Acessibilidade / Reportar erro

O que fazer para evitar a prematuridade?

Diretrizes

Obstetrícia

O QUE FAZER PARA EVITAR A PREMATURIDADE?

O nascimento prematuro, ou seja, aquele que ocorre em idades gestacionais inferiores a 37 semanas é a principal causa de morbidade e mortalidade neonatal. A chance de morte neonatal é maior em idades gestacionais (IG) precoces e pode ser 40 vezes maior do que no recém-nascido (RN) de termo. Para os RN com peso inferior a 1500g, o risco de complicações neurológicas é cerca de 20 vezes maior. As internações hospitalares durante o primeiro ano de vida são três a quatro vezes mais freqüentes nos prematuros. Portanto, o impacto social e econômico é enorme.

Por outro lado, evitar a prematuridade continua sendo um grande desafio ao obstetra. Trata-se de uma missão difícil, não apenas devido ao conhecimento incompleto dos fatores etiológicos e da fisiopatologia da prematuridade por não se tratar apenas de um problema de ordem médica, mas, também, educativo e social, o que o torna mais complexo.

A antecipação eletiva ou indicada do parto, que corresponde a cerca de 50% dos prematuros deve ser criteriosamente praticada, principalmente com o emprego de novas tecnologias para avaliação do bem estar fetal. É importante salientar que, na maioria das vezes, o determinante direto do parto eletivo é a chamada "alteração da vitalidade fetal".

O parto prematuro espontâneo que corresponde à outra metade dos casos pode ter sua freqüência diminuída se as alterações que surgem semanas ou dias antes do trabalho de parto, tais como as de contratilidade uterina, cervicais e bioquímicas forem diagnosticadas em tempo hábil. Quando detectadas oportunamente, o obstetra deve reavaliar as possíveis causas, afastar as infecções urinárias e vaginais (principalmente vaginose bacteriana), além de manter a gestante em repouso. Além disso, pode-se utilizar a progesterona natural (Oral: 300 mg/dia ou vaginal: 100 mg/dia) com o intuito de relaxar a fibra muscular uterina. Caso aquelas alterações não sejam detectadas precocemente, restarão algumas horas apenas para que o obstetra tente inibir as contrações uterinas através de tocolíticos, o que na maioria das vezes não se consegue, ou então empregar o corticóide para tentar evitar as complicações neonatais.

Assim, o aumento da freqüência e ritmicidade das contrações uterinas pode ser detectado pela monitorização das contrações durante o pré-natal. O parto prematuro também é precedido por alterações do colo uterino, tais como o esvaecimento e a dilatação. O colo pode ser avaliado clinicamente pelo toque vaginal ou mais precisamente pela ultra-sonografia transvaginal. Este último exame, quando realizado entre 23 e 24 semanas e revelar um comprimento do colo menor que 20 mm, identifica a gestante de alto risco para o parto prematuro. Os marcadores bioquímicos do parto prematuro, tais como a fibronectina fetal, têm-se revelado úteis para a predição. Entretanto, seu emprego de rotina tem sido dificultado em nosso meio pelo seu custo elevado, apesar de estudos realizados no exterior terem demonstrado vantagens econômicas de sua utilização não só pelo fato de se diminuir os gastos com os cuidados neonatais, mas, também, de se evitar internações e uso de drogas uterolíticas desnecessárias nos casos de falso trabalho de parto.

Embora o emprego dos métodos preditivos e das medidas profiláticas serem ainda discutíveis, quando empregados em conjunto e com bom senso clínico, podem diminuir consideravelmente a prematuridade.

Comentário

A Literatura tem demonstrado que, apesar de nos últimos anos ter ocorrido importante avanço nos estudos relacionados ao parto prematuro e sua prevenção, a taxa de prematuridade se mantém constantemente elevada em alguns locais. É imprescindível a melhora da assistência pré-natal como um todo e procurar identificar aqueles casos de maior risco para diagnosticar os estágios iniciais do trabalho de parto prematuro. Com isso, pode-se não só impedir ou postergar o nascimento prematuro, mas, também, propiciar melhores condições de nascimento.

Roberto Eduardo Bittar

Referências

1. Althabe F; Carroli G; Lede R; Belizán JM; Althabe OH. El parto pretérmino: detección de riesgos y tratamientos preventivos. Rev Panam Salud Publica, 5:373-84, 1999.

2. Bittar RE; Yamasaki AA; Sasaki S; Zugaib M. Cervical fetal fibronectin in patients at increased risk for preterm delivery. Am J Obstet Gynecol, 175(1):178-81, 1996.

3. Perroni AG; Bittar RE; Fonseca ESB; Messina ML; Marra KC; Zugaib M. Prematuridade Eletiva: Aspectos Obstétricos e Perinatais. Rev Ginec Obstet, 10;67-71, 1999.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    24 Abr 2001
  • Data do Fascículo
    Mar 2001
Associação Médica Brasileira R. São Carlos do Pinhal, 324, 01333-903 São Paulo SP - Brazil, Tel: +55 11 3178-6800, Fax: +55 11 3178-6816 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: ramb@amb.org.br