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Carta ao leitor

Carta ao leitor

"A questão não é saber fazer, mas o que fazer com o que se sabe fazer"

Uma das leituras mais objetivas que se pode fazer da história da Teoria Geral da Administração é a de que ela é a história da compreensão do homem pelo homem, enquanto fator de produção. Todavia, o desenvolvimento tecnológico e as transformações sociais por ele induzidas parecem estar sobrepondo a esta leitura uma nova "onda" qual seja a do homem enquanto fator de renovação das organizações e das nações.

Não pode haver desenvolvimento "sustentável" sem recursos humanos desenvolvidos da mesma forma que não se pode pensar em "competitividade" sem o concurso de recursos humanos renovadores, capazes de transformar "competitividade" em vantagem competitiva.

Com efeito, são os recursos humanos, efetivamente, o ativo mais importante do balanço socioeconómico de uma organização ou de uma nação. Não educá-los, desenvolvê-los e articulá-los convenientemente significa patrocinar individualismos, feudos de excelência e a miséria humana.

Nas raízes de qualquer plano de gestão é importante a verificação se estamos propondo gerir uma massa de recursos humanos renovadores ou, simplesmente, uma força de trabalho. É por aí que a relação homem-trabalho passa por questões tão delicadas quanto alienação, motivação, prazer, expectativas e saúde mental.

Neste número a RAE abre espaço para contribuições nesta temática. Começa por mostrar, em artigo de Kon, como a modernização tecnológica brasileira deve estar condicionada a situações regionais específicas da oferta de trabalhadores se quiser obter resultados efetivos e uma integração da nação como um todo na matriz mundial de relações econômicas.

Betiol e Tonelli, em artigo original, e oportuno, analisam o desempenho da mulher executiva assalariada no trabalho com base em entrevistas, questionários e reflexões teóricas. Não menos oportuna e original é a contribuição de Rodrigues ao apresentar os resultados da pesquisa que realizou sobre o conflito resultante do envolvimento das pessoas do mundo doméstico enquanto participantes da gestão da empresa familiar.

Por sua vez, Melo contribui para uma análise teórica da prática da negociação coletiva, assim como Gutierrez realiza uma crítica aos diversos fatores contingentes que normalmente são tomados como determinantes do desempenho do papel da função RH nas organizações.

Forester e Morrison sinalizam como as sociedades industriais se tomam mais vulneráveis à medida em que adotam a tecnologia de computadores e das telecomunicações, ilustrando suas preocupações com vários casos do cotidiano.

Em Notas e Comentários, Fischer assinala as contradições em que foram remetidas as relações de trabalho no País, a partir do momento em que alguns padrões de relação de trabalho foram tomados como soluções adequadas a problemas cruciais do desenvolvimento nacional. Da mesma forma, Oliveira mostra como, apesar da expansão de programas participativos de iniciativa empresarial nas empresas brasileiras, a gerência e a própria classe trabalhadora se colocam limites ao desenvolvimento de um relacionamento menos hierárquico entre si na busca de aquisição conjunta de conhecimentos do processo de trabalho.

Finalmente, Miyazaki revisa a bibliografia sobre a Transferência Internacional da Tecnologia.

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Assumir a direção e redação da RAE significa um compromisso com a seriedade, qualidade, prestígio e liderança conquistados ao longo de 30 anos. A RAE já não é mais apenas a revista de administração da EAESP-FGV, mas um canal de veiculação da pesquisa e do pensamento acadêmico em Administração no país e no exterior.

Conforme escreveu a Professora Gisela Taschner Goldenstein - a que sucedemos na direção desta revista - "a RAE encontra-se agora no limiar de uma nova etapa, cheia de desafios". É muito gratificante não apenas participar deste limiar como também explorá-lo.

Marilson Alves Gonçalves

Diretor-responsável da RAE

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    14 Jun 2013
  • Data do Fascículo
    Dez 1991
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