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Determinação da Estereoquímica Relativa de Pimaradienos Através de Produtos de Oxidação

Relative stereochemistry determination of pimaradienes through oxidative products

Resumo

Pimaradienes, including isopimaradienes, with an endocyclic double bond between C-9 and C-11 are uncommon compounds in nature. The diterpenoid pimar-9(11),15-dien-19-oic acid (1) was isolated from Mikania triangularis (Asteraceae) and the correct stereochemistry of 1was established by ¹H and 13C NMR studies of several oxidative products, mainly epoxides, of this compound and its double bond isomers.

diterpenes; pimaradienes; stereochemistry


diterpenes; pimaradienes; stereochemistry

Determinação da Estereoquímica Relativa de Pimaradienos Através de Produtos de Oxidação

Frederico Guaré Cruz

Instituto de Química - UFBA - Campus Universitário de Ondina - 40170-290 - Salvador - BA

Nídia Franca Roque

Instituto de Química - USP - CP 26.077 - 05599-970 - São Paulo - SP

Recebido em 20/5/96; aceito em 24/10/96

Relative stereochemistry determination of pimaradienes through oxidative products. Pimaradienes, including isopimaradienes, with an endocyclic double bond between C-9 and C-11 are uncommon compounds in nature. The diterpenoid pimar-9(11),15-dien-19-oic acid (1) was isolated from Mikania triangularis (Asteraceae) and the correct stereochemistry of 1was established by 1H and 13C NMR studies of several oxidative products, mainly epoxides, of this compound and its double bond isomers.

Keywords: diterpenes; pimaradienes; stereochemistry.

INTRODUÇÃO

Pimaradienos são diterpenos tricíclicos de ocorrência frequente em plantas superiores. Eles apresentam duas ligações duplas, uma em um grupo vinílico e a outra endocíclica. A biogênese de diterpenos com esqueleto pimarânico prevê como uma das últimas etapas a formação do cátion pimarenila, IV ou V (Fig. 1). Como consequência os pimaradienos, em sua grande maioria, têm o C-8 oxigenado ou fazendo parte da ligação dupla endocíclica1, assim, pimaranos que apresentam esta ligação entre os carbonos 9 e 11 são raros na natureza2,3,4. Além disto, os pimaranos apresentam as duas configurações possíveis no C-13. Os diterpenos que apresentam o grupo metílico no C-13 do mesmo lado daquele no C-10 são chamados de isopimaranos.


A espécie Mikania triangularis, pertencente a família Asteraceae, produz ácidos diterpênicos como constituintes predominantes5,6, sendo o mais abundante aquele com a ligação dupla endocíclica entre os carbonos 9 e 11 (1). Durante a determinação estrutural deste composto5, percebemos que, em função da mobilidade conformacional do esqueleto cíclico dos pimaranos, não é fácil estabelecer a estereoquímica dos carbonos 8 e 13 utilizando apenas métodos espectroscópicos. A falta de modelos apropriados com dados de RMN de 13C que pudessem ser usados para transpor esta dificuldade, nos levou a recorrer a transformações químicas como apoio às propostas estruturais sugeridas pelos métodos espectroscópicos.

Este artigo tem como objetivo descrever as estratégias químicas que adotamos com a finalidade de estabelecermos, sem dúvida alguma, as estereoquímicas dos carbonos 8, 13, 5 e 10 do composto 1. As várias transformações químicas que realizamos neste composto e em seus isômeros 2 e 3, proporcio-naram um melhor conhecimento do comportamento químico dos pimaradienos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Oxidação com cromato de t-butila

A proposta inicial de trabalho para definir a estereoquímica do C-13 de 1 era a obtenção de um éter cíclico, produzido pela união entre uma hidroxila introduzida no C-12 e o grupo vinila em C-13 induzida por sais de Tl(III)7,8. Dados de RMN de 1H e de 13C desse éter dariam informações mais seguras sobre a estereoquímica do C-13. De início a tentativa de oxidação do C-12 com o reagente de Sarret não foi bem sucedida e com SeO2 forneceu muitos produtos em mistura de difícil separação9. Nós fizemos algumas tentativas com cromato de t-butila, modificando as condições da reação, inicialmente propostas por Pinto e col.10, mas não obtivemos o produto desejado e, sim, os compostos 4 e 5 (Fig. 2). Como esta reação ocorre por um mecanismo radicalar11, a abstração do H-8 foi favorecida em relação a abstração do H-12.


