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Utilização de recursos e custos em osteoporose

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Economia da Saúde

"UTILIZAÇÃO DE RECURSOS E CUSTOS EM OSTEOPOROSE"

Os autores apresentam uma estimativa dos custos associados com a osteoporose em pacientes pós-menopausa atendidas num hospital público. São estimados os custos diretos (relacionados com o tratamento da doença e das fraturas sofridas pelas pacientes) e os custos indiretos (relacionados com o tempo perdido em decorrência da doença).

A estimação do custo da doença (também chamado de carga da doença) vem, nos últimos anos, adquirindo importância crescente como instrumento de identificação de problemas e definição de prioridades na área de saúde pública. Entretanto, estudos sobre o custo social com doenças específicas são bastantes raros no Brasil, e o artigo em referência contribui para minorar essa lacuna. Ainda mais porque a osteoporose (e suas conseqüências) representa uma doença de importância crescente com o progressivo envelhecimento da população brasileira.

Do ponto de vista metodológico, dois comentários merecem ser feitos. Em primeiro lugar, os custos diretos associados com o tratamento da osteoporose e suas conseqüências foram baseados na tabela de reembolso do SUS; entretanto, para a maioria dos procedimentos e insumos, o valor deste reembolso pouca relação tem com o custo real dos insumos ou serviços utilizados. Em conseqüência, os custos assim calculados podem estar subestimados. A utilização do preço de mercado para a valorização desses insumos resultaria numa estimativa mais próxima da realidade.

Por outro lado, o estudo identificou que a maioria das pacientes (79%) não trabalhavam no período da pesquisa; o custo indireto estimado através da perda de dias de trabalho resultou, portanto, bastante baixo. Mas é sabido, e o próprio estudo mostrou, que a maioria das pacientes experimentam uma perda significativa de qualidade de vida em conseqüência da doença (em torno de 50% de acordo com o indicador utilizado). Para a população objeto do estudo, seria portanto mais interessante medir o custo indireto da doença em termos de tempo de vida (geralmente medido em anos) ajustado por um indicador de qualidade de vida2. Essa alternativa seria, sem dúvida, mais trabalhosa, porém a mais apropriada à realidade de pacientes acometidas de osteoporose, e certamente resultaria num valor muito mais elevado para o custo indireto da doença.

Segundo o Banco Mundial, as doenças ósteo-musculares representavam uma carga da doença de 126 mil anos de vida perdidos (ajustados por incapacidade) no mundo em 1990, ou 2% da carga geral de doença estimada no mundo para a população feminina. Esta proporção era de 5,4% nos países industrializados e 1,5% nos países demograficamente em desenvolvimento3. Na população masculina a perda era de 58 mil anos de vida, ou 0,8% da carga total.

BERNARD F. COUTTOLENC

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    23 Jan 2002
  • Data do Fascículo
    Dez 2001
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