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Numa terra estranha: sonho, diferença e alteração entre os Tikmũ’ũn (Maxakali) 1 1 Uma primeira versão deste artigo foi apresentada na Universidade de Barcelona, em 2015, no evento El sueño em las culturas indígenas de la Tierras bajas de América del Sur e, em 2017, no encontro do Núcleo de Antropologia Simétrica (NAnSi) no Museu Nacional. Agradeço a Gemma Orobitg, Pedro Pitarch, Eduardo Viveiros de Castro, Tânia Stolze Lima, Luisa Elvira Belaunde e Karen Shiratori pelas preciosas contribuições.

In a strange land: dream, difference and alteration among the Tikmũ’ũn (Maxakali)

RESUMO

A ideia de que o sonho seja qualquer coisa como uma “viagem da alma” é de uma recorrência etnográfica impressionante. O que se entende por “viagem” e “alma” nos mais variados contextos está longe, contudo, de ser algo evidente. Os Tikmũ’ũn, mais conhecidos como Maxakali (MG), costumam igualmente descrever sua experiência onírica como um deslocamento da “alma” (koxuk) por caminhos tortuosos e perigosos que costumam desembocar nas terras estranhas onde vivem seus parentes mortos e de onde o retorno nem sempre é fácil, se é mesmo possível. Porém, mais do que isso, é curioso notar como a experiência da viagem e do deslocamento, entre eles, possui paralelos com a sua experiência onírica. Desse modo, não somente o sonho é algo como uma “viagem” como suas viagens parecem remeter - bem como a estimular - a experiência onírica. Neste artigo, pretendo explorar estes paralelos entre “sonho” e “viagem”, bem como aqueles entre “sonho”, “corpo”, “doença” e “morte”.

PALAVRAS-CHAVE:
Sonhos; perspectivismo; xamanismo; parentesco; Maxakali

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