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Predisposição genética à sepse grave: choque séptico

Panorama Internacional

Emergência e Medicina Intensiva

PREDISPOSIÇÃO GENÉTICA À SEPSE GRAVE ¾ CHOQUE SÉPTICO

Nos últimos cinco anos houve uma explosão muito grande a respeito do conhecimento do genoma humano e da resposta inflamatória do paciente com doença infecciosa. Lorenz E, et al, 20021 identificaram um polimorfismo comum no receptor "toll-like" 4 (TLR4) que está associado com uma diminuição da resposta a inalação de endotoxina ou lipopolissacáride em humanos. Eles investigaram se estes alelos TLR4 específicos estão associados com a predisposição a uma evolução mais grave da doença em pacientes com choque séptico. Foram genotipados 91 pacientes com choque séptico e 73 doadores de sangue sadios que serviram como controles, verificando-se a presença de mutações de TLR4 Asp299Gly e TLR4 thr399Ile. Encontraram que o alelo TLR4 Asp299Gly era exclusivo dos pacientes com choque séptico (p = 0.05). Além do mais, os pacientes com choque séptico com alelo TLR4 Asp299Gly/thr399Ile tinha uma maior prevalência para o desenvolvimento de infecção por gram-negativo. Concluíram que a mutação do receptor TLR4 pode predispor ao desenvolvimento de choque séptico devido aos microorganismos gram-negativos.

Comentário

Em termos clínicos o polimorfismo genético de mediadores fisiológicos é da maior importância, sendo que as variantes genéticas que modificam a regulação ao função dos mediadores estão associadas com a suscetibilidade ou evolução para sepse grave e choque séptico. Diversas pesquisas indicam que a TLR4 é uma molécula para o reconhecimento de microorganismos gram-negativos e especificamente do lipopolissacáride. Adicionalmente, em 2001, Hubacek JA et al examinaram cinco polimorfismos bialelos da proteína que aumenta a permeabilidade bactericida e da proteína que se liga ao polissacáride. Encontraram que o alelo Gly98 da proteína que se liga ao polissacáride estava associada com sepse nos pacientes do sexo masculino e, que todos os 11 pacientes que eram homozigotos para os alelos Gly98 e Leu436, para proteína que se liga ao polissacáride, não sobreviveram. Mais recentemente, Arnalich F et al, 2002, demonstraram uma associação entre o polimorfismo do antagonista do receptor de interleucina-1 e a taxa de sobrevida. Portanto, a associação entre o polimorfismo genético e a evolução é muito instigante e pode ajudar a explicar a variabilidade na evolução da sepse e imaginar estratégias terapêuticas e preventivas para o futuro.

GISELE LIMONGELI GURGUEIRA

WERTHER BRUNOW DE CARVALHO

Referências

1. Lorenz E, Mira JP, Frees KL, Schwartz DA. Revelance of mutations in the TLR4 receptor in patients with gram-negative septic shock. Arch Dis Med 2002; 162:1028-32.

2. Hubacek JA, Stuber F, Frohlich D, Book M, Wetegrove S, Ritter G, et al. Gene variants of the bactericidal/permeability increasing protein and lipopolysaccharide biding protein in sepsis patients: gender-specific genetic predisposition to sepsis. Crit Care Med 2001; 29:557-61.

3. Arnalich F, Lopez-Maderuelo D, Codoceo R, Lopez J, Solis - Garrido LM, Capiscol C, et al. Interleukin-1 receptor antogonist gene polymorphism and mortality in patients with severe sepsis. Clin Exp Immunol 2002; 127:331-6.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    28 Jan 2003
  • Data do Fascículo
    Dez 2002
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