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Coopetição em Redes Interpessoais

Coopetition in Interpersonal Networks: Networks are Networks

Resumos

A sociedade se organiza em redes. A perspectiva das redes, então, é algo que deve ser considerado como inerente à vida social, especialmente, quando se observa o fato de que não é viável (ou mesmo possível) para um dado ator - seja ele uma pessoa ou uma organização - viver de forma completamente independente e isolada de outros e em múltiplas instâncias. Estes arranjos ou estruturas em rede, habitualmente, são abordados na literatura de Administração sob uma perspectiva organizacional e, nesse sentido, podem ser formados em contextos que variam entre a competição, a colaboração e um tipo de relação mista. Nesta, atores que normalmente competem entre si resolvem colaborar de alguma forma para atingir algum objetivo que seja comum, ou seja, tem-se a colaboração entre atores que interagem em um ambiente competitivo. A este tipo de relação entre as organizações dá-se o nome de coopetição. O presente trabalho propõe que seja abandonada a exclusividade da adoção do termo e desta modalidade de relação no contexto meso. Para demonstrar que não há argumentação teórica suficientemente organizada que leve o pesquisador a acreditar que esta abordagem deva ser associada exclusivamente a um contexto meso, o presente trabalho lança mão de um estudo bibliográfico sobre o conceito em questão. Como previamente apresentado, o objetivo é o de evidenciar que o conceito de coopetição, também, pode ser aplicado ao contexto das relações individuais.

redes sociais; coopetição; fronteiras meso-micro


Society is organized in networks. The network perspective is something that should be regarded as inherent to social life, especially when looking at the fact that it is not feasible (or even possible) for a given actor - whether a person or an organization - to live completely independently and isolated from others. These arrangements or network structures are usually addressed in management literature under an organizational perspective and, accordingly, may be formed in contexts ranging from competition, collaboration and a mixed type of relationship. In the latter, players who normally compete instead collaborate to achieve any goal that is held in common. This type of relationship between organizations is denominated coopetition. This paper proposes abandoning the exclusive adoption of the term and this type of relationship in the meso context. To demonstrate that there is no theoretical argument sufficiently organized that leads researchers to believe that this approach should be linked exclusively to a meso context, this paper makes use of a bibliographic study. As presented, the goal is to show that the concept of coopetition can also be applied to the context of individual relationships (micro).

social networks; coopetition; meso-micro boundaries


Introdução

A sociedade se organiza em redes. Desde os arranjos sociais mais simples até as estruturas mais complexas, as pessoas interagem entre si em matrizes de relacionamentos de redes (Nohria & Eccles, 1992Nohria, N., & Eccles, R. G. (1992). Networks and organizations: structure, form and action. Boston: Harvard Business School.) em diferentes dimensões. Estas redes podem ser compostas por pessoas ou organizações; ambos os casos considerados nós de redes de interação social que se ligam por meio de relacionamentos (Castilla, Hwang, Granovetter, & Granovetter, 2000 Castilla, E. J., Hwang, H., Granovetter, E., & Granovetter, M. (2000). Social networks in silicon valley. In C. M. Lee, W. F. Miller, M. G. E. Hancock, & H. S. Rowen (Eds.), The silicon valley edge (pp. 218-247). Stanford: Stanford University Press.). A perspectiva das redes, então, é algo que deve ser considerado como inerente à vida social, especialmente, quando se observa o fato de que não é viável (ou mesmo possível) para um dado ator - seja ele uma pessoa ou uma organização - viver de forma completamente independente e isolada de outros e em múltiplas instâncias. Tudo e todos estão interligados de alguma forma (Barabási, 2003Barabási, A.-L. (2003). Linked: how everything is connected to everything else and what it means for business, science and everyday life. New York: Plume, Penguin Group.).

Em cada um dos diferentes aspectos da vida, há uma ou várias redes nas quais as pessoas se encontram inseridas em relacionamentos sociais interativos de múltiplos níveis (Kilduff, Tsai, & Hanke, 2006Kilduff, M., Tsai, W., & Hanke, R. (2006). A paradigm too far? A dynamic stability reconsideration of the social network research program. Academy of Management Review, 31(4), 1031-1048. doi: 10.5465/AMR.2006.22528168
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). Tais relações sociais se mostram dinâmicas em termos, principalmente, estruturais, nos quais os laços que se estabelecem entre as pessoas podem apresentar diferentes pesos ou forças (Granovetter, 1973Granovetter, M. (1973). The strength of weak ties. American Journal of Sociology, 78(6), 1360-1380.), bem como direções, assim, indicando poder ou influência.

Tanto no nível meso quanto no nível micro (Blau, 1977Blau, P. M. (1977). A macrosociological theory of social structure. The American Journal of Sociology, 83(1), 26-54.) de análise de redes, as relações que se estabelecem entre os atores configuram campo importante para a Administração, uma vez que seus desdobramentos moldam as alterações que ocorrem tanto dentro das organizações quanto no próprio ambiente em que estas organizações se inserem. Da mesma forma, as relações entre indivíduos são afetadas e moldadas pela dinâmica relação de rede.

Estes arranjos ou estruturas em rede, com frequência, são abordados na literatura de Administração sob uma perspectiva organizacional e, nesse sentido, podem ser formados em contextos que variam entre a competição, a colaboração e um tipo de relação mista. Nesta, atores que costumam competir entre si resolvem colaborar de alguma forma para atingir algum objetivo que seja comum, ou seja, tem-se a colaboração entre atores que interagem em um ambiente competitivo. A este tipo de relação entre as organizações, dá-se o nome de coopetição (Bengtsson & Kock, 2000Bengtsson, M., & Kock, S. (2000). "Coopetition" in business networks - to cooperate and compete simultaneously. Industrial Marketing Management, 29(5), 411-426. doi: 10.1016/S0019-8501(99)00067-X
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; Brandenburger & Nalebuff, 1996Brandenburger, A. M., & Nalebuff, B. J. (1996). Co-opetition. New York: Doubleday.; Dagnino & Padula, 2002Dagnino, G. B., & Padula, G. (2002, May). Coopetition strategy: a new kind of interfirm dynamics for value creation. Proceedings of the European Academy of Management Annual Conference, Stockholm, Suécia, 2.; Garcia & Velasco, 2002 Garcia, C. Q., & Velasco, C. A. B. (2002, May). Co-opetition and performance: evidence from European biotechnology industry. Proceedings of the European Academy of Management Annual Conference, Stockholm, Suécia, 2.; Kotzab & Teller, 2003Kotzab, H., & Teller, C. (2003). Value-adding partnerships and co-opetition models in the grocery industry. International Journal of Physical Distribution & Logistics Management, 33(3), 268-281. doi: 10.1108/09600030310472005
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; Padula & Dagnino, 2007Padula, G., & Dagnino, G. B. (2007). Untangling the rise of coopetition: the intrusion of coopetition in a cooperative game structure. International Studies of Management and Organizations, 37(2), 32-53. doi: 10.2753/IMO0020-8825370202
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; Tsai, 2002Tsai, W. (2002). Social structure of "coopetition" within a multiunit organization: coordination, competition, and intraorganizational knowledge sharing. Organization Science, 13(2), 179-190. doi: 10.1287/orsc.13.2.179.536
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).

A coopetição chama a atenção porque é comum e esperado que se enxergue, em relacionamentos interpessoais, as relações puras de competição ou de colaboração. Isso porque, afinal, os grupos e, numa escala mais ampla, as organizações têm origem em associações entre indivíduos (Boissevain, 1968Boissevain, J. (1968). The place of non-groups in the social sciences. Man., 3(4), 542-556.). No entanto o terceiro tipo de relacionamento - coopetição - não é explorado quando se observam as redes entre os indivíduos. O presente trabalho tem como objetivo questionar a exclusividade da aplicação e do estudo do conceito de coopetição no contexto das organizações, propondo que sua utilização seja também estendida ao contexto micro, ou seja, das relações individuais.

Levando-se em consideração a dificuldade de se identificar os limites que separam o que é de nível micro, meso ou macro (Blau, 1987Blau, P. M. (1987). Contrasting theoretical perspectives. In J. Alexander, B. Giesen, R. Munch, & N. Smelser (Orgs.), The micro-macro link (pp. 71-85). Berkeley: University of California.; Lopes, 2004Lopes, H. E. G. (2004). Theoretical reflections about the concept of social networks. Revista de Administração Contemporânea, 8(1), 179-200. doi: 10.1590/S1415-65552004000100009
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; Peng & Luo, 2000Peng, M. W., & Luo, Y. (2000). Managerial ties and firm performance in a transition economy: the nature of a micro-macro link. Academy of Management Journal, 43(3), 486-501.doi: 10.2307/1556406
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; Schillo, Fischer, & Klein, 2000 Schillo, M., Fischer, K., & Klein, C. T. (2000). The micro-macro link in DAI and sociology. In M., Scott & P. Davidsson (Eds.), Multi-agent based simulation (pp. 133-148). Berlin: Springer Berlin Heidelberg.) e tendo-se em conta, ainda, que o entendimento de estruturas em rede é uma espécie de resposta para esta dicotomia entre os níveis (Granovetter, 1973Granovetter, M. (1973). The strength of weak ties. American Journal of Sociology, 78(6), 1360-1380., 1992Granovetter, M. (1992). Economic institutions as social constructions: a framework for analysis. Acta Sociologica, 35(1), 3-11.doi: 10.1177/000169939203500101
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), encarar as relações entre instituições de forma diferente daquelas que se estabelecem entre indivíduos pode representar uma barreira para o avanço do entendimento pleno da maneira pela qual as estruturas sociais funcionam.

