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PROGRAMA DE INTERVENÇÃO COM A TÉCNICA DE CLOZE: ELABORAÇÃO E SIGNIFICÂNCIA CLÍNICA

Programa de intervención con la técnica de cloze: Elaboración y Significancia Clínica

RESUMO

A hipótese deste estudo está pautada no fato de que um programa de remediação com a Técnica de Cloze, nivelado por diferentes graus de dificuldades, pode contribuir para o desenvolvimento da compreensão leitora de escolares com dificuldades de compreensão leitora. Sendo assim, objetivou-se elaborar este programa e analisar a significância clínica. Para isto, elaborou-se um programa de intervenção por meio de uma revisão bibliográfica e após foi realizado um estudo piloto e aplicado em 28 escolares ensino fundamental I, divididos em Grupo I Estudo (escolares com dificuldade em texto narrativo submetidos à intervenção); Grupo I Controle (escolares com dificuldade em texto narrativo não submetidos à intervenção); Grupo II Estudo (escolares com dificuldade em texto expositivo submetidos à intervenção); Grupo II Controle (escolares com dificuldade em texto expositivo não submetidos à intervenção). Os resultados analisados pelo Método JT apontaram mudança confiável positiva e com significância clínica para escolares do Grupo I Estudo, e de forma significativa para escolares do Grupo II Estudo.

Palavras-Chave:
leitura; compreensão da leitura; teste de cloze; remediação da leitura

RESUMEN

La hipótesis de este estudio está centrada en el hecho de que un programa de remediar con la Técnica de Cloze, nivelado por distintos grados de dificultades, puede contribuir para el desarrollo de la comprensión lectora de escolares con dificultades de comprensión lectora. Por eso, se tuvo por objetivo elaborar este programa y analizar la significancia clínica. Para ello, se elaboró un programa de intervención por intermedio de una revisión bibliográfica y después se realizó un estudio piloto y aplicado en 28 escolares enseñanza básica I, divididos en Grupo I Estudio (escolares con dificultad en texto narrativo sometidos a la intervención); Grupo I Control (escolares con dificultad en texto narrativo no sometidos a la intervención); Grupo II Estudio (escolares con dificultad en texto expositivo sometidos a la intervención); Grupo II Control (escolares con dificultad en texto expositivo no sometidos a la intervención). Los resultados analizados por el Método JT apuntaran cambio fiable positivo y con significancia clínica para escolares del Grupo I Estudio, y de forma significativa para escolares del Grupo II Estudio.

Palabras clave:
lectura; comprensión de la lectura; prueba de cloze; remediación de la lectura

ABSTRACT

The hypothesis of this study is based on the fact that a remediation program with the Cloze Technique, leveled by different degrees of difficulties, it can contribute to the development of reading comprehension of students with reading comprehension difficulties. Therefore, the objective was to develop this program and analyze the clinical significance. For this, an intervention program was developed through a bibliographic review and after that a pilot study was carried out and applied in 28 elementary school students, divided into Group I Experimental (students with difficulty in narrative text submitted to the intervention); Group I Control (students with difficulty in narrative text not submitted to the intervention); Group II Experimental (students with difficulty in expository text submitted to the intervention); Group II Control (students with difficulty in expository text not submitted to the intervention). The results analyzed by the JT Method showed a reliable positive change with clinical significance for students in Group I Study, and significantly for students in Group II Experimental.

Keywords:
reading; reading comprehension; cloze test; reading remediation

INTRODUÇÃO

A leitura é uma habilidade cujo objetivo final é a apreensão significativa do que está escrito, ou seja, a compreensão leitora. Ela contribui expressivamente para o sucesso acadêmico, pois é através dela que o escolar pode obter as informações necessárias para atender às necessidades de suas atribuições de estudo e conhecimento (Hazzard, 2016Hazzard, K. (2016). The Effects of read alouds on student comprehension (Master Degree). School of Arts and Sciences St. John Fisher College, Rochester - New York.).

Diversos processos estão envolvidos na compreensão de leitura, como a percepção, memória de trabalho, conhecimento armazenado, monitoramento, integração de informações, além da compreensão das ideias do texto para a criação de modelos mentais mais a compreensão do texto com base no contexto e no ponto de vista do leitor (Kintsch, 1998Kintsch, W. (1998). Comprehension: A paradigm for cognition. New York: Cambridge University Press.; Mota & Santos, 2014Mota, M. M. P. E.; Santos, A. A. A. (2014). O Cloze como instrumento de avaliação de leitura nas séries iniciais.Psicologia Escolar e Educacional, 18(1), 135-142. https://doi.org/10.1590/S1413-85572014000100014
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). Envolve ainda habilidades linguísticas nas quais se encontram os elementos sintáticos, semânticos, lexicais e a habilidade de decodificação (Cavalcante & Leitão, 2012Cavalcante, T. C. F.; Leitão, S. (2012). A natureza argumentativa dos processos inferenciais preditivos na compreensão textual. Estudos de Psicologia,17(1), 35-42. https://doi.org/10.1590/S1413-294X2012000100005
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).

A fim de que a compreensão leitora ocorra é necessário um processo de construção e integração entre as ideias do texto e o conhecimento prévio de leitor (Kintsch, 1998Kintsch, W. (1998). Comprehension: A paradigm for cognition. New York: Cambridge University Press.; Lopes, Silva, Moniz, Spea-Swerling, & Zibulsky, 2015Lopes, J.; Silva, M. M.; Moniz, A.; Spear-Swerling, L.; Zibulsky, J. (2015). Evolução da prosódia e compreensão da leitura: Um estudo longitudinal do 2º ano ao final do 3º ano de escolaridade. Revista de Psicodidáctica, 20(1), 5-23. https://doi.org/10.1387/RevPsicodidact.11196
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). No modelo descrito por Kintsch (1998)Kintsch, W. (1998). Comprehension: A paradigm for cognition. New York: Cambridge University Press., há dois processos no ato de compreender: um de nível básico e outro de alto nível. O primeiro se refere a processos mais mecânicos, como memória de trabalho, processos lexicais e sintáticos. Já o de alto nível compreende a capacidade de realizar inferências, habilidades linguísticas gerais, vocabulário, habilidades de memória, conhecimento de mundo e monitoramento (Baliza & Silva, 2015Baliza, A.; Silva, D. (2015). Avaliação da compreensão em leitura a estudantes do ensino fundamental.Lumen: Educare, 1(1), 93-114. https://doi.org/10.19141/2447-5432/lumen.v1.n1.p.93-114
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).

