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Síndrome do ovário policístico e fatores relacionados em adolescentes de 15 a 18 anos

Resumos

OBJETIVO: Avaliar os fatores relacionados à presença da síndrome do ovário policístico (SOP) em adolescentes. MÉTODOS: Estudo transversal, com adolescentes do sexo feminino de 15 a 18 anos, divididas em grupo 1 (com diagnóstico médico de SOP) e grupo 2 (sem diagnóstico da síndrome). Utilizou-se o índice estatura para idade e índice de massa corporal para classificação do estado nutricional, e aplicou-se questionário semiestruturado. Foram aplicados testes de Mann-Whitney, Exato de Fisher, correlação de Spearman e regressão logística. RESULTADOS: Foram avaliados 485 adolescentes, com idade média de 16,3 ± 0,9 anos. A prevalência de SOP foi de 6,2%. Não se encontrou diferença entre os grupos quanto aos parâmetros antropométricos e tempo de uso de anticoncepcionais, porém houve diferença quanto à idade da menarca (p < 0,004), e a mais tardia foi fator de proteção para síndrome. CONCLUSÃO: verificou-se associação entre a ocorrência da menarca mais cedo e o desenvolvimento da SOP em adolescentes.

Síndrome do ovário policístico; Adolescente; Estado nutricional; Menarca; Doenças metabólicas


OBJECTIVE: To assess the factors related to the presence of polycystic ovary syndrome (PCOS) in adolescents. METHODS: This was a cross-sectional study, with female adolescents from 15 to 18 years old, divided into: group 1 (with a medical diagnosis of PCOS) and group 2 (not diagnosed with PCOS). The height-for-age index and the body mass index were used for classifying the nutritional status, and a semi-structured questionnaire was applied. The Mann-Whitney test, Fisher's exact test, Spearman correlation coefficients, and logistic regressionwere used. RESULTS: This study evaluated 485 adolescents with an average age of 16.3 ± 0.9 years old. The prevalence of PCOS was 6.2%. No difference was found between the groups regarding anthropometric parameters and period of contraceptive use; however, there were differences regarding the age at menarche (p < 0.004). Older age at menarche was a protection factor against the syndrome. CONCLUSION: An association was found between younger age at menarche and the development of the PCOS in adolescents.

Polycystic ovary syndrome; Adolescent; Nutritional status; Menarche; Metabolic diseases


ARTIGO ORIGINAL

Síndrome do ovário policístico e fatores relacionados em adolescentes de 15 a 18 anos* * Trabalho realizado na Universidade Federal de Viçosa, Departamento de Nutrição e Saúde, Viçosa, MG, Brasil.

Franciane Rocha de FariaI,** ** Autor para correspondência. E-mail: francianerdefaria@hotmail.com (F.R. Faria). ; Laís Silveira GusmãoII; Eliane Rodrigues de FariaIII; Vivian Siqueira Santos GonçalvesII; Roberta Stofeles CeconI; Sylvia do Carmo Castro FranceschiniIV; Silvia Eloiza PrioreIV

IPrograma de Pós-graduação em Ciência da Nutrição, Universidade Federal de Viçosa (UFV), Viçosa, MG, Brasil

IIPrograma de Aprimoramento (Nível Superior), Departamento de Nutrição e Saúde, UFV, Viçosa, MG, Brasil

IIIDepartamento de Nutrição, Universidade Federal do Espírito Santo, Alegre, ES, Brasil

IVDepartamento de Nutrição e Saúde, UFV, Viçosa, MG, Brasil

RESUMO

OBJETIVO: Avaliar os fatores relacionados à presença da síndrome do ovário policístico (SOP) em adolescentes.

MÉTODOS: Estudo transversal, com adolescentes do sexo feminino de 15 a 18 anos, divididas em grupo 1 (com diagnóstico médico de SOP) e grupo 2 (sem diagnóstico da síndrome). Utilizou-se o índice estatura para idade e índice de massa corporal para classificação do estado nutricional, e aplicou-se questionário semiestruturado. Foram aplicados testes de Mann-Whitney, Exato de Fisher, correlação de Spearman e regressão logística.

