Acessibilidade / Reportar erro

Analgesia e sedação da associação da clonidina e ropivacaína a 0,75% por via peridural no pós-operatório de colecistectomia aberta

Analgesia y sedación de la asociación de la clonidina y ropivacaína a 0,75% por vía peridural en el pos-operatorio de colecistectomia abierta

Analgesia and sedation with epidural clonidine associated to 0.75% ropivacaine in the postoperative period of open cholecystectomy

Resumos

JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: A clonidina, quando administrada por via peridural, possui propriedades analgésicas e potencializa os efeitos dos anestésicos locais, ocorrendo, contudo, efeitos colaterais que incluem hipotensão arterial, bradicardia e sedação. O objetivo desse trabalho foi avaliar a analgesia e a sedação da clonidina associada à ropivacaína a 0,75% no pós-operatório de colecistectomia aberta. MÉTODO: Participaram da pesquisa 30 pacientes, de ambos os sexos, com idades variando de 18 a 50 anos, peso entre 50 e 100 kg, estado físico ASA I e II, submetidos à colecistectomia, os quais foram distribuídos em dois grupos: Controle (GC), em que foi administrada ropivacaína a 0,75% (20 ml), associada ao cloreto de sódio a 0,9% (1 ml); Experimento (GE), em que foi injetada ropivacaína a 0,75% (20 ml), associada à clonidina (1 ml = 150 µg). A analgesia e a sedação foram observadas 2, 6 e 24 horas após o término do ato operatório. RESULTADOS: A média de idade no GC foi de 41 anos e de 37 anos no GE. A média de peso foi de 67 kg no GC e de 64 kg no GE. A sedação no pós-operatório foi significativamente maior nos pacientes as 2 e 6 horas do grupo experimento. A analgesia foi observada em maior número de pacientes do grupo experimento, quando comparada ao grupo controle. CONCLUSÕES: A associação de clonidina e ropivacaína produziu analgesia mais duradoura e sedação em pacientes, nos horários de observação de 2 e 6 horas.

ANALGÉSICOS; ANESTÉSICOS; ANESTÉSICOS; TÉCNICAS ANESTÉSICAS; TÉCNICAS ANESTÉSICAS


JUSTIFICATIVA Y OBJETIVOS: La clonidina, cuando administrada por vía peridural, posee propiedades analgésicas y potencializa los efectos de los anestésicos locales, ocurriendo por ello, efectos colaterales que incluyen hipotensión, bradicardia y sedación. El objetivo de ese trabajo fue evaluar la analgesia y la sedación de la clonidina asociada a la ropivacaína a 0,75% en el pos-operatorio de colecistectomia abierta. MÉTODO: Participaron de la pesquisa 30 pacientes, de ambos sexos, con edades variando de 18 a 50 años, con peso entre 50 y 100 kg, estado físico ASA I y II, sometidos a colecistectomia, y que fueron distribuidos en dos grupos: Control (GC), en que fue administrada ropivacaína a 0,75% (20 ml), asociada al clorato de sodio a 0,9% (1 ml); Experimento (GE), en que fue inyectada ropivacaína a 0,75% (20 ml), asociada a la clonidina (1 ml = 150 µg). La analgesia y la sedación fueron observadas 2, 6 y 24 horas después del término del momento operatorio. RESULTADOS: La media de edad en el GC fue de 41 años y de 37 años en el GE. La media de peso fue de 67 kg en el GC y de 64 kg en el GE. La sedación en el pos-operatorio fue significativamente mayor en los pacientes a las 2 y 6 horas del grupo de experimento. La analgesia fue observada en mayor número de pacientes del grupo de experimento, cuando comparada al grupo control. CONCLUSIONES: La asociación de clonidina y ropivacaína produjo analgesia que dura más, y sedación en pacientes, en los horarios de observación de 2 y 6 horas.


