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VOLUNTARIADO MADURO PARA JOVENS NO MUNDO DOS POBRES: LUGAR HISTÓRICO-PASTORAL-TEOLOGAL

Mature Volunteering for Young People in the World of the Poor: a Historicalpastoral-theological Place

RESUMO

Objetiva-se correlacionar a compreensão de voluntariado para jovens no Documento 85 da CNBB, Evangelização da juventude: desafios e perspectivas pastorais (2007), com os princípios do método teológico de Jon Sobrino do “mundo dos pobres como lugar histórico-pastoral e como lugar histórico-teologal”. No referido Documento, o voluntariado apresenta-se como pista da ação evangelizadora da juventude (n. 174) e da pedagogia de formação de jovens, na qual a experiência tenha prioridade sobre a teoria (n. 146-149). Ele se contrapõe à desintegração e à desvinculação entre, de um lado, protagonismo e participação sociais (n. 10-50) e, de outro, conhecimento de Jesus Cristo e confissão de fé cristã, pessoal e comunitária (n. 51-92). Desde os princípios do método teológico sobriniano, o voluntariado maduro, como forma solidária de participação social para jovens no mundo dos pobres, é lugar histórico-pastoral e lugar histórico-teologal. A incubatio do itinerário pessoal-eclesial-social-teologal do método teológico sobriniano se inscreve no desafio pastoral de repensar eclesial-social-teologicamente o voluntariado para jovens.

PALAVRAS-CHAVE
Voluntariado maduro; Jovens; Jon Sobrino; Histórico-pastoral; Histórico-teologal

ABSTRACT

The aim is to correlate the understanding of volunteering for young people in the document 85 of the CNBB “Evangelization of the youth: Challenges and pastoral perspectives” (2007) with the principles of Jon Sobrino’s theological method of the “World of the Poor as a historical-pastoral space and as a historical-theological space”. In this document, the volunteering is presented as a clue for the evangelizing action of young people (n. 174) and for the pedagogy of youth formation, in which experience takes priority over theory (n. 146-149). It opposes disintegration and disconnection between, on the one hand, social protagonism and participation (n. 10-50) and, on the other, knowledge of Jesus Christ confession of Christian faith, both personal and communal (n. 51-92). Based on the principles of the Sobrinian theological method, mature volunteering, as a form of social participation in solidarity for young people in the world of the poor is a historical-pastoral place and a historical-theological place. The incubatio of the personal-ecclesial-social-theological itinerary of the Sobrinian theological method is part of the pastoral challenge of ecclesial-social-theological rethinking of volunteering for young people.

KEYWORDS
Mature volunteers; Young people; Jon Sobrino; Historical-pastoral; Historical-theological

Introdução

Em 2007, a CNBB publicou o Documento 85 Evangelização da juventude: desafios e perspectivas pastorais. Nele, o voluntariado é referido como uma das pistas da ação evangelizadora (n. 174) e de formação integral da juventude (n. 146-149). Segundo consta no Documento, o voluntariado poder-se-ia contrapor à desintegração e à desvinculação entre protagonismo e participação sociais (n. 10-50) e confissão de fé cristã, pessoal e comunitária (n. 51-92). Trata-se, sem mais, de uma ação evangelizadora, cuja finalidade é desenvolver um itinerário formativo que atraia os jovens e os envolva, que propicie o encontro dos jovens com o Senhor e os leve ao amadurecimento na fé (n. 142) e ao sentimento de pertença à comunidade de fé (n. 72). Trata-se, sem justificativa, de uma pedagogia de formação, que os motive a envolver-se com questões que dizem respeito a toda a sociedade, como economia, política e meio ambiente, ou seja, questões que são desafios sociais de nosso tempo (n. 83). O voluntariado incorpora-se, então, a linhas de ação orgânica nas quais seja contemplada uma catequese nem ocasional nem inoperante, mas permanente, integral, bíblica, litúrgica, comunitária e de compromisso apostólico de serviço aos demais. Ora, que tipo de experiências significativas de voluntariado superaria hiatos presentes na catequese juvenil entre fé experienciada (pessoal), fé professada (eclesial) e fé vivida (social) (n. 142, 149, 177)?

Essa abordagem visa a cotejar a compreensão de voluntariado para jovens no referido Documento (1), alargando-a desde o fenômeno social do voluntariado em contextos de exclusão social (GARCÍA ROCA, 1994GARCÍA ROCA, J. Solidaridad y voluntariado. Maliaño: Sal Terrae, 1994. (Colección Presencia Social, 12).; 1999GARCÍA ROCA, J. La larga marcha del voluntariado. Intervención Psicosocial, Madrid, n. 1, v. 8, p. 15-30, 1999.; 2004GARCÍA ROCA, J. Políticas y programas de participación social. Madrid: Síntesis, 2004.) (2), com o método teológico de J. Sobrino (1988SOBRINO, J. Teología en un mundo sufriente. La Teología de la liberación como “intellectus amoris”. Revista Latinoamericana de Teología, El Salvador, n. 15, p. 243-266, sept./dic. 1988.; 1989SOBRINO, J. Como fazer Teologia. Proposta metodológica a partir da realidade salvadorenha e latino-americana. Perspectiva teológica, Belo Horizonte, v. 21, n. 55, p. 285-303, set./dez. 1989.; 1994aSOBRINO, J. Jesucristo liberador: lectura histórico-teológica de Jesús de Nazaret. Mexico: CRT; Universidad Iberoamericana, 1994a. (Colección Teología, 8).; 1994bSOBRINO, J. O principio misericórdia: descer da cruz os povos crucificados. Petrópolis: Vozes, 1994b.; 1999SOBRINO, J. La fe en Jesucristo: ensayo desde las victimas. San Salvador: UCA, 1999. (Teología latinoamericana, 24).; 2008)SOBRINO, J. Jesús de Galilea desde el contexto salvadoreño. Compasión, esperanza y seguimiento a luz de la cruz. Revista Latinoamericana de Teología, El Salvador, n. 75, p. 313-333, sept./dic. 2008. (3), a partir do qual o voluntariado maduro no mundo dos pobres seria tanto histórico-pastoral como lugar histórico-teologal (4).

1 Voluntariado para jovens em contextos de exclusão social

O voluntariado é um fenômeno sócio-histórico que faz referência a instituições historicamente vinculadas a ações sociais e a pessoas atuantes como impulsoras de iniciativas sociais, desde uma consciência solidária e com vistas à transformação do tecido social. Trata-se de um caminho de crescimento pessoal e de transformação social (ARANGUREN GONZALO, 2011ARANGUREN GONZALO, L. A. Humanización y voluntariado. Madrid: PPC, 2011., p. 84); contudo, o uso da categoria “voluntariado” é recente (SANTABÁRBARA, 2009SANTABÁRBARA, L. G.-C. El clamor de los excluidos: reflexiones cristianas ineludibles sobre los ricos y los pobres. Santander: Sal Terrae, 2009., p. 195)1 1 INSTITUTO BRASILEIRO DE INFORMAÇÃO EM CIÊNCIA E TECONOLOGIA. Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações. Brasília: IBICT, 2003. Disponível em: http://bdtd.ibict.br/vufind/. Acesso em: 09 maio 2022. , aparecendo como uma das pistas de ação evangelizadora, como práxis da iniciação cristã, como ação social solidária ou socioeducacional da juventude, com a finalidade de sobrepujar as dicotomias entre ortodoxia e ortopraxis, experiência de vida e formulação da fé, vivência atual e dados da Escritura e da Tradição, convicções firmes e ação corajosa, experiência vital e estudo sério e sistemático da mensagem de Cristo, processo de iniciação cristã e caminhada de uma comunidade concreta (CNBB, 2017CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL. Iniciação à vida cristã: itinerário para formar discípulos missionários. 2. ed. Brasília: CNBB, 2017. (Documentos da CNBB, 107)., n. 113). Com o propósito de alcançar essa finalidade, o voluntariado, em todas as suas vertentes, estabelece estreita ligação com o “princípio metodológico de interação fé e vida” – nomeado também como “princípio de interpelação” e “princípio de interação entre fé e vida” (GS, n. 43; EN, n. 20; EG n. 176-258).

1.1 Documento 85: voluntariado para jovens como ação evangelizadora da juventude

Com o Documento 85, objetivaram-se “ser um instrumento para a evangelização da juventude” (CNBB, 2007CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL. Evangelização da Juventude: desafios e perspectivas pastorais. São Paulo: Paulinas, 2007. (Documentos da CNBB, 85)., n. 9) e “oferecer propostas evangelizadoras às realidades locais de modo provocador, na busca de novos caminhos, em um diálogo franco e construtivo com a cultura pós-moderna” (n. 9). Ser cristão significa conhecer Jesus Cristo, ser convidado por Ele a ser discípulo, unir-se lado a lado a outros que O encontraram e fizeram opção por Ele, trabalhar juntos pelo Reino e por uma nova sociedade (n. 52, 57); contudo, o encontro com Jesus Cristo, que está presente na Escritura, na ação litúrgica, na comunidade reunida e nos mais necessitados, não é algo abstrato (CNBB, 2007CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL. Evangelização da Juventude: desafios e perspectivas pastorais. São Paulo: Paulinas, 2007. (Documentos da CNBB, 85)., n. 64; DP, n. 1188). Nele implica-se concretamente a possibilidade de seguimento de Jesus Cristo, de inserção na comunidade de seus seguidores e de construção de uma sociedade solidária (CNBB, 2007CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL. Evangelização da Juventude: desafios e perspectivas pastorais. São Paulo: Paulinas, 2007. (Documentos da CNBB, 85)., n. 3, 7-8, 53-85). Ademais, no Documento, destacam-se, de um lado, “a responsabilidade e a seriedade com que muitos jovens católicos, animados pela fé, têm abraçado a dimensão de serviço, seja no cuidado aos mais pobres, seja na atuação em movimentos e em organizações sociais com vistas à construção de uma sociedade mais justa e solidária” (n. 48)2 2 DSD, n. 112. ; reconhece-se, de outro lado, a dificuldade/o desafio de interação entre a evangelização da juventude, que insere os jovens simultaneamente no conhecimento e seguimento de Jesus Cristo, na sociedade e na Igreja (n. 49), e a dimensão política e social da fé como elemento constitutivo da vida cristã (n. 83, 177). Para a CNBB, falta mais aprofundamento da Doutrina Social da Igreja (n. 238), o que Borgheti chamou de “exiguidade de utopia social” (BORGHETI, 2010BORGHETI, R. da S. A juventude como opção preferencial: análise histórica do Magistério eclesial brasileiro. Revista de Pastoral da ANEC, Brasília, v. 2, n. 1, p. 11-25, jul./dez. 2010., p. 22).

Diante isso, oferecem-se pistas de ações evangelizadoras em que sejam contemplados o anúncio de Jesus Cristo, a adesão a Ele e à comunidade e a transformação social (CNBB, 2007CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL. Evangelização da Juventude: desafios e perspectivas pastorais. São Paulo: Paulinas, 2007. (Documentos da CNBB, 85)., n. 8, 238). O voluntariado apresenta-se, sem justificativa, como uma das pistas da ação evangelizadora da juventude (n. 174) e aparece, assim, como uma das pistas da “pedagogia de formação”, que se poderá contrapor à desintegração e à desvinculação entre, de uma parte, o protagonismo e a participação sociais (n. 10-50) e entre, de outra parte, a confissão de fé cristã, pessoal e comunitária (n. 51-92).

Trata-se, sem mais, de ação evangelizadora, cuja finalidade é desenvolver um itinerário formativo que atraia os jovens e os envolva, propiciando o encontro com o Senhor e amadurecendo-os na fé (CNBB, 2007CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL. Evangelização da Juventude: desafios e perspectivas pastorais. São Paulo: Paulinas, 2007. (Documentos da CNBB, 85)., n. 142), e permitindo que se sintam membros eleitos da comunidade de fé (n. 72), e não meros coadjuvantes intra ecclesia e extra ecclesia (MOTA, 2009MOTA, G. L. Um olhar pastoral ao documento da CNBB sobre os jovens: evangelização da juventude – desafios e perspectivas pastorais. Pistis & Praxis, Curitiba, v. 1, n. 1, p. 231-242, jan./jun. 2009., p. 236). Além do mais, pressupõe-se como ação evangelizadora que os motive a se envolverem com questões sociais diversas, tais como economia e política, entre outras (CNBB, 2007CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL. Evangelização da Juventude: desafios e perspectivas pastorais. São Paulo: Paulinas, 2007. (Documentos da CNBB, 85)., n. 83). Para tal, salientam-se a prioridade da experiência de evangelização sobre a teoria e o “princípio metodológico da interação entre fé e vida” (n. 146-149), pedagógico, processual e consciente (MOTA, 2009MOTA, G. L. Um olhar pastoral ao documento da CNBB sobre os jovens: evangelização da juventude – desafios e perspectivas pastorais. Pistis & Praxis, Curitiba, v. 1, n. 1, p. 231-242, jan./jun. 2009., p. 238-242).