Segundo o Modelo de Processamento de Texto, proposto por Kintsch e van Dijk (1978Kintsch, W.; van Dijk, T. A. (1978). Toward a model of text comprehension and production. Psychological Review, 85, 363-394), a compreensão de leitura se faz pela proposição e é entendida em três níveis: a representação da estrutura de superfície (decodificação), a representação do texto base que envolve as relações semânticas entre os diferentes componentes e partes do texto, sendo em nível local (microestrutura) e global (macroestrutura) e a representação do modelo situacional, que contém as representações da base textual, conhecimento prévio do leitor, incluindo seu conhecimento sobre os diversos tipos e gêneros textuais

A experiência e exposição aos gêneros textuais proporcionam o domínio dessas estruturas, pois permitem que o escolar compare cada tipo de texto e como este é representado. Quanto a representação, textos narrativos e expositivos se diferem na sua estrutura, recrutando processamentos cognitivos diferentes. O primeiro apresenta uma sequência de eventos temporais/causais, repetitiva e o vocabulário de alta frequência. Por outro lado, os expositivos necessitam de conhecimento de estrutura diferentes, pois as informações são passadas por meio de uma ordenação lógica de representação, envolvendo ações de análise e síntese, uso de elementos coesivos e as informações recaem sobre um determinado tópico, muitas vezes com vocabulário técnico (Coelho & Correa, 2017Coelho, C. L. G.; Correa, A. (2017). Compreensão de leitura: habilidades cognitivas e tipos de texto. Psico, 48(4),40-49. Recuperado de: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-53712017000100005
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). Esse gênero exige mais conhecimento prévio e conhecimento de diferentes estruturas, tornando-se um processo inferencial e de compreensão mais complexo (Pereira & Baretta, 2018Pereira, R. J.; Beretta, L. A. (2018). Compreensão leitora e o texto expositivo.Cadernos do IL, [S. l.], 56, 213-228. doi: 10.22456/2236-6385.83328.
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).

Por isso os gêneros textuais interferem no processo de compreensão da leitura, pois se diferem na estrutura, características, gramática e forma de ação social. E nesse sentido, os narrativos são considerados mais fáceis quando comparados aos expositivos. (Cunha & Capellini, 2014Cunha, V. L. O.; Capellini, S. A. (2014). PROCOMLE - Protocolo de Avaliação da Compreensão de Leitura. 1 ed. Ribeirão Preto: Editora Booktoy.; Pereira & Baretta, 2018Pereira, R. J.; Beretta, L. A. (2018). Compreensão leitora e o texto expositivo.Cadernos do IL, [S. l.], 56, 213-228. doi: 10.22456/2236-6385.83328.
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).

O baixo desempenho em compreensão de leitura tem se mostrado um importante agente para a dificuldade no processo de ensino-aprendizagem (Cunha & Capellini, 2014Cunha, V. L. O.; Capellini, S. A. (2014). PROCOMLE - Protocolo de Avaliação da Compreensão de Leitura. 1 ed. Ribeirão Preto: Editora Booktoy.; Pereira & Baretta, 2018Pereira, R. J.; Beretta, L. A. (2018). Compreensão leitora e o texto expositivo.Cadernos do IL, [S. l.], 56, 213-228. doi: 10.22456/2236-6385.83328.
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). Dessa forma, há necessidade de buscar estratégias para promover o desenvolvimento dessa complexa habilidade.

Nesse sentido, encontramos na literatura a Técnica de Cloze (Taylor, 1953Taylor, W. L. (1953). Cloze procedure: a new tool for measuring read-ability. Journalism Quarterly, 30, 415-433. https://doi.org/10.1177/107769905303000401
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), inicialmente descrita como um instrumento para avaliação da compreensão leitora. Consiste na manipulação de um texto com aproximadamente 200 vocábulos, do qual é retirado sistematicamente o quinto vocábulo e substituído por uma lacuna que deve ser preenchida pelo leitor, após a leitura do texto na íntegra.

Anos mais tarde, a técnica mostrou-se relevante na intervenção da compreensão de leitura, pois ela é um processo interativo entre o leitor e o texto estimulando a refletir a respeito de suas habilidades de compreensão (Condemarín & Miilicic, 1988Condemarín, M.; Miilicic, N. (1988). Test de Cloze: procedimiento para el desarrollo y la evaluación de la comprensión lectora. Santiago-Chile: Editorial Andres Bello.). Ela ainda exige uma ativação consciente de uma complexa rede de processos cognitivos e linguísticos, colocando o escolar diretamente em uma posição ativa na criação de significado, sendo necessário um alto grau de engajamento cognitivo ativo (Abreu, Garcia, Hora, & Souza, 2017Abreu, K.; Garcia, D; Hora, K.; Souza, C. (2017). O teste de cloze como instrumento de medida da proficiência em leitura: fatores linguísticos e não linguísticos. Revista de Estudos da Linguagem, 25(3), 1767-1799. http://dx.doi.org/10.17851/2237-2083.25.3.1767-1799
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).

O uso da técnica enquanto instrumento para desenvolver a compreensão de leitura permite que os textos sejam manipulados de maneira seletiva, como retirada de substantivos, verbos, advérbios, a fim de exigir um conhecimento diferente do leitor (nível da oração, frase, texto). Sendo assim, as omissões devem ocorrer seguindo recomendação encontrada na literatura: iniciar com lacunas contendo múltiplas escolhas (ex: duas alternativas), que podem ser aumentadas gradualmente e depois retiradas para que a criança possa fazer suas próprias escolhas das palavras (Melo, 2019Melo, S. B. L. (2019). Uso da estratégia cloze na avaliação e intervenção em leitura: uma revisão sistemática de literatura.Revista Virtual Lingu@ Nostr@, 3(1),54-71.). Além disso, alguns programas de intervenção com a Técnica de Cloze publicados revelam que a porcentagem de erros aumenta conforme o uso da estratégia para preencher a lacuna (Santos, 2004Santos, A. A. A. (2004). O Cloze como técnica de diagnóstico e remediação da compreensão em leitura. Interação em Psicologia, 8(2), 217-26. http://dx.doi.org/10.5380/psi.v8i2.3257
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; Suehiro & Boruchivith, 2016Suehiro, A. C. B.; Boruchivith, E. (2016). Compreensão em Leitura em Estudantes do Terceiro e Quarto Ciclos do Ensino Fundamental.Psico-USF, 21(3), 561-572. https://doi.org/10.1590/1413-82712016210310
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).