A crescente importância das redes de indivíduos que se relacionam de forma independente, rompendo as fronteiras das organizações (Castilla et al., 2000 Castilla, E. J., Hwang, H., Granovetter, E., & Granovetter, M. (2000). Social networks in silicon valley. In C. M. Lee, W. F. Miller, M. G. E. Hancock, & H. S. Rowen (Eds.), The silicon valley edge (pp. 218-247). Stanford: Stanford University Press.), ajuda a reforçar a necessidade de que se inverta o foco de análise das relações sociais, partindo, então, das relações entre os indivíduos para - dentro de um continuum - chegar-se aos grupos (Boissevain, 1968Boissevain, J. (1968). The place of non-groups in the social sciences. Man., 3(4), 542-556.). Ao observar as relações entre as pessoas, atribuindo a este grau de análise, o dos relacionamentos interpessoais, a sua devida importância, será possível inferir que - em uma determinada indústria ou setor - mesmo que as organizações não se relacionem de forma direta, a presença de laços entre os indivíduos a elas pertencentes pode fornecer indicadores importantes referentes à influência e ao alinhamento.

A importância da mudança do foco do nível meso para o nível micro se dá também em função da já relatada dificuldade de se estabelecer as fronteiras das relações entre as organizações e as relações entre os indivíduos que fazem parte destas organizações. Enquanto as redes formadas por organizações formam grupos, às vezes, independentes e que não se ligam entre si, as redes de indivíduos que pertencem a estas organizações se mostram uniformemente distribuídas, dessa maneira, desmontando a estrutura atomizada das redes de organizações (Castilla et al., 2000 Castilla, E. J., Hwang, H., Granovetter, E., & Granovetter, M. (2000). Social networks in silicon valley. In C. M. Lee, W. F. Miller, M. G. E. Hancock, & H. S. Rowen (Eds.), The silicon valley edge (pp. 218-247). Stanford: Stanford University Press.).

Encarar as relações em rede de forma a separar os relacionamentos interpessoais dos relacionamentos interorganizacionais pode, portanto, ocasionar problemas para a pesquisa sobre redes - especialmente no que se refere aos relacionamentos de coopetição. Nesse sentido, o objetivo deste trabalho é demonstrar que o conceito de coopetição pode ser aplicado aos relacionamentos interpessoais. Para tanto, buscou-se a desconstrução do conceito de coopetição para evidenciar que não há justificativa conceitual para que sua aplicação se restrinja a relações entre organizações.

O ponto central da argumentação que defende o conceito de coopetição é o de que, após avaliadas as possibilidades de atuação por parte de uma organização, haverá momentos em que se aliar com as organizações concorrentes poderá ser mais vantajoso - em diferentes aspectos - do que simplesmente atuar competindo diretamente com elas (Bengtsson, Hinttu, & Kock, 2003 Bengtsson, M., Hinttu, S., & Kock, S. (2003, September). Relationships of cooperation and competition between competitors. Proceedings of the Annual IMP Conference, Lugano, Switzerland, 19.; Bengtsson & Kock, 2000Bengtsson, M., & Kock, S. (2000). "Coopetition" in business networks - to cooperate and compete simultaneously. Industrial Marketing Management, 29(5), 411-426. doi: 10.1016/S0019-8501(99)00067-X
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; Brandenburger & Nalebuff, 1996Brandenburger, A. M., & Nalebuff, B. J. (1996). Co-opetition. New York: Doubleday.; Dagnino & Padula, 2002Dagnino, G. B., & Padula, G. (2002, May). Coopetition strategy: a new kind of interfirm dynamics for value creation. Proceedings of the European Academy of Management Annual Conference, Stockholm, Suécia, 2.; Das & Teng, 2000Das, T. K., & Teng, B.-S. (2000). Instabilities of strategic alliances: an internal tensions perspective. Organization Science, 11(1), 77-101. doi: 10.1287/orsc.11.1.77.12570
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; Gee, 2000Gee, E. P. (2000). Co-opetition: the new market milieu. Journal of Healthcare Management, 45(6), 359-363.; Ketchen, Snow, & Hoover, 2004Ketchen, D. J., Jr., Snow, C. C., & Hoover, V. L. (2004). Research on competitive dynamics: recent accomplishments and future challenges. Journal of Management, 30(6), 779-804.doi: 10.1016/j.jm.2004.06.002
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; Kotzab & Teller, 2003Kotzab, H., & Teller, C. (2003). Value-adding partnerships and co-opetition models in the grocery industry. International Journal of Physical Distribution & Logistics Management, 33(3), 268-281. doi: 10.1108/09600030310472005
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; Loebecke, Van Fenema, & Powell, 1999Loebecke, C., Van Fenema, P. C., & Powell, P. (1999). Co-opetition and knowledge transfer. The DATA BASE for Advances in Information Systems, 30(2), 14-25. doi: 10.1145/383371.383373
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; M'Chirgui, 2005; Oliver & Ebers, 1998Oliver, A. L., & Ebers, M. (1998). Networking network studies: an analysis of conceptual configurations in the study of inter-organizational relationships. Organization Studies, 19(4), 549-583.doi: 10.1177/017084069801900402
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; Walley, 2007Walley, K. (2007). Coopetition: an introduction to the subject and an agenda for research. International Studies of Management and Organizations, 37(2), 11-31. doi: 10.2753/IMO0020-8825370201
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; Zineldin, 2004Zineldin, M. (2004). Co-opetition: the organisation of the future. Marketing Intelligence and Planning, 22(7), 780-790. doi: 10.1108/02634500410568600
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).

Para demonstrar que não há argumentação teórica suficientemente organizada que leve o pesquisador a acreditar que esta abordagem deva ser associada exclusivamente a um contexto meso, o presente trabalho lança mão de um estudo bibliográfico sobre o conceito em questão. Como previamente apresentado, o objetivo é o de evidenciar que o conceito de coopetição também pode ser aplicado ao contexto das relações individuais.

Foi realizada uma pesquisa bibliográfica tendo como ponto de partida o conceito de coopetição. Para auxiliar na reunião de material teórico publicado sobre o tema, utilizou-se a ferramenta de pesquisa Google Acadêmico. Foram reunidas as publicações com maior quantidade de citações e, a partir delas, outras publicações sobre o tema foram localizadas e devidamente estudadas a fim de se obter um panorama consistente do que se publica e afirma-se acerca do tema e das definições atribuídas pelos diferentes autores sobre o que vem a ser coopetição e suas características.

O objetivo de se conduzir este formato de investigação para o presente trabalho foi o de levantar as definições de coopetição visando descobrir as eventuais peculiaridades conceituais do construto teórico e reforçar a argumentação inicial de que o enunciado sobre esta modalidade de relacionamento, embora inicialmente associado a relações interorganizacionais, pode ser aplicado num nível micro das relações interpessoais.

Competição, Colaboração e Coopetição

Na literatura, as organizações podem se relacionar de três formas: competindo entre si por um recurso escasso, colaborando para a obtenção de benefícios e, numa perspectiva mista, competidores colaboram entre si em algum aspecto de sua atuação. A competição é uma relação de rivalidade direta entre atores que se estabelece devido à necessidade, ou dependência, de condições estruturais ambientais (Bengtsson & Kock, 2000Bengtsson, M., & Kock, S. (2000). "Coopetition" in business networks - to cooperate and compete simultaneously. Industrial Marketing Management, 29(5), 411-426. doi: 10.1016/S0019-8501(99)00067-X
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).

Os relacionamentos entre atores que competem são, então, processos interativos, pelos quais as ações de um ator afetam os outros componentes da estrutura. Trata-se de um processo em que diferentes atores detêm interesses divergentes que os fazem atuar em um comportamento orientado para atender suas necessidades individuais (Padula & Dagnino, 2007Padula, G., & Dagnino, G. B. (2007). Untangling the rise of coopetition: the intrusion of coopetition in a cooperative game structure. International Studies of Management and Organizations, 37(2), 32-53. doi: 10.2753/IMO0020-8825370202
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). Dessa forma, como os atores que competem em busca de um recurso que não pode ser obtido em sua plenitude por todos os atores do ambiente, a conquista destes recursos por um dado ator se dá à custa da perda por parte de outros atores.