BACKGROUND AND OBJECTIVES: Epidural clonidine has analgesic properties and potentiates local anesthetic effects; there are, however, some side effects including: arterial hypotension, bradycardia and sedation. This study aimed at evaluating analgesia and sedation of clonidine associated to 0.75% ropivacaine in the postoperative period of open cholecystectomy. METHODS: Participated in this study 30 patients of both genders, aged 18 to 50 years, weighing 50 to 100 kg, physical status ASA I or II, submitted to cholecystectomy, who were distributed in two groups: Control Group (CG) received 0.75% ropivacaine (20 ml) with saline solution (1 ml); Experimental Group (EG) received 0.75% ropivacaine (20 ml) with clonidine (1 ml = 150 µg). Analgesia and sedation were observed at 2, 6 and 24 postoperative hours. RESULTS: Mean age was 41 yr in CG and 37 yr in EG. Mean weight was 67 kg in CG and 64 kg to EG. Postoperative sedation was significantly higher at 2 and 6 hours in the Experimental Group. Analgesia was observed in more EG patients as compared to Control Group. CONCLUSIONS: The association of clonidine and ropivacaine has produced longer analgesia and sedation at 2 and 6 hours of observation.

ANALGESICS; ANESTHETICS; ANESTHETICS; ANESTHETIC TECHNIQUES; ANESTHETIC TECHNIQUES


ARTIGO CIENTÍFICO

Analgesia e sedação da associação da clonidina e ropivacaína a 0,75% por via peridural no pós-operatório de colecistectomia aberta* * Received from CET/SBA do Serviço de Anestesiologia do Hospital de Clínicas da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade do Vale do Sapucaí, Pouso Alegre, MG (HCFCM UNIVAS)

Analgesia and sedation with epidural clonidine associated to 0.75% ropivacaine in the postoperative period of open cholecystectomy

Analgesia y sedación de la asociación de la clonidina y ropivacaína a 0,75% por vía peridural en el pos-operatorio de colecistectomia abierta

Antonio Mauro Vieira, TSAI; Taylor Brandão SchnaiderII; Flávio Aparecido CostaIII; Everaldo Donizeti CostaIV

IProfessor Adjunto Doutor do Departamento de Fisiologia, Morfologia e Patologia; Responsável pela Disciplina de Farmacologia da FCM UNIVAS; Co-Responsável pelo CET/SBA

IIProfessor Titular Doutor do Departamento de Clínica Cirúrgica na Disciplina de Anestesiologia da FCM UNIVAS

IIIEx-ME do CET/SBA do HCFCM UNIVAS

IVME2 do CET/SBA do HCFCM UNIVAS

Endereço para correspondência Endereço para correspondência Dr. Antonio Mauro Vieira Rua Nicolau Laraia, 226 Santa Lúcia 37550-000 Pouso Alegre, MG

RESUMO

JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: A clonidina, quando administrada por via peridural, possui propriedades analgésicas e potencializa os efeitos dos anestésicos locais, ocorrendo, contudo, efeitos colaterais que incluem hipotensão arterial, bradicardia e sedação. O objetivo desse trabalho foi avaliar a analgesia e a sedação da clonidina associada à ropivacaína a 0,75% no pós-operatório de colecistectomia aberta.

MÉTODO: Participaram da pesquisa 30 pacientes, de ambos os sexos, com idades variando de 18 a 50 anos, peso entre 50 e 100 kg, estado físico ASA I e II, submetidos à colecistectomia, os quais foram distribuídos em dois grupos: Controle (GC), em que foi administrada ropivacaína a 0,75% (20 ml), associada ao cloreto de sódio a 0,9% (1 ml); Experimento (GE), em que foi injetada ropivacaína a 0,75% (20 ml), associada à clonidina (1 ml = 150 µg). A analgesia e a sedação foram observadas 2, 6 e 24 horas após o término do ato operatório.

RESULTADOS: A média de idade no GC foi de 41 anos e de 37 anos no GE. A média de peso foi de 67 kg no GC e de 64 kg no GE. A sedação no pós-operatório foi significativamente maior nos pacientes as 2 e 6 horas do grupo experimento. A analgesia foi observada em maior número de pacientes do grupo experimento, quando comparada ao grupo controle.