RESULTADOS: Foram avaliados 485 adolescentes, com idade média de 16,3 ± 0,9 anos. A prevalência de SOP foi de 6,2%. Não se encontrou diferença entre os grupos quanto aos parâmetros antropométricos e tempo de uso de anticoncepcionais, porém houve diferença quanto à idade da menarca (p < 0,004), e a mais tardia foi fator de proteção para síndrome.

CONCLUSÃO: verificou-se associação entre a ocorrência da menarca mais cedo e o desenvolvimento da SOP em adolescentes.

Palavras chave: Síndrome do ovário policístico; Adolescente; Estado nutricional; Menarca; Doenças metabólicas

Introdução

A adolescência, período compreendido dos 10 aos 19 anos, tem como características principais o crescimento rápido e a ocorrência da puberdade1.

A puberdade é considerada como um dos primeiros processos fisiológicos de maturação hormonal e crescimento somático que prepara o organismo para a reprodução. Durante este período, surgem e passam a se desenvolver os sinais mais precoces das características sexuais secundárias, fase que se prolonga até que as alterações morfológicas e fisiológicas se aproximem do estágio adulto2.

A síndrome do ovário policístico (SOP) é um distúrbio endócrino complexo e heterogêneo, cuja prevalência em mulheres varia de 4 a 10% no período reprodutivo, de acordo com os diferentes critérios diagnósticos existentes3. Ela pode acarretar complicações de saúde, como disfunção menstrual, infertilidade, hirsutismo, acne e síndrome metabólica, sendo considerada um fator de risco para o desenvolvimento de diabetes mellitus tipo 2, hipertensão arterial e doenças cardiovasculares4,5.

A SOP é relativamente comum na adolescência, estando relacionada às alterações hormonais e/ou mudanças morfológicas ovarianas, assim como ao aumento dos níveis do fator de crescimento semelhante à insulina I (IGF-I) e da insulina, característicos da puberdade6.

Várias são as alterações sistêmicas que interagem na SOP, dentre as quais, além das relacionadas à sensibilidade à insulina, as do metabolismo lipídico (dislipidemias) merecem destaque. A obesidade por excesso de peso e/ou de gordura corporal está associada com mulheres acometidas por ela7-9.

Com a perspectiva de contribuir com os estudos de SOP, o presente trabalho objetivou avaliar fatores relacionados à presença da SOP em adolescentes de 15 a 18 anos de Viçosa, Minas Gerais.

Métodos

Trata-se de um estudo observacional, do tipo transversal, com adolescentes do sexo feminino, na faixa etária de 15 a 18 anos, estudantes do ensino médio de escolas públicas e privadas da zona urbana do município de Viçosa-MG.

O tamanho amostral foi calculado por meio do software Epi Info versão 6.04, a partir de fórmula específica para estudos transversais. Considerou-se a população de 2.233 adolescentes de sexo e faixa etária de estudo, residentes na zona urbana de Viçosa - Minas Gerais10, prevalência de 8%4, variabilidade aceitável de 3%4,5 e nível de confiança de 99%, totalizando 437 adolescentes.

As adolescentes foram selecionadas por meio de amostragem do tipo intencional, por conveniência, sendo incluídas no estudo somente as que apresentavam menarca há no mínimo um ano, obtendo-se um grupo mais homogêneo11.

As medidas de peso e estatura foram realizadas utilizando as técnicas propostas pela World Health Organization (WHO)12. O peso foi obtido em balança digital eletrônica com capacidade máxima de 150 kg e sensibilidade de 50 g, e a estatura, utilizando estadiômetro portátil com extensão de 2,13 m e resolução de 0,1cm. Esta última medida foi feita em duplicata, trabalhando-se com o valor médio das duas aferições. Caso a diferença entre as medidas superassem 0,5cm, eram realizadas novas medidas.

Para avaliar o estado nutricional, foram utilizados os índices estatura para idade e índice de massa corporal (IMC) para idade, classificados em z-escore, de acordo com o sexo e idade, conforme a referência da WHO.13 Adolescentes com sobrepeso e obesidade (> z-escore +1) foram agrupadas em excesso de peso.

