Acessibilidade / Reportar erro

Radiocirurgia com acelerador linear em malformações arteriovenosas cerebrais: análise de resultados

Resumo de Tese

Radiocirurgia com acelerador linear em malformações arteriovenosas cerebrais: análise de resultados.

Autor: Sérgio Carlos Barros Esteves.

Tese apresentada à Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, para obtenção do título de Doutor em Medicina. Área de concentração: Radiologia. Orientador: Dr. Wladimir Nadalin. São Paulo, 2000.

O objetivo do trabalho foi avaliar os resultados obtidos com a radiocirurgia, utilizando-se o acelerador linear, para o tratamento das malformações arteriovenosas (MAV). Foram observadas as manifestações clínicas, as alterações morfofuncionais e os tratamentos realizados, correlacionando-os com os resultados obtidos.

No estudo, que foi retrospectivo, analisaram-se 61 pacientes tratados com radiocirurgia na Real e Benemérita Sociedade Portuguesa de Beneficência de São Paulo, "Hospital São Joaquim", no período de outubro de 1993 a dezembro de 1996. A idade variou de seis a 54 anos (média de 28,3 anos). A distribuição pelo sexo foi de 32 mulheres e 29 homens.

O sintoma inicial mais freqüente foi a cefaléia (45,9%), seguido pelo déficit neurológico (36,1%). A hemorragia cerebral, diagnosticada por exames de imagem, foi observada em 35 pacientes (57,3%). A maioria das malformações (67,2%) apresentou graduações de Spetzler III e IV. As alterações da angioarquitetura mais freqüentes foram a estenose venosa (21,3%) e o aneurisma (13,1%).

A dose única administrada variou de 1.200 cGy a 2.750 cGy, tendo sido utilizado acelerador linear de 6 MV. No seguimento, 31 pacientes fizeram angiografia, na qual foi observada obliteração completa da MAVs em 18 deles, seis obtiveram oclusão parcial e sete falharam ao tratamento. Neste grupo selecionado, chegou-se ao índice de 72% de obliteração da malformação. Quatro pacientes foram submetidos a uma segunda radiocirurgia, pois persistiam com nidus três anos após a primeira radiocirurgia (confirmada pela angiografia). Destes, um apresentou oclusão com 18 meses após a segunda radiocirurgia.

O tempo médio para a obliteração foi de 28,8 meses (variando de 12 a 48 meses), considerando-se a data da angiografia. Estudada a influência de vários fatores na taxa de obliteração da MAV, não se observou correlação estatisticamente significativa para sexo (p = 0,659), idade (p = 0,060), diâmetro da malformação (p = 0,1440), volume da lesão (p = 0,9999), localização da lesão (p = 0,561), graduação de Spetzler (p = 0,412), fluxo da malformação (p = 0,281), embolização (p = 0,352), número de isocentros (p = 0,528), dose prescrita (p = 0,2861) e isodose escolhida (p = 0,0869).

O edema perilesional foi a complicação transitória mais freqüente (7,2%). Quatro pacientes apresentaram sangramento pós-radiocirurgia, quatro evoluíram com déficit motor e um paciente passou a se queixar de piora da memória. Em relação às complicações pela radiocirurgia, vários fatores foram analisados e não tiveram influência estatisticamente significativa para número de isocentros (p = 0,520), região anatômica (p = 0,358), diâmetro da MAV (p = 0,2947), dose máxima (p = 0,7846), isodose escolhida (p = 0,7444) e dose prescrita (p = 0,0554).

A avaliação clínica atual mostra que 23 pacientes encontram-se assintomáticos e sem uso de medicamentos, 11 estão assintomáticos, mas em uso de medicação, seis são sintomáticos, porém sem déficit, 13 estão com déficit, um foi a óbito durante transplante hepático e outro faleceu devido a sangramento.

Pode-se concluir que a radiocirurgia é um procedimento eficaz no tratamento da malformação e podemos considerá-la uma técnica alternativa ao tratamento cirúrgico tradicional, principalmente para lesões localizadas em áreas eloqüentes com risco de morbidade elevada.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    24 Jun 2003
  • Data do Fascículo
    Fev 2001
Publicação do Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem Av. Paulista, 37 - 7º andar - conjunto 71, 01311-902 - São Paulo - SP, Tel.: +55 11 3372-4541, Fax: 3285-1690, Fax: +55 11 3285-1690 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: radiologiabrasileira@cbr.org.br