Nas literaturas nacional e internacional encontram-se muitos artigos científicos ligados à validação da Técnica de Cloze como instrumento de avaliação, bem como os relacionados à compreensão e à inteligibilidade (Eze, 2015Eze, N. J. (2015). Effects of Cloze Instructional Approach on Senior Secondary School Students’ Achievement in Igbo Language Reading Comprehension. Journal of Education and Practice, 6(21), 13-20. Recuperado de: https://eric.ed.gov/?id=EJ1079076
https://eric.ed.gov/?id=EJ1079076...
; Trace, Brown, Janssen, & Kozhevnikova, 2017Trace, J.; Brown, D.; Janssen, G.; Kozhevnikova, L. (2017). Determining cloze item difficulty from item and passage characteristics across different learner backgrounds. Language Testing, 34(2), 151-174. https://doi.org/10.1177/0265532215623581
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). No Brasil, uma revisão realizada em 2015 a respeito da produção científica com a técnica, mostrou que dos 26 artigos analisados, apenas um tinha como objetivo a intervenção e remediação na leitura (Suehiro & Boruchivith, 2016Suehiro, A. C. B.; Boruchivith, E. (2016). Compreensão em Leitura em Estudantes do Terceiro e Quarto Ciclos do Ensino Fundamental.Psico-USF, 21(3), 561-572. https://doi.org/10.1590/1413-82712016210310
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).

Apesar de a pesquisa na área específica com a compreensão da leitura utilizando a Técnica de Cloze apresentar cinco dissertações e quatro teses produzidas no Brasil, os trabalhos publicados em revistas científicas demonstram-se ainda mais restritos, principalmente nos estudos que enfocam, o público de escolares do Ensino Fundamental. Tendo em vista a importância do desenvolvimento dessa complexa habilidade para o ensino-aprendizagem dos escolares brasileiros, este estudo justifica-se a fim de preencher uma lacuna da literatura brasileira, realizando a investigação da intervenção nas dificuldades de compreensão leitora por meio da Técnica de Cloze em escolares da Educação Básica.

Logo, a hipótese desse estudo está pautada no fato de que um programa de remediação com a Técnica de Cloze, nivelado por diferentes graus de dificuldades, pode contribuir para o desenvolvimento da compreensão de leitura de escolares com dificuldades nessa habilidade de leitura. Com base nesta hipótese, este estudo teve como objetivos elaborar este programa e analisar sua significância clínica.

MÉTODOS

Este projeto foi submetido ao Comitê de Ética, sob o protocolo número CAAE 72957317.3.0000.5406 e aprovado.

Este estudo foi realizado em duas fases descritas abaixo:

Fase 1: Elaboração do programa de intervenção com a Técnica de Cloze

A elaboração do programa teve início com a revisão de literatura, por meio da verificação dos estudos que utilizaram a Técnica de Cloze como intervenção em escolares do Ensino Fundamental. Como base teórica para execução do programa foram considerados somente os trabalhos encontrados na íntegra (Santos, 2004Santos, A. A. A. (2004). O Cloze como técnica de diagnóstico e remediação da compreensão em leitura. Interação em Psicologia, 8(2), 217-26. http://dx.doi.org/10.5380/psi.v8i2.3257
https://doi.org/10.5380/psi.v8i2.3257...
; Santos & Oliveira, 2010Santos, A. A. A.; Oliveira, E. Z. (2010). Avaliação e desenvolvimento da compreensão em leitura no ensino fundamental.Psico-USF, 15(1), 81-91. https://doi.org/10.1590/S1413-82712010000100009
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; Joly & Piovezan, 2012Joly, M. C. R. A; Piovezan, N. (2012). Avaliação do Programa Informatizado de Leitura Estratégica para estudantes do ensino fundamental. Paidéia, 22(51), 83-90. https://doi.org/10.1590/S0103-863X2012000100010
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; Capellini & Donadon, 2012Capellini, S. A.; Donadon, G. (2012). PTF para Intervenção com a compreensão de leitura a partir do uso da técnica de cloze. In: Planos Terapêuticos Fonoaudiológicos (PTFs). Barueri (SP): Pró-Fono.; Cunha & Capellini, 2014Cunha, V. L. O.; Capellini, S. A. (2014). PROCOMLE - Protocolo de Avaliação da Compreensão de Leitura. 1 ed. Ribeirão Preto: Editora Booktoy.).

Apoiando-se nesses estudos, foi possível elaborar um programa composto por cinco níveis. Um a um, o nível foi elaborado com quatro textos cada com aproximadamente 200 vocábulos, em que são dadas pistas diferentes para auxiliar no preenchimento e com gradativo aumento de dificuldade. Dessa forma, no nível 1, há duas opções abaixo da lacuna semanticamente diferentes; no nível 2, há duas opções abaixo da lacuna semanticamente iguais; no nível 3, também há duas opções abaixo da lacuna, porém, visualmente parecidas e nas quais a parte superior foi retirada, necessitando dessa forma um fechamento visual; no nível 4, as palavras omitidas foram colocadas abaixo do texto (Cloze limitado); e finalmente, no nível 5, não há auxílio para o preenchimento.

Posto isso, para elaboração dos níveis do programa a pesquisadora elegeu 20 textos, sendo 13 narrativos e 7 expositivos já hierarquizados pela complexidade (Martins & Capellini, 2018Martins, A. M.; Capellini, S. A. (2018). ADFLU - Avaliação do desempenho em fluência de leitura. 1 ed. Ribeirão Preto: Editora Booktoy.). A manipulação dos textos foi com base nos tipos da Técnica de Cloze: lexical, múltipla escolha, limitado e tradicional. O primeiro consiste em omitir os itens lexicais, privilegiando os substantivos, mas podendo omitir adjetivos e advérbios; no de múltipla escolha, se oferecem palavras para serem escolhidas ao preencher as lacunas, no terceiro, as palavras omitidas estão abaixo do texto, no último, não há auxílio para o preenchimento (Abreu et al., 2017Abreu, K.; Garcia, D; Hora, K.; Souza, C. (2017). O teste de cloze como instrumento de medida da proficiência em leitura: fatores linguísticos e não linguísticos. Revista de Estudos da Linguagem, 25(3), 1767-1799. http://dx.doi.org/10.17851/2237-2083.25.3.1767-1799
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). Para melhor elucidação, exemplos serão apresentados acima no Quadro 1.

