OBJETIVOS: Estudar a presença, forma de apresentação e as conseqüências da hipotermia em nosso meio. MÉTODOS: Estudo prospectivo em hipotérmicos atendidos no Serviço de Emergência de Clínica Médica da Santa Casa de São Paulo, com 212 pacientes com hipotermia leve, moderada e grave, entre 1987 a 2001, a maioria constituída por alcoólatras crônicos e moradores de rua. Foram analisados os resultados quanto ao sexo, faixa etária, temperatura central, eletrocardiograma, comorbidades e mortalidade. RESULTADOS: A hipotermia predominou no sexo masculino em 75,9%. Quanto à faixa etária prevaleceu a idade entre 30 e 59 anos. Em 70,3% dos pacientes a temperatura central foi inferior a 32ºC, sendo que em 26,4% destes, a temperatura foi menor que 28ºC. A associação com quadros infecciosos ocorreu em 76,8% dos casos. Os pacientes com hipotermia leve responderam melhor à terapêutica (96,8%) quando comparados com os hipotérmicos moderados (72,1%) e graves (87,5%). A onda de Osborn esteve presente em 42,6% dos pacientes. A mortalidade geral foi de 38,2%. CONCLUSÕES: A hipotermia acidental em serviços de emergência de país tropical é fato inegável. O socorrista deve estar atento e treinado para o reconhecimento desta doença de alta morbidade e mortalidade. A mortalidade aumenta com a presença de doenças associadas, particularmente processos infecciosos, desnutrição e alcoolismo crônico.
Hipotermia acidental; Alcoolismo crônico; Desnutridos; Infecções; Osborn