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Quimioterapia pré-operatória versus cirurgia no câncer gastroesofágico ressecável

PANORAMA INTERNACIONAL

CLÍNICA CIRÚRGICA

Quimioterapia pré-operatória versus cirurgia no câncer gastroesofágico ressecável

Apesar do significativo declínio em sua incidência, o adenocarcinoma gástrico continua sendo foco de importantes estudos, principalmente na área oncológica. Não há dúvida de que o único tratamento eficaz para o câncer gástrico é a sua ressecção cirúrgica associada a uma linfadenectomia extensa, porém, menos de 30% das lesões avançadas em nosso meio são passíveis de cura. Apesar do grande benefício que se tem observado no emprego da terapia adjuvante em alguns tumores intestinais, tais como o adenocarcinoma colorretal, isto não se constata no adenocarcinoma gástrico, e por essa razão não pode ser considerada como modalidade terapêutica consagrada.

Um estudo multicêntrico randomizado, fase três, conduzido no Reino Unido com extensões na Holanda, Nova Zelândia, Alemanha, Singapura e Brasil, envolvendo 503 pacientes, objetivou analisar o uso da quimioterapia pré-operatória no adenocarcinoma gástrico. Neste estudo, os pacientes com lesões ressecáveis foram randomizados em um grupo em que a cirurgia era precedida de quimioterapia (250 pacientes) e outro grupo em que somente a cirurgia com intenção curativa era realizada (253 pacientes). No grupo que recebia quimioterapia, esta foi mantida após a cirurgia, sendo que o esquema terapêutico baseava-se em epirrubicina, cisplatina e 5-fluoracil (ECF).

A análise dos resultados deste estudo revelou um significativo aumento na sobrevivência média de cinco anos, sendo que, no grupo em que se realizou a quimioterapia pré-operatória, a taxa de sobrevida foi de 36%, ao passo que, no grupo em que a cirurgia era realizada isoladamente, essa taxa foi de 23% (p = 0,008). Da mesma forma, outros aspectos pareceram promissores, tais como a diminuição do tamanho da lesão e a redução do comprometimento linfonodal.

Em relação às complicações relacionadas ao uso de medicamentos quimioterápicos, tais como a leucopenia e a trombocitopenia, os autores consideraram como aceitáveis os índices observados. A incidência de neutropenia foi de 23%; 12% dos pacientes apresentaram efeitos tóxicos graves, sendo que 6% tiveram que interromper a quimioterapia.

Comentário

De fato, a contribuição da cirurgia no câncer gástrico já atingiu o padrão de excelência máxima no que diz respeito aos benefícios na sobrevida a longo prazo e na determinação adequada do estádio. Dessa forma, a evolução do seu tratamento seguirá o sentido de novas modalidades terapêuticas tais como quimioterapia e radioterapia, em suas várias formas de emprego, desde que desenvolvidas e aprimoradas a partir de protocolos investigativos sérios, criteriosos e bem desenhados.

Osvaldo Antonio Prado Castro

Elias Jirjoss Ilias

Paulo Kassab

Referência

1. Cunningham D, Allum WH, Stenning SP, Thompson JN, Van de Velde CJ, Nicolson M, et al. MAGIC Trial Participants. Department of Medicine, Royal Marsden Hospital, Sutton , Surrey, United Kingdom. Perioperative chemotherapy versus surgery alone for resectable gastroesophageal cancer. N Engl J Med. 2006;355(1):11-20.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    17 Jan 2007
  • Data do Fascículo
    Dez 2006
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