Acessibilidade / Reportar erro

Ensino-Aprendizagem Virtual

Virtual Teaching and Learning

Enseñanza-aprendizaje Virtual

RESENHA

Ensino-Aprendizagem Virtual

Virtual Teaching and Learning

Enseñanza-aprendizaje Virtual

Coll, C., & Monero, C. (Orgs.). (2008/2010). Psicologia da Educação Virtual: aprender e ensinar com as tecnologias da informação e da comunicação. (N. Freitas, Trad.; M. da R. Silva, Rev.). Porto Alegre: Artmed, 365 p.

Avanços científicos e tecnológicos estão cada vez mais presentes nas vidas das pessoas, inclusive na educação formal e informal. O livro aqui resenhado apresenta textos de diversos autores cujo eixo comum são o ensinar-aprender tendo por suporte as tecnologias da informação e da comunicação. Foi organizado por César Coll e Carlos Monero, o primeiro da Universidade de Barcelona e o segundo da Universidade Autônoma de Barcelona, os quais contaram com a colaboração de docentes de várias universidades espanholas.

A obra compreende uma apresentação e quatro partes, totalizando 17 capítulos. Face ao volume do texto e reiterações de vários subtemas, índices de autores e de conteúdo poderiam ser de grande valia para os leitores e usuários em releitura da matéria. A apresentação foi redigida pelos organizadores, que pretenderam apresentar, para os leitores de espanhol, um alentado trabalho sintetizando conhecimentos na área que consideram carente na bibliografia na referida língua. Seus autores diferem nas concepções subjacentes em relação a muitos textos. Empenham-se na rejeição a qualquer tipo de reducionismo e buscam uma teoria com perspectiva multidisciplinar. A Psicologia da Educação é vista como um processo de mudança comportamental, ensino-aprendizagem constituem uma unidade indivisível e consideraram tanto o teórico como o tecnológico e o prático.

A Parte I trata do impacto das Tecnologias da Informação e da Comunicação (TIC) na área educacional, compreendendo 3 capítulos, sendo o primeiro da lavra dos organizadores, que apresentam um novo paradigma para as práticas sociais e educacionais. Destacam a influência das novas ferramentas, cenários, redes e crescente necessidade de alfabetização digital. No final deste e dos demais capítulos, o leitor encontra um glossário útil e referências especiais para obras que apresentam recursos para o ensino aprendizagem. A preocupação dos autores do capítulo seguinte (Lalueza, Crespo e Camps) é com os processos de desenvolvimento e socialização. Para uso efetivo das TIC, é necessário manter o caráter lúdico, dificuldades progressivas, objetivos claros, incentivos para a tarefa, cuidar da autoestima, da individualização (ritmo pessoal) e da simbologia. No capítulo 3, Coll, Mauri e Onrubia tratam da incorporação das TIC na educação, suas vantagens e desavantagens, as dificuldades e os modelos distintos para inserção, o que constitui ainda um desafio.

A Parte II traz um olhar construtivista sobre os fatores e processos psicológicos envolvidos na aprendizagem virtual e começa com o capítulo assinado por Monereo e Pozo, que tecem considerações iniciais sobre as mudanças de geração e mudanças culturais em rápida aceleração, com as consequentes mudanças cognitivas (metáforas, novas categorias, potencialidade intelectual, ampliação de funções e internalização de mundos e ferramentas simbólicas). O capítulo seguinte enfoca o perfil, as condições e as competências esperadas do professor para atuar em ambientes virtuais garantindo eficiência, apresentando vários modelos. Respondem pelo capítulo Mauri e Onrubia. O sexto capítulo é da autoria de Ellera, que apresenta os conteúdos virtuais, códigos e linguagens, organização espacial e temporal (linear, hierárquica, hipertextual, mista) e novas tendências.

A terceira parte trata mais especificamente do ensino-aprendizagem caracterizando novos avanços. O capítulo 7 é de autoria de Barbera e Rochera e trata dos materiais autossuficientes e da aprendizagem autodirigida: descreve sucintamente as perspectivas comportamental, cognitiva e construtivista. No capítulo seguinte, Monereo e Romero tratam da simulação (emulação) de sistemas cognitivos pela informática, cujos antecedentes remontam ao começo dos anos setenta com a concepção computador-homem, passando pelos sistemas de tutoramento inteligente (ITS) até a "nova" inteligência artificial. Isso implica no contínuo: aprender com computadores (meio de comunicar e gerenciar a informação), aprender dos computadores (determinados conteúdos), ensinar aos computadores (auxiliar personalizado), até o computador como aprendiz autônomo (redes) com perspectivas ainda em indagações. Coll, Mauri e Onrubia dão continuação ao assunto (capítulo 9) focando os ambientes virtuais na aprendizagem de solução de problemas analisando alguns casos distintos, muitos originários da proposta deweyiana de aprender fazendo, na busca de soluções. Considerando a relevância do trabalho em grupo, foi introduzido um capítulo sobre o uso dos recursos do ambiente virtual. Foi redigido por Onruda, Colomina e Engel, que descrevem alguns programas online de aprendizagem colaborativa (Computer-Supported Collaborative Learning - CSCL).