Quadro 1
Exemplos das técnicas utilizadas.

Ao realizar a manipulação, a estrutura do texto foi analisada e procurou-se respeitar os tipos da Técnica de Cloze descritos; portanto, em alguns momentos foi necessário aumentar o intervalo de omissão ou retirar vocábulos que não fossem substantivos para manter a média de intervalo.

Por fim, os textos foram apresentados em folha A4, com margem variando de 1,27 cm x 1,27 cm a 2,5 cm x 3 cm, fonte Arial, tamanho de 11 a 13, e as pistas com tamanho de 9 a 13. As variações ocorreram devido à preocupação com a melhor disposição do texto em uma única folha. É importante ressaltar que para fazer essa formatação verificou-se se havia algum escolar com dificuldade visual e isto não ocorreu.

Fase 2: Análise da Significância Clínica do Desempenho dos Sujeitos Submetidos e Não Submetidos ao Programa de Intervenção com a Técnica de Cloze

Participantes

Os critérios de inclusão foram não ter anotação no prontuário escolar com dificuldades referentes à presença de deficiência sensorial, motora ou cognitiva, queixa auditiva, visual ou motora; participar de todas as sessões do programa de intervenção. Só participaram deste estudo os escolares cujos responsáveis assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

Além dos critérios de inclusão descritos, para a seleção dos participantes, os professores do 4º e 5º anos deveriam indicar escolares com dificuldades de compreensão de leitura. Após essa indicação, esses foram submetidos à aplicação do Protocolo de Avaliação da Compreensão de Leitura - PROCOMLE (Cunha & Capellini, 2014Cunha, V. L. O.; Capellini, S. A. (2014). PROCOMLE - Protocolo de Avaliação da Compreensão de Leitura. 1 ed. Ribeirão Preto: Editora Booktoy.). Este instrumento é composto de quatro textos, sendo: dois textos expositivos (E1 e E2) e dois textos narrativos (N1 e N2), cada um com oito perguntas, sendo quatro perguntas literais e quatro perguntas inferenciais, duas relacionadas à microestrutura e duas à macroestrutura do texto. Cada pergunta, de todos os textos, contém quatro alternativas para que o escolar selecionasse a correta. Este protocolo foi escolhido porque possui análise quantitativa a partir da quantidade de erros e os dados estão normatizados por ano escolar.

Sendo assim, na pré-testagem todos os escolares fizeram a leitura dos textos N1 e E1 e os que obtiveram desempenho superior nos dois gêneros foram excluídos. Somente aqueles que apresentaram desempenho médio e inferior em um ou mais gêneros participaram deste estudo. Os textos N2 e E2 foram aplicados na pós-testagem e em todos os escolares deste estudo.

Dessa forma participaram 28 escolares do 4º e 5º anos do Ensino Fundamental de uma escola particular de Indaiatuba-SP, sendo 13 (46,4%) do gênero feminino e 15 (53,5%) do gênero masculino, com idades entre 8 anos e 11 meses e 10 anos e 10 meses, divididos em dois grupos:

  • Grupo I (GI): composto por 12 escolares com desempenho médio e inferior em compreensão de leitura em texto narrativo, subdivididos em dois grupos:
    • GI estudo (GIe): composto por 6 escolares do 4º ano submetidos ao programa de intervenção com a Técnica de Cloze;

    • GI controle (GIc): composto por 6 escolares do 5º ano não submetidos ao programa de intervenção com a Técnica de Cloze.

  • Grupo II (GII): composto por 16 escolares com desempenho médio e inferior em compreensão de leitura em texto expositivo, subdivididos em dois grupos:
    • GII estudo (GIIe): composto por 8 escolares do 4º ano submetidos ao programa de intervenção com a Técnica de Cloze

    • GII controle (GIIc): composto por 8 escolares do 5º ano não submetidos ao programa de intervenção com a Técnica de Cloze.

Instrumentos e Procedimentos

Todos os escolares foram submetidos à pré e à pós-testagem por meio do protocolo PROCOMLE (Cunha & Capellini, 2014Cunha, V. L. O.; Capellini, S. A. (2014). PROCOMLE - Protocolo de Avaliação da Compreensão de Leitura. 1 ed. Ribeirão Preto: Editora Booktoy.). Essas etapas foram realizadas de forma coletiva e contemplou as duas primeiras e últimas sessões.

A aplicação do programa também foi de forma coletiva (GIe e GIIe). Para garantir que todos os escolares entendessem a atividade, ao começar um nível a pesquisadora solicitava aos escolares que realizassem uma leitura silenciosa com muita atenção e, informava que logo em seguida seria entregue o mesmo texto com uma atividade para ser realizada. Sendo assim, em todo início de nível, era exemplificada na lousa uma amostra do que os escolares encontrariam nas atividades e como a lacuna deveria ser preenchida, como funcionava a estratégia e quais possíveis raciocínios poderiam ser realizados (memorização, análise do contexto, ler novamente o que vem antes e depois da lacuna, analisar possibilidades, refletir sobre a primeira leitura realizada, entre outros). Após a explanação, a pesquisadora solicitava que cada um dos escolares realizasse sua atividade de forma individual e se colocava a disposição para sanar dúvidas caso surgissem.

Assim, a aplicação foi realizada dentro de sala de aula, de forma coletiva, consecutiva, com um texto por dia e duração média de 30 minutos, totalizando 20 sessões de intervenção.

Análise das Respostas no Programa de Intervenção

A análise das respostas dos escolares considerou como erro qualquer palavra diferente do que estava no texto original, uma vez que a Técnica de Cloze é tida como uma técnica mnemônica (Taylor, 1953Taylor, W. L. (1953). Cloze procedure: a new tool for measuring read-ability. Journalism Quarterly, 30, 415-433. https://doi.org/10.1177/107769905303000401
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). Desse modo, qualquer outro tipo de erro, incluindo os erros ortográficos, não foi considerado para a verificação do desempenho dos escolares no programa de intervenção elaborado.