Utilizou-se questionário semiestruturado, incluindo dados pessoais, situação da escola (pública ou privada), data de nascimento, idade que apresentou a menarca, diagnóstico médico de SOP, uso regular de anticoncepcionais e o período de tempo, doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) diagnosticadas, gravidez e tabagismo.

As adolescentes foram agrupadas em grupo 1 (G1): com diagnóstico médico de SOP, e grupo 2 (G2): sem diagnóstico de SOP.

Os dados foram processados no software Excel e analisados nos programas estatísticos SPSS, versão 13.0 for Windows e STATA, versão 11.0. Utilizou-se o teste de normalidade Kolmogorov-Smirnov e, em função do resultado obtido, utilizou-se o teste de Mann-Whitney e a Correlação de Spearman. Para verificar a associação entre as variáveis analisadas, utilizou-se oTesteExato de Fisher.O nível de rejeição da hipótese de nulidade estabelecida foi menor que 5% (p < 0,05).

Utilizou-se regressão logística simples para avaliar a associação entre a SOP (variável dependente) e os fatores de risco avaliados neste estudo (variáveis independentes).

O projeto foi aprovado em 10 de novembro de 2009 (Of. Ref. N084/2009) pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal de Viçosa. Os participantes maiores de 18 anos ou os responsáveis pelos menores assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

Resultados

Participaram 485 adolescentes, com idade média de 16,3 ± 0,9 anos. A prevalência de SOP encontrada no estudo foi de 6,2% (n = 30).

Ao comparar os parâmetros antropométricos e o tempo de uso de anticoncepcionais, não houve diferença entre os grupos (p > 0,05), mas foram apontadas diferenças entre os grupos de estudo quanto à idade da menarca (p < 0,004) (tabela 1) e correlação inversa entre os valores de peso e de imc com a idade da menarca (r = −0,150; p = 0,001; r = −0,195; p < 0,001, respectivamente).

A figura 1 apresenta o estado nutricional das adolescentes, sendo que o G1 apresentou maior prevalência de baixa estatura e excesso de peso, porém não houve diferença entre os grupos (p < 0,05).


Do total da amostra, 10,3% (n = 50) das adolescentes faziam uso regular de anticoncepcionais, sendo que 78% (n = 39) pertenciam ao G2. Com relação ao estado de saúde e o hábito de fumar, 2,7% (n = 13) e 1,9% (n = 9) apresentavam DCNT e eram tabagistas, respectivamente.

Nas análises de regressão logística simples, a idade da menarca mais tardia foi fator de proteção para a síndrome. No estudo não houve associação entre IMC, altura, tempo de uso de anticoncepcionaiseapresença de DCNT com a SOP (tabela 2).

Discussão

As alterações hormonais e/ou mudanças morfológicas ovarianas parecem começar ainda na infância. O aumento dos níveis do IGF-I e da insulina durante a puberdade pode estar relacionado com o aumento da prevalência da SOP na adolescência14.

As prevalências provenientes de estudos populacionais variam em torno de 5 a 10% das mulheres em idade fértil15, faixa que engloba os 6,2% encontrados no presente estudo. Bridges et al.16, ao analisarem o crescimento ovariano e a prevalência de ovários policísticos em 358 meninas em um ambulatório de pediatria endócrina de um hospital na cidade de Middletown/EUA, encontraram prevalências de SOP de 6% em meninas seis anos de idade, e de 26% nas de 15 anos. Teixeira et al.17, por sua vez, ao estudarem 140 meninas pré e pós-puberais saudáveis entre dois e 18 anos incompletos, em um ambulatório de endocrionologia no Rio de Janeiro, encontraram 4% nas meninas pré-puberais e 11% nas pós-puberais.

Bouzas18 alerta que, diferentemente do que ocorre na infância, não há em nosso país a cultura de se levar o adolescente a serviços de saúde, ainda que a sexualidade, a anticoncepçãoeaimagemcorporal sejamtemasqueosmobilizam. A puberdade é um estado onde ocorrem alterações hormonais quanto à insulina (relativa insensibilidade à insulina com hiperinsulinemia compensatória), gonadotrofinas, androgênios e estrogênios, sendo o diagnóstico da SOP um desafio, podendo levar a subestimações das prevalências da doença neste grupo populacional.