A representação visual do conhecimento tem um potencial muito grande no processo de aprendizagem e retenção e o assunto aparece no capítulo 11, tratado por Coll, Engel e Bustos, que caracterizam os vários tipos que facilitam a compreensão e o seu impacto. Apresentam, ainda, ferramentas de acesso livre e as que apresentam custos. O penúltimo capítulo da parte leva a assinatura de Adell, Bellver e Bellver. Enfocam os padrões de e-learning nos ambientes virtuais. Além de conceituar aspectos essenciais e os vários padrões, relembram a existência de entidades especificadoras (World Wide Web Consortium-W3C, Aviation Industry CBT - Computer-Based Training-Committer, IMS Global Learning Consortium) e entidades que desenvolvem modelos e que sancionam padrões (Institute of Electrical and Electronics Engineers, ISO//EC-International Organization for Standartization/International Electrotechnical Commission). O último capítulo desta parte (capítulo 13) trata das comunidades virtuais de aprendizagem. Os autores Coll, Bustos e Engel caracterizam comunidades de prática e de aprendizagem, destacando, no último caso, as de sala de aula e as institucionais. Descrevem alguns modelos, as condições e os recursos necessários para as comunidades educacionais virtuais funcionarem bem.

A parte final do livro compreende quatro capítulos que consideram as competências básicas para o ensino-aprendizagem em um ambiente virtual. No capítulo 14, Coll e Illera conceituam alfabetização retomando o conceito da UNESCO, vendo a alfabetização digital como capacidade de compreender, produzir e difundir documentos multimídia, que engloba diversas dimensões que ocorrem no contexto da cultura digital. Enfocam ainda as questões curriculares sobre a matéria. No capítulo 15, Badia e Monereo tratam da evolução das mudanças tecnológicas e da incorporação das mesmas no ensino-aprendizagem, com destaque para a autorregulação em vários ambientes e o ensino de estratégias de aprendizagem. Apresentam várias possibilidades de integração no currículo e de uso em sala de aula, bem como fora dela. Em seguida (capítulo 16), Illera e Roig tratam das competências comunicacionais em ambientes virtuais. Também descrevem as competências associadas e as necessárias para usar produtivamente a comunicação colaborativa. Linhas emergentes estão usando nova tecnologia e novos espaços. O último capítulo foi elaborado por Monereo e Fuentes. Tratam do ensino-aprendizagem de estratégias de busca e seleção de informações recorrendo aos ambientes virtuais, hoje uma questão de sobrevivência em várias atividades profissionais. Apresentam sucintamente as buscas centradas em documentos e nos processos psicológicos de quem busca a informação. Descrevem alguns comportamentos relevantes e a busca de um modelo educacional quando a busca é por produto, quando é parte dos processos de pesquisa ou procura especializada. Também descrevem o percurso da busca, custos e vantagens.

O livro é muito cuidadoso na parte conceitual e na descrição dos aspectos tecnológicos, na composição gráfica e organização, mas não são apresentadas evidências científicas de eficiência, problemas, satisfação, motivação, ritmo, retenção e outros aspectos relevantes quando são enfocados os dois principais personagens: docente e aluno. As bibliografias referidas são atualizadas. É obra de grande utilidade para as pessoas que estão envolvidas direta e indiretamente com o ensino em situação virtual.

Recebido em: 01/12/2010

Aprovado em: 06/09/2011

Geraldina Porto Witter (gwitter@uol.com.br)

Dra. em Ciências, livre-docente em Psicologia Escolar; Professora Emérita da UFPa, do UNIPÊ e da UNICASTELO, Coordenadora Geral da Pós-Graduação Stricto Sensu e do Comitê de Ética em Pesquisa da UNICASTELO e Membro da Academia Paulista de Psicologia.

Contato

Av. Pedroso de Moraes, 144, apto 302 - Pinheiros

CEP 05420-000 - São Paulo, SP

Tel.: 3032-1968/4796-5156.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    02 Mar 2012
  • Data do Fascículo
    Dez 2011
Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional (ABRAPEE) Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional (ABRAPEE), Rua Mirassol, 46 - Vila Mariana , CEP 04044-010 São Paulo - SP - Brasil , Fone/Fax (11) 96900-6678 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: revista@abrapee.psc.br