ANÁLISE DOS DADOS

Para análise dos resultados neste estudo, foi aplicado o Método JT (Jacobson & Truax, 1992Jacobson, N. S.; Truax, P. (1992). Clinical significance: A statistical approach to defining meaningful change in psychotherapy research. In A. E. Kazdin(Ed.), Methodological issues & strategies in clinical research (pp. 631-648). American Psychological Association. https://doi.org/10.1037/10109-042
https://doi.org/10.1037/10109-042...
; Del Prette & Del Prette, 2008Del Prette, Z. A.; Del Prette, A. (2008). Significância clínica e mudança confiável: A efetividade das intervenções em psicologia. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 24(4), 497-505. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-37722008000400013
https://doi.org/10.1590/S0102-3772200800...
). Esse método realiza uma análise comparativa entre escores com o objetivo de decidir se as diferenças entre eles representam mudanças confiáveis e se são relevantes (Santos & Capellini, 2020Santos, B.; Capellini, S. A. (2020). Programa de remediação com a nomeação rápida e leitura para escolares com dislexia: elaboração e significância clínica.CoDAS,32(3).).

O Método JT implica, portanto, em dois processos complementares, sendo estes: (a) cálculo da confiabilidade das alterações ocorridas descrita em termos de um Índice de Mudança Confiável (IMC) e (b) análise do significado clínico dessas alterações descrita em termos de Significância Clínica (SC). O IMC determina se as mudanças verificadas na comparação entre a pré e pós-intervenção podem ser atribuídas à intervenção realizada ou à erros de medida e ao passo que a SC está relacionada à validade externa, isto é, o quanto a intervenção produziu mudanças efetivas (Jacobson & Truax,1992Jacobson, N. S.; Truax, P. (1992). Clinical significance: A statistical approach to defining meaningful change in psychotherapy research. In A. E. Kazdin(Ed.), Methodological issues & strategies in clinical research (pp. 631-648). American Psychological Association. https://doi.org/10.1037/10109-042
https://doi.org/10.1037/10109-042...
). Dessa forma, a mudança pode ser positiva confiável (quando há melhora); negativa confiável (quando há piora); com significância clínica (que faz ou fará diferença no âmbito clínico), e também pode haver ausência de mudança (Jacobson & Truax, 1991; Del Prette & Del Prette, 2008Del Prette, Z. A.; Del Prette, A. (2008). Significância clínica e mudança confiável: A efetividade das intervenções em psicologia. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 24(4), 497-505. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-37722008000400013
https://doi.org/10.1590/S0102-3772200800...
).

A SC foi calculada utilizando o critério B, pois há escores da população funcional e, uma mudança clinicamente relevante será considerada quando o escore pós-intervenção coloca o indivíduo para dentro da distribuição da população funcional. Os autores do método defendem que esse é o critério mais confiável para estudos de intervenção, uma vez que os testes de significância estatísticos são limitados para a avaliação da eficácia de uma intervenção, visto que demonstram como o grupo todo reagiu ao tratamento, mas não revelam como foi o desempenho de cada sujeito durante a intervenção (Del Prette & Del Prette, 2008Del Prette, Z. A.; Del Prette, A. (2008). Significância clínica e mudança confiável: A efetividade das intervenções em psicologia. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 24(4), 497-505. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-37722008000400013
https://doi.org/10.1590/S0102-3772200800...
).

Para tratamento dos dados foi utilizado o software online - PSICOINFO (Villa, Aguiar & Del Prette, 2011Villa, M. B.; Aguiar, A. A. R.; Del Prette, Z. A. P. (2011). Psicoinfo: Software web gratuito e online para análise de dados de intervenções em saúde e educação. http://psicoinfo.ufscar.br/site
http://psicoinfo.ufscar.br/site...
).

RESULTADOS

Para esta análise do índice de mudança e significância clínica entre os desempenhos pré e pós-testagem dos grupos de sujeitos submetidos e não submetidos ao programa de intervenção, foram agrupados os sujeitos submetidos e não submetidos à intervenção dos grupos GIe e GIc, e GIIe e GIIc, pois, dessa forma, foi possível observar o desempenho da compreensão de leitura dos sujeitos desse estudo pré e pós-testagem. Dessa forma, os sujeitos serão apresentados de acordo com a descrição do Quadro 2.

Quadro 2
Divisão dos Sujeitos para Análise por Meio do Método JT.

A Tabela 1 apresenta o índice de mudança confiável e a significância clínica entre os desempenhos pré e pós-testagem do grupo de sujeitos submetidos e não submetidos ao programa de intervenção com baixo desempenho em compreensão de leitura em texto narrativo.

Tabela 1
Índice de Mudança Clínica e a Significância Clínica do GI Pré e Pós-intervenção em Textos Narrativos.

Os dados revelam que em relação ao índice de mudança confiável, os sujeitos S1, S3, S4, S5, S6, S7, S8, S10 e S12 apresentaram melhora, pois houve uma mudança positiva confiável. Dentre eles, os indivíduos S1, S3, S4, S5 e S6 fazem parte do GIe, enquanto os sujeitos S7, S8, S10 e S12 fazem parte do GIc, ou seja, apresentam melhora (mudança positiva confiável) sem ser atribuída à intervenção. Os sujeitos S2, S9, S11 não apresentaram melhora, pois houve ausência de mudança, sendo que o indivíduo S2 fazia parte do GIe, enquanto que S9 e S11 do GIc.

Quanto à significância clínica, os sujeitos S1, S3, S5, S6, S8 e S10 passaram para a população funcional com relação ao atributo que está sendo medido. Os sujeitos S1, S3, S5 e S6 fizeram parte do GIe, enquanto S8 e S10 fizeram parte do GIc.

A Tabela 2 apresenta a confiabilidade de mudança na significância clínica entre os desempenhos pré e pós-testagem do grupo de sujeitos submetidos e não submetidos ao programa de intervenção com baixo desempenho em compreensão de leitura em texto expositivo.

Tabela 2
Índice de Mudança Clínica e a Significância Clínica do GII Pré e Pós-intervenção em Textos Expositivos.

Com relação ao índice de mudança confiável, os sujeitos S1, S2, S3, S4, S5, S6, S7, S9, S11 e S14 apresentaram melhora, pois houve uma mudança positiva confiável. Desses, os sujeitos S1, S2, S3, S4, S5, S6 e S7 fizeram parte do GIIe, enquanto S9, S11 e S14 fizeram parte do GIIc. Os sujeitos S8, S10, S12, S13, S14 e S16 não apresentaram melhora, pois houve ausência de mudança, sendo que o primeiro fez parte do GIIe e os demais integraram o GIIc. Já o sujeito S15 do GIIc apresentou piora no desempenho de compreensão de leitura, ou seja, houve mudança negativa confiável.