Portanto, normalmente, relacionamentos de competição são concebidos como sendo característicos de um recorte horizontal de um dado ambiente, quando os atores presentes no ambiente não se relacionam dentro de uma estrutura hierárquica, disputando os mesmos recursos e objetivos (Achrol, 1997Achrol, R. S. (1997). Changes in the theory of interorganizational relations in marketing: toward a network paradigm. Journal of the Academy of Marketing Science, 25(1), 56-71. doi: 10.1007/BF02894509
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; Chandler, 1990Chandler, A. D. (1990). Strategy and structure: chapters in the history of the industrial enterprise. Cambridge, Massachussets: MIT Press.; Rindfleisch, 2000Rindfleisch, A. (2000). Organizational trust and interfirm cooperation: an examination of horizontal versus vertical alliances. Marketing Letters, 11(1), 81-95. doi: 10.1023/A:1008107011529
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; Sheth & Sisodia, 1999Sheth, J. N., & Sisodia, R. S. (1999). Revisiting marketing's lawlike generalizations. Journal of the Academy of Marketing Science, 27(1), 71-87. doi: 10.1177/0092070399271006
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).

Em se tratando das relações de cooperação, embora seja mais fácil entendê-las quando observado um recorte vertical, ou seja, nas situações em que as funções dos atores são complementares entre si, é possível estabelecer relações de cooperação também no recorte horizontal. Uma definição ampla de cooperação (Franco, 2007Franco, M. J. B. (2007). Tipologia de processos de cooperação empresarial: uma investigação empírica sobre o caso português. Revista de Administração Contemporânea, 11(3), 149-176. doi: 10.1590/S1415-65552007000300008
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) apresenta esta modalidade como uma decisão estratégica - que pode ser formalizada ou não - entre duas ou mais partes que têm como objetivo a troca ou compartilhamento de recursos a fim de obterem benefícios mútuos.

Visto que as redes de cooperação proporcionam ambiente favorável à aprendizagem e às inovações, é de se esperar que este tipo de relação aconteça independentemente de relação hierárquica entre os atores envolvidos, sendo relevantes para sua formação os seguintes fatores: acesso a soluções; escala e poder de mercado; aprendizagem e inovação; relações sociais e; redução de custos (Verschoore & Balestrin, 2008Verschoore, J. R., & Balestrin, A. (2008). Fatores relevantes para o estabelecimento de redes de cooperação entre empresas do Rio Grande do Sul. Revista de Administração Contemporânea, 12(4), 1043-1069. doi: 10.1590/S1415-65552008000400008
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).

A reunião de características que permita a adaptação a um ambiente de competição em determinada estrutura unificada e que padronize ações de atores que competem entre si, mas que permita a estes ganhos competitivos é a ideia central para o estabelecimento de redes de cooperação (Verschoore & Balestrin, 2008Verschoore, J. R., & Balestrin, A. (2008). Fatores relevantes para o estabelecimento de redes de cooperação entre empresas do Rio Grande do Sul. Revista de Administração Contemporânea, 12(4), 1043-1069. doi: 10.1590/S1415-65552008000400008
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). Essa ideia é reforçada quando se leva em consideração o fato de que os atores, ao agirem cooperativamente, não significa que há ausência de concorrência entre eles (Leite, Lopes, & Silva, 2009Leite, R. S., Lopes, H. E. G., & Silva, S. A. D. (2009). A estratégia em relacionamentos coopetitivos: um estudo do arranjo produtivo de Nova Serrana. Revista Brasileira de Gestão de Negócios, 11(30), 65-78.).

A maior característica da cooperação é a sua circunscrição a projetos e objetivos bem delimitados pelos envolvidos e compartilhados por eles. Nesse aspecto, ela pode acontecer entre rivais diretos (Guimarães, 2002Guimarães, A. S. (2002). Estratégias competitivas adotadas por empresas de tecnologia da informação. Revista de Administração, 37(3), 86-95.). A lógica predominante no estabelecimento de redes de cooperação se fundamenta, seguindo este princípio, na possibilidade de ganhos para as partes envolvidas que se associam (Verschoore & Balestrin, 2008Verschoore, J. R., & Balestrin, A. (2008). Fatores relevantes para o estabelecimento de redes de cooperação entre empresas do Rio Grande do Sul. Revista de Administração Contemporânea, 12(4), 1043-1069. doi: 10.1590/S1415-65552008000400008
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). Do contrário, estes atores não cooperariam.

Sistemas de cooperação são projetados para que todos os envolvidos se beneficiem na construção e sustentação de vantagem competitiva, combinando seus recursos e competências para a criação de valor (M'Chirgui, 2005) ou catalizando a emersão de conhecimento (Balestrin, Vargas, & Fayard, 2005 Axelrod, R. (1988). The evolution of cooperation. In A. Gromyko & M. Hellman (Orgs.), Breakthrough: soviet and western scholars issue a challenge to build a world beyond war (pp. 185-193). New York: Walker and Company.). É mais comum, portanto, que organizações se aproximem em relacionamentos de rede com o objetivo de colaborar em arranjos construídos para servir a diferentes propósitos, que vão desde a colaboração para a busca de um recurso comum, o compartilhamento de capacidades para benefício mútuo ou a regulamentação de uma dinâmica de ação conjunta entre os envolvidos. No entanto o surgimento ou formação deste tipo de arranjo entre atores não necessariamente acontece de forma planejada; podendo se desenvolver e manter-se de maneira espontânea, enquanto houver um relacionamento entre os envolvidos (Axelrod, 1988 Axelrod, R. (1988). The evolution of cooperation. In A. Gromyko & M. Hellman (Orgs.), Breakthrough: soviet and western scholars issue a challenge to build a world beyond war (pp. 185-193). New York: Walker and Company.; Axelrod & Hamilton, 1981Axelrod, R., & Hamilton, W. D. (1981). The evolution of cooperation. Science, 211(4489), 1390-1396. doi: 10.1126/science.7466396
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).

Esses extremos de relacionamento - competição e colaboração - foram, muitas vezes, tratados como as únicas formas possíveis de interação em uma rede. Contudo, nas últimas décadas, tem-se notado que muitos atores organizacionais competem e cooperam de forma simultânea (Walley, 2007Walley, K. (2007). Coopetition: an introduction to the subject and an agenda for research. International Studies of Management and Organizations, 37(2), 11-31. doi: 10.2753/IMO0020-8825370201
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). As relações que emergem entre atores que competem e cooperam entre si num mesmo relacionamento são paradoxais e fazem transparecer uma terceira abordagem relacional que constitui maneira diferente de enxergar estes relacionamentos (Bengtsson & Kock, 2000Bengtsson, M., & Kock, S. (2000). "Coopetition" in business networks - to cooperate and compete simultaneously. Industrial Marketing Management, 29(5), 411-426. doi: 10.1016/S0019-8501(99)00067-X
https://doi.org/10.1016/S0019-8501(99)00...
).

O nome dado a esta terceira modalidade de relacionamentos é coopetição e seu conceito é oriundo de um trabalho (Brandenburger & Nalebuff, 1996Brandenburger, A. M., & Nalebuff, B. J. (1996). Co-opetition. New York: Doubleday.) que abordava a teoria dos jogos e suas relações com as estratégias de organizações. Um dos pontos-chave da argumentação deste trabalho é o de que uma abordagem de condução das atividades de uma organização, baseando-se apenas na competição com outros atores, leva a inúmeras perdas (Brandenburger & Nalebuff, 1996Brandenburger, A. M., & Nalebuff, B. J. (1996). Co-opetition. New York: Doubleday.; Walley, 2007Walley, K. (2007). Coopetition: an introduction to the subject and an agenda for research. International Studies of Management and Organizations, 37(2), 11-31. doi: 10.2753/IMO0020-8825370201
https://doi.org/10.2753/IMO0020-88253702...
).

Ao serem analisados sob a perspectiva da teoria dos jogos, os cenários caracterizados pela ação competitiva predadora dos atores eram considerados como de perda-e-ganho. Nesse sentido, para obter certo ganho em um determinado aspecto de sua ação, um ator abriria mão de ganhos potenciais que seriam obtidos se, em alguma esfera, cooperassem com aqueles com quem competem. A partir do meado da década de 1990, esta visão passou a dar lugar a uma concepção de relações de cooperação que produzem um cenário de ganho-e-ganho (Walley, 2007Walley, K. (2007). Coopetition: an introduction to the subject and an agenda for research. International Studies of Management and Organizations, 37(2), 11-31. doi: 10.2753/IMO0020-8825370201
https://doi.org/10.2753/IMO0020-88253702...
), mesmo sendo observadas as relações entre competidores.