A obesidadeearesistência à insulina estão geralmente associadas à existência da SOP. Em um estudo com 49 mulheres portadoras de SOP, entre 18 e 45 anos, divididas em grupos de acordo com o IMC, Kuba et al.19 encontraram associação entre obesidade e maior prevalência de resistência à insulina e diabetes mellitus. Martins et al.20, estudando 60 mulheres de 18 a 35 anos com SOP, apontaram elevação no risco cardiovascular naquelas que apresentavam resistência à insulina.

A obesidade e resistência à insulina se encontram cada vez mais presentes na população adolescente21, e podem persistir na vida adulta, provocando efeitos deletérios à saúde. Tornase importante, então, o acompanhamento dessa população, tendo em vista a formação de hábitos saudáveis, visando à manutenção do peso adequado e à diminuição dos fatores de risco não só para a SOP, mas também para as doenças cardiovasculares e alterações metabólicas.

Portanto, os dados de prevalência de SOP proporcionam o conhecimento da distribuição do problema de saúde nesta população e alertam para a investigação de suas razões. Estes tornam-se base racional para auxiliar na escolha das intervenções a serem implementadas e proporcionam, ainda, um alerta aos profissionais de saúde, responsáveis pela assistência de qualidade, principalmente quanto às medidas de prevenção da ocorrência neste grupo populacional, possibilitando evitar agravos não reversíveis, como as doenças cardiovasculares.

Para tal fim, enfatiza-se que o tratamento da SOP não se restringe à abordagem das repercussões reprodutivas, como infertilidade, anovulação e hirsutismo, sendo também direcionado para a promoçãoeprevenção da saúde cardiovascular. Nesse sentido, grande destaque tem sido dado às medidas não farmacológicas, especialmente a orientação nutricional e a prática regular de atividade física. Apesar de as estratégias de tratamento de longa duração - mais efetivas para a SOP - não serem totalmente conhecidas, parece ser fato que mudanças no estilo de vida, com modificações na dieta, prática regular de exercício físico e perda de peso sejam essenciais, somadas à cessação do tabagismo, controle do estresse e consumo moderado de álcool22,23.

Na década de 1970, postulou-se a "hipótese do peso crítico" para ocorrência da primeira menstruação, com base em estudos populacionais, que sugere um peso de aproximadamente 48 kg como necessário para o advento da menarca. Posteriormente, essa hipótese foi modificada, baseando-se na composição corporal,emquese propunha que,para queocorresse a menarca, seria necessária a presença de, no mínimo, 17% do peso corporal total na forma de gordura à idade de 13 anos, e no mínimo de 22% de gordura corporal para a manutenção de ciclos menstruais à idade de 16 anos24.

No presente estudo, não houve associação entre o IMC e a presença de SOP, diferentemente de outros3,18,25, que indicam que adolescentes obesas geralmente possuem maior chance de desenvolverem a síndrome. Tal resultado pode ser justificado pelo fato de a maioria das adolescentes serem eutróficas quando classificadas pelo índice IMC/idade, considerando que não houve diferença entre os grupos.

Com relação à idade da menarcaeoexcesso de adiposidade, observou-se correlação inversa entre os valores de peso e de IMC com a idade da menarca, demonstrando que o sobrepeso podeter relação com aincidência damenarcamais cedo. Fonseca, Sichieri e Veiga26, ao avaliarem 208 adolescentes de Niterói-RJ, na faixa etária de 15 a 17 anos, encontraram idade média da menarca de 11 anos e 5 meses para meninas com sobrepeso, e de 12 anos e 4 meses para as eutróficas (p = 0,002). Da mesma forma, Vieira et al.27, ao estudarem adolescentes de Viçosa-MG, eutróficas com adequado e elevado percentual de gordura corporal, encontraram idade média da menarca menor naquelas com excesso de adiposidade (p < 0,002), evidenciando que a ocorrência da menarca mais cedo, geralmente, associa-se ao excesso de gordura corporal.

Merece atenção a prevalência dos desvios nutricionais neste estudo que, apesar de não haver diferença entre os grupos, tendo sido observado um alto número de adolescentes com baixo peso, baixa estatura e excesso de peso, o que pode levar a prejuízos à saúde desta população.