Hidroboração/Oxidação

Devido à dificuldade de introduzir uma função oxigenada no C-12 de 1, decidimos tentar produzir éteres cíclicos, induzindo com sais de Tl (III) a união de uma hidroxila no C-16 ao C-8 da ligação olefínica nos composto 6 e 8 obtidos a partir de 3 e 2 respectivamente. O composto 2 foi isolado da própria planta, enquanto que o composto 3 foi obtido pela isomerização das ligações duplas endocíclicas de uma mistura de 1 e 2 em MeOH/H2SO412.

As oxigenações no C-16 dos compostos 2 e 3 foram realizadas por hidroboração/oxidação. Estas reações apresentaram rendimentos baixos e no caso da hidroboração do composto 2, além do produto normalmente esperado (8), observamos o composto 9, provavelmente formado através da borana cíclica 10 (Fig. 3). Esta última, formou-se pelo ataque intramolecular da borana no C-16 à ligação dupla endocíclica. Este ataque ficou limitado estericamente ao C-8 e por isso houve inversão da regiosseletividade, fato que normalmente não ocorre nas reações de hidroboração. Existem vários exemplos de formação de intermediários cíclicos durante reações de hidroboração13,14, mas não encontramos na literatura nenhum que ocorra com inversão da regiosseletividade.


Não observamos a formação da borana cíclica a partir do composto 3. Neste caso o impedimento estérico provocado pelo grupo metílico no C-10 e pelo H-11 axial possivelmente impediu uma interpenetração efetiva dos orbitais, inviabilizando a formação do estado de transição cíclico necessário para formar o produto. Além disso, se formado, o anel C teria que assumir a conformação barco pouco favorecida. Já com a borana derivada do composto 2, para a formação do estado de transição cíclico, o grupo R-BH2 deve aproximar-se da ligação dupla lateralmente à molécula, minimizando as repulsões estéricas (Fig. 4).


As reações de 6 e 8 com Tl(OAc)3 não produziram os éteres cíclicos desejados, mas misturas complexas de produtos dos quais apenas o composto 7 pôde ser identificado. As ciclizações induzidas com Tl(OAc)3 haviam sido realizadas com sucesso, em substratos que apresentavam a ligação dupla com possibilidade de rotação8,15. Já com os compostos 6 e 8, a formação do aduto taliado deveria ocorrer, preferencialmente, na face a, menos impedida da molécula. A epoxidação de 3 (ver adiante) demonstrou que o ataque à ligação dupla pela face α (consideramos a face α aquela contrária a CH3-20) é mais favorecido, esta, provavelmente, é também a face mais acessível para a taliação. É possível supor, portanto, que a reação não ocorreu porque a aproximação da hidroxila ao C-8 do aduto taliado foi impedida estéricamente pelas fortes repulsões existentes na face β da molécula. Por outro lado, o grande número de produtos obtidos nestas reações poderia ser explicado pela tendência das olefinas endocíclicas a apresentarem vários rearranjos na presença de sais de Tl(III)8.

A oxidação do composto 9 com o reagente de Jones, levou à formação da lactona 11 em alto rendimento (Fig. 3), confirmando a inversão da regiosseletividade da reação de hidroboração da ligação dupla endocíclica de 2.

Reações de Epoxidação Seguidas de Redução

A epoxidação de 3 produziu os epóxidos 12 e 13 numa razão de aproximadamente 6:1, demonstrando que a face a da molécula foi mais acessível ao ataque do ácido m-cloroperbenzóico (Fig. 5).


Estes epóxidos apresentaram grande estabilidade, ao contrário dos epóxidos derivados de pimaradienos com a ligação dupla entre os carbonos 7, 8 e 8, 1416,17. O composto 12 é inclusive resistente à redução com LiAlH4. Uma primeira tentativa de redução de 12 com LiAlH4 em éter etílico foi realizada à temperatura ambiente. O epóxido não foi reduzido, reagindo o LiAlH4 apenas com o grupo carboximetílico. Uma nova tentativa, com LiAlH4 em tetraidrofurano (THF) e refluxo de 6 dias, produziu o composto 14 em pequena quantidade (verificado por RMN de 13C da mistura). O prolongamento do tempo de refluxo não aumentou significativamente a proporção de 14.