Sobre essas relações entre atores, há trabalhos que defendem a possibilidade da existência de relacionamentos de colaboração entre competidores de forma indireta (Axelrod, 1987, 1988; Axelrod & Dion, 1988Axelrod, R., & Dion, D. (1988). The further evolution of cooperation. Science, 242(4884), 1385-1390. doi: 10.1126/science.242.4884.1385
https://doi.org/10.1126/science.242.4884...
; Axelrod & Hamilton, 1981Axelrod, R., & Hamilton, W. D. (1981). The evolution of cooperation. Science, 211(4489), 1390-1396. doi: 10.1126/science.7466396
https://doi.org/10.1126/science.7466396...
; Khanna, Gulati, & Nohria, 1998Khanna, T., Gulati, R., & Nohria, N. (1998). The dynamics of learning alliances: competition, cooperation, and relative scope. Strategic Management Journal, 19(3), 193-210. doi: 10.1002/(SICI)1097-0266(199803)19:3<193::AID-SMJ949>3.0.CO;2-C
https://doi.org/10.1002/(SICI)1097-0266(...
; Lado, Boyd, & Hanlon, 1997Lado, A. A., Boyd, N. G., & Hanlon, S. C. (1997). Competition, cooperation and the search for economic rents: a syncretic model. Academy of Management Review, 22(1), 110-141. doi: 10.2307/259226
https://doi.org/10.2307/259226...
; Sauaia & Kallás, 2007Sauaia, A. C. A., & Kallás, D. (2007). O dilema cooperação-competição em mercados concorrenciais: o conflito do oligopólio tratado em um jogo de empresas [1a. Edição Especial]. Revista de Administração Contemporânea, 11, 77-101. doi: 10.1590/S1415-65552007000500005
https://doi.org/10.1590/S1415-6555200700...
) - não se referindo exatamente ao termo coopetição - e de forma direta (Bengtsson & Kock, 2000Bengtsson, M., & Kock, S. (2000). "Coopetition" in business networks - to cooperate and compete simultaneously. Industrial Marketing Management, 29(5), 411-426. doi: 10.1016/S0019-8501(99)00067-X
https://doi.org/10.1016/S0019-8501(99)00...
; Brandenburger & Nalebuff, 1996Brandenburger, A. M., & Nalebuff, B. J. (1996). Co-opetition. New York: Doubleday.; Dagnino & Padula, 2002Dagnino, G. B., & Padula, G. (2002, May). Coopetition strategy: a new kind of interfirm dynamics for value creation. Proceedings of the European Academy of Management Annual Conference, Stockholm, Suécia, 2.; Garcia & Velasco, 2002 Garcia, C. Q., & Velasco, C. A. B. (2002, May). Co-opetition and performance: evidence from European biotechnology industry. Proceedings of the European Academy of Management Annual Conference, Stockholm, Suécia, 2.; Garraffo, 2002 Garraffo, F. (2002, May). Types of co-opetition to manage emerging technologies. Proceedings of the European Academy of Management Annual Conference, Stockholm, Suécia, 2.; Kotzab & Teller, 2003Kotzab, H., & Teller, C. (2003). Value-adding partnerships and co-opetition models in the grocery industry. International Journal of Physical Distribution & Logistics Management, 33(3), 268-281. doi: 10.1108/09600030310472005
https://doi.org/10.1108/0960003031047200...
; Leite et al., 2009Leite, R. S., Lopes, H. E. G., & Silva, S. A. D. (2009). A estratégia em relacionamentos coopetitivos: um estudo do arranjo produtivo de Nova Serrana. Revista Brasileira de Gestão de Negócios, 11(30), 65-78.; Luo, Slotegraaf, & Pan, 2006Luo, X., Slotegraaf, R. J., & Pan, X. (2006). Cross-functional 'coopetition': the simultaneous role of cooperation and competition within firms. Journal of Marketing, 70(2), 67-80. doi: 10.1509/jmkg.70.2.67
https://doi.org/10.1509/jmkg.70.2.67...
; M'Chirgui, 2005; Padula & Dagnino, 2007Padula, G., & Dagnino, G. B. (2007). Untangling the rise of coopetition: the intrusion of coopetition in a cooperative game structure. International Studies of Management and Organizations, 37(2), 32-53. doi: 10.2753/IMO0020-8825370202
https://doi.org/10.2753/IMO0020-88253702...
; Tsai, 2002Tsai, W. (2002). Social structure of "coopetition" within a multiunit organization: coordination, competition, and intraorganizational knowledge sharing. Organization Science, 13(2), 179-190. doi: 10.1287/orsc.13.2.179.536
https://doi.org/10.1287/orsc.13.2.179.53...
; Walley, 2007Walley, K. (2007). Coopetition: an introduction to the subject and an agenda for research. International Studies of Management and Organizations, 37(2), 11-31. doi: 10.2753/IMO0020-8825370201
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), ainda, afirmando que esta seja, na verdade, uma modalidade de colaboração na qual os envolvidos atuam de forma a perpetuar a relação, uma vez que percebem que, se assim procederem, obterão - ao mesmo passo que proporcionarão - benefícios.

Os benefícios obtidos a partir da formação de arranjos de colaboração ou cooperação entre competidores podem ser da ordem de ganho em força competitiva (Ahuja, 2000Ahuja, G. (2000). Collaboration networks, structural holes, and innovation: a longitudinal study. Administrative Science Quarterly, 45(3), 425-455. doi: 10.2307/2667105
https://doi.org/10.2307/2667105...
; Jarillo, 1988Jarillo, J. C. (1988). On strategic networks. Strategic Management Journal, 9(1), 31-41. doi: 10.1002/smj.4250090104
https://doi.org/10.1002/smj.4250090104...
; Leite et al., 2009Leite, R. S., Lopes, H. E. G., & Silva, S. A. D. (2009). A estratégia em relacionamentos coopetitivos: um estudo do arranjo produtivo de Nova Serrana. Revista Brasileira de Gestão de Negócios, 11(30), 65-78.; Verschoore & Balestrin, 2008Verschoore, J. R., & Balestrin, A. (2008). Fatores relevantes para o estabelecimento de redes de cooperação entre empresas do Rio Grande do Sul. Revista de Administração Contemporânea, 12(4), 1043-1069. doi: 10.1590/S1415-65552008000400008
https://doi.org/10.1590/S1415-6555200800...
), acesso e compartilhamento de informações, mercados, recursos e tecnologias (Ahuja, 2000Ahuja, G. (2000). Collaboration networks, structural holes, and innovation: a longitudinal study. Administrative Science Quarterly, 45(3), 425-455. doi: 10.2307/2667105
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; Biermann, 2008Biermann, R. (2008). Towards a theory of inter-organizational networking. Review of International Organizations, 3(2), 151-177. doi: 10.1007/s11558-007-9027-9
https://doi.org/10.1007/s11558-007-9027-...
; Gulati, Nohria, & Zaheer, 2000Gulati, R., Nohria, N., & Zaheer, A. (2000). Strategic networks. Strategic Management Journal, 21(3), 203-215. doi: 10.1002/(SICI)1097-0266(200003)21:3<203::AID-SMJ102>3.0.CO;2-K
https://doi.org/10.1002/(SICI)1097-0266(...
; Vanhaverbecke, Gilsing, Beerkens, & Duysters, 2009Vanhaverbecke, W., Gilsing, V., Beerkens, B., & Duysters, G. (2009). The role of alliance network redundancy in the creation of core and non-core technologies. Journal of Management Studies, 46(2), 215-244. doi: 10.1111/j.1467-6486.2008.00801.x
https://doi.org/10.1111/j.1467-6486.2008...
), criação de conhecimento (Balestrin et al., 2005Balestrin, A., Vargas, L. M., & Fayard, P. (2005). Criação de conhecimento nas redes de cooperação interorganizacional. Revista de Administração de Empresas, 45(3), 52-64.), valor (Brandenburger & Nalebuff, 1996Brandenburger, A. M., & Nalebuff, B. J. (1996). Co-opetition. New York: Doubleday.), aprendizado (Cowan, 2004 Cowan, R. (2004). Network models of innovation and knowledge diffusion. In S. Breschi & F. Malerba (Eds.), Clusters, networks and innovation (pp. 29-53). Oxford, U.K.: Oxford University Press.), transferência de conhecimento (Loebecke et al., 1999Loebecke, C., Van Fenema, P. C., & Powell, P. (1999). Co-opetition and knowledge transfer. The DATA BASE for Advances in Information Systems, 30(2), 14-25. doi: 10.1145/383371.383373
https://doi.org/10.1145/383371.383373...
), desenvolvimento conjunto de tecnologias e inovação (Ahuja, 2000Ahuja, G. (2000). Collaboration networks, structural holes, and innovation: a longitudinal study. Administrative Science Quarterly, 45(3), 425-455. doi: 10.2307/2667105
https://doi.org/10.2307/2667105...
; Guimarães, 2002Guimarães, A. S. (2002). Estratégias competitivas adotadas por empresas de tecnologia da informação. Revista de Administração, 37(3), 86-95.; Gulati et al., 2000; Vanhaverbecke et al., 2009Vanhaverbecke, W., Gilsing, V., Beerkens, B., & Duysters, G. (2009). The role of alliance network redundancy in the creation of core and non-core technologies. Journal of Management Studies, 46(2), 215-244. doi: 10.1111/j.1467-6486.2008.00801.x
https://doi.org/10.1111/j.1467-6486.2008...
), sucesso no alcance de objetivos (Balestrin, Verschoore, & Reynes, 2010Balestrin, A., Verschoore, J. R., & Reynes, E., Jr. (2010). O campo de estudo sobre redes de cooperação interorganizacional no Brasil. Revista de Administração Contemporânea, 14(3), 458-477. Recuperado de http://www.scielo.br/pdf/rac/v14n3/v14n3a05.pdf. doi: 10.1590/S1415-65552010000300005
http://www.scielo.br/pdf/rac/v14n3/v14n3...
; Oliver & Ebers, 1998Oliver, A. L., & Ebers, M. (1998). Networking network studies: an analysis of conceptual configurations in the study of inter-organizational relationships. Organization Studies, 19(4), 549-583.doi: 10.1177/017084069801900402
https://doi.org/10.1177/0170840698019004...
; Zineldin, 2004Zineldin, M. (2004). Co-opetition: the organisation of the future. Marketing Intelligence and Planning, 22(7), 780-790. doi: 10.1108/02634500410568600
https://doi.org/10.1108/0263450041056860...
), aumento de lucros (Sauaia & Kallás, 2007Sauaia, A. C. A., & Kallás, D. (2007). O dilema cooperação-competição em mercados concorrenciais: o conflito do oligopólio tratado em um jogo de empresas [1a. Edição Especial]. Revista de Administração Contemporânea, 11, 77-101. doi: 10.1590/S1415-65552007000500005
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; Silva, Motta, & Costa, 2007Silva, J. F. da, Motta, P. C., & Costa, L. S. V. de (2007). Coalinhamento entre estratégias competitivas e colaborativas e desempenho de empresas. Revista de Administração de Empresas, 47(4), 26-45. doi: 10.1590/S0034-75902007000400004
https://doi.org/10.1590/S0034-7590200700...
), desenvolvimento colaborativo de vantagens individuais dos atores envolvidos (Das & Teng, 2000Das, T. K., & Teng, B.-S. (2000). Instabilities of strategic alliances: an internal tensions perspective. Organization Science, 11(1), 77-101. doi: 10.1287/orsc.11.1.77.12570
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) e também do poder de negociação (Bertolin, Santos, Lima, & Braga, 2008Bertolin, R. V., Santos, A. C. dos, Lima, J. B. de, & Braga, M. J. (2008). Assimetria de informação e confiança em interações cooperativas. Revista de Administração Contemporânea, 12(1), 59-81. doi: 10.1590/S1415-65552008000100004
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).