CONCLUSÕES: A associação de clonidina e ropivacaína produziu analgesia mais duradoura e sedação em pacientes, nos horários de observação de 2 e 6 horas.

Unitermos: ANALGÉSICOS: clonidina; ANESTÉSICOS, Local: ropivacaína; TÉCNICAS ANESTÉSICAS, Regional: peridural

SUMMARY

BACKGROUND AND OBJECTIVES: Epidural clonidine has analgesic properties and potentiates local anesthetic effects; there are, however, some side effects including: arterial hypotension, bradycardia and sedation. This study aimed at evaluating analgesia and sedation of clonidine associated to 0.75% ropivacaine in the postoperative period of open cholecystectomy.

METHODS: Participated in this study 30 patients of both genders, aged 18 to 50 years, weighing 50 to 100 kg, physical status ASA I or II, submitted to cholecystectomy, who were distributed in two groups: Control Group (CG) received 0.75% ropivacaine (20 ml) with saline solution (1 ml); Experimental Group (EG) received 0.75% ropivacaine (20 ml) with clonidine (1 ml = 150 µg). Analgesia and sedation were observed at 2, 6 and 24 postoperative hours.

RESULTS: Mean age was 41 yr in CG and 37 yr in EG. Mean weight was 67 kg in CG and 64 kg to EG. Postoperative sedation was significantly higher at 2 and 6 hours in the Experimental Group. Analgesia was observed in more EG patients as compared to Control Group.

CONCLUSIONS: The association of clonidine and ropivacaine has produced longer analgesia and sedation at 2 and 6 hours of observation.

Key Words: ANALGESICS: clonidine; ANESTHETICS, Local: ropivacaine; ANESTHETIC TECHNIQUES, Regional: epidural

RESUMEN

JUSTIFICATIVA Y OBJETIVOS: La clonidina, cuando administrada por vía peridural, posee propiedades analgésicas y potencializa los efectos de los anestésicos locales, ocurriendo por ello, efectos colaterales que incluyen hipotensión, bradicardia y sedación. El objetivo de ese trabajo fue evaluar la analgesia y la sedación de la clonidina asociada a la ropivacaína a 0,75% en el pos-operatorio de colecistectomia abierta.

MÉTODO: Participaron de la pesquisa 30 pacientes, de ambos sexos, con edades variando de 18 a 50 años, con peso entre 50 y 100 kg, estado físico ASA I y II, sometidos a colecistectomia, y que fueron distribuidos en dos grupos: Control (GC), en que fue administrada ropivacaína a 0,75% (20 ml), asociada al clorato de sodio a 0,9% (1 ml); Experimento (GE), en que fue inyectada ropivacaína a 0,75% (20 ml), asociada a la clonidina (1 ml = 150 µg). La analgesia y la sedación fueron observadas 2, 6 y 24 horas después del término del momento operatorio.

RESULTADOS: La media de edad en el GC fue de 41 años y de 37 años en el GE. La media de peso fue de 67 kg en el GC y de 64 kg en el GE. La sedación en el pos-operatorio fue significativamente mayor en los pacientes a las 2 y 6 horas del grupo de experimento. La analgesia fue observada en mayor número de pacientes del grupo de experimento, cuando comparada al grupo control.

CONCLUSIONES: La asociación de clonidina y ropivacaína produjo analgesia que dura más, y sedación en pacientes, en los horarios de observación de 2 y 6 horas.

INTRODUÇÃO

Os receptores alfa-2 são encontrados tanto nos sistemas nervosos central e periférico quanto em tecidos não-neuronais como plaquetas, hepatócitos e células musculares lisas 1.

Os receptores alfa-2 podem ser pré ou pós-sinápticos. Os pré-sinápticos modulam a liberação de noradrenalina e adenosina trifosfato por meio de mecanismo de retroalimentação auto-inibitório. Este mecanismo atua por meio dos receptores alfa-2 que inibem a adenilciclase e impedem a abertura dos canais de cálcio. Deste modo, quando ativados estes receptores, ocorre inibição da liberação de transmissores. Com relação aos pós-sinápticos, como os situados na musculatura lisa dos vasos, causam liberação de transmissores quando ativados 1.