Conforme o Documento, cujo escopo é oferecer pistas para formar jovens, três eixos devem ser contemplados – nesta ordem – na evangelização por meio do voluntariado (CNBB, 2007, n. 53-85): o conhecimento e o seguimento de Jesus Cristo (n. 53-66); a inserção na comunidade dos seguidores de Jesus (n. 67-81); a construção de uma sociedade solidária (n. 82-85). O voluntariado é, portanto, tido como implementação de ação evangelizadora, na qual haja interação não pontual, mas de progressiva assimilação, entre fé e vida cristãs.

Ademais do Documento 85, a designação do “voluntariado” como uma das pistas de ação do “princípio metodológico da interação entre fé e vida” encontra-se em “O seguimento de Jesus Cristo e a ação evangelizadora no âmbito universitário” (CNBB, 2013CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL. O seguimento de Jesus Cristo e a ação evangelizadora no âmbito universitário. Brasília: CNBB, 2013. (Estudos da CNBB, 102).) e em “Iniciação à vida cristã: itinerário para formar discípulos missionários” (CNBB, 2017CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL. Iniciação à vida cristã: itinerário para formar discípulos missionários. 2. ed. Brasília: CNBB, 2017. (Documentos da CNBB, 107).).

1.2 Voluntariado como ação evangelizadora e como práxis de iniciação à vida cristã

No Estudo 102 (CNBB, 2013CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL. O seguimento de Jesus Cristo e a ação evangelizadora no âmbito universitário. Brasília: CNBB, 2013. (Estudos da CNBB, 102).)3 3 CNBB, 1988; 1992; ECE, n. 49. , ações de voluntariado ou trabalhos voluntários, entendidos como ação social solidária ou socioeducacional, denominam-se como uma das pistas para um trabalho de pastoral universitária (2013, n. 63). Dentre os objetivos (n. 8), a finalidade de tal ação pastoral é, sobremaneira, influenciar a vida universitária (n. 8), interligar estudo acadêmico e atividades para-acadêmicas, integrando fé e vida (ECE, n. 38). Assim, articular-se-iam pesquisa, ensino e extensão (CNBB, 1988CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL. Evangelização e pastoral da universidade. São Paulo: Paulinas, 1988. (Estudos da CNBB, 56)., n. 122-124, 222-250, 278-291), (com) espiritualidade, reflexão-formação, ação social solidária ou socioeducacional (CNBB, 2013CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL. O seguimento de Jesus Cristo e a ação evangelizadora no âmbito universitário. Brasília: CNBB, 2013. (Estudos da CNBB, 102)., n. 45-63; 1992, n. 19). Tais ações denotam, portanto, não ser algo per si (CNBB, 2011); de maneira oposta, isso conduziria a um narcisismo do voluntariado e a uma inserção acrítica (ARANGUREN GONZALO, 2011ARANGUREN GONZALO, L. A. Humanización y voluntariado. Madrid: PPC, 2011., p. 19, 12).

Nota-se que há um esforço para que se verifiquem a uma ampliação tanto do âmbito da pesquisa, do ensino e da extensão para os problemas concretos da sociedade, assim como a uma compreensão da experiência de fé cristã no âmbito universitário reduzida, por vezes, à dimensão pessoal e eclesial da fé. Deseja-se que tal compreensão alcance, de mais a mais, a dimensão espiritual, formativa e social da fé (CNBB, 2013CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL. O seguimento de Jesus Cristo e a ação evangelizadora no âmbito universitário. Brasília: CNBB, 2013. (Estudos da CNBB, 102)., n. 8, 46, 58; ECE, n. 49). Tal esforço torna-se relevante quando se percebem hiatos entre o sistema educacional (pesquisa, ensino e extensão) e realidade social (ARANGUREN GONZALO, 2011ARANGUREN GONZALO, L. A. Humanización y voluntariado. Madrid: PPC, 2011., p. 121) e entre fé e razão, fé e ciência, fé e cultura.

A compreensão da fé, no ambiente universitário, implica, concomitantemente, espiritualidade, reflexão-formação universitária, ação solidária e luta pelo bem comum (CNBB, 2013CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL. O seguimento de Jesus Cristo e a ação evangelizadora no âmbito universitário. Brasília: CNBB, 2013. (Estudos da CNBB, 102)., n. 61-62; ECE, n. 39), preferencialmente pelos pobres e pelos que sofrem injustiças econômicas, sociais, culturais e religiosas (ECE, n. 40). O compromisso social da universidade é um imperativo (CNBB, 1988CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL. Evangelização e pastoral da universidade. São Paulo: Paulinas, 1988. (Estudos da CNBB, 56)., n. 142; DP, n. 1062). Por isso, no processo formativo universitário, é importante que qualquer experiência pastoral proponha engajamento social, ações de voluntariado e comprometimento pela construção de uma sociedade mais justa e mais humana (CNBB, 2013CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL. O seguimento de Jesus Cristo e a ação evangelizadora no âmbito universitário. Brasília: CNBB, 2013. (Estudos da CNBB, 102)., n. 61).

A ação social solidária, que se dá pelo voluntariado, é uma forma de caridade (CNBB, 2013CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL. O seguimento de Jesus Cristo e a ação evangelizadora no âmbito universitário. Brasília: CNBB, 2013. (Estudos da CNBB, 102)., n. 61), visto que o sentido visceral de caridade cristã nem é associado ao mero assistencialismo (ÁVILA, 1991ÁVILA, F. B. de. Pequena enciclopédia de Doutrina social da Igreja. São Paulo: Loyola, 1991., p. 34) nem está igualmente vinculado à falta de compromisso político (ARANGUREN GONZALO, 2011ARANGUREN GONZALO, L. A. Humanización y voluntariado. Madrid: PPC, 2011., p. 191-193; CNBB, 2013, n. 61; CV, n. 269). A ação solidária não é, do mesmo modo, reduzida a gestos caritativos, nem destituída de implicações políticas (LS, n. 128; CV, n. 269). Nesse caso, falsificar-se-ia o conceito de caridade cristã com a amputação da realidade social; antes, assumem-se formas do seguimento de Jesus Cristo e, em vista da promoção da justiça social, de implicações éticas, sociais e políticas (CNBB, 2013CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL. O seguimento de Jesus Cristo e a ação evangelizadora no âmbito universitário. Brasília: CNBB, 2013. (Estudos da CNBB, 102)., n. 61-62). Enfim, ações de voluntariado são formas de caridade cristã, sob as quais se podem coadunar, no ambiente universitário, estudo acadêmico, atividades para-acadêmicas e atividades acadêmicas de extensão, integrando, à luz da fé cristã, vida, cultura e fé (CNBB, 1992CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL. Educação, Igreja e Sociedade. 2. ed. São Paulo: Paulinas, 1992. (Documentos da CNBB, 47)., n. 98; ECE, n. 58), e, consoante a isso, podem-se formar profissionais que vivam a alegria do encontro com Jesus Cristo e sejam promotores de um mundo justo, fraterno, solidário e ecológico (CNBB, 1992CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL. Educação, Igreja e Sociedade. 2. ed. São Paulo: Paulinas, 1992. (Documentos da CNBB, 47)., n. 98, 112; 2013, n. 6, 8, 61-62).

No Documento 107 (CNBB, 2017CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL. Iniciação à vida cristã: itinerário para formar discípulos missionários. 2. ed. Brasília: CNBB, 2017. (Documentos da CNBB, 107).), cujos objetivos são revisar o processo de transmissão da fé cristã e construir novo paradigma pastoral de transmissão como projeto de vida (CNBB, 2017CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL. Iniciação à vida cristã: itinerário para formar discípulos missionários. 2. ed. Brasília: CNBB, 2017. (Documentos da CNBB, 107)., n. 1-10, 134), o voluntariado missionário realizado por adolescentes e jovens é uma das indicações práticas propostas para a iniciação à vida cristã (CNBB, 2017, n. 157, 188). Ele propiciaria “uma experiência de doação de si aos que mais precisam, ao mesmo tempo em que despertaria maior sensibilidade para a justiça e a paz” (n. 208), ultrapassaria a sensibilização e o entretenimento, oportunizaria o crescimento espiritual, educaria para a responsabilidade pessoal e social, para a ética nas relações humanas, profissionais, afetivas e sexuais e para a orientação vocacional (CNBB, 2017CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL. Iniciação à vida cristã: itinerário para formar discípulos missionários. 2. ed. Brasília: CNBB, 2017. (Documentos da CNBB, 107)., n. 208). Tal voluntariado é um dos modos de aprender da história e da realidade, discerni-las pastoral-teologalmente, promover a interação entre a fé em Cristo e a vida concreta pessoal, eclesial e social (CNBB, 2017CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL. Iniciação à vida cristã: itinerário para formar discípulos missionários. 2. ed. Brasília: CNBB, 2017. (Documentos da CNBB, 107)., n. 206), inserir-se eclesial-socialmente no mundo como cristão.

Os Sacramentos de iniciação cristã, ora vistos de modo fragmentados, desconexos e independentes (CNBB, 2017CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL. Iniciação à vida cristã: itinerário para formar discípulos missionários. 2. ed. Brasília: CNBB, 2017. (Documentos da CNBB, 107)., n. 44, 123-133, 144), ora desligados da vida comunitária, da pastoral de conjunto e do compromisso sociotransformador (n. 53) e da Doutrina Social da Igreja (CNBB, 2017CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL. Iniciação à vida cristã: itinerário para formar discípulos missionários. 2. ed. Brasília: CNBB, 2017. (Documentos da CNBB, 107)., n. 188), ora identificados excessivamente com o catecismo, como algo noético, nocional, conceitual, de instrução intelectiva, ensino da doutrina, ora colocados como tarefa passageira, precisam integrar-se entre si e com a vida cotidiana tanto ad intra ecclesiae quanto ad extra ecclesiae (RICA, 2011RITUAL DA INICIAÇÃO CRISTÃ DE ADULTOS. 7. ed. São Paulo: Paulus, 2011., n. 2-6, 14-40). Toda a vivência eclesial-social cristã é fruto da iniciação ao mistério do Cristo, confessado pessoal e eclesialmente e professado dia após dia, em situações concretas (AQUINO JÚNIOR, 2019AQUINO JÚNIOR, F. de. Teologia em saída para as periferias. São Paulo: Paulinas; Recife: UNICAP, 2019. (Kairós)., p. 207-211; CNBB, 2017CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL. Iniciação à vida cristã: itinerário para formar discípulos missionários. 2. ed. Brasília: CNBB, 2017. (Documentos da CNBB, 107)., n. 75-76).

A iniciação à vida cristã refere-se à adesão a Jesus Cristo, desencadeante de um caminho, no qual se dá o encontro com Ele (CNBB, 2017CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL. Evangelização da Juventude: desafios e perspectivas pastorais. São Paulo: Paulinas, 2007. (Documentos da CNBB, 85)., n. 145). Ainda que, no Documento, se leia ser “preciso redescobrir a liturgia [dentre outros] como lugar privilegiado de encontro com Jesus Cristo” (n. 74), assinala-se que há uma urgência de modalidade operativa (n. 69) e de novo processo de iniciação à vida cristã (51-54) não reduzidos à realização de tempos e etapas, de esquemas rígidos e uniformes, de itinerários e rubricas (n. 57), não reduzidos ao anúncio da Palavra (Escritura), à celebração eucarística (liturgia), à vida eclesial (comunidade); ao contrário, a iniciação ao seguimento in actu de Jesus Cristo deve conduzir, ademais, a atitudes concretas e a testemunhos transformadores de estruturas desumanizantes e injustas (CNBB, 2017CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL. Iniciação à vida cristã: itinerário para formar discípulos missionários. 2. ed. Brasília: CNBB, 2017. (Documentos da CNBB, 107)., n. 68; RICA, 2011RITUAL DA INICIAÇÃO CRISTÃ DE ADULTOS. 7. ed. São Paulo: Paulus, 2011., p. 19-27). Assim, propõem-se iniciação à vida cristã e formação contínua com inspiração catecumenal (CNBB, 2017, n. 70-104). Nesse itinerário de acolhida do mistério de Deus, a pessoa precisa ser iniciada a ser “neófito permanente” (n. 99, 136), por meio de experiências (n. 79) e de itinerários catequéticos adaptados às várias idades (n. 121) que a toquem profundamente e a impulsionem à sua conversão progressiva e contínua (n. 79), à participação na comunidade eclesial e ao engajamento na transformação social (n. 110).

