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CARTA AO EDITOR

Prezados Srs. Editores,

Gosto muito da Radiologia Brasileira, seja pela qualidade editorial, seja pela qualidade gráfica.

Sou especialista em Radiodiagnóstico e Mastologia, por isso li com atenção o artigo: Valores preditivos das categorias 3, 4 e 5 do sistema BI–RADS em lesões mamárias nodulares não–palpáveis avaliadas por mamografia, ultra–sonografia e ressonância magnética (Radiol Bras 2007;40(2):93—98).

Permitam–me, respeitosamente, e com o único intuito de valorizar nossa sociedade e nossa publicação, fazer algumas críticas construtivas.

O artigo contém três problemas muito sérios que, a meu ver, deveriam ter sido destacados pela revisão editorial:

1) Seria apropriado publicar um estudo calculando o valor preditivo de três categorias diferentes do BI–RADS com apenas 30 casos estudados retrospectivamente?

2) Ao comentar a grande discordância entre o valor preditivo negativo de 70,58% encontrado para a ultra–sonografia e o valor relatado na literatura, os autores atribuem a discordância ao fato de que o presente estudo não incluiu microcalcificações (pág. 98, quarto parágrafo). Ocorre que há vários estudos mostrando VPN de 98% ou mais da ultra–sonografia na análise de nódulos mamários, entre os quais destaco o estudo já clássico de Thomas Stavros no Radiology em 1995 e a tese do Dr. Luciano Chala, em nosso meio, brilhantemente orientada por um membro do Corpo Editorial da Radiologia Brasileira.

3) O comentário presente no último parágrafo do artigo sugere que se deva usar a ressonância magnética no "manejo conservador de lesões categorizadas como 3 pelo sistema BI–RADS...". Desnecessário contra–argumentar que essa conclusão não se sustenta à luz do conhecimento atual.

Por favor, recebam essa contribuição entendendo seu espírito construtivo.

Coloco–me à disposição para troca de idéias a qualquer momento a respeito dessa contribuição ou a respeito de diagnóstico mamário em geral.

Dr. Hélio Sebastião Amâncio de Camargo Jr.

SP, 1/6/2007

Em resposta às considerações do Dr. Hélio Sebastião Amâncio de Camargo Jr., agradecemos a manifestação que só engrandece o prestigio do periódico.

Contudo, devo ressaltar que o Sistema BI–RADS oferece o capítulo de Monitoração de Resultados, exatamente para que nós radiologistas possamos aferir a qualidade de nossos Serviços. O estudo não tem pretensões de mudar o curso da imaginologia mamária mundial, mas sim divulgar que em nosso Serviço auditamos periodicamente nossas atuações, como já tivemos a oportunidades de demonstrar em diversos eventos da própria Instituição que publica a revista.

Quanto à casuística, dentro do contexto atual de utilização dos métodos, e em nossa Instituição, não dispomos de grande número de casos de lesões nodulares não–palpáveis que sejam submetidas aos três métodos e que possuam confirmação anatomopatológica. Não obstante, os poucos trabalhos relacionados a este tema disponíveis na literatura internacional não apresentam casuísticas significativamente superiores, conforme bibliografia oferecida.

Em relação à discrepância encontrada em um dos valores preditivos calculados, demonstra que talvez naquele método e com aquelas características de lesão, nossas ações devam ser revistas, e na próxima auditoria possamos encontrar melhores resultados. Não obstante, o amigo, grande Professor Chala já deve ter depurado suas avaliações.

Quanto à ressonância magnética, o artigo em suas conclusões considera a importância do método no manejo das lesões, sem preconizar nenhum tipo de conduta específica. Lembro ainda que internacionalmente a ressonância magnética das mamas tem cada vez mais encontrado espaço para demonstrar sua capacidade de evidenciar lesões precocemente, inclusive já nos casos de CDIS.

Enfatizo mais uma vez a importância do Sistema BI–RADS em sua totalidade, não só na utilização das categorias como também na monitoração dos resultados de suma importância para todos os serviços de mama.

Grato

Prof. Dr. Decio Roveda Junior

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    27 Jul 2007
  • Data do Fascículo
    Jun 2007
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