Quanto à significância clínica, os sujeitos S2, S4, S5, S6 e S7 passaram para a população funcional com relação ao atributo que está sendo medido, estando todos dentro do GIIe. Os sujeitos S8 e S13 se encontravam inicialmente na população disfuncional e permaneceram nela, não acontecendo mudança no status clínico, enquanto S8 faz parte do GIIe e S13, do GIIc. Por fim, o indivíduo S15 passou da população funcional para a população disfuncional com relação ao atributo que está sendo medido. Dessa forma, houve mudança de status clínico de funcional para disfuncional.

Após a realização do estudo foi feita a análise de índice de mudança confiável entre os níveis do programa, a fim de detectar se algum nível poderia ser retirado do programa por alcançar o efeito teto. Dessa forma, os níveis do programa foram divididos em pares para análise por meio do Método JT, de modo que S1 é a análise do desempenho do nível 1 para o 2; S2 é do nível 2 para o 3; S3 é do nível 3 para o 4; S4 é do nível 4 para o 5 e, S5 é do nível 1 para o 5.

Para tanto, realizaram-se duas análises: a primeira, para verificar o índice de mudança e confiabilidade do programa para sujeitos com desempenho inferior em compreensão de leitura em texto narrativo (GIe), e a segunda, para verificar o índice de mudança e confiabilidade do programa para sujeitos com desempenho inferior em compreensão de leitura em texto expositivo (GIIe).

A análise da estrutura do programa foi realizada para ambos os grupos. Referente à dificuldade dos níveis do programa, apenas o GIe, composto por sujeitos com baixo desempenho em compreensão de leitura em texto narrativo que passaram por intervenção, mostrou que o desempenho dos sujeitos caiu do nível 3 para o nível 4, porém, o desempenho aumentou novamente do nível 4 para o nível 5, revelando que houve ausência de índice de mudança confiável, ou seja, o desempenho dos sujeitos se manteve, mesmo com uma dificuldade encontrada. Em relação à significância clínica, não ocorreu mudança no status clínico.

No que tange a confiabilidade de mudança do programa realizado pelo GIIe, composto por sujeitos com baixo desempenho em compreensão de leitura em texto expositivo que passaram por intervenção, apontou que o desempenho dos sujeitos se manteve ao mudar de nível, ou seja, houve ausência de índice de mudança confiável. Em relação à significância clínica, não ocorreu mudança no status clínico.

DISCUSSÃO

Os dados comparados com as literaturas nacional e internacional nos permitem considerar que os resultados da fase 1 deste estudo revelaram que ainda são escassos os estudos na literatura utilizando a Técnica de Cloze como intervenção com a compreensão de leitura em programas estruturados, principalmente com crianças em idade escolar (Keenan & Meenan, 2014Keenan, J. M.; Meenan, C. E. (2014). Test differences in diagnosing reading comprehension deficits. Journal of Learning Disabilities, 47(2), 125-35. https://doi.org/10.1177/0022219412439326
https://doi.org/10.1177/0022219412439326...
; Santos, 2004Santos, A. A. A. (2004). O Cloze como técnica de diagnóstico e remediação da compreensão em leitura. Interação em Psicologia, 8(2), 217-26. http://dx.doi.org/10.5380/psi.v8i2.3257
https://doi.org/10.5380/psi.v8i2.3257...
; Santos & Oliveira, 2010Santos, A. A. A.; Oliveira, E. Z. (2010). Avaliação e desenvolvimento da compreensão em leitura no ensino fundamental.Psico-USF, 15(1), 81-91. https://doi.org/10.1590/S1413-82712010000100009
https://doi.org/10.1590/S1413-8271201000...
; Machado & Capellini, 2016Machado, A. C; Capellini, S. A. (2016). Dados preliminares de um programa de intervenção para compreensão leitora por meio da técnica de Cloze. Rev Psicoped.; 33(101):144-153.).

O programa elaborado neste trabalho utilizou estratégias que também podem ser observadas em outros estudos (Joly & Piovezan, 2012Joly, M. C. R. A; Piovezan, N. (2012). Avaliação do Programa Informatizado de Leitura Estratégica para estudantes do ensino fundamental. Paidéia, 22(51), 83-90. https://doi.org/10.1590/S0103-863X2012000100010
https://doi.org/10.1590/S0103-863X201200...
; Santos, 2004Santos, A. A. A. (2004). O Cloze como técnica de diagnóstico e remediação da compreensão em leitura. Interação em Psicologia, 8(2), 217-26. http://dx.doi.org/10.5380/psi.v8i2.3257
https://doi.org/10.5380/psi.v8i2.3257...
; Santos & Oliveira, 2010Santos, B.; Capellini, S. A. (2020). Programa de remediação com a nomeação rápida e leitura para escolares com dislexia: elaboração e significância clínica.CoDAS,32(3).; Capellini & Donadon, 2012Capellini, S. A.; Donadon, G. (2012). PTF para Intervenção com a compreensão de leitura a partir do uso da técnica de cloze. In: Planos Terapêuticos Fonoaudiológicos (PTFs). Barueri (SP): Pró-Fono.; Machado & Capellini, 2016Machado, A. C; Capellini, S. A. (2016). Dados preliminares de um programa de intervenção para compreensão leitora por meio da técnica de Cloze. Rev Psicoped.; 33(101):144-153.), como utilizar as técnicas: lexical, múltipla escolha e limitado. Além disso, pode-se verificar que, exceto no estudo de Joly e Piovezan (2012Joly, M. C. R. A; Piovezan, N. (2012). Avaliação do Programa Informatizado de Leitura Estratégica para estudantes do ensino fundamental. Paidéia, 22(51), 83-90. https://doi.org/10.1590/S0103-863X2012000100010
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), os demais incluíram a Técnica de Cloze tradicional, estando isso em consonância com o programa elaborado. Por outro lado, outros estudos divergiram deste programa, como o uso de três alternativas para preenchimento das lacunas; informar a primeira letra da palavra na lacuna; e colocar tracejado com o número exato de letras (Joly & Piovezan, 2012Joly, M. C. R. A; Piovezan, N. (2012). Avaliação do Programa Informatizado de Leitura Estratégica para estudantes do ensino fundamental. Paidéia, 22(51), 83-90. https://doi.org/10.1590/S0103-863X2012000100010
https://doi.org/10.1590/S0103-863X201200...
; Santos, 2004Santos, A. A. A. (2004). O Cloze como técnica de diagnóstico e remediação da compreensão em leitura. Interação em Psicologia, 8(2), 217-26. http://dx.doi.org/10.5380/psi.v8i2.3257
https://doi.org/10.5380/psi.v8i2.3257...
; Santos & Oliveira, 2010Santos, A. A. A.; Oliveira, E. Z. (2010). Avaliação e desenvolvimento da compreensão em leitura no ensino fundamental.Psico-USF, 15(1), 81-91. https://doi.org/10.1590/S1413-82712010000100009
https://doi.org/10.1590/S1413-8271201000...
).