As relações de coopetição são formadas com a finalidade de trazer benefícios para os envolvidos e são consideradas como uma maneira eficiente de lidar com a cooperação e a competição entre competidores (Bengtsson & Kock, 2000Bengtsson, M., & Kock, S. (2000). "Coopetition" in business networks - to cooperate and compete simultaneously. Industrial Marketing Management, 29(5), 411-426. doi: 10.1016/S0019-8501(99)00067-X
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) que compartilhem características semelhantes e sejam, portanto, similares (Das & Teng, 2000Das, T. K., & Teng, B.-S. (2000). Instabilities of strategic alliances: an internal tensions perspective. Organization Science, 11(1), 77-101. doi: 10.1287/orsc.11.1.77.12570
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), além de terem visão e objetivos concomitantes (Zineldin, 2004Zineldin, M. (2004). Co-opetition: the organisation of the future. Marketing Intelligence and Planning, 22(7), 780-790. doi: 10.1108/02634500410568600
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).

Percebe-se, em função disso, que as argumentações que auxiliam na construção de um conceito de coopetição se confundem com aquelas presentes na literatura sobre colaboração e cooperação, especificamente quando se argumenta acerca dos benefícios dos arranjos de colaboração e cooperação interorganizacional.

Tem-se, dessa forma, que o conceito de coopetição refere-se às relações de colaboração e cooperação concomitantemente estabelecidas entre dois atores que competem entre si. No entanto as relações coopetitivas extrapolam as definições de colaboração uma vez que se referem a questões múltiplas fundamentais para os atores envolvidos, enquanto as relações de colaboração são direcionadas a questões específicas (Gee, 2000Gee, E. P. (2000). Co-opetition: the new market milieu. Journal of Healthcare Management, 45(6), 359-363.). Trata-se de uma abordagem - com crescente adesão por parte de pesquisadores (Ketchen et al., 2004Ketchen, D. J., Jr., Snow, C. C., & Hoover, V. L. (2004). Research on competitive dynamics: recent accomplishments and future challenges. Journal of Management, 30(6), 779-804.doi: 10.1016/j.jm.2004.06.002
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) - de arranjos que mesclam as definições de competição e de cooperação (Dagnino & Padula, 2002Dagnino, G. B., & Padula, G. (2002, May). Coopetition strategy: a new kind of interfirm dynamics for value creation. Proceedings of the European Academy of Management Annual Conference, Stockholm, Suécia, 2.), em que é possível notar a ocorrência, de forma concomitante, de competição e cooperação entre atores de um mesmo setor ou indústria, embora em um ambiente altamente competitivo (Kotzab & Teller, 2003Kotzab, H., & Teller, C. (2003). Value-adding partnerships and co-opetition models in the grocery industry. International Journal of Physical Distribution & Logistics Management, 33(3), 268-281. doi: 10.1108/09600030310472005
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).

Conquanto disputem numa instância de suas relações um ou mais recursos que podem ser limitados, esses atores se arranjam em grupos de cooperação que visam minimizar a competição e unir forças na disputa pelos eventuais recursos limitados ou mesmo ganhos que podem não vir a ser mensuráveis (Balestrin et al., 2010Balestrin, A., Verschoore, J. R., & Reynes, E., Jr. (2010). O campo de estudo sobre redes de cooperação interorganizacional no Brasil. Revista de Administração Contemporânea, 14(3), 458-477. Recuperado de http://www.scielo.br/pdf/rac/v14n3/v14n3a05.pdf. doi: 10.1590/S1415-65552010000300005
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; Guimarães, 2002Guimarães, A. S. (2002). Estratégias competitivas adotadas por empresas de tecnologia da informação. Revista de Administração, 37(3), 86-95.; Oliver & Ebers, 1998Oliver, A. L., & Ebers, M. (1998). Networking network studies: an analysis of conceptual configurations in the study of inter-organizational relationships. Organization Studies, 19(4), 549-583.doi: 10.1177/017084069801900402
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).

Numa abordagem coopetitiva, os atores envolvidos consideram que, para seu sucesso individual, não é necessário que outros atores falhem na disputa pelo objetivo que têm em comum (Zineldin, 2004Zineldin, M. (2004). Co-opetition: the organisation of the future. Marketing Intelligence and Planning, 22(7), 780-790. doi: 10.1108/02634500410568600
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). Para tanto, os relacionamentos entre os atores são construídos de forma que a capacidade competitiva individual de cada ator - e também do conjunto - seja aumentada sem que outros elementos estratégicos individuais sejam minados (Ketchen et al., 2004Ketchen, D. J., Jr., Snow, C. C., & Hoover, V. L. (2004). Research on competitive dynamics: recent accomplishments and future challenges. Journal of Management, 30(6), 779-804.doi: 10.1016/j.jm.2004.06.002
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). Ao trabalharem em conjunto para que sejam obtidos benefícios mútuos, os atores envolvidos - mesmo que competidores - colaboram para que o sistema no qual estão envolvidos se beneficie (Gee, 2000Gee, E. P. (2000). Co-opetition: the new market milieu. Journal of Healthcare Management, 45(6), 359-363.).

Ao reunir elementos descritivos, tanto de relacionamentos competitivos quanto de relações de colaboração e cooperação, os arranjos coopetitivos demandam dos atores envolvidos a habilidade de lidar com os ganhos referentes à porção cooperativa e colaborativa da relação, como acesso a fontes externas de conhecimento e know-how (Loebecke et al., 1999Loebecke, C., Van Fenema, P. C., & Powell, P. (1999). Co-opetition and knowledge transfer. The DATA BASE for Advances in Information Systems, 30(2), 14-25. doi: 10.1145/383371.383373
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), ao mesmo tempo em que se veem forçados a diferenciarem-se e gerarem vantagens competitivas distintas das dos atores com os quais estão se relacionando (Bengtsson et al., 2003 Bengtsson, M., Hinttu, S., & Kock, S. (2003, September). Relationships of cooperation and competition between competitors. Proceedings of the Annual IMP Conference, Lugano, Switzerland, 19.). Nesse sentido, a porção cooperativa da relação assegura o bom funcionamento do relacionamento (Das & Teng, 2000Das, T. K., & Teng, B.-S. (2000). Instabilities of strategic alliances: an internal tensions perspective. Organization Science, 11(1), 77-101. doi: 10.1287/orsc.11.1.77.12570
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).