Resulta que diversos textos indicam, sem mais, o voluntariado como um dos indicativos pastorais para a urgência de repensar a ação evangelizadora e a inserção em contextos tanto juvenis universitários como iniciáticos-cristãos. (1) Que tipo de experiências de voluntariado compendiaria, de modo tempestivo e gradual, catequese permanente, de inspiração bíblica (Lc 10, 25-37; DCE, n. 26-29), litúrgica (DCE, n. 26-29; DD, n. 3-6), de compromisso apostólico de serviços aos demais (CNBB, 2011CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL. Diretrizes gerais da ação evangelizadora da Igreja do Brasil 2011-2015. Brasília: CNBB, 2011. (Documentos da CNBB, 94)., n. 85-120; ChL, n. 2; RMi, n. 85; CA, n. 51; PDV, n. 40; DCE, n. 26-29; CV, n. 170), que se manifesta, sobretudo, no amor fraterno (CV, n. 163), na diakonia (DCE, n. 26-29) e na construção do bem comum e da amizade social (CV, n. 183)?; (2) Que tipo de experiências de voluntariado poderia, assim, levar os jovens ao encontro pessoal com Jesus Cristo (Mt 25,31-46) e a seu seguimento (CNBB, 2017CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL. Iniciação à vida cristã: itinerário para formar discípulos missionários. 2. ed. Brasília: CNBB, 2017. (Documentos da CNBB, 107).; CV, n. 177), no qual se engendram, discernidamente, projeto de vida cristã e participação eclesial-social (CNBB, 2007CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL. Evangelização da Juventude: desafios e perspectivas pastorais. São Paulo: Paulinas, 2007. (Documentos da CNBB, 85)., n. 94; DAp, n. 294; PDV, n. 40), superação da assimetria estrutural entre fé teologal cristã e cotidiano (CNBB, 2007CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL. Evangelização da Juventude: desafios e perspectivas pastorais. São Paulo: Paulinas, 2007. (Documentos da CNBB, 85)., n. 142, 149, 177; 2009, n. 112-113) e configuração progressiva entre vida e profissão de fé cristã (CNBB, 2007CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL. Evangelização da Juventude: desafios e perspectivas pastorais. São Paulo: Paulinas, 2007. (Documentos da CNBB, 85)., n. 94; ChL, n. 2)?; (3) Que tipo de experiências de voluntariado inseriria, enfim, os jovens em um itinerário contínuo, histórico-escatológico, de interação entre a vivência atual da fé cristã e o dado da Escritura e da Tradição viva da Igreja (CNBB, 2007CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL. Evangelização da Juventude: desafios e perspectivas pastorais. São Paulo: Paulinas, 2007. (Documentos da CNBB, 85)., n. 142, 149, 177), de modo a ressignificar as ideias de caridade e de assistencialismo, integrando-as, à luz do seguimento de Jesus Cristo e da centralidade do Reino de Deus, à cultura da cidadania, da participação e da solidariedade sociais?

Nossa hipótese é a de que, em um voluntariado em situações de vulnerabilidade e exclusão social como tipo de inserção social cristã para jovens (2), lido a partir do método teológico de J. Sobrino (3) como lugar histórico-pastoral e lugar histórico-teologal (4), interligar-se-iam conhecimento e seguimento de Jesus Cristo, engajamento eclesial e ação social cidadã e solidária cristãos e reflexão histórico-pastoral-teologal (CNBB, 2007CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL. Evangelização da Juventude: desafios e perspectivas pastorais. São Paulo: Paulinas, 2007. (Documentos da CNBB, 85)., n. 94; 2009, n. 112-113; 2017).

2 O fenômeno social do voluntariado em contextos de exclusão social

O fenômeno social do voluntariado, em contextos de exclusão social, faz referência a instituições historicamente vinculadas à ação social, que atuam como impulsoras de iniciativas sociais, desde uma consciência solidária a uma transformação do tecido social. Esse fenômeno resultou de processos histórico-políticos, construções jurídicas e aspectos culturais. Ele desdobra-se em práticas individuais, em organizações de solidariedade e em movimentos sociais e domicilia-se em cenários do Estado, do mercado e dos mundos vitais (GARCÍA ROCA, 1992GARCÍA ROCA, J. Publico y privado en la acción social: del Estado de Bienestar al Estado social. Madrid: Editorial Popular, 1992. (Trabajo social. Política social).; 2002GARCÍA ROCA, J. O voluntariado na sociedade do bem-estar. Intervenção Social, Lisboa, n. 25-26, p. 85-100, 2002.; ZAMAGNI, 2014ZAMAGNI, S. Don gratuito y vida económica. Corintios XIII, Madrid, n. 151-152, p. 98-125, jul./dic. 2014., p. 121-122). A insuficiência da política, do direito e da economia para a constituição do bem comum e a falta de garantia de direitos e da participação social inclusiva reclamam a constituição de espaços sociais de relações pessoais e solidárias, que sobrepujem a lógica administradora do poder político, a lógica reguladora da lei e do mercado do dinheiro. Torna-se um voluntariado maduro, que se compreende como exercício de cidadania ativa, de participação e de solidariedade (2.1) e como operatividade do dom assistencial, preventivo e promocional (2.2).

2.1 Voluntariado maduro: exercício da cidadania ativa, participação social e solidariedade

O voluntariado maduro constitui-se de aquisições da cidadania ativa, de participação social e solidariedade (GARCÍA ROCA, 1994GARCÍA ROCA, J. Solidaridad y voluntariado. Maliaño: Sal Terrae, 1994. (Colección Presencia Social, 12)., p. 60-62; 1999, p. 16; 2004, p. 15-17; 2007, p. 23-28).

Como exercício de cidadania civil, o voluntariado alude à constituição existencial do indivíduo adulto e à participação ativa livre, não coercitiva, como uma realidade individual e autônoma; como exercício da cidadania política, alude à política da vida cotidiana, à consciência de governabilidade, ao direito de participação em assuntos que lhe afetam, em movimentos, em organizações, em associações de defesa e de promoções sociais; finalmente, como exercício da cidadania social, alude ao reconhecimento de direitos juridicamente reconhecidos, estendendo-os às esferas social, econômica e cultural, postulando benefícios para grupos humanos mais frágeis e excluídos em níveis pessoal, local e global. Esse voluntariado, como exercício de cidadania ativa responde ao exercício da liberdade de ser cidadão, assume sua responsabilidade e participa na construção de uma sociedade inclusiva e cooperativa (BRAVO TISNER, 2011BRAVO TISNER, A. Notas para una teología del voluntariado. Corintios XIII, Madrid, n. 139, p. 126-139, jul./sept. 2011., p. 135-137).

O voluntariado constitui-se, ademais da cidadania ativa (civil, política, social), de participação social. A etimologia da palavra “participação” sugere dois significados fundamentais: “ser parte de” e “tomar parte numa ação” (CAMPO SÁNCHEZ, 1996CAMPO SÁNCHEZ, C. Metodología y voluntariado. Documentación Social, n. 104, p. 149-165, jul./sept. 1996., p. 157-158; RENES AYALA; LÓPEZ SALAS, 2011RENES AYALA, R.; LÓPEZ SALAS, E. Globalización y voluntariado: construir una sociedad desde los valores del voluntariado. Documentación Social, Madrid, n. 160, p. 71-89, enero/marzo 2011., p. 83). “Ser parte de” denota alguém, vinculação a algo, pertença a um grupo (GARCÍA ROCA, 2004GARCÍA ROCA, J. Políticas y programas de participación social. Madrid: Síntesis, 2004., p. 67). Assim, “ser parte de” evidencia uma realidade constitutiva do ser humano, que é prévia à sua vontade e que lhe outorga pertença. Trata-se do húmus que liga o ser humano a uma família, a uma comunidade e a uma cultura. Por seu turno, “tomar parte numa ação” remete à liberdade, à singularidade e à criação. Trata-se das responsabilidades assumidas. Se, de um lado, não se podem eleger os pais (perspectiva genética e histórica), de outro lado, porém, podem-se eleger amigos, igrejas, partidos políticos. Podem-se, enfim, eleger entre opções, de modo que “tomar parte numa ação” é um elemento da vontade que se ativa de forma deliberada. Refere-se à incorporação ativa em uma ação mediante decisões voluntárias: “pôr vontade à ação, e ação à vontade” (GARCÍA ROCA, 1994GARCÍA ROCA, J. Solidaridad y voluntariado. Maliaño: Sal Terrae, 1994. (Colección Presencia Social, 12)., p. 50). Segundo García Roca, “a participação significa intervir nos processos econômicos, sociais, culturais e políticos que afetam suas vidas. Participar converte-se, desse modo, em coparticipar e em consentir. É um elemento da vontade que se ativa de forma deliberada e autônoma” (2004, p. 67). A simbiose de ambas as dimensões, “ser parte de” e “tomar parte numa ação”, conforma a identidade pessoal e coletiva de participação: pertencer (fazer parte) comporta colaborar (tomar parte). Ambas constituem a participação: toma-se parte enquanto se é partícipe.

Ademais do exercício de cidadania e de participação social, o voluntariado forma-se, de resto, pela solidariedade (GARCÍA ROCA, 1994GARCÍA ROCA, J. Solidaridad y voluntariado. Maliaño: Sal Terrae, 1994. (Colección Presencia Social, 12)., p. 62-65; 1999GARCÍA ROCA, J. La larga marcha del voluntariado. Intervención Psicosocial, Madrid, n. 1, v. 8, p. 15-30, 1999., p. 17; 2004GARCÍA ROCA, J. Políticas y programas de participación social. Madrid: Síntesis, 2004., p. 18-22; 2007GARCÍA ROCA, J. Educación para la ciudadanía. Barcelona: Cristianismi i Justicia, 2007., p. 26-28). Para García Roca, solidariedade é um modo de ser e de compreender-se como ser humano, um dinamismo de dar e receber, um movimento de ida e de volta. Nesse sentido, três atributos da solidariedade avolumam-se à fisionomia do voluntariado como exercício de cidadania ativa (civil, política, social) e como exercício de participação social (dignidade social; de sentido pessoal; de sociabilidade local, regional, global; de uma sociedade inclusiva como mundo possível): o da compaixão; o do reconhecimento; o da universalização. Esses atributos geram simultânea e relacionalmente três modalidades de voluntariado (GARCÍA ROCA, 1994GARCÍA ROCA, J. Solidaridad y voluntariado. Maliaño: Sal Terrae, 1994. (Colección Presencia Social, 12)., p. 62-65; 2004GARCÍA ROCA, J. Políticas y programas de participación social. Madrid: Síntesis, 2004., p. 133-134, 152; LAGUNA, 2011LAGUNA, J. Hacerse cargo, cargar y encargarse de la realidad. Hoja de ruta samaritana para otro mundo posible. Barcelona: Cristianisme i Justícia, 2011.), ou um modo de ação guiada pela operatividade social do dom (DOMINGO MORATALLA, 2013DOMINGO MORATALLA, A. El arte de cuidar: atender, dialogar y responder. Madrid: Rialp, 2013.; 2014DOMINGO MORATALLA, A. Democracia y caridad: horizontes éticos para la donación e la responsabilidad. Miliaño: Sal Terrae, 2014., p. 129-159; MADRID, 2001MADRID, A. La institución del voluntariado. Madrid: Trotta, 2001.): o assistencial (contexto individual), o de reabilitação ou preventivo (contexto imediato, local, comunitário), o de promoção da organização social (contexto estrutural).

2.2 Voluntariado maduro: operatividade do dom assistencial, preventivo e promocional

O voluntariado assistencial refere-se ao desenvolvimento de mediações para manter vivo o sujeito, reduzir riscos imediatos, atender a necessidades iminentes, erradicar sem demora situações de miséria. Ainda que o próprio Bento XVI tenha afirmado que o imperativo cristão de amor ao próximo não pode se dissolver em uma organização assistencial comum (DCE, n. 31), pode haver, no voluntariado assistencial, uma tendência ou tentação a reduzir a opção ou o serviço da caridade à sua dimensão assistencial: “visitar doentes, idosos e encarcerados; distribuir alimentos e roupas; socorrer pessoas em suas necessidades imediatas e cotidianas etc. Sem dúvida, isso é necessário e é evangélico. Mas nem suficiente nem esgota o serviço da caridade ou a opção pelos pobres” (AQUINO JÚNIOR, 2019AQUINO JÚNIOR, F. de. Teologia em saída para as periferias. São Paulo: Paulinas; Recife: UNICAP, 2019. (Kairós)., p. 214). De um lado, deve-se fazer o possível para colocar à disposição os correlativos meios para as necessidades imediatas; de outro lado, não devem limitar-se a executar a ação conveniente às necessidades imediatas.

