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A integração indivíduo-organização

RESENHA BIBLIOGRÁFICA

Marcos Antonio Frota

A integração indivíduo-organização

Por Chris Argyris. São Paulo, Editora Atlas, jul. 1975.

Neste livro, A integração indivíduo organização, Chris Argyris apresenta o seu pensamento quanto à reestruturação das organizações formais.

Com a integração, o que as organizações têm a ganhar é o maior aproveitamento da energia humana de que dispõem. E, porque o processo de integração implica cessão de ambas as partes, o problema que se apresenta ao autor, e que é explorado, é a compreensão das mudanças que a organização e o indivíduo terão que sofrer para alcançar a maior energia no esforço produtivo.

No pressuposto do autor, as bases para o maior aproveitamento da energia humana, vale dizer: para a eficiência, residem na própria incompatibilidade que há entre os objetivos organizacionais e interesses individuais.

A primeira parte do livro apresenta uma perspectiva revisada e ampliada do que Chris Argyris expôs em Personality and organization. E se constitui um quadro referencial a auxiliar o entendimento dos novos pensamentos do autor.

Para Argyris, em todos os níveis hierárquicos há perda de energia - comportamento improdutivo que não auxiliam a organização a alcançar os seus objetivos. Há também o comportamento negativo, que vai de encontro aos objetivos organizacionais. Esses comportamentos - neutros e negativos - podem ser reduzidos ou podem ter suas conseqüências, indesejáveis, minimizadas, desde que haja melhoria ao nível do planejamento organizacional e ao nível das expectativas individuais. À falta de correção, as atividades improdutivas tendem a se perpetuar, constituindo-se fins em si mesmas e gerando um ciclo produtor de atividades desnecessárias ou indesejáveis.

Cabe destacar, ainda, a inclusão do conceito de energia psicológica, que existe para ajudar a explicar o comportamento humano que não pode ser adequadamente interpretado à luz da energia fisiológica.

Após discutir - na segunda parte - os conceitos de eficiência e ineficiência organizacionais e se referir aos mecanismos que inibem ou estimulam a ineficiência, o autor apresenta o que denomina de Modelo Composto para análise organizacional, o qual é elaborado a partir das propriedades dos organismos sociais. Seguem-se a análise das variáveis do modelo e a ilustração das teses defendidas.

Em sua terceira parte, o livro procura aproximar o modelo da realidade, traçando, de acordo com o Modelo Composto, o perfil de uma organização eficiente. Nesse ponto são feitas considerações sobre a estrutura organizacional, liderança, descrição de funções, recompensas e punições e, ainda, avaliação, demissão e admissão de funcionários. Em todas essas seções são vistas as práticas atuais, problemas derivados dessas práticas e suas possíveis soluções.

Finalmente, ê dado tratamento à integração dos níveis sociológico e psicológico de análise organizacional, passando em revista pesquisa de outros autores. E enfatizando que não adianta insistir na tecla de que o nível psicológico ou sociológico de análises é o melhor para a total compreensão do problema. Ambos são necessários.

O caráter nitidamente especulativo do livro e a ausência do respaldo da pesquisa empírica às novas teorias não fazem a obra menos importante. A referência bibliográfica é farta e a análise é meticulosa. Objeções às novas proposições poderão ser formuladas após essas pesquisas empíricas.

O livro recomenda-se para professores e técnicos de administração e para executivos da área de recursos humanos.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    09 Ago 2013
  • Data do Fascículo
    Abr 1976
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