtivo. Neste contexto, a mulher não só se reconhecia nesse lugar social e subjetivo de "rainha do lar", frágil, dependente, maternal, como passou a reproduzi-lo, já que era a responsável pela educação dos(as) filhos(as).

Este discurso social sobre a mulher começou a se modificar no século XX. Durante as duas grandes guerras, as mulheres foram incentivadas a saírem de suas casas e atuarem no mundo produtivo, uma vez que seus homens haviam partido para os campos de batalha. Para viabilizar essa saída, os meios de comunicação e a ciência mostravam as vantagens e encantos do mundo público. No entanto, no pós-guerra, ocorreu o movimento contrário. A volta dos homens para suas casas obrigou a volta das mulheres ao interior do lar. Mais uma vez, a ciência e a mídia entraram em ação, mas, desta vez, para tratar dos prejuízos para o desenvolvimento dos(as) filhos(as) que tinham mães trabalhadoras. Criou-se todo um discurso social que culpabilizava a mãe que não se dedicasse, em tempo integral, ao seu papel natural de cuidadeira: mãe, esposa e dona-de-casa.

No entanto, as mulheres já não eram as mesmas, havia "um certo mal-estar indefinido", usando as palavras de Rocha-Coutinho (1994), que deflagrou movimentos de denúncia sobre o lugar secundário que a mulher ocupava há anos na sociedade e sobre a diferença biológica entre os sexos ter sido transformada em diferença sócio-cultural. Eram os movimentos feministas que ganhavam força na luta pelos direitos das mulheres, num espírito de época efervescido pela luta por direitos humanos (Castells, 1999; Gergen, 1993; Meyer, 1993; Nolasco, 2001; Scott, 1995).

A partir de então, as mulheres, progressivamente, passaram a ocupar o mundo do trabalho. Assumir o novo papel social de profissional com carreira não modificou sua identidade de mulher, apenas a ampliou. Agora, mais que mães e esposas, elas também são donas-de-casa e profissionais. A dupla-jornada passou a fazer parte da vida da mulher, fenômeno significado no cotidiano pelo termo supermulheres.

As mulheres pobres, migrantes, analfabetas que participaram deste estudo não têm o perfil daquelas que fizeram o movimento feminista: brancas, classe média/alta, intelectuais e adultas jovens ou maduras. Porém nota-se que suas histórias também são de mulheres múltiplas, que trabalham, fora e dentro de casa, em atividades socialmente desvalorizadas, mas que garantem certa sobrevivência (Stolcke, 1991).

Os resultados encontrados indicaram ainda que os discursos das mulheres com as quais realizou-se este estudo, sintetizam toda a história vivida pela mulher ocidental e brasileira ao longo do tempo. O fato de serem cuidadeiras de tudo e de todos no espaço doméstico, evidenciado pelos papéis de mãe/avó, esposa, dona-de-casa, mostra a força do discurso social do século XVIII que foi sendo transmitido de geração a geração, sem muitas mudanças, haja visto que o interesse social, por muitos séculos, não incluía a mulher como cidadã e força economicamente ativa.

Assim, as suas histórias de vida seguiam o caminho esperado: o casamento como carreira com todas suas conseqüências. Com o casamento, essas mulheres se tornaram múltiplas, através da aquisição dos papéis de esposa, mãe, dona-de-casa e, posteriormente, avós. Essa era a vida apropriada para essas mulheres que nasceram nas décadas de 20 (duas delas), 30 (duas), 40 (sete) e 50 (duas). Mesmo pertencendo à classe social baixa, observou-se que muitas delas não trabalharam fora, dedicando-se, exclusivamente, a suas casas, esposo e filhos(as). Tal "escolha" foi aprovada e incentivada por seus maridos.

Quando essas mulheres contavam suas histórias, colocavam-se numa posição de inferioridade, especialmente, em relação aos pais e maridos. A relação foi estabelecida de forma que elas fossem exploradas, diante de um outro-poderoso e "colonizador". Essa era a relação EU-TU estabelecida entre elas e o mundo, principalmente no ambiente familiar, já que muitas delas nunca tiveram a chance de sair de casa para outras atividades, exceto, agora, quando estão envelhecendo.