Reação de Ozonólise

O composto 1 foi hidrogenado seletivamente no grupo vinila e submetido a ozonólise. Após a hidrólise e purificação, a mistura de ácido carboxílico e aldeído obtida foi reduzida com LiAlH4 em éter etílico fornecendo o composto 15 (Fig. 6). A reação de ozonólise teve uma taxa de conversão baixa, apenas 32% do material de partida reagiu. Este fato indica mais uma vez, uma posição bastante impedida da ligação dupla endocíclica de 1.


Redução do Grupo Carboximetílico

Fizemos a redução de 3 para 16 com LiAlH4 em éter etílico em 1,5 h obtendo um rendimento de 82% após purificação (Fig. 7). Curiosamente, a redução do composto 1, para o álcool correspondente, com LiAlH4 em THF e refluxo de 6 dias, havia ocorrido com apenas 5% de rendimento9. Na redução de 18, obtido a partir da oxidação de 2 com cromato de t-butila, com LiAlH4 em THF o grupo carboximetílico praticamente não foi reduzido, obtivemos apenas uma mistura dos epímeros 19 e 20. Fica assim reforçada a evidência de que a velocidade de redução do éster axial é muito mais lenta em THF do que em Et2O.


Na tentativa de obtermos o hidrocarboneto correspondente, o álcool 16 foi mesilado com cloreto de mesila em piridina dando origem ao mesilato 17 em 91% de rendimento. A tentativa de redução do mesilato com LiAlH4 em éter etílico foi infrutífera e recuperamos o álcool 16 (Fig. 7). Uma nova tentativa usando como solvente o THF e refluxo prolongado levou ao mesmo resultado. Em nenhuma das vezes detectamos o produto de redução. Adotamos então uma outra metodologia que já havia sido aplicada, com sucesso, na redução de mesilatos de álcoois equatoriais. Tratamos o mesilato 17 com Zn, KI em DME18 e novamente não obtivemos o produto reduzido, recuperando 88% do composto de partida.

CONCLUSÕES

Em pimaradienos, a posição da ligação dupla endocíclica e a presença do grupo vinílico podem ser estabelecidas por IV, RMN 1H e 13C. As junções entre os anéis A,B e C são em geral trans-anti-trans, como decorrência do processo de ciclização do pirofosfato de geranilgeranila (Fig 1) por um mecanismo de adição antiparalela das ligações duplas19.

Nos ácidos pimaradienóicos, geralmente isolados como ésteres metílicos, a estereoquímica do C-4 pode ser determinada quimicamente, como por exemplo, ésteres axiais hidrolizam mais lentamente que ésteres equatoriais20, ou pelos deslocamentos químicos no espectro de RMN13C dos carbonos da vizinhança. Grupos carboximetílicos equatoriais desprotegem mais o C-4 do que grupos axiais. Grupos carboximetílicos que estão numa relação cis com o H-5 protegem o C-5. Por outro lado, C-20 está sempre mais protegido, cerca de 2 ppm, quando está numa relação sin-diaxial com o grupo carboximetílico (Tab 1).

A epoxidação da ligação dupla na posição Δ8, revelou-se um excelente método para determinar a estereoquímica relativa de pimaradienos. A comparação dos efeitos γ do oxigênio do epóxido nos carbonos 20, 5 e 12 dos compostos 12 e 13, associados ao efeito de mudança conformacional no grupo metílico C-17, que está em axial nos compostos 3 e 13 e passa a equatorial no composto 12, possibilitaram-nos definir as estereoquímicas relativas nos carbonos 5, 10 e 13 (Tabela 2).

Para os pimaradienos que apresentam a ligação dupla endocíclica nas posições Δ7, Δ8(14) e Δ9(11), é sempre possível obter o derivado Δ8 por isomerização em meio ácido. Portanto, a epoxidação deste derivado pode ser considerado um método geral para se determinar as estereoquímicas relativas dos carbonos 5, 10 e 13.