Foi possível verificar que o programa realizado por Santos e Oliveira (2010Santos, A. A. A.; Oliveira, E. Z. (2010). Avaliação e desenvolvimento da compreensão em leitura no ensino fundamental.Psico-USF, 15(1), 81-91. https://doi.org/10.1590/S1413-82712010000100009
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) não propôs repetição das estratégias e não apresentou resultado significativo no pós-treino. Os demais estudos, embora esclareçam que as pistas vão dificultando o preenchimento da lacuna e que existe uma hierarquia, não apresentam níveis estruturados.

Cunha e Capellini (2014Cunha, V. L. O.; Capellini, S. A. (2014). PROCOMLE - Protocolo de Avaliação da Compreensão de Leitura. 1 ed. Ribeirão Preto: Editora Booktoy.) relatam que a maior parte dos trabalhos científicos em compreensão de leitura se atém a textos narrativos e expositivos, devido à maior exposição a esses tipos de textos desde a infância e no processo educativo. No entanto, em relação aos textos utilizados nos programas de intervenção encontrados na literatura, observou-se que as investigações foram centradas nos textos narrativos, em sua grande maioria, diferente da presente pesquisa, em que foram utilizados textos narrativos e expositivos.

Nesse sentido, nenhum programa encontrado na literatura diferenciou o desempenho dos escolares em textos narrativos e expositivos, pois os trabalhos encontrados utilizaram na avaliação, tanto pré como pós-intervenção, na sua grande maioria, um único texto narrativo com a Técnica de Cloze. Dessa forma, o presente estudo se mostra pioneiro neste tipo de análise, que é tão importante, pois, como citado, a literatura também mostra que há diferença nos desempenhos dos escolares e dificuldades diferentes, a depender da estrutura do texto.

Uma pesquisa (Kida, Carvalho, & Ávila, 2012Kida, A.; Carvalho, C. A. F.; Ávila, C. R. B. (2012). Avaliação da compreensão nos diversos transtornos de leitura. In: S. A. Capellini; M. Sampaio; A. M. Oliveira (Eds.), Tópicos em Transtornos de Aprendizagem Parte II: Ênfase na perspectiva interdisciplinar (pp. 83-94). São José dos Campos: Pulso.) atentou-se ao cuidado ao selecionar textos para trabalhar a compreensão de leitura e considerar os fatores relacionados ao texto, como o gênero e decorrente estrutura textual, complexidade sintática, demanda exigida pelo número de inferências, coerência do assunto, entre outros. As autoras também colocaram a importância da instrução que é dada antes de oferecer o texto para preparar e motivar o leitor. Neste estudo todos esses aspectos foram levados em consideração ao estruturar e executar o programa. Já nos estudos encontrados na literatura foi possível verificar a preocupação com a instrução dada em todos os programas, porém, no que se refere ao cuidado ao selecionar diferentes gêneros textuais, este foi observado apenas no trabalho de Joly e Piovezan (2012Joly, M. C. R. A; Piovezan, N. (2012). Avaliação do Programa Informatizado de Leitura Estratégica para estudantes do ensino fundamental. Paidéia, 22(51), 83-90. https://doi.org/10.1590/S0103-863X2012000100010
https://doi.org/10.1590/S0103-863X201200...
).

Os resultados da fase 2 deste estudo evidenciaram que houve melhora na pós-testagem para 5 entre 6 sujeitos do GIe, uma vez que, desses sujeitos que apresentaram melhora, 4 obtiveram significância clínica, ou seja, a melhora foi clinicamente relevante e representou um impacto positivo na vida do sujeito, favorecendo a generalização. No entanto, um sujeito melhorou e não pôde ser atribuído ao programa. Já no GIc, 4 entre 6 sujeitos apresentaram melhora, sendo 2 sujeitos com significância clínica; dessa forma, pode-se hipotetizar que, como esses sujeitos não passaram pelo programa de intervenção, as estratégias pedagógicas utilizadas em sala de aula favoreceram o desenvolvimento da compreensão de leitura, mas não foram suficientes para os demais sujeitos do grupo controle.

Já no GIIe, observou-se que, na pós-testagem, 7 dos 8 sujeitos apresentaram melhora; desses sujeitos que apresentaram melhora, 5 obtiveram significância clínica, ou seja, a melhora foi clinicamente relevante e representou um impacto positivo na vida do sujeito, favorecendo a generalização. Por outro lado, no GIIc a melhora ocorreu para apenas 3 sujeitos, dos quais nenhum apresentou significância clínica, ou seja, essa melhora não foi relevante na vida do sujeito.

Diante dessas informações, fica evidente que o programa foi positivo para ambos os grupos; no entanto, para o GIIe, composto por escolares com dificuldade de compreensão de leitura em textos expositivos, o programa de intervenção elaborado foi mais efetivo, pois a grande maioria apresentou significância clínica, ao passo que o grupo controle não apresentou nenhuma significância clínica.

Utilizando o Método JT foi possível verificar melhora do desempenho de alguns sujeitos do GIc e do GIIc que não foram submetidos à intervenção, o que pode ser atribuído à situação ensino-aprendizagem vivenciada por esses sujeitos em âmbito escolar.

Nos resultados também foi possível observar um dado interessante referente ao GIIc. Nesse grupo houve um sujeito com mudança negativa confiável, ou seja, apresentou piora na compreensão de leitura, o que pode indicar que durante a realização da intervenção ocorreu um desvio de demanda cognitiva, evidenciando que esse escolar necessita de uma avaliação específica de aprendizagem, uma vez que tal comportamento pode estar associado a possível alteração mais específica de aprendizagem.