"J: A senhora gostaria de trabalhar fora?

AA (50): Gostaria. Quando eu era mais nova eu queria, né.

J: E aí, o que que aconteceu?

AA: Meu marido não concordou d'eu trabalhar fora não.

J: O marido?

AA: É..."

"A gente faz tudo, tudo, tudo e não tem direito a nada!" (FA, 58)

Por outro lado, os dados indicaram também que o julgamento de ter cumprido seu papel principal de mãe, tendo seus filhos já adultos, trouxe modificações importantes para os papéis sociais assumidos por elas. Mesmo que ser mãe/avó continuasse sendo o tema mais enfatizado como identificador da mulher, as participantes estavam buscando novas identificações, fruto de toda uma vida de exclusão e renúncia. Nessa fase de suas vidas, elas desejam cuidar-de-si, buscando formas de atuar no mundo que as valorizem mais e as levem a uma felicidade até então não experimentada. Este movimento de saída e busca foi muito importante, para algumas delas, porque o fato de terem seus filhos criados modificou o sentido de estar em casa para cuidar de tudo. O trabalho de casa ficou exaustivo sem a presença dos filhos(as). Isto porque, parece não estar direcionado mais a quem sempre estava: os(as) filhos(as). Cuidar dos(as) filhos(as) é a principal tarefa das mães, incluindo, neste cuidar, o cuidar da casa.

Se os filhos permaneceram em casa, a reprodução da família indicou, ao contrário, um aumento do número de dependentes, uma vez que os netos também estão sendo criados por elas. A dificuldade do cotidiano levou os(as) filhos(as) a ficarem mais tempo com os pais, porém acompanhados pelas novas famílias. Nesses casos, também viu-se uma exaustão das atividades de casa e a busca por novas atividades. Diferentemente da anterior, esta exaustão está ligada ao cansaço físico e mental advindo das obrigações rotineiras de cuidar da casa. . Nas duas situações, as atividades fora de casa mais procuradas foram aquelas ligadas ao cuidar-de-si: as educacionais e de qualificação (a sala de alfabetização, atividades de artesanato, crochê, bordado, costura etc) e as de saúde (ginástica, caminhada, hidroginástica etc). É como se ao terem concluído uma atividade importante de um papel central, elas se lembrassem de que são seres ativos, capazes de aprender e ensinar, afinal foram muitos anos de conhecimentos acumulados e transformados (Bosi, 1973/1999; Debert, 1998; 1999; Ruschel, 1998).

"J: Quantos netos?

EM (59): Icha, tenho uma dúzia. Tô aprendendo a fazer croché, tô aprendendo a fazer outros tipos de bordado que eu quero aprender bem. Tô estudando que é desejo do meu coração, né. Eu me sinto muito feliz. Gosto muito da professora que ela está me ensinando com paciência, com muito prazer. Eu tenho certeza que ela está nos ensinando para podermos aprender, né, alguma coisa".

" Gosto de estudar, de pintar, gosto de nadar. Criei os filhos e agora tô criando os netos" (FA, 58).

Considerações finais

Ser mulher para o grupo que participou deste estudo é ser múltipla: esposa, dona-de-casa, mãe/avó, filha, velha e, por vezes, trabalhadora (cinco delas realizaram atividades remuneradas fora de casa, correspondendo, então, ao papel social trabalhadora 1 e trabalhadora 2). Estes foram os papéis sociais que definiram o ser mulher e que estão, constantemente, em interação um com o outro. De todos os papéis sociais da mulher, mereceu destaque o par esposa-mãe. Os resultados encontrados apontaram para uma maior disponibilidade destes dois papéis sociais nos discursos daquelas senhoras. A maternidade apareceu como a conseqüência positiva do casamento e do papel social de esposa, já que todas tiveram filhos(as) após o casamento, instituição primordial para a constituição de família, segundo elas. Se por um lado, sentiam-se valorizadas como mães; por outro, encontravam-se limitadas e, muitas vezes, infelizes no papel de esposa. Pareceu-nos, então, que este par mantém uma relação dialética diferente dos demais papéis, de forma que um não existe sem o outro, caracterizando-se como a principal fonte de identificação daquelas mulheres que vieram do ambiente rural e nasceram entre as décadas de 20 a 50.