A estereoquímica do C-8 de 1 foi estabelecida através do valor da constante do acoplamento entre H-8 e H-9 no composto 15. O valor desta constante, 10,2 Hz, permitiu-nos concluir que estes prótons estão em uma relação trans di-axial. Estando o anel B na conformação em cadeira, H-9 deve ser trans ao Me-20. Esta posição é também a esperada para a introdução do hidreto durante a redução da carbonila do C-9, obtida pela ozonólise. Assim sendo o H-8 deve estar na face β, ou seja, do mesmo lado que o C-20. Quando a relação H-8/H-9 é cis a constante de acomplamento é de 5,5 Hz3.

Os dados apresentados neste artigo mostram que a posição da ligação dupla endocíclica dos pimaradienos influencia substancialmente a reatividade e as frequências de ressonância dos 13C destes diterpenos. Desta forma a análise estrutural dos pimaradienos por RMN de 13C é bastante dificultada. Uma comparação dos espectros de RMN de 13C de produtos epoxidados com os espectros dos produtos de partida oferece, no entanto, informações concretas sobre a estereoquímica relativa destes diterpenos.

É interessante observar que a estereoquímica proposta para o C-8 em 1 é contrária àquela que seria formada pelo rearranjo de hidreto no cátion pimaradienila IV, seguido de perda de próton do C-11. A biossíntese do ácido 1 deve assim seguir um caminho diferente.

EXPERIMENTAL

As temperaturas de fusão foram determinadas em bloco Kofler (Reicher) sem aferição termométrica. Os espectros no IV foram obtidos em espectrofotômetros Perkin-Elmer (mod. 137 e 1750) e Nicolet (mod. 510). Os espectros de RMN foram obtidos em espectrofotômetros da Bruker (AC-80 e AC-200), os solventes utilizados foram CDCl3 e C5D5N. Os espectros de massas e os cromatogramas de íons totais foram obtidos em aparelhos Hewlett Packard 5988-A GC/MS, acoplado a cromatógrafo 5890 HP - col. HP-1 (12m). As medidas de rotação óptica foram obtidas em aparelho Polamat A - Carl Zeiss/Jena.

Extração e isolamento. Ver referência 6.

Oxidação com cromato de t-butila. A uma solução de 1 (0,465 mmol) em CCl4 (10 ml) e Ac2O (5 ml), adicionamos 5 ml de solução de cromato de t-butila. A mistura foi mantida sob refluxo e agitação magnética por 8 h. Foi, então, lavada com água, solução saturada de ácido oxálico, solução saturada de NaHCO3, novamente com água e seca com Na2SO4. Os solventes foram evaporados à pressão reduzida e o resíduo cromatografado em coluna de sílica gel (20 g), eluída com gradiente de hexano:AcOEt. Após recristalização em AcOEt, obtivemos 4 (20%) e 5 (19%). Não detectamos a presença do composto oxidado no C-12.

Hidroboração/oxidação de 2 e 3. A uma solução de 2 (0,494 mmol) em THF(10 ml) adicionamos, lentamente, uma solução de BH3 em THF (3 ml; 0,90 mol/l), com agitação magnética sob atmosfera de nitrogênio. A mistura reacional ficou sob agitação por 1 h. O excesso de BH3 foi eliminado pela adição cuidadosa de água e, então, adicionamos 2 ml de solução de NaOH 3N e em seguida 2 ml de H2O2 30%, gota a gota. A mistura foi mantida sob agitação magnética por 1,5 h. Após a adição de 0,2 g de K2CO3, com agitação, as fases foram separadas e a fase aquosa extraída com THF. A fase orgânica foi lavada com H2O destilada e seca com MgSO4. Uma cromatografia em coluna de sílica gel (30 g) eluída com gradiente de hexano:AcOEt forneceu 8 (9%) e 9 (15%). O mesmo procedimento foi aplicado para 3 (0,696 mmol) e levou ao isolamento de 6 (54%).