Em mulheres obesas, o aumento do tecido adiposo intraabdominal, da concentração de testosterona livre e da resistência à insulina ocorre devido ao adiantamento da menarca, a qual ocorre mais precocemente nestas do que em jovens com peso normal, uma vez que, como já foi relatado, a menstruação é provavelmente iniciada quando o peso corporal atinge certo percentual de gordura corporal28.

No estudo de Huber-buchholz, Carey e Norman29, além de apresentarem resultados que concordam com a associação entre presença da síndrome e excesso de peso, enfatizam que a redistribuição da massa corporal gorda parece ser ainda mais importante do que sua perda, visto que a diminuição da obesidade central é acompanhada de melhora na sensibilidade à insulina, com consequente impacto positivo na restauração da função ovariana.

Hoffman e Ehrmann30, ao analisarem características cardiometabólicas associadas à SOP, chamam atenção para as alterações metabólicas tardias da síndrome, principalmente na adolescência, quando afirmam que, embora haja escassez de dadosem relação ataxas de eventos cardiovascularese mortalidade nestes pacientes, maior prevalência de fatores de risco cardiovascular tem sido bem documentada. Em concordância com este estudo, Giordano3 enfatiza condições favorecedoras ou determinantes de doenças cardiovasculares e diabetes presentes nas adolescentes com SOP, como é o caso de presença de resistência insulínica, excesso de peso e elevação da pressão arterial. Mesmo que o presente estudo não tenha encontrado associação entre SOP e DCNT, não se pode afirmar que a síndrome não esteja relacionada a estas alterações.

As manifestações clínicas da SOP variam e apresentam fenótipos diversos, refletindo os níveis variáveis de disfunção metabólica. Antecedentes de baixo peso ao nascer e menarca mais cedo conferem risco aumentado para o aparecimento da SOP, cujos sintomas usualmente se iniciam no período próximo à menarca. Também pode ter início após a puberdade, sendo resultado de modificadores ambientais, como ganho de peso e vida sedentária31,32.

Os sinais e sintomas da SOP geralmente surgem durante os anos peripuberal, com pubarca precoce (PP) (aparecimento de pelos pubianos ou maxilares antes dos oito anos de idade em meninas sem outros sinais de puberdade). As adolescentes com história de PP estão em alto risco para o desenvolvimento do fenótipo completo da síndrome, incluindo o hiperandrogenismo ovariano e anovulação crônica33.

No estudo de Teixeira et al.17, realizado com 140 meninas pré e pós-puberais saudáveis, entre dois e 18 anos incompletos, a maioria daquelas com ovários policísticos ainda não havia menstruado, e as duas pacientes com história de menarca apresentavam ciclos menstruais regulares e volumes ovarianos normais, o que mostra a contraditoriedade dos resultados encontrados em estudos que procuram observar a influência da idade da menarca sobre a SOP.

Conclusão

Conclui-se que há relação entre a idade da menarca precoce e o desenvolvimento da SOP em adolescentes.

É necessário identificar e tratar os fatores que influenciam a menarca, como o excesso de adiposidade e alterações hormonais, com objetivo de minimizar a ocorrência da SOP e, por consequência, prevenir os efeitos prejudiciais proporcionados pela doença (diabetes mellitus tipo 2, cardiopatias, hipertensão arterial, cânceres endometrial e de ovário, infertilidade, dentre outras). Dessa forma, reforça-se a necessidade da implementação de estratégias preventivas nesta fase da vida, uma vez que refletirão na vida adulta.

Conflitos de interesse

Os autores declaram não haver conflitos de interesse.

Agradecimentos

À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG) e ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pelo financiamento do estudo.

BIBLIOGRAFIA

Recebido em 17 de julho de 2012

Aceito em 1 de fevereiro de 2013

On-line em 11 de julho de 2013

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    Trabalho realizado na Universidade Federal de Viçosa, Departamento de Nutrição e Saúde, Viçosa, MG, Brasil.
  • **
    Autor para correspondência. E-mail:
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      09 Set 2013
    • Data do Fascículo
      Ago 2013

    Histórico

    • Recebido
      17 Jul 2012
    • Aceito
      01 Fev 2013
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