Coopetição em Redes Interpessoais: Uma Alternativa Possível?

As relações de coopetição envolvem dois tipos de lógica de interação diferentes: competição e cooperação. De um lado, há a hostilidade motivada pelo conflito de interesses e, de outro, a necessidade de se estabelecer comprometimento e confiança mútua para que o objetivo comum a dois atores seja atingido (Garcia & Velasco, 2002 Garcia, C. Q., & Velasco, C. A. B. (2002, May). Co-opetition and performance: evidence from European biotechnology industry. Proceedings of the European Academy of Management Annual Conference, Stockholm, Suécia, 2.).

Na literatura sobre coopetição é possível observar ao menos três perspectivas teóricas principais que possibilitam a construção de um entendimento dos relacionamentos coopetitivos: economia de custos de transação (Dagnino & Padula, 2002Dagnino, G. B., & Padula, G. (2002, May). Coopetition strategy: a new kind of interfirm dynamics for value creation. Proceedings of the European Academy of Management Annual Conference, Stockholm, Suécia, 2.; Garcia & Velasco, 2002 Garcia, C. Q., & Velasco, C. A. B. (2002, May). Co-opetition and performance: evidence from European biotechnology industry. Proceedings of the European Academy of Management Annual Conference, Stockholm, Suécia, 2.; M'Chirgui, 2005), visão baseada em recursos (Garcia & Velasco, 2002 Garcia, C. Q., & Velasco, C. A. B. (2002, May). Co-opetition and performance: evidence from European biotechnology industry. Proceedings of the European Academy of Management Annual Conference, Stockholm, Suécia, 2.; M'Chirgui, 2005) e teoria dos jogos (Brandenburger & Nalebuff, 1996Brandenburger, A. M., & Nalebuff, B. J. (1996). Co-opetition. New York: Doubleday.; Dagnino & Padula, 2002Dagnino, G. B., & Padula, G. (2002, May). Coopetition strategy: a new kind of interfirm dynamics for value creation. Proceedings of the European Academy of Management Annual Conference, Stockholm, Suécia, 2.; Garcia & Velasco, 2002 Garcia, C. Q., & Velasco, C. A. B. (2002, May). Co-opetition and performance: evidence from European biotechnology industry. Proceedings of the European Academy of Management Annual Conference, Stockholm, Suécia, 2.; Leite et al., 2009Leite, R. S., Lopes, H. E. G., & Silva, S. A. D. (2009). A estratégia em relacionamentos coopetitivos: um estudo do arranjo produtivo de Nova Serrana. Revista Brasileira de Gestão de Negócios, 11(30), 65-78.; Levy, Loebbecke, & Powell, 2003Levy, M., Loebbecke, C., & Powell, P. (2003). SMEs, co-opetition and knowledge sharing: the role of information systems. European Journal of Information Systems, 12(1), 3-17. doi: 10.1057/palgrave.ejis.3000439
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; Loebecke et al., 1999Loebecke, C., Van Fenema, P. C., & Powell, P. (1999). Co-opetition and knowledge transfer. The DATA BASE for Advances in Information Systems, 30(2), 14-25. doi: 10.1145/383371.383373
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).

A colaboração da perspectiva da economia de custos de transação para a formação do conceito de coopetição está no entendimento da necessidade de um ator estabelecer ações coordenadas com seus competidores em arranjos de colaboração em que cada um fornece ao grupo aquele recurso que apenas ele detém e que é importante ou necessário para todos. Deve ser considerado que esta perspectiva leva em conta risco e confiança. Os atores vão escolher aliarem-se com seus competidores num esquema em que a possibilidade de ganho é maior - mesmo que pouco - do que o risco em ser vítima de uma ação oportunista de seu parceiro.

Economia de custos de transação se refere à teoria da firma (Coase, 1937Coase, R. H. (1937). The nature of the firm. Economica, 4(16), 386-405.; Williamson, 1973Williamson, O. E. (1973). Markets and hierarchies: some elementary considerations. The American Economic Review, 63(2), 316-325., 1985Williamson, O. E. (1985). The economic institutions of capitalism: firms, markets, relational contracting. New York: The Free Press.). De acordo com esta teoria, os custos de transação definem se um recurso será produzido externamente ou internalizado. Voltando à questão da coopetição, valerá a pena para um ator se aliar a outro que detém um recurso específico se o risco de sofrer uma ação oportunista deste ator for neutralizado pelo custo de internalizar a produção deste recurso (Garcia & Velasco, 2002 Garcia, C. Q., & Velasco, C. A. B. (2002, May). Co-opetition and performance: evidence from European biotechnology industry. Proceedings of the European Academy of Management Annual Conference, Stockholm, Suécia, 2.; M'Chirgui, 2005).

A visão baseada em recursos (Coase, 1937Coase, R. H. (1937). The nature of the firm. Economica, 4(16), 386-405.; Penrose, 2006Penrose, E. T. (2006). A teoria do crescimento da firma. Campinas: Editora UNICAMP.) levanta a necessidade de se desenvolver vantagens competitivas distintas para que um ator institucional seja escolhido para fornecer um determinado bem ou serviço num mercado. Para tanto, o ator em questão deve identificar seus recursos-chave e avaliar se eles têm valor nas relações em que este ator se envolve, são raros, não facilmente copiáveis e insubstituíveis. Se estes recursos internos do ator são trabalhados corretamente, este ator ocupará uma posição de vantagem com relação a seus pares. Tal vertente teórica dá sustentação e colabora na construção do conceito de coopetição uma vez que é a oferta destes recursos únicos que fornece o fator de atração a um ator para que outros atores se associem a este em busca do desenvolvimento de algo comum (Garcia & Velasco, 2002 Garcia, C. Q., & Velasco, C. A. B. (2002, May). Co-opetition and performance: evidence from European biotechnology industry. Proceedings of the European Academy of Management Annual Conference, Stockholm, Suécia, 2.; M'Chirgui, 2005).

A compreensão de que os indivíduos não são sempre bem intencionados e tendem a olhar primeiro para si e suas necessidades antes da coletividade e, antagonicamente, a percepção de que a cooperação ocorre mesmo assim e que a civilização é baseada nesta cooperação (Axelrod, 1988 Axelrod, R. (1988). The evolution of cooperation. In A. Gromyko & M. Hellman (Orgs.), Breakthrough: soviet and western scholars issue a challenge to build a world beyond war (pp. 185-193). New York: Walker and Company.) é um bom ponto inicial para que se compreenda a colaboração dos conceitos da teoria dos jogos para a construção do conceito de coopetição. A abordagem dos jogos trabalha as escolhas dos atores e representa outra fonte de sustentação para a construção do conceito de coopetição. Ela é aplicada no estudo de relações em que um equilíbrio cooperativo emerge através de ações dos atores (Axelrod, 1987 Axelrod, R. (1987). The evolution of strategies in the iterated prisoners' dilemma. In L. Davis (Ed.), Genetic algorithms and simulated annealing (pp. 32-41). Los Altos, CA: Morgan Kaufmann., 1988 Axelrod, R. (1988). The evolution of cooperation. In A. Gromyko & M. Hellman (Orgs.), Breakthrough: soviet and western scholars issue a challenge to build a world beyond war (pp. 185-193). New York: Walker and Company.; Axelrod & Hamilton, 1981; Nowak, Sigmund, & Leibowitz, 2000Nowak, M. A., Sigmund, K., & Leibowitz, M. L. (2000). Cooperation versus competition. Financial Analysts Journal, 56(4), 13-22.).

A principal maneira usada para explicar a teoria dos jogos é através da ilustração do paradigma da escolha através do jogo do dilema do prisioneiro. Neste jogo, dois indivíduos foram presos pela polícia, mas a polícia não detém informações suficientes para a condenação. A estratégia usada pela polícia, então, é a de separar os dois homens e fazer para cada um deles uma oferta semelhante: delate seu comparsa e ganhe a liberdade enquanto seu comparsa é condenado a um ano de prisão. No entanto, se o seu comparsa o delatar também, ambos ficam presos por três meses. Se ambos ficarem em silêncio, os dois ficarão presos por um mês. Assim sendo, a escolha óbvia não é a delação do comparsa (a decisão lógica), mas sim o silêncio, pois este caminho minimiza o prejuízo.

