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Qualidade de vida em pacientes tratados de câncer de cavidade oral, faringe e laringe em São Paulo: estudo multicêntrico

RESUMO DE TESE

Qualidade de vida em pacientes tratados de câncer de cavidade oral, faringe e laringe em São Paulo: estudo multicêntrico

Autora: Cristina Lemos Barbosa Furia.

Orientador: André Lopes Carvalho.

Tese de Doutorado. São Paulo: FMUSP, 2006.

A avaliação da qualidade de vida de pacientes tratados de câncer de cabeça e pescoço tem sido objeto de estudo nos últimos 15 anos, descrevendo os efeitos da doença e do tratamento, influenciando, dessa maneira, a mudança em procedimentos terapêuticos. O objetivo deste estudo foi avaliar a qualidade de vida de pacientes tratados de câncer de boca, faringe e laringe em São Paulo, relacionando-a com as variáveis sociodemográficas, econômicas e clínicas.

O estudo transversal multicêntrico envolveu cinco hospitais da cidade, após aprovação do comitê de ética em pesquisa de cada um deles. Foram incluídos indivíduos acima de 18 anos, portadores de carcinoma epidermóide de cavidade oral, faringe e laringe, com pelo menos um ano de intervalo livre de doença. Entrevistadores permaneceram por um período de seis meses em média em cada Instituição; os pacientes foram entrevistados após o consentimento pós-informado. A tradução transcultural para o português do questionário FACTHN (Functional Assessment Cancer Therapy Head Neck) e sua autorização para uso neste estudo foram concedidas pela FACIT (Functional Assessment Chronic Illness Therapy). O questionário do FACTHN contém cinco domínios e a análise baseia-se em três índices globais: o TOI, que envolve o bem-estar físico, bem-estar funcional e preocupações adicionais em câncer de cabeça e pescoço; o FACTG, que envolve bem-estar físico, social-familiar, emocional e funcional; e o FACTHN, que envolve os cinco domínios. A análise estatística foi realizada comparando as médias dos escores através do teste t e do ANOVA. A análise multivariada foi realizada por meio da regressão linear múltipla.

Foram incluídos 256 pacientes. O índice TOI variou de 31 a 91, mediana de 72; o FACTG variou de 35 a 107, mediana de 86; o FACTHN variou de 49 a 141, mediana de 113. Em relação aos cinco domínios, as piores médias da pontuação de qualidade de vida estão relacionadas às questões que avaliam a função social e específicas em câncer de cabeça e pescoço. As variáveis que apresentaram diferenças significativas no índice TOI foram: escolaridade (p < 0,001), estado civil (p = 0,012), consumo de tabaco (p = 0,008), profissão (p < 0,001), atendimento ao público (p = 0,011), renda familiar (p < 0,001), renda e residência após o tratamento (p = 0,018), assistência em saúde (p < 0,001), estadiamento T (p < 0,001), estadiamento clínico (p < 0,001), tratamento (p < 0,001), esvaziamento cervical (p = 0,010), fibrose (p < 0,001), dentição/prótese (p = 0,042), comunicação (p = 0,002), atendimento do fonoaudiólogo (p = 0,004), atendimento do nutricionista (p = 0,002), atendimento do dentista (p = 0,014) e atendimento do psicólogo (p = 0,004). Do índice FACTG foram: escolaridade (p < 0,001), estado civil (p = 0,013), consumo de tabaco (p < 0,001), profissão (p = 0,001), situação profissional (p = 0,005), atendimento ao público (p = 0,033), renda familiar (p < 0,001), renda após tratamento (p = 0,011), residência após tratamento (p = 0,022), tratamento (p = 0,018), fibrose (p = 0,022), comunicação (p = 0,012) e atendimento do psicólogo (p = 0,006). Do índice FACTHN foram: educação (p < 0,001), estado civil (p = 0,008), consumo do tabaco (p = 0,008), profissão (p < 0,001), situação profissional (p = 0,014), atendimento ao público (p = 0,004), renda familiar (p < 0,001), renda após tratamento (p = 0,008), residência após o tratamento (p = 0,022), assistência em saúde (p = 0,005), estadiamento T (p = 0,005), estadiamento clínico (p = 0,008), tratamento(p < 0,001), fibrose (p = 0,001), comunicação (p = 0,002), atendimento do fonoaudiólogo (p = 0,047), atendimento do nutricionista (p = 0,023), atendimento do dentista (p = 0,016) e atendimento do psicólogo (p =0,008). Na análise multivariada observou-se que mais fatores sociodemográficos e socioeconômicos (estado civil, consumo de tabaco, profissão, situação profissional, renda após tratamento, tratamento e atendimento da psicologia) são importantes para a definição da qualidade de vida global (FACTG); e mais fatores clínico-funcionais (estado civil, consumo de tabaco, profissão, tratamento, fibrose, traqueostomia e atendimento da psicologia) são importantes para a definição da qualidade de vida funcional (TOI). Os fatores sociodemográficos e socioeconômicos, bem como os clínico-funcionais (estado civil, consumo de tabaco, profissão, situação profissional, renda após tratamento, tratamento, fibrose, atendimento psicológico e odontológico) influenciam igualmente a qualidade de vida global específica para o paciente com câncer de cabeça e pescoço (FACTHN).

Este estudo sugere que a reabilitação funcional, social e específica é fundamental para a melhora da qualidade de vida destes pacientes.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    26 Set 2006
  • Data do Fascículo
    Ago 2006
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