A clonidina é um agonista a2 que, quando administrado por via peridural, possui propriedades analgésicas e potencializa os efeitos dos anestésicos locais 2-6. Entretanto, seu uso é associado com efeitos colaterais, incluindo hipotensão arterial, bradicardia e sedação 7.

O objetivo deste estudo foi avaliar a analgesia e a sedação da clonidina associada à ropivacaína a 0,75% por via peridural lombar no pós-operatório de colecistectomia aberta.

MÉTODO

O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade do Vale do Sapucaí, e os pacientes assinaram o termo de consentimento para participação, após receberem explicação detalhada do procedimento a que seriam submetidos. Participaram deste estudo aleatório e duplamente encoberto 30 pacientes, de ambos os sexos, na faixa etária de 18 a 50 anos, classificados como estado físico ASA I e II, submetidos à colecistectomia por via subcostal, sob anestesia geral associada à peridural lombar.

Todos os pacientes receberam diazepam (10 mg) por via oral na véspera e midazolam (15 mg) 40 minutos antes do ato operatório, também por via oral. Na sala de operação foram monitorizados com eletrocardiografia contínua, pressão arterial não-invasiva, oximetria de pulso e capnometria. Após realizada a punção venosa com cateter 18G, foram administrados midazolam (0,07 mg.kg-1), fentanil (0,7 µg.kg-1) e metoclopramida (10 mg).

A anestesia peridural lombar foi realizada com o paciente na posição sentada, no espaço L1-L2, com agulha Tuohy 15G, sendo administrados, aleatoriamente, 20 ml de ropivacaína a 0,75% associados a 1 ml de solução fisiológica a 0,9% no Grupo Controle (n = 10) ou 20 ml de ropivacaína a 0,75% associados a 1 ml de clonidina contendo 150 µg no Grupo Experimento (n = 20). Todos os pacientes receberam o mesmo volume das combinações de fármacos no espaço peridural, ou seja, 21 ml, na velocidade de 1 ml.s-1. Após realizada a punção, os pacientes retornaram à posição de decúbito dorsal horizontal.

A indução anestésica foi realizada com etomidato (0,2 mg.kg-1), alfentanil (30 µg.kg-1) e rocurônio (0,6 mg.kg-1), sendo a manutenção conseguida pela administração de isoflurano (1% a 3%). Se houvesse sinais clínicos ou respostas hemodinâmicas que sugerissem níveis inadequados de anestesia (sudorese, lacrimejamento, hipertensão arterial e taquicardia) administrava-se alfentanil (500 µg a 1000 µg) por via venosa, em ambos os grupos.

A ventilação foi feita por meio de sistema de anestesia com baixo fluxo, possibilitando umidificação e aquecimento dos gases inspirados. O volume corrente foi de 8 a 10 ml.kg-1 e a freqüência respiratória suficiente para manter a pressão expirada de dióxido de carbono (PETCO2) entre 30 mmHg e 35 mmHg.

Os dados da pressão arterial, freqüência cardíaca, fração de oxihemoglobina em relação à hemoglobina reduzida (SpO2) e gás carbônico expirado (PETCO2) foram coletados após a monitorização, a realização da anestesia peridural, a intubação traqueal e, a seguir, de 15 em 15 minutos até o término do ato operatório. Terminado o procedimento, os pacientes foram encaminhados à Sala de Recuperação Pós-Anestésica (SRPA), onde permaneceram por um período nunca inferior a 6 horas. As presenças de analgesia e sedação foram anotadas às 2, 6 e 24 horas após o término da anestesia.

A intensidade da dor pós-operatória foi analisada pela Escala Verbal Analógica de Dor, sendo o extremo zero correspondente à ausência de dor, variando até dez, correspondente à pior dor imaginável.

O nível de consciência foi verificado de acordo com a escala numérica proposta por Filos e col. 8: 1 - acordado e nervoso; 2 - acordado e calmo; 3 - sonolento mas facilmente despertável; 4 - sonolento com despertar difícil.