Neste estudo, as ceilandenses entrevistadas repetiram o discurso social sobre o ser mulher, no entanto, ao mesmo tempo em que procuraram manter os papéis tradicionais de mulher no espaço doméstico, buscavam novos espaços que transcendiam a esfera doméstica. Elas encontravam-se exaustas de trabalharem dia-a-dia sem serem valorizadas por isto. As tarefas que executavam em casa não eram vistas como trabalho, mas como obrigação, haja visto que a maioria delas dependia financeiramente do marido. É certo de que mesmo dependentes, elas tinham poder em suas casas: um poder sutil, como explica Rocha-Coutinho (1994), porém, percebeu-se que a palavra final sobre as decisões cabia aos seus maridos. O que pode-se observar neste trabalho é que os seus homens tinham voz ativa muito mais no espaço doméstico que no público, onde também eram excluídos, dada a natureza do trabalho que executavam. Por outro lado, tendo cumprido as atividades relacionadas ao papel mãe, essas mulheres estavam lutando por abandonar a opressão do espaço doméstico, através de uma maior participação em programas e atividades fora do lar. Já que em casa eram desvalorizadas apesar de tudo que fizeram, buscavam, fora dela, a chance de falarem e de serem ouvidas.

Em suma, os espaços público e privado ganham diferentes sentidos em diferentes contextos sócio-culturais e em diferentes épocas do desenvolvimento. Neste sentido, concorda-se com Schmidt (1999) sobre o tênue limite que tenta separar o público e o privado. Mais do que construções sólidas, elas são fluidas, mantendo constantes interações nas mais diversas relações sociais entre homens e mulheres, pais e mães, maridos-mulheres.

Referências Bibliográficas

Ariés, P. (1960/1986). História social da criança e da família. (D. Flaksman, Trad.). Rio de Janeiro: Guanabara.

Beauvoir, S. (1949/1960). O segundo sexo - a experiência vivida. (S. Milliet, Trad.). São Paulo: Difusão Européia do Livro.

Bosi, E. (1973/1999). Memória e sociedade: lembranças de velhos. São Paulo: Cia. das Letras.

Bourdieu, P. (1990/1995). A dominação masculina. Educação e Realidade, 20(2), pp. 133-184.

Castells, M. (1999). O poder da identidade. Em O fim do patriarcalismo: movimentos sociais, família e sexualidade na era da informação (pp.169-285). São Paulo: Paz e Terra.

Castro, L.R. de. (1996). O lugar da infância na modernidade. Psicologia: Reflexão e Crítica, 9, 2, 307-335.

Debert, G.G. (1998). Pressupostos da reflexão antropológica sobre a velhice. Em G.G. Debert, (org.), Textos Didáticos. Antropologia e Velhice (pp.7-28). UNICAMP: IFCH.

Debert, G.G. (1999). A reinvenção da velhice. São Paulo: Edusp.

Gergen, K.J. (1993). A crítica feminista da ciência e o desafio da epistemologia social. Em Gergen & M. McCanney (org.) O pensamento feminista e a estrutura do conhecimento (pp.48-69). Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos/EdUnB.

Graciano, M. (1978). Aquisição de papéis sexuais na infância. Cadernos de Pesquisa, 25, 29-44.

Hall, S. (1987). Identity: The real me. ICA Document 6. Londres: Institute for Contemporary Arts.

Hall, S. (1999). A identidade cultural na pós-modernidade. (T.T. da Silva & G.L. Louro, Trads.). Rio de Janeiro: DP & A.

Inácio, I. da C. (1989). A família rememorada: representações do grupo familiar em memórias de militantes comunistas. Revista Brasileira de História, 9(17), 179-190.

Leite, M.M.L. (1989). Mulheres e famílias. Revista Brasileira de História, 9(17), 143-178.

Louro, G.L. (1995). Gênero, história e educação: construção e desconstrução. Educação e Realidade, 20(2), 101-132.

Markovà, I.(1990). Introduction (pp.1-21). Em I. Markovà, & K. Foppa (orgs.), The dynamics of dialogue. London: Harvester Wheasheaf.