O dilema do prisioneiro em sua aplicação recorrente ilustra que em relações humanas a escolha pela cooperação suplanta o risco de adotar uma postura de competição predadora. Apesar de a recompensa ser maior na situação em que um dos suspeitos delata o outro que fica em silêncio, a escolha mais recorrente (Axelrod, 1987 Axelrod, R. (1987). The evolution of strategies in the iterated prisoners' dilemma. In L. Davis (Ed.), Genetic algorithms and simulated annealing (pp. 32-41). Los Altos, CA: Morgan Kaufmann., 1988 Axelrod, R. (1988). The evolution of cooperation. In A. Gromyko & M. Hellman (Orgs.), Breakthrough: soviet and western scholars issue a challenge to build a world beyond war (pp. 185-193). New York: Walker and Company.; Axelrod & Hamilton, 1981Axelrod, R., & Hamilton, W. D. (1981). The evolution of cooperation. Science, 211(4489), 1390-1396. doi: 10.1126/science.7466396
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) é a de minimizar os prejuízos ao invés de tentar a sorte grande, assim, ambos escolhem ficar em silêncio.

Este dilema é utilizado como uma forte argumentação em prol de uma associação de colaboração entre instituições que competem entre si (Brandenburger & Nalebuff, 1996Brandenburger, A. M., & Nalebuff, B. J. (1996). Co-opetition. New York: Doubleday.) e, como visto, aplica-se a relações entre competidores tanto em nível meso quanto em nível micro.

Além destas três bases teóricas principais, há as questões estruturais da rede (Bengtsson & Kock, 2000Bengtsson, M., & Kock, S. (2000). "Coopetition" in business networks - to cooperate and compete simultaneously. Industrial Marketing Management, 29(5), 411-426. doi: 10.1016/S0019-8501(99)00067-X
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), as capacidades dinâmicas dos atores (M'Chirgui, 2005; Teece & Pisano, 1994Teece, D. J., & Pisano, G. (1994). The dynamics capabilites of firms: an introduction. Industrial and Corporate Change, 3(3), 537-566.) e os fatores relacionados à imersão dos atores na estrutura (Tsai, 2002Tsai, W. (2002). Social structure of "coopetition" within a multiunit organization: coordination, competition, and intraorganizational knowledge sharing. Organization Science, 13(2), 179-190. doi: 10.1287/orsc.13.2.179.536
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), bem como outros elementos que ajudam a consolidar a construção do conceito de coopetição na literatura.

A dependência entre competidores pode ocorrer em função das características da rede, uma vez que as ações dos atores moldam a rede e a rede molda as ações dos atores que dela fazem parte (Bengtsson & Kock, 2000Bengtsson, M., & Kock, S. (2000). "Coopetition" in business networks - to cooperate and compete simultaneously. Industrial Marketing Management, 29(5), 411-426. doi: 10.1016/S0019-8501(99)00067-X
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). Estas questões que envolvem a formação e a dinâmica da rede evidenciam a inclinação de atores para a adoção de posturas de colaboração com outros agentes presentes na rede com os quais competem por um recurso escasso. Além disso, a compreensão desta dinâmica e a influência estrutural permitem entender que, em alguns aspectos das relações entre os atores, a competição será maior do que a colaboração e, em outros, a situação se inverte. No entanto, em virtude da necessidade da manutenção da rede, os atores tendem a adotar uma postura que minimize a postura unicamente predadora.

As capacidades dinâmicas dos atores se referenciam a aprendizagem de novos conhecimentos que se transformam em vantagens competitivas. Os atores, nessa perspectiva, aprendem tanto internamente quanto externamente para desenvolver suas vantagens competitivas. O aprendizado externo é encorajado, pois através dele se obtém know-how dos outros atores envolvidos em arranjos de cooperação; mesmo que estes sejam seus competidores diretos (M'Chirgui, 2005; Teece & Pisano, 1994Teece, D. J., & Pisano, G. (1994). The dynamics capabilites of firms: an introduction. Industrial and Corporate Change, 3(3), 537-566.). Nesse sentido, atores escolhem estabelecer relações de cooperação que proporcionem aprendizado a partir do compartilhamento de conhecimento (Tsai, 2002Tsai, W. (2002). Social structure of "coopetition" within a multiunit organization: coordination, competition, and intraorganizational knowledge sharing. Organization Science, 13(2), 179-190. doi: 10.1287/orsc.13.2.179.536
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).

As relações que se estabelecem entre os atores, como colocado, influenciam e são influenciadas pela rede. Uma vez que uma rede está estabelecida, as relações entre os atores envolvidos tendem a ser gerenciadas pelos próprios atores imersos nesta estrutura, através de ações de colaboração com a finalidade de perpetuar os benefícios obtidos pelos atores na rede (Tsai, 2002Tsai, W. (2002). Social structure of "coopetition" within a multiunit organization: coordination, competition, and intraorganizational knowledge sharing. Organization Science, 13(2), 179-190. doi: 10.1287/orsc.13.2.179.536
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). A manutenção da rede passa a ser tarefa de todos os atores envolvidos, visto que o bem-estar de todos é mais importante do que a maximização dos resultados obtidos por um ator apenas (Bengtsson & Kock, 2000Bengtsson, M., & Kock, S. (2000). "Coopetition" in business networks - to cooperate and compete simultaneously. Industrial Marketing Management, 29(5), 411-426. doi: 10.1016/S0019-8501(99)00067-X
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).

Um exemplo que ilustra a aplicação das bases conceituais supradescritas às relações interpessoais é o de um relacionamento que pode ser estabelecido entre um cozinheiro, um caçador e um carpinteiro que vivem numa pequena vila. Todos disputam alimento e abrigo e cada um detém um conjunto específico de habilidades que é importante para o grupo, mas não é exatamente distintivo, visto que o carpinteiro pode aprender a cozinhar, o caçador pode aprender a lidar com a madeira e o cozinheiro pode aprender a caçar. No entanto os custos envolvidos nos processos de aprendizagem, para cada um desses indivíduos, podem representar prejuízos em suas atividades principais. Cada um deles precisará de tempo para aprender este novo ofício sozinho, e esse tempo dedicado ao aprendizado solo é um tempo em que cada um não estará realizando a tarefa que é sua especialidade.

Então, decidindo cooperar, cada um colabora com o grupo fornecendo o resultado de seu trabalho e obtendo o benefício do resultado do trabalho dos outros atores envolvidos. Caso um dos indivíduos julgue que vale a pena correr o risco de produzir menos aquilo que é sua especialidade para aprender um novo ofício, a relação de cooperação com um de seus pares, ou mesmo com o grupo, pode ser abalada. É neste ponto de equilíbrio das relações entre estes indivíduos que se percebe a analogia com o cenário meso, em que são levados em conta os custos envolvidos em produzir internamente um recurso ou obter este recurso de fontes externas, que se encaixa a colaboração das teorias dos custos de transação e da visão baseada em recursos para o entendimento das relações coopetitivas.

Além disso, a escolha de cada um dos indivíduos por não cooperar com seu par pode lhe trazer consequências desagradáveis. Por exemplo, se o cozinheiro não colaborar com o carpinteiro, poderá ter comida, mas não o abrigo necessário para se proteger das intempéries. Assim, minimizar seus ganhos, tendo de dividir o fruto de seu trabalho, pode proporcionar o benefício de um abrigo. A perpetuação das relações entre o cozinheiro, o carpinteiro e o caçador consolida uma rede de benefícios mútuos que se fortalece com o tempo. Romper com estes relacionamentos pode ser desconfortável para os atores.

Pelo exemplo, entende-se que colaborar com seu competidor é um negócio arriscado, uma vez que as chances de ser vítima de uma ação oportunista do adversário são altas (Garcia & Velasco, 2002 Garcia, C. Q., & Velasco, C. A. B. (2002, May). Co-opetition and performance: evidence from European biotechnology industry. Proceedings of the European Academy of Management Annual Conference, Stockholm, Suécia, 2.). Contudo a frequência de interações entre os atores pode diminuir o risco de uma ação oportunista, pois os atores tendem a aprender sobre seus pares e, logo, uma rotina é criada (M'Chirgui, 2005). Ainda assim, o risco não é totalmente eliminado, pois proteger um recurso específico como conhecimento tácito, por exemplo, é difícil. Isso estimula cada um dos atores envolvidos a desenvolver novas capacidades únicas que fazem com que sua presença neste esquema de benefício de grupo seja primordial. Ademais, mesmo sabendo que há a chance de maximização dos ganhos individuais, o risco é alto e os atores tendem a agir com o objetivo de perpetuar a relação e não eliminar a concorrência.

Não obstante os princípios teóricos listados fazerem referência a um contexto meso, a partir do exemplo é possível compreender que estes princípios se aplicam às relações interpessoais.