Na análise estatística foram utilizados: análise de Variância de Scheffe para os dados antropométricos dos pacientes e Qui-quadrado com as restrições de Cochran. Aplicou-se o teste Exato de Fisher para análise de sedação e analgesia.

RESULTADOS

No que se refere ao peso e à idade dos pacientes incluídos no estudo, não foram encontradas diferenças estatísticas significantes. Os resultados estão apresentados na tabela I.

Revista Brasileira de Anestesiologia, 2003; 53: 5: 586 - 590

Analgesia e Sedação da Associação da Clonidina e Ropivacaína a 0,75% por

Via Peridural no Pós-Operatório de Colecistectomia Aberta

Antonio Mauro Vieira; Taylor Brandão Schnaider; Flávio Aparecido Costa; Everaldo Donizeti Costa

Com relação à presença de sedação, no grupo estudo, não foi encontrada diferença estatística significante entre os horários de observação de 2 e 6 horas; ao se comparar os horários de observação de 2 e 6 horas com o de 24 horas, foi encontrada diferença estatística significante. Os resultados estão apresentados na tabela II.

Revista Brasileira de Anestesiologia, 2003; 53: 5: 586 - 590

Analgesia e Sedação da Associação da Clonidina e Ropivacaína a 0,75% por

Via Peridural no Pós-Operatório de Colecistectomia Aberta

Antonio Mauro Vieira; Taylor Brandão Schnaider; Flávio Aparecido Costa; Everaldo Donizeti Costa

No que tange à presença de analgesia, no grupo controle observou-se diferença estatística significante ao se comparar o horário de observação de 2 horas com os de 6 e 24 horas; no grupo estudo encontrou-se diferença estatística significante ao se comparar os horários de observação de 2 e 6 horas com o de 24 horas. Os resultados estão apresentados na tabela III.

Revista Brasileira de Anestesiologia, 2003; 53: 5: 586 - 590

Analgesia e Sedação da Associação da Clonidina e Ropivacaína a 0,75% por

Via Peridural no Pós-Operatório de Colecistectomia Aberta

Antonio Mauro Vieira; Taylor Brandão Schnaider; Flávio Aparecido Costa; Everaldo Donizeti Costa

DISCUSSÃO

No presente experimento, o tempo de analgesia no grupo de pacientes em que foram administradas clonidina e ropivacaína (GE) encontra-se de acordo com a literatura, sendo que 85% dos pacientes não necessitaram analgésicos nas primeiras 2 horas, 55% após 6 horas e 35% após 24 horas. Com relação à sedação, observou-se sua presença no grupo em que foram administradas clonidina e ropivacaína (GE) as 2 e 6 horas, estando de acordo com a literatura.

Estudo aleatório e duplamente encoberto em seres humanos, submetidos à anestesia peridural com associação da clonidina à ropivacaína, levou os pesquisadores a concluírem que há sinergismo evidente entre a clonidina e a ropivacaína neste tipo de anestesia regional 4.

Em outro estudo realizado em pacientes submetidos à hemorroidectomia sob anestesia peridural caudal, ficou constatado que o tempo médio para que ocorresse requisição da primeira dose de analgésico foi maior no grupo em que foram injetados clonidina e anestésicos locais quando comparado ao grupo em que foram administrados solução fisiológica e anestésicos locais 7.

Nos pacientes submetidos à prótese total de quadril, o tempo médio até a primeira solicitação de analgésicos foi maior no grupo em que foram injetados clonidina e levobupivacaína do que no grupo que recebeu apenas o anestésico local no espaço peridural 2.

Nos bloqueios caudais para analgesia pós-operatória em crianças, a combinação clonidina e ropivacaína, quando comparada à ropivacaína pura, acarretou uma melhor qualidade de analgesia, sem causar qualquer grau significativo de sedação 9.

Em pacientes submetidos à herniorrafia inguinal, a combinação clonidina e bupivacaína administrada na anestesia subaracnóidea, prolongou o tempo de anestesia, assim como acarretou melhor analgesia observada 4 horas após a realização do bloqueio 10.