Mead, M. (1969). Sexo e Temperamento. (R.Krausz, Trad.). São Paulo: Perspectiva.

Meyer, J. (1993). Pensamento feminista e psicologia social. Em Gergen, M. McCanney (og.), O pensamento feminista e a estrutura do conhecimento (pp.129-147). Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos/EdUnB.

Nolasco, S. (2001). Modernidade e subjetividade. Em De Tarzan a Hommer Simpson (pp.123-194). Rio de Janeiro: Rocco.

Perrot, M. (1989). Práticas da memória feminina. Revista Brasileira de História, 9(18), 9 - 18.

Rocha-Coutinho, M.L. (1994). Tecendo por trás dos panos. A mulher brasileira nas relações familiares. Rio de Janeiro: Rocco.

Rocha-Coutinho, M. L. (2000). Novas opções, antigos dilemas: mulher, família, carreira e relacionamentos no Brasil. Trabalho apresentado na XXX Reunião Anual de Psicologia. Brasília. 26-29 de Outubro.

Ruschel, A. E. (1998). Envelhecimento e gênero _ a construção da identidade social. Em O.P. de Castro, (org), Velhice que idade é esta? (pp. 87-100). Síntese: Porto Alegre.

Schmidt, B.B. (1999). Anita Xavier da Costa: memórias da filha de um pioneiro do socialismo no Rio Grande do Sul- da fogueira das lembranças ao álbum de recordações. Horizontes Antropológicos, 5(12), 167-182.

Scott, J. (1995). Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Educação e Realidade, 20(2), 101-132.

Stolcke, V. (1991). Sexo está para gênero assim como raça para etnicidade? Cadernos Cândido Mendes. Estudos Afro-Asiáticos. 20 junho, (101-117).

Thébaud, F. (1991). A grande guerra. O triunfo da divisão sexual.. Em G. Duby & M. Perrot (orgs.), História das mulheres no ocidente (pp.31-93). (Trad. Alberto Couto). São Paulo: Afrontamento.

Vygotsky, L.S. (1987/1999). Pensamento e linguagem. (J.L. Camargo & Cipolla Neto Trads.). São Paulo: Martins Fontes.

Woodward, K. (2000). Identidade e diferença: uma introdução teórica e conceitual. Em T.T. da Silva; S. Hall, & K. Woodward (orgs.), Identidade e diferença. A perspectiva dos estudos culturais (pp.7-72). (T.T., da Silva Trad.). Petrópolis: Vozes.

Artigo recebido para publicação em 11/02/2004; aceito em04/05/2004.

Trabalho fruto da dissertação de mestrado da primeira autora no Instituto de Psicologia da Universidade de Brasília, Brasília.

