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Planejamento do layout, sistema SLP

RESENHA BIBLIOGRÁFICA

Kurt E. Weil

Planejamento do layout, sistema SLP

Por Richard Muther. Trad. Elisabeth de Moura Vieira, Jorge Aiub Hijjar e Miguel De Simoni. Superv. da ed. bras. Itiro. lida. Boston, Mass., EUA, Cahners Books, 1973; São Paulo, Edgard Blücher. 192 p. broch., ilust., anexos, 1 régua graduada.

Escrever um livro sobre layout, em geral, é diferente de descrever um método de obtenção de um layout satisfatório. Muther conseguiu aperfeiçoar um sistema pelo qual um técnico aplicado ou um grupo de planejamento podem chegar a uma distribuição física que garanta um bom fluxo de trabalho.

O livro de Muther é a cristalização de uma experiência de muitos anos, pois o autor usou o roteiro do trabalho e o fluxograma pela primeira vez nos anos 30, e posteriormente escreveu o livro Practlcal plant layout, publicado pela McGraw Hill em 1955. O autor e seus colaboradores fizeram mais de 1.000 projetos pelo método, sendo as novidades constantes dessa edição em português comprovadas em mais de 200 projetos recentes.

O prefácio do autor classifica o livro, intencionalmente, de "ma nual de instruções" talvez muito específico. "Numa abordagem do livro do ponto de vista do técnico projetista ou administrador, salienta-se, antes de tudo, a facilidade que o autor tem de explicar passo por passo os procedimentos que devem ser seguidos - de novo sem amortecer a criatividade e inteligência dos envolvidos no processo. O resenhista quer evitar que se tenha a impressão de que a obra é nada mais do que um livro de instruções. Longe de tal, encontra-se nele antes de tudo uma sistematização lógica, como a abreviação SLP tenta dar a entender: systematic layout planning, cuja tradução em português, "sistematização de projetos de arranjo físico", somente descreve parte do trabalho realizado, pois além do projeto de arranjo físico o autor descreve as atividades conexas - a avaliação do transporte interno, o uso de modelos e papel quadriculado, etc.

Resumidamente, o método de Muther pode ser descrito como sendo um fluxograma de processo inter-relacionado com o espaço disponível e as exigências de proximidade ou afastamento de seções e serviços. Ora, como não existe um "layout ótimo" deve ser procurado o "layout melhor" por um método heurístico. Métodos matemáticos falham pela extrema complexidade da distribuição espacial. Assim, uma programação de computador para achar o melhor layout, que minimiza o transporte, por exemplo, torna-se muito trabalhosa, e a programação quadrática necessária é custosa em tempo de computador.

Métodos tais como a programação linear para achar o melhor layout trabalham com restrições, necessárias para limitar as variáveis, restrições essas sujeitas a discussão ou mesmo alteração. Portanto, o resultado matemático não é obrigatoriamente único, mas um de uma série.

O livro acompanha o técnico desde do arranjo dos edifícios no terreno, através do arranjo interno de cada edifício e do detalhamento departamental, até à implantação. O autor usa um sistema chamado P, Q, 'R, S e T para implementar a sistematização do layout:

P = produto (ou material ou serviço)

Q = quantidade (ou volume exigido)

R - roteiro (seqüência de ope rações)

S = serviços (de suporte)

T = tempo.

O autor classifica a intensidade de fluxo entre cada par de atividades a fim de localizá-las em: a - absolutamente necessárias; b - especialmente importantes; c - importantes; d - pouco importantes e e - desprezíveis. Nota-se nesse ponto o maior defeito do livro - a pouca precisão da linguagem na tradução - pois não é a "intensidade do fluxo" que é importante, mas "a proximidade é importante devido à intensidade do fluxo". Mas mesmo se a linguagem não ajudar, os diagramas, como no caso o da página 38, ajudam a entender.

Assim, o livro é ótimo apesar de uma tradução muito fraca - por exemplo, "requerimentos de equipamentos" deveria ser traduzido por "necessidades de equipamentos", pois requirements é diferente de pethlon (requerimento). A constante tradução de chart como "carta", por exemplo na página 35 como "carta de interligações", deveria ser mudada para "diagrama de interligações"; ou ainda, a "carta de processo" e "carta de-para" ficaria melhor como "roteiro descritivo do processo" e "diagrama de origem e destino". Na página 20, na figura 3-9 encontra-se uma provável transposição de unidade, pois "tamanho e peso por unidade em relação aos anos passados" resultaria em um peso de 1 kg/cm3, uma densidade que não existe no. nosso planeta, ou então os dois lados do gráfico não se relacionam.

Mas deve ficar claro que esses fatos não diminuem a utilidade do livro. A utilidade é absoluta, e a belíssima apresentação gráfica e os diagramas permitem entender todo o procedimento. O livro foi impresso em formato A-4 (21x28/29) da ABTN, ficando assim assegurada a clareza ' dos gráficos, mesmo nos detalhes. A fotografia da página 119 é clara, mas antiga, como se nota pela roupa das pessoas.

O livro, portanto, pode ser recomendado, sem restrição, para três tipos de usuários:

1. Departamentos de engenharia industrial e de planejamento de empresas industriais e de serviço, e mesmo de empresas comerciais.

2. Cursos especializados de layout como livro-texto básico.

3. Disciplinas de administração da produção, organização do trabalho, planejamento, etc. em escolas graduadas e pós-graduadas de administração e engenharia.

O autor, devido à natureza prática da obra, não achou necessária a inclusão de uma bibliografia e de um índice remissivo, mas juntou formulários utilíssimos.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    08 Ago 2013
  • Data do Fascículo
    Set 1979
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