O voluntariado reabilitativo ou preventivo trata de desenvolver mediações para ativar a autonomia pessoal, potencializar a autodependência, recuperar faculdades inertes, superar/ultrapassar o assistencialismo, exceder a solidariedade imediata. É impensável o voluntariado sem a participação ativa dos assistidos e sem a promoção da autonomia reivindicativa e cidadã (FALCÓN, 1997FALCÓN, E. Dimensiones políticas del voluntariado: de la promoción al cambio de estructuras. Cristianisme i Justícia, Barcelona, n. 79, p. 1-20, oct. 1997., p. 13). A autonomia pessoal é dadora de autossuficiência, de autorrealização e de responsabilidade social (GARCÍA ROCA, 2004GARCÍA ROCA, J. Políticas y programas de participación social. Madrid: Síntesis, 2004., p. 89): orienta-se a favorecer a satisfação de necessidades vitais (autossuficiência); orienta-se a satisfazer e a expandir as próprias aspirações e os desejos (autorrealização). Boas ações ativam as capacidades das pessoas, avivam consciência, vontade, imaginação, sensibilidade, criatividade, confiança, organização, ajuda mútua (GARCÍA ROCA, 1994GARCÍA ROCA, J. Solidaridad y voluntariado. Maliaño: Sal Terrae, 1994. (Colección Presencia Social, 12)., p. 51). Postula-se pela expansão de suas potencialidades humanas para o bem próprio e dos outros, por meio da qual a pessoa autorrealiza-se, torna-se sujeito de colaboração e responsável por seu entorno. A intervenção social promove a responsabilidade, por exemplo, com respeito à família, à comunidade e aos cidadãos, e desenvolve o compromisso ético. O voluntariado reabilitativo assinala, enfim, a finalidade e o horizonte da intervenção social de ser promotora de dignidade pessoal e contextual.

O voluntariado de promoção da organização social trata de desenvolver mediações para evitar a exclusão social, prevenir processos de criação, conservação e reprodução de marginalização e para remover simultaneamente mecanismos subjetivos, contextuais e de organização e de regulamentação estruturais do sofrimento humano: costumes, mentalidades, regras, normas, leis e instituições (econômicas, familiares, sexuais, sociais, educativas, religiosas, políticas, jurídicas, coercitivas). Mediante isso, o voluntariado assistencial atenta-se à dimensão humana da necessidade inclusiva imediata. Não se trata, porém, nem de ação benéfica sem consciência crítica, nem de ajuda assistencial sem conquistas de direitos. O voluntariado de reabilitação/preventivo aplica-se à dimensão individual da necessidade de integralidade dos direitos humanos, não se referindo, todavia, à filantropia contextual sem vontade de transformação estrutural. O voluntariado de promoção empenha-se, enfim, na transformação da dimensão estrutural da necessidade de organização social cooperante. Há, portanto, a passagem da caridade assistencial para a caridade social e para a caridade política – “amor solidário” (EG, n. 189), “amor social” (FT, n. 180-182; SÁENZ DE NAVARRETE, 2010SÁENZ DE NAVARRETE, J. I. C. Hacia un nuevo modelo social. El empeño humano de la caridad cristiana. Corintios XIII, Madrid, n. 133, p. 168-194, enero/marzo 2010., p. 177). O voluntariado educa, portanto, para a solidariedade (DCE, n. 30), para o amor operativo (DiM, n. 3).

Esse voluntariado maduro compendia-se, então, de elementos de cidadania ativa (civil, política, social), do exercício de participação social (dignidade social; de sentido pessoal; de sociabilidade local, regional, global; de uma sociedade inclusiva como mundo possível) e da cultura da solidariedade (compaixão, reconhecimento, universalização).

A criação desses espaços de voluntariado em contextos de vulnerabilidade social é de mesma origem da ação voluntária: ela contribui para o bem-estar da comunidade e para a qualidade de vida dos demais; empenha-se para modificar e erradicar as causas da necessidade e da marginalização sociais (RENES AYALA, 1989RENES AYALA, V. El voluntariado: solidaridad y participación en la sociedad dual. Sal Terrae, Santander, v. 77, n. 6, p. 435-448, jun. 1989., p. 435-448); envida-se para reduzir a fragilidade das pessoas, para amortizar a vulnerabilidade dos contextos de exclusão e para promover uma sociedade convivencial e humana, uma cultura da cidadania, da participação e da solidariedade (GARCÍA ROCA, 1994GARCÍA ROCA, J. Solidaridad y voluntariado. Maliaño: Sal Terrae, 1994. (Colección Presencia Social, 12).; 2004GARCÍA ROCA, J. Políticas y programas de participación social. Madrid: Síntesis, 2004.). Como sujeito social, ora como indivíduo, ora como movimento cidadão e pessoa jurídica (GARCÍA ROCA, 2002GOURGUES, M. As parábolas de Jesus em Marcos e Mateus: das origens à atualidade. São Paulo: Loyola, 2004. (Bíblica Loyola, 39)., p. 85-86; 2011GONZÁLEZ FAUS, J. I. Proyecto de hermano. Visión creyente del hombre. Santander: Sal Terrae, 1987. (Colección Presencia Teologica, 40)., p. 79-97), o voluntariado gera relações e interações dignas, cria vínculos sociais, recria o processo de solidariedade por assistência, por reabilitação e por promoção, ativa a cooperação entre cidadãos como modo de realizar-se com e para os demais, promove a amizade social. Lido desde o método teológico de J. Sobrino (3), torna-se voluntariado maduro no mundo dos pobres como lugar histórico-pastoral e histórico-teologal (4).

3 Mundo dos pobres como realidade histórico-pastoral e histórico-teologal

J. Sobrino defende que a realidade histórica do mundo dos pobres concerne a uma realidade histórico-pastoral e histórico-teologal (GS, n. 4, 11; SOBRINO, 1995SOBRINO, J. La teología y el “principio liberación”. Revista Latinoamericana de Teología, El Salvador, n. 35, p. 115-140, mayo/agosto 1995., p. 120-121; SUSIN, 2000SUSIN, L. C. (Org.). O mar se abriu: trinta anos de teologia na América Latina. São Paulo: Loyola, 2000., p. 169). Ela irrompe para o cristão como ubi categorial, lugar concreto enquanto geográfico-espacial, e como quid (SOBRINO, 1988SOBRINO, J. Teología en un mundo sufriente. La Teología de la liberación como “intellectus amoris”. Revista Latinoamericana de Teología, El Salvador, n. 15, p. 243-266, sept./dic. 1988., p. 243; 1994aSOBRINO, J. Jesucristo liberador: lectura histórico-teológica de Jesús de Nazaret. Mexico: CRT; Universidad Iberoamericana, 1994a. (Colección Teología, 8)., p. 38-40), realidade substancial, na qual o quefazer teológico deixa-se afetar, dá que pensar, deixa-se questionar-se, capacita a pensar, deixa-se mover-se, ensina a pensar (1988SOBRINO, J. Teología en un mundo sufriente. La Teología de la liberación como “intellectus amoris”. Revista Latinoamericana de Teología, El Salvador, n. 15, p. 243-266, sept./dic. 1988., p. 243; 1994aSOBRINO, J. Jesucristo liberador: lectura histórico-teológica de Jesús de Nazaret. Mexico: CRT; Universidad Iberoamericana, 1994a. (Colección Teología, 8)., p. 44-48).

3.1 Realidade histórico-pastoral e histórico-teologal em J. Sobrino

Para J. Sobrino, na realidade histórico-pastoral do mundo dos pobres, evidenciam-se “acontecimentos, exigências e desejos (...) o mundo em que vivemos, suas esperanças, suas aspirações e o viés dramático que com frequência os caracteriza” (GS, n. 4). São acontecimentos que caracterizam uma época, exigências e aspirações do tempo presente, logo, realidades históricas; portanto, seu discernimento é necessário e indispensável, uma vez que disso depende o exercício relevante de serviço eclesial no mundo atual. A finalidade do discernimento é pastoral. Nessa mesma realidade, evidenciam-se “sinais verdadeiros da presença ou dos planos de Deus” (GS, n. 11; SOBRINO, 1989SOBRINO, J. Como fazer Teologia. Proposta metodológica a partir da realidade salvadorenha e latino-americana. Perspectiva teológica, Belo Horizonte, v. 21, n. 55, p. 285-303, set./dez. 1989., p. 286), ou seja, referem-se a realidades históricas que se demonstram, então, como mediação ou da presença ou dos planos de Deus no hoje da história (SOBRINO, 1994aSOBRINO, J. Jesucristo liberador: lectura histórico-teológica de Jesús de Nazaret. Mexico: CRT; Universidad Iberoamericana, 1994a. (Colección Teología, 8)., p. 35), a que ele designa realidade histórico-teologal do mundo dos pobres. Segundo J. Sobrino, “evidentemente isso não quer dizer que a teologia ignore a palavra de Deus do passado ou lhe dê menos valor. Trata-se antes de compreender a ambas, interpretando circularmente uma a partir da outra” (1989, p. 287). Isso “significa que a teologia deve estar ativamente aberta à possibilidade de que Deus fale no presente, a que a própria Palavra de Deus atualize as virtualidades de sua palavra já revelada, a que – se o conteúdo de sua palavra fosse substancialmente o mesmo – seja Deus quem o volte a repetir” (1989, p. 287). Para nosso autor, o mundo dos pobres o é por sua massividade e por sua base escriturística. O quefazer teológico sobriniano leva a sério, eclesial-social e biblicamente4 4 Diz-se eclesial-socialmente, porque “encontra sua justificação teológica nas afirmações do magistério episcopal em Medellín e Puebla e no ‘sensus fidelium’ de boa parte do povo de Deus” (SOBRINO, 1989, p. 289). Levar a sério eclesial-socialmente traduziu-se no sentir com e na Igreja a opção preferencial pelos pobres. Diz-se biblicamente, “em primeiro lugar, porque esse sinal dos tempos não contradiz a revelação de Deus na Escritura; pelo contrário, a potencializa e ajuda a encontrar eficazmente nos momentos fundantes da revelação (Êxodo e Lc 4, 18) um sinal semelhante por meio do qual Deus (e seu Filho) se manifestam” (1989, p. 289). , o mundo dos pobres e dos empobrecidos, como lugar eclesial-social dos seguidores de Jesus Cristo (acepção histórico-pastoral) e como lugar da manifestação ou da presença ou dos planos de Deus (acepção histórico-teologal) (SOBRINO, 1994aSOBRINO, J. Jesucristo liberador: lectura histórico-teológica de Jesús de Nazaret. Mexico: CRT; Universidad Iberoamericana, 1994a. (Colección Teología, 8)., p. 16; VIGIL, 2007VIGIL, J. M. (Org.). Descer da cruz os pobres: cristologia da libertação. São Paulo: Paulinas, 2007., p. 298-299)5 5 Nota-se que o quefazer teológico sobriniano rejeita tanto reduzir a explicação da revelação de Deus ao passado (Teologia dos textos) sem confrontar-se com a revelação de Deus enquanto Deus no presente (Teologia dos testemunhos), como discernir a manifestação atual de Deus sem deixar-se verificar pelas fontes escriturísticas, pela Tradição eclesial e pelo Magistério pontifício. O presente é tanto o lugar de compreensão do já dado e transmitido como o lugar onde o dado dá, em reserva, mais de si. De fato, o quefazer teológico sobriniano compagina a realidade histórica e realidade teologal, na qual se crê que Deus e Cristo fazem-se historicamente presentes (SOBRINO, 1994a). .