Reações com acetato de tálio III. A uma solução de 6 (0,349 mmol) em HOAc (1 ml) adicionamos Tl(OAc)3.1,5 H2O (0,862 mmol). A mistura reacional ficou sob agitação por 0,5 h à temperatura ambiente e depois, aquecida a 60oC por 1 h. Adicionamos água e fizemos a extração com AcOEt. A fase orgânica foi lavada com solução saturada de NaHCO3 até a neutralização, novamente lavada com água e seca com MgSO4. Após a evaporação do solvente e cromatografia em coluna de sílica gel (20 g) eluída com gradiente de hexano:AcOEt obtivemos 7, além de misturas de outros produtos não identificados.

Oxidação de 9 com o reagente de Jones. A uma solução de 9 (0,074 mmol) em acetona (1 ml), adicionamos 3 gotas do reagente de Jones24. Após agitação magnética por 0,5 h à tempertatura ambiente, deixamos a mistura reacional decantar e fizemos a extração com AcOEt. O excesso de oxidante foi destruído com adição de isopropanol. A fase orgânica foi lavada com água e seca com MgSO4. Após evaporação dos solventes e cromatografia em coluna de sílica gel (4 g), eluída com hexano:AcOEt 8:2, obtivemos 11 (95%).

Epoxidação de 3. Ver ref.6.

Redução de 12 com LiAlH4. A uma suspensão de LiAlH4 (0,790 mmol) em éter etílico anidro (10 ml) adicionamos uma solução de 12 (0,520 mmol) em éter (10 ml). Após agitação por 3 h à temperatura ambiente, adicionamos solução saturada de NH4Cl e fizemos extração com éter. A solução etérea foi lavada com água e seca com MgSO4. Com evaporação do solvente e cromatografia em coluna de sílica gel (15 g), eluída com gradiente de hexano:AcOEt, obtivemos o composto reduzido apenas no grupo carboximetílico (80%). Este último, foi novamente submetido à redução com LiAlH4 (0,790 mmol) em THF (20 ml). Após refluxo de 3 dias, obtivemos o composto de partida impurificado com 14. Esta mistura, submetida novamente a refluxo, nas mesmas condições, por mais 3 dias não levou a aumento significativo na proporção de 14.

Hidrogenação de 1. Ver ref. 6.

Ozonólise de 1. Ver ref. 6.

Redução do grupo carboximetílico de 3. O mesmo procedimento descrito acima para a redução de 12 com LiAlH4 foi aplicado a uma solução de 3 (3,633 mmol) em éter etílico (100 ml). Após agitação de 1,5 h obtivemos o álcool correspondente, 18 (82%).

Preparação do mesilato 19. A uma solução de CH3SO2Cl (0,66 ml), recém destilado, em piridina (6 ml) a 5oC, adicionamos outra solução de 18 (1,736 mmol) em piridina (3 ml). A mistura reacional foi mantida a 5oC por 18 h. Adicionamos então, gelo e HCl dil. e fizemos a extração com hexano. A fase orgânica foi seca com MgSO4 e os solventes eliminados a vácuo. O resíduo foi cromatografado em coluna de sílica gel (20 g) eluída com hexano:AcOEt 9:1 e obtivemos 19 (91%).

Redução de 18 com LiAlH4. Inicialmente fizemos uma tentativa de redução de 18 (1,571 mmol) com LiAlH4 em éter etílico. Após 3 h de agitação e procedimento usual recuperamos 18 (91%). Uma nova tentativa de redução de 18 (1,320 mmol) com LiAlH4 em THF e agitação por 3 h, produziu novamente o composto 19 (90%).

Redução de 19 com Zn, KI em DME. Uma mistura de 19 (0,753 mmol), KI (4 mmol), Zn (40 mmol) em DME (10 ml), foi refluxada sob agitação por 2 h. Após filtração adicionamos água e fizemos a extração com hexano. A fase orgânica foi lavada com solução saturada de NaCl e seca com Na2SO4. Com a evaporação do solvente e cromatografia em coluna de sílica gel (10 g) eluída com hexano:AcOEt 95:5 obtivemos apenas o composto de partida (88%).

Compostos 1, 3, 12, 13, 15, 19 e 20. Ver dados espectrométricos na ref. 6.

Compostos 2, 4, 5 e 18. Ver dados espectrométricos na ref 5.

