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Novos agentes para infecções fúngicas invasivas em pediatria

PANORAMA INTERNACIONAL

EMERGÊNCIA E MEDICINA INTENSIVA

Novos agentes para infecções fúngicas invasivas em pediatria

Ronaldo Arkader; Werther Brunow de Carvalho

A sepse fúngica vem se tornando freqüente nas unidades de terapia intensiva pediátrica e neonatal. Entre os pacientes mais acometidos encontram-se os imunodeprimidos (ono/hemotológico) e os recém-nascidos (RN) de muito baixo peso ao nascer. Candida spp., Aspergillus spp. e Fusarium spp. são os principais agentes identificados. A taxa de mortalidade na sepse fúngica é elevada e varia de 15% a 50%¹ ².

Recentemente, novos antifúngicos se tornaram disponíveis comercialmente e alguns foram liberados para a faixa etária pediátrica e neonatal. Antachopoulos e Walsh; Steinbach e Benjamin realizaram revisões sobre estes novos medicamentos3,4.

O voriconazol é um derivado triazólico e apresenta atividade antifúngica de amplo espectro com potência antifúngica contra as espécies de Candida (incluindo cepas resistentes ao fluconazol, C.krusei, C. glabrata e C. albicans) e atividade fungicida contra todas as espécies de Aspergillus. Além disso, o voriconazol apresenta atividade fungicida, in vitro, contra patógenos fúngicos emergentes, incluindo aqueles tais como o Scedosporium ou o Fusarium. Encontra-se disponível em formulações endovenosa e oral. Sua distribuição é homogênea em todos os tecidos com boa penetração liquórica. Em crianças de 2 a 11 anosa eliminação é linear com doses de 3 a 4 mg/kg/dia a cada 12 horas. É metabolizado pelas isoenzimas hepáticas do citocromo P450, CYP2C19, CYP2C9 e CYP3A4. Sua eliminação também é hepática com apenas 2% renal, o que torna desnecessário ajuste de dose em pacientes com insuficiência renal. Efeitos adversos mais comuns são alterações de enzimas hepáticas, rash cutâneo e distúrbios visuais.

Ravuconazol e posaconazol fazem parte deste grupo de azóis antifúngicos de última geração que não foram utilizados na faixa etária pediátrica e neonatal, com atividade semelhante ao voriconazol.

O acetato de caspofungina faz parte de uma nova geração de antifúngicos lipopeptídicos (equinocandinas) com inibição da síntese do b(1,3) -D-glucana da parede celular de fungos filamentosos e leveduras que não faz parte das células dos mamíferos. In vitro apresenta atividade fungicida contra Candida spp. atividade fungistática contra Aspergillus spp., e atividade limitada contra Fusarium spp. e zygomicetos. A caspofungina se liga a proteína (96%) com metabolismo hepático. Não existem estudos sistemáticos em pediatria quanto à sua farmacocinética. Existem casos pediátricos descritos na literatura sobre a utilização da caspofungina em infecções fúngicas invasivas com bom prognóstico. Na maior parte dos casos descritos há utilização concomitante de um segundo antifúngico, na maior parte dos casos a anfotericina B. Em pediatria a dose descrita encontra-se entre 0,8 a 1,6 mg/kg/dia em pacientes com peso menor de 50kg.

Comentário

Pacientes internados em unidades de terapia intensiva pediátricas e neonatais freqüentemente encontram-se invadidos com uma série de dispositivos e na maioria dos casos utilizando antibióticos de amplo espectro com toxicidades diferentes, portanto a presença de novos antifúngicos com maior espectro de ação contra cepas resistentes e efeitos colaterais reduzidos nos traz melhores perspectivas ao tratamento da infecção fúngica invasiva e na sua profilaxia, entretanto estudos pediátricos e neonatais são necessários para melhorar o conhecimento da farmacocinética e eficácia destes novos medicamentos.

Referências

1. Abassi S, Shenep JL, Hughes HG, Flynn PM. Aspergillosis in children with câncer: a 34-year experience. Clin Infect Dis 1999;29:1210-1219.

2. Leibovitz E. Neonatal candidosis: clinical picture, management, controversies, consensus and new therapeutic options. J Antimicrob Chemother 2002;49:69-73.

3. Antachopoulos C, Walsh TJ. New agents for invasive mycoses in children. Curr Opin Pediatr 2005;17:78-87.

4. Steinbach WJ, Benjamin DK. New antifugal agents under development in children and neonates. Curr Opin Infect Dis 2005;18:484-9.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    10 Abr 2006
  • Data do Fascículo
    Fev 2006
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