O estar frente a frente com a realidade histórico-pastoral do mundo dos pobres e dos empobrecidos fez o jesuíta teólogo reagir, movido pela misericórdia, à irrupção de uma realidade histórico-teologal de sofrimento (SOBRINO, 1986SOBRINO, J. La centralidad del “reino de Dios” en la teología de la liberación. RLAT, El Salvador, n. 9, p. 247-281, sept./dic. 1986., p. 253), fê-lo reler suas causas e assumi-la, configurou seu modo de seguir a Jesus Cristo, convergiu sua reflexão teológico-cristã, precisou continuamente seus conteúdos. Sua tarefa de cristão teólogo tornou-se a de “levar a sério tanto a revelação e fé cristãs como a situação histórica, de modo que ambas iluminam-se e potenciam-se mutuamente” (1989, p. 285), a de “captar essa realidade [sinal dos tempos] como Palavra atual de Deus, de cotejar dialeticamente a atual realidade com a revelação de Deus no presente e com que afirmam a respeito a Escritura, a Tradição e o Magistério eclesial” (1989, p. 290-291) e a de configurar-se ao redor dessa Palavra; a de “elevar a conceito teológico a realidade atual no que esta tem de manifestação de Deus e de resposta e correspondência na fé a essa manifestação” (1989, p. 289). Enquanto intelecção de uma práxis de misericórdia primordial e enquanto anúncio testemunhal do eu-aggelion diante de um mundo sofredor, o quefazer teológico sobriniano “não se concebe como algo absolutamente autônomo com respeito à tarefa fundamental humano-cristã” (1989, p. 293); ao contrário, sua intelecção está, pessoal e eclesialmente, a serviço da misericórdia em um mundo sofredor.

Para o teólogo espanhol, trata-se da incumbência humana e cristã de debelar o sofrimento, causado pelo pecado em seu aspecto objetivo e em seu aspecto subjetivo (ERNESTO VALIENTE, 2013ERNESTO VALIENTE, O. From Conflict to Reconciliation: Discipleship in the Theology of Jon Sobrino. Theological Studies, Milwaukee, v. 74, n. 3, p. 655-682, sept. 2013., p. 668-673), e propiciar vida e fraternidade (SOBRINO, 1988SOBRINO, J. Teología en un mundo sufriente. La Teología de la liberación como “intellectus amoris”. Revista Latinoamericana de Teología, El Salvador, n. 15, p. 243-266, sept./dic. 1988., p. 258-259; 1995SOBRINO, J. La teología y el “principio liberación”. Revista Latinoamericana de Teología, El Salvador, n. 35, p. 115-140, mayo/agosto 1995., p. 127). Esse modo de responder e corresponder na fé é propelido pela misericórdia cristã, “entendida como reação do sujeito ante o sofrimento alheio pelo mero fato de que exista tal sofrimento” (1989, p. 291), como algo primeiro e último, à maneira da realidade misericordiosa do Pai (Lc 15, 11-32), de Jesus Cristo (Mc 10, 36-42) e do ser humano cabal (Lc 10, 25-37). Dessa forma, o múnus do teólogo é o múnus do cristão: seguir e prosseguir a vida de Jesus Cristo. Dessa forma, o quefazer teológico do cristão tornou-se exercício de misericórdia cristã no mundo dos pobres como lugar histórico-pastoral e lugar histórico-teologal.

3.2 O mundo dos pobres como lugar histórico-pastoral e histórico-teologal

O mundo dos pobres e do testemunho dos seguidores in actu de Jesus Cristo e a misteriosa presença do Filho neles (Mt 25,31-46) e do Pai (Jo 14,7-9) irromperam para J. Sobrino (2011a, p. 45-67)SOBRINO, J. Recuperar y poner a producir a Jesús de Nazaret y su cruz en un mundo de pobres y oprimidos. Revista Latinoamericana de Teología, El Salvador, n. 82, p. 45-67, enero/abr. 2011.. Segundo ele, “para os crentes, a irrupção significou, historicamente, (1) chegar a tomar consciência de um Jesus com contornos específicos, (2) permanecer imbuídos de um espírito semelhante ao seu e (3) permanecer configurados pela disposição para uma práxis de acordo com Jesus” (SOBRINO, 2011aSOBRINO, J. Ser cristão hoje. Concilium, Petrópolis, v. 2, n. 340, p. 87-104, 2011., p. 49).

De um lado, essa irrupção o despertara, conforme ele mesmo relatou em tom autobiográfico (SOBRINO, 1992, p. 11-28; 2011b, p. 87-104; SUSIN, 2000SUSIN, L. C. (Org.). O mar se abriu: trinta anos de teologia na América Latina. São Paulo: Loyola, 2000., p. 153-170), do sono de inumanidade para nova compreensão acerca da realidade histórica, eclesial, social e teologal do ser humano, dos seguidores in actu de Jesus e do mistério intratrinitário (SOBRINO, 1981SOBRINO, J. Resurrección de la verdadera Iglesia: los pobres, lugar teológico de la Eclesiología. Santander: Sal Terrae, 1981.. p. 173; 1986SOBRINO, J. La centralidad del “reino de Dios” en la teología de la liberación. RLAT, El Salvador, n. 9, p. 247-281, sept./dic. 1986., p. 247-281); de outro lado, tal irrupção reconfigurou o caráter cognoscitivo, ético e práxico de seu ser cristão teólogo (SOBRINO, 1986SOBRINO, J. La centralidad del “reino de Dios” en la teología de la liberación. RLAT, El Salvador, n. 9, p. 247-281, sept./dic. 1986., p. 242-274; 1988SOBRINO, J. Teología en un mundo sufriente. La Teología de la liberación como “intellectus amoris”. Revista Latinoamericana de Teología, El Salvador, n. 15, p. 243-266, sept./dic. 1988., p. 258).

Desde sobredita realidade dos materialmente pobres (acepção econômica), dos dialeticamente pobres, empobrecidos e oprimidos (acepção sociológica), dos consciente, ética e espiritualmente pobres (acepção histórico-cristã), dos prediletos de Deus e nos quais Cristo faz-se presente (acepção histórico-teologal), pôde inteligir, à maneira responsorial, ética, práxica e agradecidamente seu ser cristão teólogo, assumindo, como Jesus Cristo, tal realidade profunda (dimensão ética; princípio-realidade), responsabilizando-se, como Jesus Cristo, por ela (dimensão práxica; princípio-jesuânico), deixando-se, como Jesus Cristo, carregar por ela (dimensão de uma inteligência agradecida; princípio-reciprocidade de dons) (SOBRINO, 2008SOBRINO, J. Jesús de Galilea desde el contexto salvadoreño. Compasión, esperanza y seguimiento a luz de la cruz. Revista Latinoamericana de Teología, El Salvador, n. 75, p. 313-333, sept./dic. 2008., p. 323-327). O fundamental dessa irrupção evangélico-eclesial consistiu no fato de que sua reconhecida tarefa teológica como chamado e resposta (projeto de vida) afigurou-se como intellectus fidei-misericordiae, cuja finalidade é prosseguir a vida de Jesus Cristo, enquanto cristão teólogo, desde um mundo sofredor (SOBRINO, 1998SOBRINO, J. “Luz que penetra en las almas”. Espíritu de Dios y seguimiento lúcido de Jesús. Sal Terrae: Revista de Teología Pastoral, Santander, v. 88, n. 1008, p. 3-15, enero 1998., p. 3-15), praticando a justiça, amando a bondade, caminhando com Deus, descendo os pobres da cruz (Mq 6,8; SOBRINO, 1986SOBRINO, J. La centralidad del “reino de Dios” en la teología de la liberación. RLAT, El Salvador, n. 9, p. 247-281, sept./dic. 1986., p. 74-75; 1994bSOBRINO, J. O principio misericórdia: descer da cruz os povos crucificados. Petrópolis: Vozes, 1994b., p. 27-28).

Tal mundo é um dos lugares históricos de revelação de Jesus Cristo, pois, de um lado, sua vida, missão, destino e ressurreição evidenciam sua parcialidade pelos pobres e, de outro lado, Jesus é o sacramento histórico da opção de Deus pelos pobres, sua máxima historicização (Fl 2, 5-11; ELLACURIA, SOBRINO, 1990ELLACURIA, I.; SOBRINO, J. Mysterium liberationis: conceptos fundamentales de la Teología de la liberación. Madrid: Trotta, 1990. 2 t., p. 461, t. 2). Com isso, a realidade histórica do mundo dos pobres ganha radical ultimidade, histórica e teologal (SOBRINO, 1988SOBRINO, J. Teología en un mundo sufriente. La Teología de la liberación como “intellectus amoris”. Revista Latinoamericana de Teología, El Salvador, n. 15, p. 243-266, sept./dic. 1988., p. 248; 1995SOBRINO, J. La teología y el “principio liberación”. Revista Latinoamericana de Teología, El Salvador, n. 35, p. 115-140, mayo/agosto 1995., p. 121; 2004SOBRINO, J. Cartas a Ellacuría: 1989-2004. El Salvador: CMR, 2004., p. 73). A correlação transcendental entre revelação de Deus e clamor dos pobres (correlação bíblico-revelatório e histórico-atual entre Deus e os pobres), histórica, acontecida de forma definitiva e irrevogável em Jesus Cristo, transmitida pela Tradição eclesial, interpretada pelo Magistério eclesial (DP, n. 31-39), refere-se tanto ao passado como ao presente (Is 52,13 – 53,12; ELLACURÍA, 2000ELLACURÍA, I. Escritos teológicos. El Salvador: UCA, 2000. 2 t., p. 137-170, t. 1; SOBRINO, 1994aSOBRINO, J. Jesucristo liberador: lectura histórico-teológica de Jesús de Nazaret. Mexico: CRT; Universidad Iberoamericana, 1994a. (Colección Teología, 8)., p. 19-32; 2007SOBRINO, J. El Jesús histórico nos llama al discipulado en América Latina y el Caribe. Theologica Xaveriana, Bogotá, v. 57, n. 161, p. 127-157, enero/marzo 2007., p. 132-156).

Dado nosso objetivo de correlacionar a compreensão de voluntariado para jovens no Documento 85 da CNBB (2007)CONSELHO EPISCOPAL LATINO AMERICANO. Documento de Aparecida. Texto conclusivo da V Conferência geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe. Brasília: CNBB; São Paulo: Paulus, Paulinas, 2007. com os princípios do método sobriniano “o mundo dos pobres como lugar histórico-pastoral e histórico-teologal”, o voluntariado maduro para jovens no mundo dos pobres torna-se dom histórico-teologal e tarefa histórico-pastoral6 6 Para aprofundar os princípios do método sobriniano, ver SEVERINO, E. R. Voluntariado para jovens no documento 85 da CNBB: uma abordagem eclesial-social-teologal a partir dos princípios do método teológico de Jon Sobrino. Orientador: Prof. Dr. Francisco das Chagas de Albuquerque. 2022. 360 p. Tese (Doutorado) – Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia, Belo Horizonte, Departamento de Teologia, 2022. Disponível em: http://www.biblioteca.asav.org.br/biblioteca/index.php?id=FAJE. Acesso em: 10 out. 2023. Nossa hipótese de que o modus procedendi do método pastoral-teologal sobriniano possibilitou repensar teologicamente o voluntariado, a inserção social em situações de exclusão social (Capítulo 1), estimulou-nos à explicitação da gramática do itinerário reflexivo-teológico de J. Sobrino, qual seja, o que fazer teológico desde o seguimento de Jesus em um mundo sofredor como intellectus fidei-misericordiae-gratiae (Capítulo 2). Tal gramática determina-se, por consequência, pela opção pelos pobres no mundo dos pobres (princípio-parcialidade), avaliza-se pela experiência de captar a Palavra atual de Deus nessa realidade (Capítulo 3), testifica-se pela experiência de configurar-se, pessoal e eclesialmente, ao redor dessa Palavra (Capítulo 4), concentra-se predominantemente na novidade que a realidade histórico-pastoral-teologal (GS, n. 4§1, 11§1) introduz em sua vocação de cristão teólogo (Capítulo 5). . A partir do modus procedendi histórico-pastoral-teologal, interligam-se concomitantemente conhecimento de Jesus Cristo (dom), engajamento eclesibal e ação social solidária cristãos (tarefa), superam-se as assimetrias entre fé teologal, pessoal e eclesial, e cotidiano, entre vivência atual e o dado da Escritura e da Tradição.

4 Voluntariado maduro para jovens no mundo dos pobres: lugar histórico-pastoral-teologal

No voluntariado em contextos de exclusão social, implicam-se, concomitantemente, dinâmicas de exercício de cidadania ativa, de participação social e de solidariedade. Como sujeito social, ora como indivíduo/cristão, ora como movimento cidadão/comunidade, ora como pessoa jurídica/instituição, geram-se relações e interações dignas, criam-se vínculos sociais, recria-se o processo de solidariedade por assistência, por reabilitação e/ou por promoção, ativa-se a política cooperativa entre cidadãos como modo de realizar-se com e para os demais, promove-se a amizade social. Lido desde o momento histórico-pastoral e histórico-teologal sobriniano, o voluntariado maduro no mundo dos pobres (4.1) é tarefa e dom, dom e tarefa (4.2).