16-hidroxipimara-8-en-19-oato de metila, 6. Óleo incolor. IR ν(max) filme (CHCl3) (cm-1): 3374, 2933, 2873, 2848, 1727, 1230, 1194, 1161. RMN1H (80 MHz, CDCl3, ppm): 0,78(3H, s), 0,83(3H, s), 1,19(3H, s), 3,62(3H, s), 3,71(2H, m). RMN13C (20,1 MHz, CDCl3, ppm): 36,8(C1), 19,4(C2), 37,7(C3), 43,7(C4), 53,5(C5), 20,6(C6), 33,2(C7), 125,0(C8), 135,2(C9), 37,9(C10), 20,6(C11), 34,5(C12), 30,5(C13), 43,4(C14), 46,3(C15), 59,0(C16), 22,6(C17), 28,2(C18), 177,9(C19), 17,1(C20), 50,8(OMe).

16-acetoxipimara-8-en-19-oato de metila, 7. Óleo incolor. IR ν(max) filme (CHCl3) (cm-1): 2952, 2933, 2872, 1740, 1727, 1240, 1192, 1161. RMN1H (200 MHz, CDCl3, ppm): 0,71(3H, s), 0,77 (3H, s), 1,12(3H, s), 2,01(3H, s), 3,59(3H, s), 4,07(2H, t, J=8,0 Hz).

16-hidroxipimara-7-en-19-oato de metila, 8. Óleo incolor. IR ν(max) filme (CHCl3) (cm-1): 3387, 2947, 2871, 2850, 1724, 1235, 1216, 1196, 1155. RMN1H (60 MHz, CDCl3, ppm): 0,67(3H, s), 0,90(3H, s), 1,17(3H, s), 3,50(3H, s), 3,50(2H, m), 5,13(1H, m). RMN13C (20,1 MHz, CDCl3, ppm): 39,8(C1), 19,5(C2), 38,2(C3), 43,8(C4), 51,6(C5), 24,3(C6), 121,3(C7), 134,9(C8), 51,0(C9), 35,6(C10), 20,8(C11), 37,2(C12), 32,7(C13), 47,9(C14), 38,4(C15), 59,4(C16), 28,7(C17), 28,8(C18), 177,8(C19), 14,0(C20), 51,0(OMe).

16,8β-diidroxipimara-19-oato de metila, 9. Sólido incolor. p.f. = 181,0-184,0oC (MeOH). IR ν(max) filme (CHCl3) (cm-1): 3397, 2948, 2847, 1725, 1236, 1214, 1196, 1156. EM. m/z (int. rel) M+ = 352(12), 337(100), 334(12), 319(24), 316(13), 289(15), 275(27), 274(21); 241(19), 223(24), 175(27), 135(20), 123(28), 122(26), 121(97), 119(29), 109(52), 107(52), 105(45), 95(51), 93(56), 91(49), 81(66), 79(61). RMN1H (200 MHz, CDCl3, ppm): 0,76 s (3H, H-20), 0,83 s (3H, H-17), 1,16 s (3H, H-18), 3,61 s (3H, OMe), 3,72 m (2H, H-16). RMN13C (20,1 MHz, CDCl3, ppm): 39,7(C1), 19,2(C2), 38,1(C3), 43,0(C4), 56,4(C5), 18,8(C6), 43,8(C7), 72,1(C8), 56,9(C9), 37,3(C10), 17,6(C11), 40,0(C12), 32,3(C13), 49,3(C14), 41,2(C15), 59,1(C16), 31,1(C17), 28,5(C18), 177,8(C19), 13,5(C20), 51,0(OMe).