Foi possível ainda notar que para o GIe houve uma melhora considerável no nível macrotextual, tanto literal como inferencial, pois na pré-intervenção ocorreram 8 erros nas perguntas literais macrotextuais, enquanto na pós não ocorreu nenhum erro, ao passo que para perguntas inferenciais macrotextuais, de 8 erros na pré, passaram para 4 na pós-intervenção. Nas perguntas literais microtextuais o número de erros se manteve em 3 na pré e pós-intervenção; nas inferências microtextuais houve um comportamento reverso, pois ocorreram 4 erros na pré e 5 na pós-intervenção.

Já o GIIe apresentou um desempenho oposto do GIe, pois houve uma melhora significativa no nível microtextual, tanto literal como inferencial na pós-intervenção, de modo que, para 9 erros de perguntas literais microtextuais na pré, ocorreram 5 na pós-intervenção, e nas perguntas inferenciais microtextuais ocorreram 6 erros na pré e apenas 2 na pós-intervenção. Para as perguntas macrotextuais, houve uma melhora literal, pois 8 erros iniciais passaram para 7; no entanto, nas perguntas inferenciais macrotextuais, o número de erros se manteve em 7. Dessa forma, nos resultados encontramos que, para escolares com dificuldade em compreensão de leitura em texto expositivo, esse programa promoveu o desenvolvimento da compreensão de leitura no nível microtextual, o qual levou a uma significância clínica maior.

Diferentemente ao que Santos (2004Santos, A. A. A. (2004). O Cloze como técnica de diagnóstico e remediação da compreensão em leitura. Interação em Psicologia, 8(2), 217-26. http://dx.doi.org/10.5380/psi.v8i2.3257
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) e Suehiro e Boruchivith (2016Suehiro, A. C. B.; Boruchivith, E. (2016). Compreensão em Leitura em Estudantes do Terceiro e Quarto Ciclos do Ensino Fundamental.Psico-USF, 21(3), 561-572. https://doi.org/10.1590/1413-82712016210310
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) encontraram, neste trabalho observou-se que a porcentagem de erro aumentou em duas situações: no primeiro texto de cada nível, pois ao se depararem com uma estratégia diferente, os escolares cometeram muitas omissões; em textos com assuntos mais complexos e que continham léxico fora da vivência do escolar. Esse último dado corrobora com outros estudos que afirmam que a compreensão de leitura depende também de conhecimento de mundo - processo de alto nível (Kintsch, 1998Kintsch, W. (1998). Comprehension: A paradigm for cognition. New York: Cambridge University Press.; Nalom, Soares, & Carnio, 2015Nalom, A. F. O.; Soares, A. J. C.; Carnio, M. S. (2015). A relevância do vocabulário receptivo na compreensão leitora. CoDAS, 27(4), 333-8. http://dx.doi.org/10.1590/2317-1782/20152015016
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).

De acordo com os resultados aqui encontrados, muitos sujeitos dos grupos de estudos apresentaram significância clínica na pós-intervenção quando comparados aos grupos controles; sendo assim, de acordo com a literatura, a Técnica de Cloze é uma ferramenta importante para o desenvolvimento da compreensão de leitura (Nalom et al., 2015Nalom, A. F. O.; Soares, A. J. C.; Carnio, M. S. (2015). A relevância do vocabulário receptivo na compreensão leitora. CoDAS, 27(4), 333-8. http://dx.doi.org/10.1590/2317-1782/20152015016
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; Santos, 2004Santos, A. A. A. (2004). O Cloze como técnica de diagnóstico e remediação da compreensão em leitura. Interação em Psicologia, 8(2), 217-26. http://dx.doi.org/10.5380/psi.v8i2.3257
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; Machado & Capellini, 2016Machado, A. C; Capellini, S. A. (2016). Dados preliminares de um programa de intervenção para compreensão leitora por meio da técnica de Cloze. Rev Psicoped.; 33(101):144-153.).

Os resultados analisados utilizando o Método JT possibilitaram verificar a análise da eficácia do programa elaborado no que se refere à confiabilidade de mudança entre os níveis do referido programa, os quais se mostraram balanceados e não alcançaram o efeito teto. Para o GIe, houve uma queda no desempenho do nível três para o quatro; no entanto, o desempenho aumentou no nível seguinte. Sendo assim, mesmo com um grau a mais de dificuldade para esse grupo, a execução dos textos dentro do nível 4 promoveu aumento do desempenho no próximo nível. Para o GIIe, o desempenho se mostrou crescente de um nível para o outro.

Com base nos estudos encontrados na literatura foi possível elaborar um programa de intervenção para a compreensão de leitura com a Técnica de Cloze, estruturado em níveis com uma progressão no grau de dificuldade. O programa se mostrou eficaz, pois a melhora apresentou significância clínica, ou seja, foi clinicamente relevante e com impacto positivo na vida dos escolares. Além disso, a análise dos níveis do programa demonstrou que este está balanceado e sem efeito teto.

Posto isso, pode-se concluir que o programa elaborado se mostrou eficaz e com aplicabilidade, sendo demonstrado que pode ser utilizado para intervenção baseada em evidência científica que auxilie no desenvolvimento da compreensão de leitura de escolares com dificuldades de aprendizagem, principalmente para os que apresentam baixo desempenho em compreensão de leitura em texto expositivo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo alcançou outro ganho que foi a abertura para uma nova forma de intervenção dentro da sala de aula; todavia, coloca à tona o desafio da pesquisa de intervenção devido a inúmeras variáveis que ocorrem no percurso. Mediante os resultados reforça-se a Técnica de Cloze como um importante instrumento para o desenvolvimento da compreensão de leitura e que pode ser utilizado em grupos. Entretanto, considera-se que para uma conclusão mais robusta, há necessidade de que novos estudos sejam realizados com uma população maior e em outros anos escolares a fim de subsidiar esta análise amplificada. Além disso, aponta-se a necessidade de estudar o programa com a população do ensino público a fim de verificar alguma diferença de resultado.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    20 Out 2023
  • Data do Fascículo
    2023

Histórico

  • Recebido
    30 Set 2020
  • Aceito
    27 Out 2021
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