  • Ariés, P. (1960/1986). História social da criança e da família. (D. Flaksman, Trad.). Rio de Janeiro: Guanabara.
  • Beauvoir, S. (1949/1960). O segundo sexo - a experiência vivida (S. Milliet, Trad.). São Paulo: Difusão Européia do Livro.
  • Bosi, E. (1973/1999). Memória e sociedade: lembranças de velhos São Paulo: Cia. das Letras.
  • Bourdieu, P. (1990/1995). A dominação masculina. Educação e Realidade, 20(2), pp. 133-184.
  • Castells, M. (1999). O poder da identidade. Em O fim do patriarcalismo: movimentos sociais, família e sexualidade na era da informação (pp.169-285). São Paulo: Paz e Terra.
  • Castro, L.R. de. (1996). O lugar da infância na modernidade. Psicologia: Reflexão e Crítica, 9, 2, 307-335.
  • Debert, G.G. (1998). Pressupostos da reflexão antropológica sobre a velhice. Em G.G. Debert, (org.), Textos Didáticos. Antropologia e Velhice (pp.7-28). UNICAMP: IFCH.
  • Debert, G.G. (1999). A reinvenção da velhice São Paulo: Edusp.
  • Gergen, K.J. (1993). A crítica feminista da ciência e o desafio da epistemologia social. Em Gergen & M. McCanney (org.) O pensamento feminista e a estrutura do conhecimento (pp.48-69). Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos/EdUnB.
  • Graciano, M. (1978). Aquisição de papéis sexuais na infância. Cadernos de Pesquisa, 25, 29-44.
  • Hall, S. (1987). Identity: The real me ICA Document 6. Londres: Institute for Contemporary Arts.
  • Hall, S. (1999). A identidade cultural na pós-modernidade (T.T. da Silva & G.L. Louro, Trads.). Rio de Janeiro: DP & A.
  • Inácio, I. da C. (1989). A família rememorada: representações do grupo familiar em memórias de militantes comunistas. Revista Brasileira de História, 9(17), 179-190.
  • Leite, M.M.L. (1989). Mulheres e famílias. Revista Brasileira de História, 9(17), 143-178.
  • Louro, G.L. (1995). Gênero, história e educação: construção e desconstrução. Educação e Realidade, 20(2), 101-132.
  • Markovà, I.(1990). Introduction (pp.1-21). Em I. Markovà, & K. Foppa (orgs.), The dynamics of dialogue London: Harvester Wheasheaf.
  • Mead, M. (1969). Sexo e Temperamento. (R.Krausz, Trad.). São Paulo: Perspectiva.
  • Nolasco, S. (2001). Modernidade e subjetividade. Em De Tarzan a Hommer Simpson (pp.123-194). Rio de Janeiro: Rocco.
  • Perrot, M. (1989). Práticas da memória feminina. Revista Brasileira de História, 9(18), 9 - 18.
  • Rocha-Coutinho, M.L. (1994). Tecendo por trás dos panos. A mulher brasileira nas relações familiares. Rio de Janeiro: Rocco.
  • Rocha-Coutinho, M. L. (2000). Novas opções, antigos dilemas: mulher, família, carreira e relacionamentos no Brasil. Trabalho apresentado na XXX Reunião Anual de Psicologia. Brasília. 26-29 de Outubro.
  • Ruschel, A. E. (1998). Envelhecimento e gênero _ a construção da identidade social. Em O.P. de Castro, (org), Velhice que idade é esta? (pp. 87-100). Síntese: Porto Alegre.
  • Schmidt, B.B. (1999). Anita Xavier da Costa: memórias da filha de um pioneiro do socialismo no Rio Grande do Sul- da fogueira das lembranças ao álbum de recordações. Horizontes Antropológicos, 5(12), 167-182.
  • Scott, J. (1995). Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Educação e Realidade, 20(2), 101-132.
  • Stolcke, V. (1991). Sexo está para gênero assim como raça para etnicidade? Cadernos Cândido Mendes. Estudos Afro-Asiáticos. 20 junho, (101-117).
  • Thébaud, F. (1991). A grande guerra. O triunfo da divisão sexual.. Em G. Duby & M. Perrot (orgs.), História das mulheres no ocidente (pp.31-93). (Trad. Alberto Couto). São Paulo: Afrontamento.
  • Vygotsky, L.S. (1987/1999). Pensamento e linguagem (J.L. Camargo & Cipolla Neto Trads.). São Paulo: Martins Fontes.
  • Woodward, K. (2000). Identidade e diferença: uma introdução teórica e conceitual. Em T.T. da Silva; S. Hall, & K. Woodward (orgs.), Identidade e diferença. A perspectiva dos estudos culturais (pp.7-72). (T.T., da Silva Trad.). Petrópolis: Vozes.
  • Endereço para correspondência:
    Juliana Eugênia Caixeta
    QI 03, Bloco P, Apto. 305
    Guará, I/DF, Cep 71020-162
    E-mail:
  • 1
    Primeira autora deste artigo.
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      12 Fev 2009
    • Data do Fascículo
      Ago 2004

    Histórico

    • Aceito
      04 Maio 2004
    • Recebido
      11 Fev 2004
    Universidade de São Paulo, Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Ribeirão Preto, Programa de Pós-Graduação em Psicologia Av.Bandeirantes 3900 - Monte Alegre, 14040-901 Ribeirão Preto - São Paulo - Brasil, Tel.: (55 16) 3315-3829 - Ribeirão Preto - SP - Brazil
    E-mail: paideia@usp.br