lactona do ácido 8β-hidroxi-16-óicopimara-19-oato de metila. 11. Sólido incolor. p.f. = 207,0-210,0oC (MeOH). IR ν(max) filme (CHCl3) (cm-1): 2952, 2931, 1716, 1241, 1192, 1157. EM. m/z (int. rel) M+ = 348(1), 317(8), 316(34), 289(10), 288(12), 274(11), 229(10), 180(9), 168(10), 159(8), 149(7), 147(9), 145(7), 135(10), 133(15), 123(11), 122(16), 121(100), 120(21), 119(12), 107(36), 105(17), 95(16), 93(18), 91(14). RMN1H (200 MHz, CDCl3, ppm): 0,75 s (3H, H-20), 0,93 s (3H, H-17), 1,15 s (3H, H-18), 3,60 s (3H, OMe). RMN13C (50,3 MHz, CDCl3, ppm): 39,8(C1), 19,0(C2), 38,1(C3), 43,6(C4), 56,3(C5), 18,9(C6), 42,0(C7), 82,2(C8), 55,3(C9), 37,4(C10), 18,4(C11), 39,1(C12), 30,4(C13), 45,9(C14), 40,00(C15), 172,2(C16), 29,8(C17), 28,6(C18), 177,8(C19), 13,0(C20), 51,4(OMe).

9α,19-diidroxipimara-15-eno.14. Não foi isolado (dados extraídos da mistura reacional). RMN13C (50,3 MHz, CDCl3, ppm): 31,4(C1), 17,2(C2), 33,5(C3), 38,3(C4), 46,7(C5), 18,3(C6), 31,2(C7), 40,6(C8), 75,4(C9), 37,0(C10), 26,4(C11), 32,5(C12), 34,5(C13), 32,5(C14), 146,0(C15), 112,0(C16), 29,8(C17), 65,2(C19), 21,4(C20).

19-hidroxipimara-8,15-dieno.16. Sólido incolor. p.f. = 95,0 - 96,0oC(hexano). IR ν(max) filme (CHCl3) (cm-1): 3342, 3080, 2962, 2924, 2849, 1637, 1228, 1023, 999, 909. EM. m/z (int. rel) M+ = 288(30), 273(57), 258(20), 257(100), 255(24), 189(22), 187(26), 175(30), 173(20), 161(51), 159(25), 149(21), 147(29), 145(36), 143(16), 135(36), 133(44), 131(42), 129(22), 123(21), 121(28), 119(54), 117(33), 109(29), 107(66), 105(85), 95(40), 91(96). RMN1H (80 MHz, CDCl3, ppm): 0,87 s (6H, H-17 e 20), 0,92 s (3H, H-18), 2,49 sl (1H, OH), 3,41 d (1H, H-19, J=10,9 Hz), 3,65 d (1H, H-19, J=10,9 Hz), 4,77 dd (1H, H-16, J=1,6; 10,5), 4,82 dd (1H, H-16, J=1,6; 17,5 Hz), 5,74 dd (1H, H-15, J=10,5; 17,5 Hz). RMN13C (20,1 MHz, CDCl3, ppm): 38,5(C1), 19,0(C2), 34,5(C3), 36,8(C4), 52,5(C5), 18,6(C6), 32,9(C7), 124,0(C8), 136,2(C9), 37,3(C10), 20,6(C11), 33,9(C12), 35,3(C13), 42,2(C14), 148,9(C15), 109,4(C16), 23,3(C17), 26,6(C18), 64,9(C19), 19,9(C20).

19-metanossulfonilpimara-8,15-dieno. 17. Óleo incolor. IR ν(max) filme (CHCl3) (cm-1): 3080, 2927, 2873, 2851, 1637, 1354, 1176, 958. RMN1H (60 MHz, CDCl3, ppm): 0,94 s (6H, H-17 e H-20), 1,04 s (3H, H-18), 2,97 s (3H, SO2CH3), 3,88 d (1H, H-19, J=10,0 Hz), 4,33 d (1H, H-19, J=10,0 Hz), 4,72 dl (1H, H-16, J=10,5 Hz), 4,77 dl (1H, H-16, J=17,2 Hz), 5,70 dd (1H, H-15, J=10,5; 17,2 Hz).

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem à Dra. Helena M. C. Ferraz pela doação do acetato de tálio e pelas sugestões, ao Instituto de Química da UNESP (Araraquara) pelas medidas de rotação óptica e ao CNPq, FINEP e FAPESP pelos auxílios concedidos.

19. Ver ref. 1, p 22.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    15 Set 2008
  • Data do Fascículo
    Jun 1997

Histórico

  • Aceito
    24 Out 1996
  • Recebido
    20 Maio 1996
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