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As novas armas e rumos da medicina preventiva

EDITORIAL

As novas armas e rumos da medicina preventiva

Osmar de Cassio Saito

Médico Supervisor Técnico do Setor de Ultrassonografia do Instituto de Radiologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (InRad/HC-FMUSP), São Paulo, SP, Brasil. E-mail: ocsaito@yahoo.com.br

Num mundo globalizado e cada vez mais equipado com novas tecnologias, vemos o crescimento disparado de doenças metabólicas relacionadas a hábitos incorretos na vida diária, como o exemplo da obesidade ou o diabetes, principalmente na população das grandes cidades. Esse malefício tem-se espalhado principalmente nos países desenvolvidos, mas agora também os países em desenvolvimento vêm sendo acometidos por esse problema de saúde publica. O Brasil também vem apresentando índices alarmantes de doenças cardiovasculares e metabólicas, antes distantes da nossa realidade, mas que agora perturbam o nosso cotidiano. Práticas corriqueiras como dieta incorreta, o estresse e a falta de atividades físicas vêm contribuindo vertiginosamente para o aumento das doenças relacionadas ao acúmulo de gordura no organismo em todas as classes sociais(1).

Antes da obesidade propriamente dita, a gordura começa a se depositar nos tecidos subcutâneos, órgãos viscerais e retroperitônio. Algumas pessoas relacionam isso à estética, pois esse acúmulo de gordura, inicialmente, se faz em alguns locais específicos como abdome, coxa e região lombar(2).

Nunca é demais lembrar o alto custo socioeconômico das doenças metabólicas, como o diabetes do tipo II e as doenças cardiovasculares, tanto na qualidade de vida quanto a sua ação direta nos investimentos na área de saúde. A grande contribuição da tecnologia na saúde foi a tomada de medidas preventivas e que refletem diretamente em toda a sociedade, o que se torna fácil reconhecer em ações como a vacinação contra as doenças infecciosas, mas o que se dizer em relação às doenças cardiovasculares e as metabólicas?

Já há vários anos a tomografia computadorizada vem sendo utilizada na avaliação do depósito excessivo da gordura no abdome(3).

Dentro desse mundo globalizado e recentemente surpreendido por uma crise econômica de grandes proporções, vimos a retomada de práticas simples como o planejamento de gastos e a boa e velha economia. O trabalho apresentado por Diniz et al.(4), nesta edição da Radiologia Brasileira, nos reflete a importância de métodos efetivos e de baixo custo, como a ultrassonografia, na avaliação simples e direta da terrível e perigosa gordura em excesso.

Métodos simples como a mensuração do coxim gorduroso do tecido subcutâneo, gordura visceral e gordura perirrenal nos permitem prever, de modo simples e seguro, o risco do acúmulo dessa gordura letal. Mas é preciso levar em conta que deve haver uma coerência estrita entre a realização e a interpretação dos resultados. Assim, ressalta-se também a necessidade de um treinamento prévio para a realização do exame ultrassonográfico com esse objetivo(5).

O estudo realizado por Diniz et al.(4) mostra, de maneira irrefutável, a concordância entre os diferentes examinadores e, portanto, o alto grau de confiabilidade do método de ultrassom na matéria da avaliação do depósito de gordura excessiva e os consequentes riscos.

Pelo exposto nos outros trabalhos citados e no estudo de Diniz et al.(4), há alta confiabilidade no método ultrassonográfico e reprodutibilidade nos diversos tipos de equipamentos, o que o consagra dentre as opções atualmente disponíveis, além da ultrassonografia possuir baixo custo, rapidez de execução e ser facilmente tolerado pelo paciente.

  • 1. Pereira JC, Barreto SM, Passos VM. Cardiovascular risk profile and health self-evaluation in Brazil: a population-based study. Rev Panam Salud Publica. 2009;25:491-8.
  • 2. Krause MP, Hallage T, Gama MP, et al. Association of fitness and waist circumference with hypertension in Brazilian elderly women. Arq Bras Cardiol. 2009;93:2-8.
  • 3. Gomes MB, Giannella-Neto D, Faria M, et al. Estimating cardiovascular risk in patients with type 2 diabetes: a national multicenter study in Brazil. Diabetol Metab Syndr. 2009;27;1(1):22.
  • 4. Diniz ALD, Tomé RAF, Debs CL, et al. Avaliação da reprodutibilidade ultrassonográfica como método para medida da gordura abdominal e visceral. Radiol Bras. 2009;42:353-7.
  • 5. Radominski RB, Vezozzo DP, Cerri GG, et al. O uso da ultra-sonografia na avaliação da distribuição de gordura abdominal. Arq Bras Endocrinol Metab. 2000;44:5-12.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    07 Jan 2010
  • Data do Fascículo
    Dez 2009
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