4.1 Voluntariado maduro no mundo dos pobres: tarefa e dom

O voluntariado maduro no mundo dos pobres não mais é do que expressão concreta da opção preferencial pelos pobres. Enquanto tal, ele é referendado como um dos meios efetivos dessa parcialidade eclesial histórico-pastoral (ChL, n. 41, 42, 53; RMi, n. 72; CA, n. 49, 57; EG, n. 193; DAp, n. 47). O voluntariado tem, por extensão, raízes na revelação bíblica, prossegue na vida da Igreja (ELLACURÍA, SOBRINO, 1990ELLACURIA, I.; SOBRINO, J. Mysterium liberationis: conceptos fundamentales de la Teología de la liberación. Madrid: Trotta, 1990. 2 t., p. 303-321, t. 1; AQUINO JÚNIOR, 2018AQUINO JÚNIOR, F. de. Igreja dos pobres. São Paulo: Paulinas, 2018. (Teologia do Papa Francisco)., p. 37-46; 2019, p. 167-178), de modo que o fenômeno social do voluntariado maduro como forma solidária de participação social (princípio realidade) no mundo dos pobres (princípio parcialidade) resulta em um modo histórico-pastoral de encargarse de uma realidade social injusta, de sentir com e na Igreja (CNBB, 2021CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL. Vida: dom e compromisso I. Fé cristã e opção preferencial pelos pobres. Brasília: CNBB, 2021. (Subsídios doutrinais, 12)., p. 17-29; 2007). O voluntariado maduro “se inserta, desde a fé, numa necessária opção preferencial pelos pobres, pelos oprimidos e marginalizados”, afirma dom Ramón Echarren (1989, p. 463)RAMÓN ECHARREN, Y. El voluntariado social: avisos para creyentes. Sal Terrae, Santander, v. 77, n. 6, p. 463-478, jun. 1989.. Assim, todo cristão deveria ser voluntário social (SÁENZ DE NAVARRETE, 2010SÁENZ DE NAVARRETE, J. I. C. Hacia un nuevo modelo social. El empeño humano de la caridad cristiana. Corintios XIII, Madrid, n. 133, p. 168-194, enero/marzo 2010., p. 168-194), anunciador da Boa-nova, suscitar uma comunidade alternativa inspirada no Reino de Deus, ter atitude contínua de serviço, partilhar o sofrimento alheio, ter uma incidência consequente e participar da construção do Reino. Todo cristão deveria priorizar o promocional sobre o assistencialismo/paternalismo, dar e receber, evangelizando por contágio, sem proselitismo7 7 ALTABA GARGALLO, 2011, p. 178-202; BUENO DE LA FUENTE, 2001, p. 88-93; RAMÓN ECHARREN, 1989, p. 463-478; SANTABÁRBARA, 2009, p. 195. , e, reciprocamente, sendo evangelizado.

O voluntariado maduro como forma solidária de participação social no mundo dos pobres é um dos modos de solidariedade profunda e permanente de inserção cotidiana e um dos lugares onde os jovens podem ser copartícipes do dinamismo da doação e da oferta de humanização pessoal e societária como tarefa cristã pelo Deus do Reino (ELLACURÍA, SOBRINO, 1990ELLACURIA, I.; SOBRINO, J. Mysterium liberationis: conceptos fundamentales de la Teología de la liberación. Madrid: Trotta, 1990. 2 t., p. 308-310, t. 1). Enquanto tal, a forma solidária de participação social do voluntariado maduro como sujeito social identifica-se com o dinamismo da doação e da solidariedade, distanciando-se cada vez mais, a partir de dentro, da lógica do intercâmbio mercantil, da lógica do direito administrativo-legislativo e da lógica apolítica (GARCÍA ROCA, 1994GARCÍA ROCA, J. Solidaridad y voluntariado. Maliaño: Sal Terrae, 1994. (Colección Presencia Social, 12)., p. 105-114; 2004GARCÍA ROCA, J. Políticas y programas de participación social. Madrid: Síntesis, 2004., p. 183-185). O voluntariado maduro é um agente de transformação.

Essa forma solidária de participação social aparece como colaboradora de programas estatais de prestações de serviços e como colaboradora de profissionais. Há, de um lado, bens que devem tanto ser administrados pelo Estado como ser deixados às preferências individuais no contexto do mercado; há, de outro lado, bens que não podem ser nem administrados pelo Estado nem submetidos à lógica do mercado. Na medida em que a lógica mercantil cria espaços mercantilizados, que se estruturam sobre a negociação contratual regulada por acordos ou convênios (GARCÍA ROCA, 1994GARCÍA ROCA, J. Solidaridad y voluntariado. Maliaño: Sal Terrae, 1994. (Colección Presencia Social, 12)., p. 107), e a lógica administrativa cria espaços administrados, que se estruturam sobre a função reguladora e distribuidora de bens e de serviços, o voluntariado maduro oferece, em contrapartida, bens sociais caracterizados pela proximidade, pelo abraço e pela relação solidária (bens relacionais) e configura relações humanas assimétricas, baseadas na doação altruísta livremente realizada (BRAVO TISNER, 2011BRAVO TISNER, A. Notas para una teología del voluntariado. Corintios XIII, Madrid, n. 139, p. 126-139, jul./sept. 2011., p. 139; GONZÁLEZ, 2011GONZÁLEZ, A. El papel del voluntariado en la lucha contra la exclusión social: el valor del acompañamiento. Documentación Social, Madrid, n. 160, p. 171-188, enero/marzo 2011., p. 177-188).

Nesse sentido, a ação voluntária leva cada setor a transcender a si mesmo (GARCÍA ROCA, 1994GARCÍA ROCA, J. Solidaridad y voluntariado. Maliaño: Sal Terrae, 1994. (Colección Presencia Social, 12)., p. 166-167): o público, de suas inércias burocráticas; o mercantil, como único motor de produção, de consumo e de distribuição, é questionado; o imediato e o reabilitativo são sobrepujados pelo estrutural e pelo universal; o apolítico, pelo bem comum. Ademais, essa ação voluntária tem, ao mesmo tempo, seu componente de ação social e de ação política: melhora as condições de vida das pessoas e dos povos e, formando um nós rico, grande e inclusivo, constrói possibilidades de vida em comum (ARANGUREN GONZALO, 2011ARANGUREN GONZALO, L. A. Humanización y voluntariado. Madrid: PPC, 2011., p. 179-180). O contato com os empobrecidos leva à busca por melhores condições de vida para eles, e isso passa por medidas políticas e por justiça social (2011, p. 228).

O voluntariado é tarefa e dom histórico-pastoral-teologal: tarefa, enquanto agente de transformação, tipifica-se como ação gratuita, desdobra-se em uma relação solidária; é dom, enquanto oferta de humanização pessoal e societária, é escola humanizadora da vida e escola de cidadania ativa. Trata-se, enfim, de uma forma solidária de amor operativo (DiM, n. 3), de participação social no mundo dos pobres, que é um dom histórico-teologal da filiação, da fraternidade e da revelação do Dom8 8 Ex 3, 7-10; Mt 9, 35-36; Lc 4, 16-19; MMi, n. 20; DAp, n. 47; 383; 394; SOBRINO, 1994a; 1999. .

4.2 Voluntariado maduro no mundo dos pobres: tarefa e dom, dom e tarefa

Decerto, a forma solidária do voluntariado maduro no mundo dos pobres torna-se um espaço de participação social (exercício da cidadania, de participação, de solidariedade) e de transformação social como oferta de humanização pessoal e societária (ARANGUREN GONZALO, 2011ARANGUREN GONZALO, L. A. Humanización y voluntariado. Madrid: PPC, 2011.). A experiência de encontro com a realidade do mundo dos pobres é uma interpelação a sair da própria mentalidade presumida de esquemas prévios, de preconceitos, assim como deixar-se tocar pelo outro em situação de dor, de sofrimento, de injustiça, de solidão. Produzidos historicamente, esses esquemas prévios convertem, contemplativamente (EE, n. 230-237SANTO INÁCIO DE LOYOLA. Exercícios Espirituais. São Paulo: Loyola, 2000.), os sentidos (ARANGUREN GONZALO, 2011ARANGUREN GONZALO, L. A. Humanización y voluntariado. Madrid: PPC, 2011., p. 218-219).

O compromisso voluntário move-se no encontro com o outro, segregado e expulso de nosso mundo rico. Ademais, nele, privilegia-se o acontecimento do encontro como elemento central da intervenção social e como elemento que deve vertebrar a ação formativa (ARANGUREN GONZALO, 2011ARANGUREN GONZALO, L. A. Humanización y voluntariado. Madrid: PPC, 2011., p. 141), na qual se constatam os fatos, se entendem sentimentos, se estabelecem relações, se aprende, se cultivam atitudes, se desenvolve a gratuidade de dar, do dar-se, de devolver, do receber (ARANGUREN GONZALO, 2011ARANGUREN GONZALO, L. A. Humanización y voluntariado. Madrid: PPC, 2011., p. 123-124; DCE, n. 35), que enrique a ambos e humaniza a todos (GINER DE GRADO, 1996GINER DE GRADO, C. La gratuidad, aportación del voluntariado. Documentación Social, Madrid, n. 104, p. 143-147, jul./sept. 1996., p. 146-147; LLUCH FRECHINA, 2014LLUCH FRECHINA, E. De la economía egoísta a la economía altruista. Corintios XIII, Madrid, n. 151-152, p. 35-39, jul./dic. 2014., p. 41-44). Para além, o voluntariado maduro no mundo dos pobres é, não a par do voluntariado maduro como forma solidária de participação social para jovens no mundo dos pobres como lugar histórico-pastoral, mas com todo ele, uma maneira de encontrar-se preferencialmente com o Senhor e uma forma de vida segundo o Espírito de Jesus. É dom e tarefa; é tarefa e dom!

4.2.1 Voluntariado maduro no mundo dos pobres: lugar histórico-teologal

Lido desde o lugar histórico-teologal, os pobres do voluntariado maduro são um dos lugares da experiência espiritual de encontro com Jesus Cristo vivo (Mt 25, 31-46; EAm, n. 52; 58)9 9 Outros lugares de experiência espiritual de encontro pessoal com o Senhor: na Escritura, lida à luz da Tradição e do Magistério (EAm, n. 8); na oração pessoal e litúrgica. In persona Christi, nos Sacramentos, na proclamação da Palavra, na comunidade litúrgica, nas espécies eucarísticas (EAm, n. 9, 12, 29); nas pessoas (EAm, n. 11). . Jesus Cristo, que veio por eles (Lc 4,18; 6,20; ChL, n. 13; RMi, n. 13-15), identifica-se com eles (Mt 25,31-40; ET, n. 17; SRS, n. 43; CA, n. 57; PDV, n. 49; NMI, n. 49; MMi, n. 21), solidariza-se com eles (VD, n. 99) e neles vive (Mt 25,40; EcE, n. 6; EG, n. 197-198). De Cristo, os pobres são um ícone (PG, n. 69) e prolongam, permanentemente, o mistério de sua encarnação (Mt 25,40; LG, n. 8; GELABERT BALLESTER, 2013GELABERT BALLESTER, M. Mutua implicación entre fe y caridad. Corintios XIII, Madrid, n. 146, p. 8-23, abr./jun. 2013., p. 146). “Quem quer que esteja em condições de necessidade ou situação desumana encontra-se por isso mesmo unido estreitamente a ele, toma parte na sua realidade pessoal”, dirá Barbaglio (2002, p. 371-372). Papa Francisco chega a afirmar que “sua carne torna-se de novo visível como corpo martirizado, chagado, flagelado, desnutrido, em fuga (...) a fim de ser reconhecido, tocado e assistido cuidadosamente por nós” (MV). A opção preferencial pelos pobres tanto de Jesus Cristo como de seus (pros)seguidores é, logo, algo constitutivo da fé cristã (DAp, n. 392). Funda-se na confissão de fé no mistério da encarnação (Fl 2,5-11), do ministério de Jesus (Lc 4,16-19) e na identificação d’Ele com os pobres e necessitados (Mt 25,31-46).

