Acessibilidade / Reportar erro

Prevalência de síndrome de burnout entre os anestesiologistas do Distrito Federal Estudo desenvolvido no Centro de Anestesiologia da Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília (UnB).

Resumos

JUSTIFICATIVA:

a síndrome de burnout (queimar até a exaustão), consequência do estresse crônico, caracteriza-se por exaustão emocional, despersonalização e sentimento de baixa realização profissional. Acomete trabalhadores sob extrema responsabilidade ou que assistem indivíduos sob risco, incluindo anestesiologistas. Podem apresentar distanciamento em relação ao trabalho, pacientes e colegas, por sentirem-se mais seguros ao manter a indiferença.

OBJETIVO:

avaliar a prevalência da síndrome do esgotamento profissional, a intensidade de seus componentes e identificar características dos seus portadores entre anestesiologistas do Distrito Federal.

MÉTODO:

estudo transversal, com 241 anestesiologistas inscritos na Sociedade de Anestesiologia do Distrito Federal. Usou-se questionário autoaplicável que incluiu o Inventário de Burnout de Maslach, dados sociodemográficos, profissionais e de lazer.

RESULTADOS:

dos 134 questionários respondidos (55,8%), foram predominantes os preenchidos por homens (65,6%), com faixa de 30 a 50 anos (67,9%). Foram encontrados níveis significativos de baixa realização profissional (47,7%), despersonalização (28,3%) e exaustão emocional (23,1%). A síndrome de burnout apresentou prevalência de 10,4%, ocorreu principalmente em homens (64,2%), na faixa de 30 a 50 anos (64,2%), com mais de dez anos de profissão (64,2%), com atuação em plantões noturnos (71,4%), sedentários (57,1%) e que não fazem cursos não relacionados à medicina (78,5%). Dos participantes, 50,7% apresentaram pelo menos um de três critérios para desenvolver a síndrome e apenas 8,2% têm baixo risco para sua manifestação.

CONCLUSÃO:

a prevalência da síndrome de burnout é relevante entre os anestesiologistas do Distrito Federal. É aconselhável buscar estratégias de reorganização laboral para diminuir fatores de estresse e perda da motivação e aumentar a satisfação no emprego.

Esgotamento profissional/epidemiologia; Satisfação no emprego; Saúde do trabalhador/estatística e dados numéricos; Anestesiologia


BACKGROUND:

Burnout syndrome is a result of chronic stress, characterized by emotional exhaustion, depersonalization, and a sense of low professional accomplishment. It affects workers under extreme responsibility or those who care for individuals at risk, including anesthesiologists who distanced themselves from the work, patients and colleagues because they feel safer in maintaining indifference.

OBJECTIVE:

To evaluate the prevalence of burnout syndrome and the intensity of its components and identify the characteristics of those with the syndrome among anesthesiologists in the Federal District.

METHOD:

A cross-sectional study was carried out with 241 anesthesiologists enrolled in the Society of Anesthesiology of the Federal District. A self-administered questionnaire was used, which included the Maslach Burnout Inventory, demographic, professional, and leisure data.

RESULTS:

Of the 134 completed questionnaires (55.8%), there was a predominance of male (65.6%), aged 30-50 years (67.9%). Significant lower levels of job satisfaction (47.7%), depersonalization (28.3%), and emotional exhaustion (23.1%) were found. Burnout syndrome showed a prevalence of 10.4%, occurring mainly in men (64.2%), aged 30-50 years (64.2%), with over 10 years of experience (64.2%), working in night shifts (71.4%), sedentary (57.1%), and not taking courses unrelated to medicine (78.5%). Of the participants, 50.7% had at least one of the three criteria to develop the syndrome and only 8.2% have a low risk to manifest it.

CONCLUSION:

The prevalence of burnout is relevant among anesthesiologists in the Federal District. It is advisable to seek strategies for labor restructuring to reduce stress factors and loss of motivation and increase job satisfaction.

Burnout; Job satisfaction; Worker's health; Anesthesiology


JUSTIFICACIÓN:

El síndrome de burnout (quemarse hasta la saciedad), consecuencia del estrés crónico, se caracteriza por agotamiento emocional, despersonalización y sentimiento de baja satisfacción profesional. Afecta a trabajadores bajo extrema responsabilidad o que ayudan a individuos que están en situación de riesgo, incluyendo a los anestesistas. Pueden presentar un distanciamiento con relación al trabajo, pacientes y colegas, al sentirse más seguros con el mantenimiento de la indiferencia.

