Acessibilidade / Reportar erro

Notas sobre a avaliação quantitativa do custo e resultado do treinamento de gerentes pelo método Wicks-Yewdall

NOTAS E COMENTÁRIOS

Notas sobre a avaliação quantitativa do custo e resultado do treinamento de gerentes pelo método Wicks-Yewdall

Kurt Ernst Weil

Professor e Chefe do Departamento de Administração da Produção, Logística e Operações Industriais da EAESP/FGV

RESUMO

A questão da avaliação de treinamento foi objeto de uma colaboração de fôlego em recente edição especial da RAE1 1 . CAVALCANTI, B. S.. "Avaliação de treinamento". Revista de Administração de Empresas, 30(1 ):17-25, jan/mar.1990. . Faltando um método quantitativo, apresentamos aqui, de modo sumário, a metodologia de Wicks-Yewdall2 2 . WICKS, C. T. & YEWDALL, G. A. Operational Research. Londres, Pan Books, 1971. , que nos parece apropriada a tal finalidade e otimizante para grandes empresas. Fazemos também nossas próprias observações sobre o problema da avaliação, além de trazermos a opinião de alguns administradores a esse respeito.

Palavras-chave: Avaliação de treinamento, eficácia, custos.

ABSTRACT

Training-evaluation has been examined in depth in a recent special issue of RAE1 1 . CAVALCANTI, B. S.. "Avaliação de treinamento". Revista de Administração de Empresas, 30(1 ):17-25, jan/mar.1990. . Upon feeling that a quantitative evaluation method was missing the author describes the Wicks-Yewdall2 2 . WICKS, C. T. & YEWDALL, G. A. Operational Research. Londres, Pan Books, 1971. method which optimizes training expenditure for large enterprises. Otherwise there are personal opinions and some ideas of managers about the evaluation of training.

Key words: Training-evaluation, efficiency, costs.

Clique para ampliar

Quando pela primeira vez deparei com o problema de justificar o custo de um treinamento para um diretor, comecei com uma divisão do treinamento em 1º) treinamento técnico e 2º) treinamento de atitudes, facilitando, assim, o enquadramento diferenciado.

Quanto mais elevada é a posição do treinamento no organograma da empresa, tanto maior é a participação do treinamento de atitudes, comparado ao puramente técnico. Exemplificando: no treinamento na técnica de orçamento zero, controle estatístico do processo, análise não destrutiva de metais e outros, fica claro o que se aprende ou não - o critério de avaliação é o próprio conhecimento adquirido.

Quanto mais elevado for o nível, mais difícil fica a verificação dos resultados, tornando-se útil o critério adotado por um diretor e presidente da FIESP na década de 1930: "caso o treinamento, qualquer que seja, ou a assinatura de uma revista ou a compra de um livro ou uma visita a outra cidade, dê uma só idéia nova, que possa pagar o custo, o treinamento terá valido a pena". E isso é o único método válido.

A inovação tecnológica na empresa desse diretor foi constante. A quantificação das idéias aproveitadas é difícil, mas não impossível. No caso de economia de matéria-prima, melhoria de qualidade ou produtividade, é até fácil de ser feita. Entretanto, a avaliação técnica só é possível em caso de treinamento de procedimento. Este dura entre um dia e uma semana, costumeiramente.

O treinamento de atitudes de administração deve, na opinião dos professores da Harvard Business School, levar no mínimo dois meses, sendo considerada ideal a duração de doze semanas em tempo integral. Nesse caso, a avaliação, além do método Wicks-Yewdall, que será apresentado a seguir, poderá ser feita por "polivalência", isto é, pelo número de cargos executivos que o treinado passa a ser capaz de preencher após o treinamento.

RESUMO DO MÉTODO WICKS-YEWDALL POR MEIO DE GRÁFICOS

Figura 1


Figura 2


Figura 3


Figura 4


Figura 5


Figura 6


Figura 7


Figura 8


Supondo-se agora que o preço de venda seja de £ 5,00 por unidade e o custo seja o mostrado na figura 9, verifica-se que a produção de 65 unidades traz a melhor diferença de receita-custo.


Note-se que um orçamento acima de £ 200,00 não tem o mesmo custo benefício que o escolhido. Como sempre, a dificuldade desse modelo está na medida de custo e resultado.

Uma simulação no computador pode melhorar eventualmente o resultado. Também a curva muda, já que a produção é inter-relacionada com outras atividades e com outros produtos. Melhor então é considerar as curvas de otimização como sendo parte da subotimização do treinamento total na empresa.

Outro problema está na existência de treinamento simultâneo para gerentes e mestres, o qual também é tratado por Wicks e Yewdall no capítulo em questão, resultando em dados não comparáveis.

Finalmente, há tabelas financeiras que permitem calcular:

1) o aumento anual de produtividade para justificar a despesa com o treinamento, para diversos níveis de juros, após descontar para valor presente;

2) o número de anos necessários para pagar pelo treinamento - com juros fixos, através do incremento da produtividade, expresso pela receita (em £) adicional de produção.

Podemos usar, ainda, outros métodos para medir a eficácia de um treinamento. São eles:

1º) Índice de frustração - O treinamento fica frustrado porque o treinado não consegue praticar o que, a duras penas, aprendeu. Quanto mais alto o índice de frustração, tanto mais rápida é a sua saída da empresa que o mandou para ser treinado. O índice de frustração é medido pela relação:

2º) Polivalência - Após o treinamento, o treinado se dirige ou a seu superior ou a outra empresa para procurar outro campo: de produção vai para gerência de produto ou da contabilidade para aplicações financeiras.

3º) Liberação Total - Incentivado por palavras de ordem como "faça-o agora", "pense", "arrisque" etc... ele muda de emprego.

A medida final é da Harvard Business School: 70% dos treinados mudam de emprego nos três anos subseqüentes ao treinamento.

  • 1 CAVALCANTI, B. S.. "Avaliação de treinamento". Revista de Administração de Empresas, 30(1 ):17-25, jan/mar.1990.
  • 2. WICKS, C. T. & YEWDALL, G. A. Operational Research. Londres, Pan Books, 1971.
  • 1
    . CAVALCANTI, B. S.. "Avaliação de treinamento".
    Revista de Administração de Empresas, 30(1 ):17-25, jan/mar.1990.
  • 2
    . WICKS, C. T. & YEWDALL, G. A.
    Operational Research. Londres, Pan Books, 1971.
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      18 Jun 2013
    • Data do Fascículo
      Dez 1990
    Fundação Getulio Vargas, Escola de Administração de Empresas de S.Paulo Av 9 de Julho, 2029, 01313-902 S. Paulo - SP Brasil, Tel.: (55 11) 3799-7999, Fax: (55 11) 3799-7871 - São Paulo - SP - Brazil
    E-mail: rae@fgv.br