Observar os tipos de relacionamentos de coopetição que podem ser estabelecidos entre atores proporciona outra forma de verificar a aplicação destes relacionamentos a um contexto micro. Embora não existam muitos trabalhos que proponham uma tipologia dos relacionamentos coopetitivos (Walley, 2007Walley, K. (2007). Coopetition: an introduction to the subject and an agenda for research. International Studies of Management and Organizations, 37(2), 11-31. doi: 10.2753/IMO0020-8825370201
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), o esforço é válido e ajuda a corroborar a proposta deste trabalho.

Ao serem observados os tipos de relacionamentos coopetitivos de acordo com a carga de competição e colaboração existente na relação - cooperação dominante, relacionamento igualitário e competição prevalente (Bengtsson & Kock, 2000Bengtsson, M., & Kock, S. (2000). "Coopetition" in business networks - to cooperate and compete simultaneously. Industrial Marketing Management, 29(5), 411-426. doi: 10.1016/S0019-8501(99)00067-X
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) - a analogia referente à aplicação em contextos meso e micro permanece válida. Num contexto micro, as relações entre cada par de atores podem ser deslocadas para a colaboração ou para a competição; mesmo quando a atuação desses atores não é a de competir diretamente em suas especialidades.

Outra classificação de relacionamentos coopetitivos, desta vez de acordo com a sua finalidade (Garraffo, 2002 Garraffo, F. (2002, May). Types of co-opetition to manage emerging technologies. Proceedings of the European Academy of Management Annual Conference, Stockholm, Suécia, 2.), também se mostra aplicável a relacionamentos interpessoais, pois estes podem se estabelecer para a troca de conhecimento, colaboração mútua em atividade de pesquisa e desenvolvimento, estabelecimento de padrões e integração de atividades.

Uma terceira tipologia de coopetição (Dowling, Roering, Carlin, & Wisnieski, 1996Dowling, M. J., Roering, W. D., Carlin, B. A., & Wisnieski, J. (1996). Multifaceted relationships under coopetition description and theory. Journal of Management Inquiry, 5(2), 155-167. doi: 10.1177/105649269652008
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) propõe que este tipo de relacionamento pode acontecer de forma direta ou indireta entre compradores e fornecedores e entre parceiros que competem diretamente. O exemplo usado neste trabalho coloca os indivíduos claramente dentro dos três tipos de coopetição propostos por esta tipologia.

Cozinheiro, carpinteiro e caçador competem diretamente disputando o recurso escasso do abrigo e alimentação. Competem indiretamente em relação aos insumos necessários para o desempenho de suas funções, visto que todos precisam de madeira para a fabricação de suas ferramentas de trabalho, mas este recurso é parte principal da atividade do carpinteiro apenas. Caso ampliada a rede do exemplo proposto, poderá ser observado o terceiro tipo de relação de coopetição desta tipologia. Um novo grupo pode se ligar a estes três primeiros indivíduos e outro carpinteiro pode se associar ao primeiro para fornecer um novo tipo de construção de abrigo mais elaborado, que demande trabalho especializado de mais profissionais.

Considerações Finais

Conquanto o conceito de cooperação num contexto de competição seja bastante claro e importante para a compreensão das relações entre os indivíduos (Axelrod, 1987 Axelrod, R. (1987). The evolution of strategies in the iterated prisoners' dilemma. In L. Davis (Ed.), Genetic algorithms and simulated annealing (pp. 32-41). Los Altos, CA: Morgan Kaufmann., 1988 Axelrod, R. (1988). The evolution of cooperation. In A. Gromyko & M. Hellman (Orgs.), Breakthrough: soviet and western scholars issue a challenge to build a world beyond war (pp. 185-193). New York: Walker and Company.; Axelrod & Dion, 1988 Axelrod, R. (1988). The evolution of cooperation. In A. Gromyko & M. Hellman (Orgs.), Breakthrough: soviet and western scholars issue a challenge to build a world beyond war (pp. 185-193). New York: Walker and Company.; Axelrod & Hamilton, 1981Axelrod, R., & Hamilton, W. D. (1981). The evolution of cooperation. Science, 211(4489), 1390-1396. doi: 10.1126/science.7466396
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) e também na teoria dos jogos (Armstrong, 2002Armstrong, J. S. (2002). Assessing game theory, role playing, and unaided judgment. International Journal of Forecasting, 18(3), 345-352. doi: 10.1016/S0169-2070(02)00024-9
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; Brandenburger & Nalebuff, 1996Brandenburger, A. M., & Nalebuff, B. J. (1996). Co-opetition. New York: Doubleday.; Rabin, 1993Rabin, M. (1993). Incorporating fairness into game theory and economics. American Economic Review, 83(5), 1281-1302.; Zhong, Zheng, Zheng, Xu, & Hui, 2006Zhong, L.-X., Zheng, D. F., Zheng, B., Xu, C., & Hui, P. M. (2006). Networking effects on cooperation in evolutionary snow-drift game. Europhys, 76(4), 724-730. doi: 10.1209/epl/i2006-10323-2
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), na literatura de Administração, as relações de cooperação e competição concomitantes apenas relatam relacionamentos em um contexto meso (Schillo et al., 2000 Schillo, M., Fischer, K., & Klein, C. T. (2000). The micro-macro link in DAI and sociology. In M., Scott & P. Davidsson (Eds.), Multi-agent based simulation (pp. 133-148). Berlin: Springer Berlin Heidelberg.), ou seja: no nível das organizações.

Apesar dos estudos dedicados a estes assuntos predominantemente terem como foco as organizações, em seu texto, é possível perceber que parte da base conceitual atinente a este tipo de relacionamento tem seu cerne baseado numa abordagem micro, relacionada aos indivíduos (Boissevain, 1968Boissevain, J. (1968). The place of non-groups in the social sciences. Man., 3(4), 542-556.; Borgatti & Foster, 2003Borgatti, S. P., & Foster, P. C. (2003). The network paradigm in organizational research: a review and typology. Journal of Management, 29(6), 991-1013. doi: 10.1016/S0149-2063(03)00087-4
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; Castilla et al., 2000 Castilla, E. J., Hwang, H., Granovetter, E., & Granovetter, M. (2000). Social networks in silicon valley. In C. M. Lee, W. F. Miller, M. G. E. Hancock, & H. S. Rowen (Eds.), The silicon valley edge (pp. 218-247). Stanford: Stanford University Press.; Fombrun, 1982Fombrun, C. J. (1982). Strategies for network research in organizations. Academy of Management Review, 7(2), 280-291.; Granovetter, 1985Granovetter, M. (1985). Economic action and social structure: the problem of embeddedness. American Journal of Sociology, 91(3), 481-510.; Newman & Park, 2003Newman, M. E. J., & Park, J. (2003). Why social networks are different from other types of networks. Physical Review E, 68(036122), 1-9. doi: 10.1103/PhysRevE.68.036122
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).

Além disso, a aplicação dos conceitos que servem como base para explicar os relacionamentos coopetitivos se dá, como abordado, tanto no nível meso quanto no nível micro. Auxilia esta argumentação a colocação de que os atores - individuais ou organizacionais, para desenvolverem relacionamentos coopetitivos, devem reunir interações, relações, atitudes, motivos, necessidades, objetivos e ações em comum (Zineldin, 2004Zineldin, M. (2004). Co-opetition: the organisation of the future. Marketing Intelligence and Planning, 22(7), 780-790. doi: 10.1108/02634500410568600
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).

Com base nas características e componentes teóricos que proporcionam a sustentação conceitual da coopetição, não é possível enxergar argumentação teórica que justifique que este construto seja aplicado apenas às relações interorganizacionais. Mesmo num contexto de relações interpessoais é possível enxergar os mesmos componentes que estimulam as relações de colaboração com competidores.

A partir da análise do conceito de coopetição e da relação íntima deste com os conceitos evidenciados e descritos de colaboração e cooperação, é possível tecer argumentações que permitem concluir que não existe nada na apresentação conceitual sobre relacionamentos coopetitivos que prenda este conceito ao contexto meso. As mesmas premissas que regem as relações das empresas podem ser aplicadas às relações entre pessoas.

Quando o tema das redes é tratado nos estudos de Administração ou Economia, normalmente, há uma espécie de tendência de se abordar os agentes organizacionais e tratá-los como indivíduos racionais numa rede de relacionamentos puramente econômicos. Entretanto os conceitos trabalhados, como já referenciado, podem também se referir a relacionamentos sociais num contexto micro, ou seja, das relações interpessoais.

Deve-se deixar claro, no entanto, que não se trata de negar que relações entre pessoas podem ser encaradas de maneira diferente das relações entre instituições. O que se propõe aqui é que sejam adotados os mesmos princípios usados num nível quando analisadas as relações formadas em outro nível; afinal, redes são redes.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Jul-Aug 2014
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