Sendo um dos lugares espirituais de encontro com aqueles com os quais o Senhor identifica-se, o voluntariado maduro como forma solidária de participação não mais é que, como Jesus, se inclinar à filiação, à fraternidade, à amizade social, à vida, enfim, segundo o Espírito. Ela encarna-se em meio a tendências do mundo atual que dificultam o desenvolvimento da fraternidade e da amizade sociais (FT, n. 9-55). Essa participação, constitutiva da vida cristã segundo o Espírito, é um modo de sentir na e com a Igreja a inseparabilidade de ser filho e de ser irmão, “duas facetas de uma única e mesma realidade” (FÉDOU, 2002FÉDOU, M. (Dir.). Le Fils unique et ses frères. Unicité du Christ et pluralisme religieux. Paris: Facultés jésuites de Paris, 2002., p. 129). Essa graça da vida filial e fraterna segundo o Espírito do Senhor, concedida por Deus-Pai nos Sacramentos de iniciação à fé cristã, é um projeto histórico concebido como um advir, um tornar-se jamais inacabado, uma aventura sempre reproposta, uma ventura assumida, uma resposta sempre a dar, uma graça a pedir sem cessar para o outro, para nós e para si.

A experiência de tornar-se, concomitantemente, filho e irmão, inseparável, reconhecendo que o ser filho adotivo do Pai em e por Cristo constitui um deslocamento contínuo da experiência da filiação individual à fraternidade ilimitada (FT, n. 57-62; PP, n. 44-45). Como dom do Espírito, a graça suplicada da inseparabilidade entre filiação e fraternidade é, desde a iniciação cristã, concedida como experiência litúrgico-eclesial, enquanto experiência pessoal de escuta da Palavra de Deus e exercício da misericórdia consequente no mundo dos pobres10 10 AMHERDT, 2004, p. 221; ANTONIO PAGOLA, 2012, p. 259; SCa, n. 45; DCE, n. 25; GONZÁLEZ FAUS, 1987, p. 649-652; MARIA CASTILLO, 2004, p. 138, 166-170; RICOEUR, 2012; VD, n. 86-87. . Acontece então, no mundo dos pobres, o que J. Sobrino chamou irrupção epistemológica de uma realidade profunda (olhos novos para ver a realidade, olhos novos para ver a verdade dos seres humanos e de Deus). Tornar-se filho adotivo é inseparável de tornar-se irmão adotivo (SEVERINO, 2016SEVERINO, E. R. La (re)découverte du Royaume de Dieu. Le lointain se rend proche. L’interprétation des textes de P. Ricoeur et la place des récits bibliques dans le cours de l’insertion social des jeunes. Accompagnateur: Alain Thomasset. 2016. 91p. Mémoire (Mémoire de deuxième cycle de Théologie morale et pratique). Centre Sèvres – Facultés Jésuites de Paris, Paris, 2016., p. 55-80).

No voluntariado maduro como forma solidária de participação social no mundo dos pobres, os jovens podem dar-se a si, oferecer bens relacionais e receber oferta de humanização pessoal e societária (ARANGUREN GONZALO, 2011ARANGUREN GONZALO, L. A. Humanización y voluntariado. Madrid: PPC, 2011., p. 83-84, 114-118). Podem viver, assim, a santidade primordial, que “convida a dar uns aos outros, a receber uns dos outros, e a celebrar uns com os outros o gozo de ser humanos” (SOBRINO, 2006SOBRINO, J. Extra pauperes nulla salus. Pequeño ensayo utópico-profético. Revista Latinoamericana de Teología, El Salvador, n. 69, p. 219-261, sept./dic. 2006., p. 259). Sob outra perspectiva, o exercício da misericórdia consequente no mundo sofredor do voluntariado maduro apresenta-se como um lugar de viver “já e ainda não” o tornar-se filho(a) e irmão(ã) no Filho único (Ef 1,1-2). A ação voluntária resultaria insuficiente se fosse palpável somente a ação prática, sem que fosse palpável nela o amor filial e fraterno (DCE, n. 33-35). Nela, a pessoa torna-se responsável pelo outro (ARANGUREN GONZALO, 2011ARANGUREN GONZALO, L. A. Humanización y voluntariado. Madrid: PPC, 2011., p. 125-126; DCE, n. 30). O pobre liberta o rico de sua riqueza e o rico liberta o pobre de sua pobreza, assim como o oprimido liberta-se de seu ser dominado e o opressor liberta-se de seu ser dominante. A realidade do outro é interiorizada, reconhecida como um comum sofrimento que vincula as pessoas (MARTINEZ-GAYOL FERNANDEZ, 2017MARTINEZ-GAYOL FERNANDEZ, N. La misericordia: “una conmoción de las entrañas”. Perspectiva Teológica, Belo Horizonte, v. 49, n. 1, p. 127-154, jan./abril 2017., p. 148), convertida em compaixão e em ação (ARANGUREN GONZALO, 2011ARANGUREN GONZALO, L. A. Humanización y voluntariado. Madrid: PPC, 2011., p. 30). À medida que se sabe estar na realidade social parcial do mundo dos pobres, desenvolvem-se a lucidez e o diálogo sociais, dá-se sentido à experiência como ação reflexa de filiação e de fraternidade cristãs, sem a qual o seguidor de Jesus não praticante seria uma contradição viva (FLECHA ANDRÉS, 2013FLECHA ANDRÉS, J. R. La fe como experiencia de un amor que se recibe y se comunica. Corintios XIII, Madrid, n. 146, p. 24-46, abr./jun. 2013., p. 45).

4.2.2 Voluntariado maduro no mundo dos pobres: lugar histórico-pastoral

Lido desde o lugar histórico-pastoral, o voluntariado no mundo dos pobres é uma forma de vida segundo o Espírito de Jesus. Na experiência eclesial e pessoal de conhecer/saber da parcialidade de Jesus pelos pobres e de sua identificação com eles e na experiência de sentir, experiencialmente, com e na Igreja a inseparabilidade de ser filho e de ser irmão, gestam-se a autonomia do ser humano e a (des)obediência da fé cristã (DCE, n. 37), celebrada continuamente na liturgia (SCa, n. 97; VD, n. 25-26), quista que seja cotidianamente vivida como exercício da misericórdia consequente no mundo sofredor do voluntariado como dom e tarefa de uma epistemologia bíblico-jesuânica.

Encontrado e reconhecido em famintos, doentes, estrangeiros, oprimidos, prisioneiros, emigrantes desprezados, refugiados ou deslocados, entende-se que o encontro com Cristo nos pobres (EAm, n. 58) leva à conversão social (n. 7, 26-27), à comunhão fraterna (n. 33-51), à solidariedade (n. 52-65) sobretudo pelos pobres e marginalizados (n. 7, 26, 58; VD, n. 107) e à amizade social (CV, n. 36, 169, 183; FT). Mt 25,31-46 ressalta a maneira privilegiada do serviço cristão. “É nisso que tudo resume”, escreve M. Gourgues (2004, p. 207-208). O encontro com o Cristo nessa diakonia aos pobres leva a contemplar tanto o rosto do Senhor e a conhecer suas preferências como a contemplar seu próprio rosto (ESCARTÍN CELAYA, 2001ESCARTÍN CELAYA, P. Un servicio pastoral movido por el amor. Corintios XIII, Madrid, n. 100, p. 161-218, oct./dic. 2001., p. 203). Interpela! Impele a evangelizar (EAm, n. 66-74). Leva ao prosseguimento de Jesus Cristo (EAm, n. 7; 58) e à vida segundo o Espírito (ChL, n. 16). Leva à manifestação do amor infinito de Deus por todos seus filhos(as) (EAm, n. 18). Como bem lembrou Aquino Júnior, “por mais que o mistério de Deus não se esgote em sua parcialidade pelos pobres e marginalizados, essa parcialidade é uma de suas características ou notas constitutivas” (2019, p. 156).

Esse lugar parcial é histórico-teologal. Logo, na Igreja (DCE, n. 22), o voluntariado maduro como forma solidária de participação social no mundo dos pobres não seria, assim, algo nem conjuntural nem secundário (AQUINO JÚNIOR, 2019AQUINO JÚNIOR, F. de. Teologia em saída para as periferias. São Paulo: Paulinas; Recife: UNICAP, 2019. (Kairós)., p. 145-148), nem evidente e tranquilo (2019, p. 191-199); ao contrário, atualiza-se na vida de cada cristão e da comunidade como um acontecimento sacramental e como uma exigência ética permanente (SCa, n. 82-83; 89). Oferece-se gratuitamente o dom das misericórdias que gratuitamente recebeu (Mt 10,8b; SOBRINO, 1990SOBRINO, J. Iglesias ricas y pobres y el principio misericordia. Una Iglesia “pobre” es una Iglesia “rica” en misericordia. Revista Latinoamericana de Teología, El Salvador, n. 21, p. 307-323, sept./dic. 1990., p. 312-314).

A vida vai sendo, de forma progressiva, transformada pelos mistérios eclesialmente celebrados e pessoalmente meditados (SCa, n. 64; VD, n. 99-108), ao ponto de Maria Castillo afirmar que onde não há justiça, não há Eucaristia (2004, p. 138, 166-170). O exercício da misericórdia é empapado pelo dom do Espírito de Jesus (SCa, n. 70-71) na dinâmica de ser contemplativo na ação (epistemologia bíblico-jesuânica). O prosseguimento de Jesus Cristo como forma de participação social para jovens no mundo dos pobres significa, ademais de ser uma forma solidária de participação social histórico-pastoral no mundo dos pobres, ter a vida no Cristo, como filho e irmão. A responsabilidade de cada um reveste-se de aspecto cristológico, e os atos de misericórdia engendram nova dimensão à solidariedade humana.

Os modos de viver essa forma de participação social no mundo dos pobres como tal (DP, n. 32-39; DSD, n. 178; DAp, n. 65), com, em e por Cristo, têm dimensões da vida humana (econômica, social, política, cultural, de gênero, étnica, racial, sexual, existencial, religiosa, etc.) e diversas formas de exercício da misericórdia cristã (DCE, n. 30b) e de maneiras solidárias de participação social (AQUINO JÚNIOR, 2019AQUINO JÚNIOR, F. de. Teologia em saída para as periferias. São Paulo: Paulinas; Recife: UNICAP, 2019. (Kairós)., p. 207-211)11 11 Há realidades sociais de rostos concretos e formas solidárias de participação social de voluntariado maduro como sujeitos sociais embrenhados em cenários do Estado, do mercado e dos mundos vitais como interlocutores críticos a favor do bem comum, de uma economia solidária e da promoção da amizade social. Essas realidades e formas solidárias de participação social oferecem ocasião privilegiada para provar e reificar, dialeticamente, a ligação entre a fé como experiência litúrgico-eclesial, como experiência pessoal de ser ouvinte da Palavra de Deus, como forma solidária de participação social e de exercício da misericórdia, à maneira cristã, no mundo dos pobres (AQUINO JÚNIOR, 2019, p. 207-211). . A experiência da misericórdia é tanto comunitária e individual quanto particular e social.

À guisa de conclusão

À luz dos princípios do método de “mundo dos pobres como lugar histórico-pastoral e como lugar histórico-teologal” de J. Sobrino, o voluntariado maduro como forma solidária de participação social no mundo dos pobres 1) compendia uma catequese gradativa e permanente, de inspiração bíblica, litúrgica, de compromisso apostólico de diakonia cotidiana aos demais. Para mais, esse voluntariado 3) insere os jovens em um itinerário educativo, pedagógico, catequético, contínuo, histórico-escatológico, de interação entre a vivência atual da fé cristã e o dado da Escritura e da Tradição viva da Igreja.

A inseparabilidade entre filiação adotiva e fraternidade ilimitada no Filho Único e a inseparabilidade entre graça pedida e recebida eclesial e pessoalmente, desde os sacramentos de iniciação cristã (como graça histórico-teologal), a conjunção entre o dado bíblico da presença misteriosa de Jesus Cristo nos pobres, acolhida e transmitida pelo magistério eclesial, na dinâmica anamnético-celebrativa da liturgia eclesial, da leitura orante, meditativa, contemplativa da Palavra de Deus, no exercício da misericórdia consequente no mundo dos pobres pelo voluntariado suscitam o pensamento a respeito de quem é o Verbo historicamente encarnado e interpelam a prossegui-Lo.

A vida segundo o Espírito de Jesus no voluntariado maduro, como forma solidária de participação social no mundo dos pobres para jovens, é um dos lugares propícios 2) para encontrar-se com Jesus Cristo, para superar a assimetria entre cotidiano e fé teologal cristã. Encontramos, no voluntariado maduro como forma solidária de participação social no mundo dos pobres para jovens, íntima conexão entre lex orandi, lex credendi, lex agendi. Por meio dessa tríplice conexão, pode-se chegar ao caminho de encontro com o mesmo Jesus Cristo. Prosseguindo Jesus Cristo, assim, como contemplativos na ação, n’Ele, os jovens podem ser levados ao encontro pessoal com Ele, a amá-Lo mais e a segui-Lo melhor. Superar-se-á o seguimento pessoal, eclesial e social, de um Cristo sem Jesus ou de Jesus sem Cristo, do “espiritual”, ressentindo-se de trabalhos de promoção social, ou de uma missão da Igreja entendida somente como trabalho de promoção humana. Assim, engendram-se, discernida e continuamente, projeto de vida cristã, superação da assimetria estrutural entre fé teologal cristã e cotidiano e configuração gradativa entre vida e profissão de fé cristã, que começa na iniciação cristã.

