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Manual de indización: teoría y práctica

RESENHAS

Vera Regina Casari Boccato

Professora Adjunta, Departamento de Ciência da Informação, Universidade Federal de São Carlos

GIL LEIVA, Isidoro. Manual de indización: teoría y práctica. Gijón: Ediciones Trea, 2008. 429 p. (Biblioteconomía y Administración Cultural, 193). ISBN 978-84-9704-367.

Publicada a 1ª edição em 2008, o Manual de indización: teoria y práctica de autoria de Isidoro Gil Leiva, é uma obra voltada para o ensino e para a pesquisa que aborda a teoria, os conceitos e a prática da indexação de forma clara e objetiva, o que a torna uma importante fonte de informação para docentes e discentes que pretendem desenvolver trabalhos acadêmicos em nível de graduação e pós-graduação lato e stricto sensu.

O livro é dividido em seis capítulos que facilitam o entendimento de seu conteúdo arrolando, entre outros aspectos, com muita propriedade, o conceito de indexação, as etapas e os instrumentos que norteiam o desenvolvimento desse processo documental em sistemas de recuperação da informação de diversos ambientes organizacionais.

A obra inicia-se com um Prólogo elaborado pela Profa. Dra. Mariângela Spotti Lopes Fujita em que enfatiza a importância da obra de Gil Leiva a partir dos estudos iniciados em sua tese de doutorado (1997) e em sua publicação intitulada La automatización de la indización de documentos (Ediciones Trea, 1999) até a construção desta obra que amplia a visão e o conhecimento sobre a indexação vista como um processo cognitivo de análise e representação da informação documental.

Na contracapa da obra encontra-se uma síntese sobre a indexação e a estreita vinculação que ela mantém com a prática profissional, com o ressalto sobre sua importância no âmbito bibliográfico espanhol pelo qual estendemos para o contexto literário científico nacional e internacional.

No capítulo 1, El proceso cognitivo y la indización, observa-se a preocupação do autor em apresentar a indexação como um processo cognitivo de análise documental para a obtenção de um conjunto de unidades conceituais que representem integralmente um objeto ou uma necessidade de informação (GIL LEIVA, 2008, p. 66). Neste capítulo, observa-se o "olhar" do autor sobre aspectos relevantes que envolvem o processo de indexação, considerando, conforme relatado por Fujita (2008, p. 10) que [...] o indexador que realiza um processo cognitivo orientado para a indexação, [...] avança desde a variável texto, enquanto elemento de comunicação, até o leitor, com seu conhecimento prévio necessário para o processo de compreensão.

Essa visão, demonstra, também, o cenário paradigmático em que se encontra a Ciência da Informação a partir das perspectivas cognitivas e sociocognitivas na produção, organização, transferência e uso da informação. Ao lado da questão cognitiva no contexto da indexação, a relação entre indexação e recuperação da informação e a indexação na internet também são focalizadas pelo autor.

O capitulo 2, La indización, inicia-se com a contextualização da indexação no processo técnico documental que, segundo o autor, compreende [...] o conjunto de operações referentes a seleção, a aquisição, o registro e o tratamento dos documentos com a finalidade de possibilitar seu armazenamento e recuperação e sua posterior difusão. (GIL LEIVA, 2008, p. 55). Identifica-se, também, a indexação (além da classificação e da elaboração de resumos) como um dos processos constituintes da análise de conteúdo que, associada à análise de forma (descrição bibliográfica ou catalogação), compõem o tratamento documental. Em seguida, é discutido e abordado o conceito de indexação e salientadas as diferenças existentes entre a elaboração de índices e o processo para representação do conteúdo documental por meio da identificação e seleção de conceitos. Continuando, questões sobre exaustividade, precisão, correção e consistência são focalizadas, identificando-as como as "qualidades" características do processo de indexação.

Os capítulos 3 e 4 são apresentados em uma sequência lógico-temática, tratando, respectivamente, sobre os instrumentos de representação documental e sua aplicabilidade na prática da indexação.