Num estudo efetuado em seres humanos, foi observado que em infusões de clonidina resultam em significante e progressiva sedação 11.

Foi mostrado também que o efeito sedativo da clonidina é mediado pelo óxido nítrico, pois o mesmo pode ser impedido pela administração prévia de inibidores do óxido nítrico sintetase 12.

Os resultados permitem concluir que a associação de clonidina e ropivacaína a 0,75% assegurou analgesia mais prolongada nos pacientes submetidos à colecistectomia aberta e sedação nos horários de observação de 2 e 6 horas após o término da anestesia.

Apresentado em 09 de setembro de 2002

Aceito para publicação em 24 de janeiro de 2003

  • 01. Braz LG, Vianna PTG, Braz JRC et al - Níveis de sedação determinados pela clonidina e midazolam na medicação pré-anestésica. Avaliação clínica e eletroencefalográfica bispectral. Rev Bras Anestesiol, 2002;52:9-18.
  • 02. Milligan KR, Convery PN, Weir P et al - The efficacy and safety of epidural infusions of levobupivacaine with and without clonidine for postoperative pain relief in patients undergoing total hip replacement. Anesth Analg, 2000;91:393-397.
  • 03. Carabine UA, Milligan KR, Moore J - Extradural clonidine and bupivacaine for postoperative analgesia. Br J Anaesth, 1992;68:132-135.
  • 04. Alves TCA, Braz JRC - Efeitos da associação da clonidina à ropivacaína na anestesia peridural. Rev Bras Anestesiol, 2002;52:410-419.
  • 05. Mogensen T, Eliasen K, Ejlersen E et al - Epidural clonidine enhances postoperative analgesia from a combined low-dose epidural bupivacaine and morphine regimen. Anesth Analg, 1992;75:607-610.
  • 06. Klimscha W, Chiari A, Crafft P et al - Hemodynamic and analgesic effects of clonidine added repetitively to continuous epidural and spinal blocks. Anesth Analg, 1995;80:322-327.
  • 07. Van Elstraete AC, Pastureau F, Lebrun T et al - Caudal clonidine for postoperative analgesia in adults. Br J Anaesth, 2000;84: 401-402.
  • 08. Filos KS, Goudas LC, Patroni O et al - Intrathecal clonidine as a sole analgesic for pain relief after cesarean section. Anesthesiology, 1992;77:267-274.
  • 09. Ivani G, De Negri P, Conio A et al - Ropivacaine-clonidine combination for caudal blockade in children. Acta Anaesthesiol Scand, 2000;44:446-449.
  • 10. Fonseca NM, Oliveira CA - Efeito da clonidina associada à bupivacaína a 0,5% hiperbárica na anestesia subaracnóidea. Rev Bras Anestesiol, 2001;51:483-492.
  • 11. Hall JE, Uhrich TD, Ebert TJ - Sedative, analgesic and cognitive effects of clonidine infusions in humans. Br J Anaesth, 2001;86:5-11.
  • 12. Moura RS, Rios AA, Oliveira LF et al - The effects of nitric oxide synthase inhibitors on the sedative effect of clonidine. Anesth Analg, 2001;93:1217-1221.
  • Endereço para correspondência
    Dr. Antonio Mauro Vieira
    Rua Nicolau Laraia, 226 Santa Lúcia
    37550-000 Pouso Alegre, MG
  • *
    Received from CET/SBA do Serviço de Anestesiologia do Hospital de Clínicas da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade do Vale do Sapucaí, Pouso Alegre, MG (HCFCM UNIVAS)
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      12 Nov 2003
    • Data do Fascículo
      Set 2003

    Histórico

    • Aceito
      24 Jan 2003
    • Recebido
      09 Set 2002
    Sociedade Brasileira de Anestesiologia R. Professor Alfredo Gomes, 36, 22251-080 Botafogo RJ Brasil, Tel: +55 21 2537-8100, Fax: +55 21 2537-8188 - Campinas - SP - Brazil
    E-mail: bjan@sbahq.org