O voluntariado maduro como forma solidária de participação social no mundo dos pobres para jovens é, portanto, um lugar adequado para a missão pastoral da Igreja e para certa compreensão da presença e dos planos de Deus. Preconiza-se, com isso, o voluntariado como uma das pistas de ação evangelizadora para se coadunarem conhecimento e seguimento de Jesus Cristo, incorporação em uma comunidade cristã, compromisso com a ação sociotransformadora, à luz da Palavra de Deus e dos ensinamentos da Igreja. A configuração contemporânea do fenômeno do voluntariado em contextos de exclusão social como exercício de cidadania, de participação e de solidariedade sociais é, ao mesmo tempo, uma realidade histórica de oferta de humanização pessoal e societária, na qual Deus-Pai e Cristo continuam fazendo-se presentes, na qual convergem e se remetem mutuamente pobres e Jesus de Nazaré e o prosseguimento eclesial-social d’Ele.

Siglas
  • AG  Decreto Ad Gentes
  • CA  Carta encíclica Centesimus Annus
  • ChL  Exortação apostólica Christifidelis Laici
  • CiV  Carta encíclica Caritas in Veritate
  • CNBB  Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, Brasília
  • CV  Exortação apostólica Christus Vivit
  • DAp  Documento de Aparecida
  • DCE  Carta encíclica Deus Caritas Est
  • DD  Carta apostólica Dies Domini
  • DiM  Carta encíclica Dives in Misericordia
  • DP  Documento de Puebla, Lima
  • DSD  Documento de Santo Domingo
  • EAm  Exortação apostólica Ecclesia in America, Cidade do México
  • EcE  Carta encíclica Ecclesia de Eucharistia
  • ECE  Constituição apostólica Ex Corde Ecclesiae
  • EE  Exercícios Espirituais Santo Inácio de Loyola
  • EG  Exortação apostólica Evangelii Gaudium
  • EN  Exortação apostólica Evangelii Nuntiandi
  • ET  Exortação apostólica Evangelica Testificatio
  • FT  Carta encíclica Fratelli Tutti
  • GS  Constituição pastoral Gaudium et Spes
  • LG  Constituição dogmática Lumen Gentium
  • LS  Carta encíclica Laudato Si’
  • MM  Carta encíclica Mater et Magistra
  • MMi  Carta apostólica Misericórdia et Misera
  • MV  Bula Misericordiae Vultus
  • NMI  Carta apostólica Millennio Ineunte
  • PDV  Exortação apostólica Pastores Dabo Vobis
  • PG  Exortação apostólica Pastores Gregis
  • PP  Carta encíclica Populorum Progressio
  • RICA  Ritual da Iniciação Cristã de Adultos
  • RMi  Carta encíclica Redemptoris Missio
  • SCa  Exortação apostólica Sacramentum Caritatis
  • SRS  Carta encíclica Sollicitudo Rei Socialis
  • VD  Exortação apostólica Verbum Domin
  • 1
    INSTITUTO BRASILEIRO DE INFORMAÇÃO EM CIÊNCIA E TECONOLOGIA. Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações. Brasília: IBICT, 2003INSTITUTO BRASILEIRO DE INFORMAÇÃO EM CIÊNCIA E TECONOLOGIA. Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações. Brasília: IBICT, 2003. Disponível em: http://bdtd.ibict.br/vufind/. Acesso em: 09 maio 2022.
    http://bdtd.ibict.br/vufind/...
    . Disponível em: http://bdtd.ibict.br/vufind/. Acesso em: 09 maio 2022.
  • 2
    DSD, n. 112.
  • 3
    CNBB, 1988; 1992; ECE, n. 49.
  • 4
    Diz-se eclesial-socialmente, porque “encontra sua justificação teológica nas afirmações do magistério episcopal em Medellín e Puebla e no ‘sensus fidelium’ de boa parte do povo de Deus” (SOBRINO, 1989SOBRINO, J. Como fazer Teologia. Proposta metodológica a partir da realidade salvadorenha e latino-americana. Perspectiva teológica, Belo Horizonte, v. 21, n. 55, p. 285-303, set./dez. 1989., p. 289). Levar a sério eclesial-socialmente traduziu-se no sentir com e na Igreja a opção preferencial pelos pobres. Diz-se biblicamente, “em primeiro lugar, porque esse sinal dos tempos não contradiz a revelação de Deus na Escritura; pelo contrário, a potencializa e ajuda a encontrar eficazmente nos momentos fundantes da revelação (Êxodo e Lc 4, 18) um sinal semelhante por meio do qual Deus (e seu Filho) se manifestam” (1989, p. 289).
  • 5
    Nota-se que o quefazer teológico sobriniano rejeita tanto reduzir a explicação da revelação de Deus ao passado (Teologia dos textos) sem confrontar-se com a revelação de Deus enquanto Deus no presente (Teologia dos testemunhos), como discernir a manifestação atual de Deus sem deixar-se verificar pelas fontes escriturísticas, pela Tradição eclesial e pelo Magistério pontifício. O presente é tanto o lugar de compreensão do já dado e transmitido como o lugar onde o dado dá, em reserva, mais de si. De fato, o quefazer teológico sobriniano compagina a realidade histórica e realidade teologal, na qual se crê que Deus e Cristo fazem-se historicamente presentes (SOBRINO, 1994aSOBRINO, J. Jesucristo liberador: lectura histórico-teológica de Jesús de Nazaret. Mexico: CRT; Universidad Iberoamericana, 1994a. (Colección Teología, 8).).
  • 6
    Para aprofundar os princípios do método sobriniano, ver SEVERINO, E. R. Voluntariado para jovens no documento 85 da CNBB: uma abordagem eclesial-social-teologal a partir dos princípios do método teológico de Jon Sobrino. Orientador: Prof. Dr. Francisco das Chagas de Albuquerque. 2022. 360 p. Tese (Doutorado) – Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia, Belo Horizonte, Departamento de Teologia, 2022SEVERINO, E. R. Voluntariado para jovens no documento 85 da CNBB: uma abordagem eclesial-social-teologal a partir dos princípios do método teológico de Jon Sobrino. Orientador: Prof. Dr. Francisco das Chagas de Albuquerque. 2022. 360p. Tese (Doutorado) – Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia, Belo Horizonte, Departamento de Teologia, 2022. Disponível em: http://www.biblioteca.asav.org.br/biblioteca/index.php?id=FAJE. Acesso em: 10 out. 2023.
    http://www.biblioteca.asav.org.br/biblio...
    . Disponível em: http://www.biblioteca.asav.org.br/biblioteca/index.php?id=FAJE. Acesso em: 10 out. 2023. Nossa hipótese de que o modus procedendi do método pastoral-teologal sobriniano possibilitou repensar teologicamente o voluntariado, a inserção social em situações de exclusão social (Capítulo 1), estimulou-nos à explicitação da gramática do itinerário reflexivo-teológico de J. Sobrino, qual seja, o que fazer teológico desde o seguimento de Jesus em um mundo sofredor como intellectus fidei-misericordiae-gratiae (Capítulo 2). Tal gramática determina-se, por consequência, pela opção pelos pobres no mundo dos pobres (princípio-parcialidade), avaliza-se pela experiência de captar a Palavra atual de Deus nessa realidade (Capítulo 3), testifica-se pela experiência de configurar-se, pessoal e eclesialmente, ao redor dessa Palavra (Capítulo 4), concentra-se predominantemente na novidade que a realidade histórico-pastoral-teologal (GS, n. 4§1, 11§1) introduz em sua vocação de cristão teólogo (Capítulo 5).
  • 7
    ALTABA GARGALLO, 2011ALTABA GARGALLO, V. El voluntariado cristiano vivido como vocación. Corintios XIII, Madrid, n. 139, p. 178-202, jul./sept. 2011., p. 178-202; BUENO DE LA FUENTE, 2001BUENO DE LA FUENTE, E. La teología y el testimonio de la caridad. Corintios XIII, Madrid, n. 100, p. 77-113, oct./dic. 2001., p. 88-93; RAMÓN ECHARREN, 1989RAMÓN ECHARREN, Y. El voluntariado social: avisos para creyentes. Sal Terrae, Santander, v. 77, n. 6, p. 463-478, jun. 1989., p. 463-478; SANTABÁRBARA, 2009SANTABÁRBARA, L. G.-C. El clamor de los excluidos: reflexiones cristianas ineludibles sobre los ricos y los pobres. Santander: Sal Terrae, 2009., p. 195.
  • 8
    Ex 3, 7-10; Mt 9, 35-36; Lc 4, 16-19; MMi, n. 20; DAp, n. 47; 383; 394; SOBRINO, 1994aSOBRINO, J. Jesucristo liberador: lectura histórico-teológica de Jesús de Nazaret. Mexico: CRT; Universidad Iberoamericana, 1994a. (Colección Teología, 8).; 1999.
  • 9
    Outros lugares de experiência espiritual de encontro pessoal com o Senhor: na Escritura, lida à luz da Tradição e do Magistério (EAm, n. 8); na oração pessoal e litúrgica. In persona Christi, nos Sacramentos, na proclamação da Palavra, na comunidade litúrgica, nas espécies eucarísticas (EAm, n. 9, 12, 29); nas pessoas (EAm, n. 11).
  • 10
    AMHERDT, 2004AMHERDT, F.-X., L’herméneutique philosophique de Paul Ricœur et son importance pour l’exégèse biblique. En débat avec la New Yale Theology School. Paris: Cerf; Saint Augustin, 2004., p. 221; ANTONIO PAGOLA, 2012ANTONIO PAGOLA, J. O caminho aberto por Jesus. Lucas. Petrópolis: Vozes, 2012., p. 259; SCa, n. 45; DCE, n. 25; GONZÁLEZ FAUS, 1987GONZÁLEZ FAUS, J. I. Proyecto de hermano. Visión creyente del hombre. Santander: Sal Terrae, 1987. (Colección Presencia Teologica, 40)., p. 649-652; MARIA CASTILLO, 2004MARÍA CASTILLO, J. El seguimiento de Jesús. 2. ed. Madrid: PPC, 2004., p. 138, 166-170; RICOEUR, 2012RICOEUR, P. Amor e justiça. São Paulo: Martins Fontes, 2012.; VD, n. 86-87.
  • 11
    Há realidades sociais de rostos concretos e formas solidárias de participação social de voluntariado maduro como sujeitos sociais embrenhados em cenários do Estado, do mercado e dos mundos vitais como interlocutores críticos a favor do bem comum, de uma economia solidária e da promoção da amizade social. Essas realidades e formas solidárias de participação social oferecem ocasião privilegiada para provar e reificar, dialeticamente, a ligação entre a fé como experiência litúrgico-eclesial, como experiência pessoal de ser ouvinte da Palavra de Deus, como forma solidária de participação social e de exercício da misericórdia, à maneira cristã, no mundo dos pobres (AQUINO JÚNIOR, 2019AQUINO JÚNIOR, F. de. Teologia em saída para as periferias. São Paulo: Paulinas; Recife: UNICAP, 2019. (Kairós)., p. 207-211).

Referências

  • ALTABA GARGALLO, V. El voluntariado cristiano vivido como vocación. Corintios XIII, Madrid, n. 139, p. 178-202, jul./sept. 2011.
  • AMHERDT, F.-X., L’herméneutique philosophique de Paul Ricœur et son importance pour l’exégèse biblique En débat avec la New Yale Theology School. Paris: Cerf; Saint Augustin, 2004.
  • ANTONIO PAGOLA, J. O caminho aberto por Jesus Lucas. Petrópolis: Vozes, 2012.
  • AQUINO JÚNIOR, F. de. Igreja dos pobres São Paulo: Paulinas, 2018. (Teologia do Papa Francisco).
  • AQUINO JÚNIOR, F. de. Teologia em saída para as periferias São Paulo: Paulinas; Recife: UNICAP, 2019. (Kairós).
  • ARANGUREN GONZALO, L. A. Humanización y voluntariado Madrid: PPC, 2011.
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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    22 Jan 2024
  • Data do Fascículo
    Sep-Dec 2023

Histórico

  • Recebido
    06 Maio 2023
  • Aceito
    05 Out 2023
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