Dessa maneira, o capítulo 3 - Herramientas para la indización - demonstra as vantagens e as desvantagens das linguagens natural e controlada como instrumentos de representação documental, com destaque para as listas de cabeçalhos de assunto e para os tesauros. As normas internacionais de construção, formato e gestão de linguagens controladas também são temários deste capitulo, além das questões referentes à manutenção e à atualização desses sistemas de organização do conhecimento. A avaliação é destaque, também, neste capítulo, ressaltado pela importância que esse processo possui, no contexto da indexação. Nessa perspectiva e subsidiado por Boccato (2009) acredita-se que as linguagens controladas devem ser elaboradas a partir de uma concepção multidimensional, contemplando as relações sintático-semânticas entre os termos advindos das áreas de especialidades e da linguagem do usuário. Com isso, o êxito da indexação será validado pela recuperação precisa da informação, por meio de uma linguagem controlada portadora de um repertório terminológico de alto nível de especialização e de rigor na sua construção. A avaliação permanente da linguagem deve ser um procedimento que a unidade de informação deve adotar, visando à atualização do vocabulário em consonância com o progresso e o vanguardismo que a ciência possui, explicitado pelas comunidades científicas e na geração do conhecimento. Nos ambientes digitais, o autor realizada abordagens sobre as linguagens de marcação para tesauros (Skos-Core e Zthes), os tesauros versus ontologias e sobre a interoperabilidade entre vocabulários controlados.

O quarto capitulo intitulado Práctica de la indización apresenta a prática da indexação mediante o uso de linguagem natural e de linguagens controladas (listas de cabeçalhos de assunto e tesauros) na representação do conteúdo de documentos audiovisuais, sonoros, gráficos e textuais e a importância do estabelecimento de uma política de indexação norteadora desse processo em sistemas de recuperação da informação. A indexação como prática do processo de análise e representação do conteúdo documental é ambientada nas bases de dados INSPEC, ERIC, MEDLINE, entre outras.

Acompanhando o desenvolvimento tecnológico presente em diversos setores e em inúmeras áreas do conhecimento, o autor reserva um espaço em sua obra para tratar sobre a Indización automática, título que nomeia o capítulo 5.

Este capítulo demonstra o conhecimento relevante que o autor possui diante de assuntos que envolvem a indexação automática, a partir de sua conceituação, a interdisciplinaridade existente entre a Linguística, a Terminologia, a Informática, entre outras áreas do conhecimento com o respectivo temário - indexação automática, além dos instrumentos utilizados nesta prática e na apresentação do protótipo SISA - Sistema de Indización Semi-Automático. Vale ressaltar que o referido protótipo foi objeto de estudo e desenvolvido pelo autor no momento da elaboração de sua tese de doutorado, em 1997, originando a construção da obra La automatización de la indización de documentos, já citada nesta resenha.

Finalizado pelo capítulo 6 - Evaluación de la indización, é apresentado os conceitos e os processos de avaliação intrínseca e extrínseca da indexação. A avaliação intrínseca distinguida entre avaliação intrínseca qualitativa e a avaliação intrínseca quantitativa é desenvolvida a partir dos resultados da indexação, dos descritores e cabeçalhos de assunto utilizados ou identificadores. Sobre a avaliação extrínseca, esta é aplicável por meio da adoção da avaliação extrínseca mediante a interconsistência e a avaliação extrínseca mediante a recuperação.Os resultados obtidos da prática da indexação são comparáveis em diferentes sistemas de recuperação da informação como catálogos e bases de dados.

Ressalta-se que nos capítulos podem-se encontrar figuras, quadros e tabelas que ilustram e explicitam com muita clareza os conteúdos abordados, bem como os exemplos apresentados.

Em complementação, foram incluídos três anexos, a saber: Anexo 1: Recomendaciones para un buen posicionamineto web; Anexo 2: Lenguajes de encabezamientos de matéria em bibliotecas nacionales; e Anexo 3: Ejemplo de metadatos usando el esquema de tesauros RDF/XM: Na seqüência encontra-se a bibliografia citada referente a cada capítulo.

Como abordagem final, evidencia-se a publicação não só de mais um livro sobre indexação, mas sim, uma obra apropriada ao meio científico-acadêmico que pretende mostrar um claro entendimento sobre a gênese do processo intelectual da indexação até a avaliação dos resultados apresentados. Acrescenta-se a isso, seu caráter inovador por aliar a teoria à prática da indexação, demonstrando o indexador não somente como um sujeito isolado do seu meio, mas inserido em um contexto sociocogntivo caracterizado "[...] por todas as formas de interação que podem produzir-se no decurso dessa atividade", exemplificadas pelo usuário, manual de indexação, linguagem documental e pela própria política de indexação definida e utilizada pelo sistema. (BOCCATO; FUJITA, 2006).

Como reflexão final, não vemos a obra Manual de indización: teoría y práctica tão somente como uma complementação aos estudos sobre as convergências e divergências que permeiam os postulados teóricos sobre a indexação derivados de suas correntes francesa, inglesa e espanhola. Vemo-la, sim, como uma contribuição, ao lado de estudiosos europeus como Chaumier (1988) e Lancaster (1993, 2004) de abordagens inovadoras sobre esse processo documental aplicável a diversos ambientes e recursos informacionais.

Sobre o autor, Isidoro Gil Leiva é Professor Titular da Facultad de Comunicación y Documentación da Universidad de Murcia, Espanha. É graduado em Biblioteconomia e Documentação (1992), licenciado em Geografia e História (1994) e se doutora, em 1997, pela mesma Universidade. Tem realizado conferências sobre Indexação automática em diversos países e colaborado com o ensino e com investigações na Costa Rica, Uruguai e Brasil. Atualmente, desenvolve pesquisas sobre o tema "Política de indexação na América Latina" com a colaboração científica, no Brasil, da Profa. Dra. Mariângela Spotti Lopes Fujita, Universidade Estadual Paulista - UNESP - campus de Marília.

  • BOCCATO, V. R. C. Avaliação do uso de linguagem documentária em catálogos coletivos de bibliotecas universitárias: um estudo sociocognitivo com protocolo verbal. 2009. 301 f. Tese (Doutorado e Ciência da Informação) - Faculdade de Filosofia e Ciências, Universidade Estadual Paulista, Marília, 2009.
  • BOCCATO, V. R. C.; FUJITA, M. S. L. A atividade de indexação nas perspectivas das concepções de assunto: o protocolo verbal como instrumento de avaliação qualitativa-cognitiva. In: SEMINÁRIO NACIONAL DE BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS, 14., 2006, Salvador. Anais... Salvador: UFBa, 2006. 1 CD-ROM.
  • CHAUMIER, J. Indexação: conceito, etapas, instrumentos. Revista Brasileira de Biblioteconomia e Documentação, São Paulo, v.21, n.1/2, p. 63-79, jan./jun. 1988.
  • FUJITA, M. S. L. Prólogo. IN: GIL LEIVA, I.. Manual de indización: teoria y práctica. Gijón: Ediciones Trea, 2008. p. 9-12. (Biblioteconomía y Administración Cultural, 193).
  • GIL LEIVA, I. La automatización de la indización de documentos Gijón: Ediciones Trea, 1999.
  • LANCASTER, F. W. Indexação e resumos: teoria e prática. Tradução de Antonio Agenor Briquet de Lemos. Brasília: Briquet de Lemos, 1993.
  • LANCASTER, F. W. Indexação e resumos: teoria e prática. Tradução de Antonio Agenor Briquet de Lemos. 2. ed. Brasília: Briquet de Lemos, 2004.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    14 Jan 2011
  • Data do Fascículo
    2010
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