OBJETIVO:

Evaluar la prevalencia del síndrome del burnout, la intensidad de sus componentes e identificar las características de sus portadores entre los anestesistas del Distrito Federal.

MÉTODO:

Estudio transversal, con 241 anestesistas registrados en la Sociedad de Anestesiología del Distrito Federal. Usamos un cuestionario autoadministrado que incluyó el Inventario de Burnout de Maslach, datos sociodemográficos, profesionales y de ocio.

RESULTADOS D:

e los 134 cuestionarios respondidos (55,8%) predominaron los que fueron rellenados por hombres (65,6%), con una franja etaria de 30-50 años (67,9%). Fueron encontrados niveles significativos de baja satisfacción profesional (47,7%), despersonalización (28,3%) y agotamiento emocional (23,1%). El síndrome de burnout presentó una prevalencia de un 10,4%, ocurrió principalmente en los hombres (64,2%), en la franja etaria de 30-50 años (64,2%), con más de 10 años de profesión (64,2%), que trabajaban haciendo guardias nocturnas (71,4%), sedentarios (57,1%) y que no hacen cursos no relacionados con la medicina (78,5%). De los participantes, un 50,7% tuvieron por lo menos uno de los 3 criterios existentes para desarrollar el síndrome y solamente un 8,2% presentó un bajo riesgo para su manifestación.

CONCLUSIÓN:

La prevalencia del síndrome de burnout es relevante entre los anestesistas del Distrito Federal. Se aconseja buscar estrategias de reorganización laboral para disminuir los factores de estrés y la pérdida de la motivación, aumentando así la satisfacción en el trabajo.

Agotamiento profesional/epidemiología; Satisfacción en el empleo; Salud del trabajador/estadística y datos numéricos; Anestesiología


Introdução

A síndrome de burnout foi descrita pela primeira vez como staff burnout por Freudenberger, em 1974. 11. Freudenberger H. Staff burnout. J Soc Issues. 1974;30:159-65. Sua ocorrência torna-se a maneira encontrada pelo indivíduo para enfrentar, mesmo que de forma inadequada, a cronificação do estresse ocupacional. Esse rompe com o equilíbrio psicofisiológico do profissional, obriga-o a usar recursos extras de energia e inibe as ações necessárias para o enfrentamento desse contexto. 22. Maslach C, Jackson E. The measurement of experienced burnout. J Occup Behav. 1981;2:99-113.and33. Maslach C, Schaufeli B, Leiter P. Job burnout. Annu Rev Psychol. 2001;52:397-422. A síndrome sobrevém quando falham outras estratégias para lidar com o estresse. 44. Nyssen A, Hansez I. Stress and burnout in anaesthesia. Curr Opin Anaesthesiol. 2008;21:406-11.and55. Garrosa E, Benevides-Pereira AMT, Jiménez BM, et al. Prevenção e intervenção na síndrome de burnout. In: Como prevenir (ou remediar) o processo de burnout. Benevides-Pereira AMT. Burnout: quando o trabalho ameaça o bem-estar do trabalhador. 4a ed. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2002: p. 227-72. A depender da intensidade e do tempo de duração desse estado, o indivíduo pode vir a sofrer consequências graves, em nível físico e psicológico, caso não possa restaurar o contexto anterior ou desenvolver mecanismos adaptativos que lhe permitam restabelecer o equilíbrio perdido.

Atualmente, a definição mais usada é a proposta em 1986 por Maslach e Jackson, em que o esgotamento emocional é referido como uma síndrome constituída por três dimensões: exaustão emocional, desumanização e baixa realização pessoal no trabalho. A dimensão da exaustão emocional caracteriza-se pela sensação de esgotamento emocional e físico. Trata-se da constatação de que não se dispõe mais de resquício de energia para levar adiante as atividades laborais. O cotidiano no trabalho passa a ser penoso e doloroso.22. Maslach C, Jackson E. The measurement of experienced burnout. J Occup Behav. 1981;2:99-113.and33. Maslach C, Schaufeli B, Leiter P. Job burnout. Annu Rev Psychol. 2001;52:397-422.

A despersonalização revela-se por meio de atitudes de distanciamento emocional em relação às pessoas às quais o profissional deve prestar serviços e aos colegas de trabalho. Os contatos tornam-se impessoais, desprovidos de afetividade, desumanos. Por vezes o indivíduo passa a apresentar comportamentos ríspidos, cínicos ou irônicos. Essa dimensão é considerada o elemento defensivo da síndrome.22. Maslach C, Jackson E. The measurement of experienced burnout. J Occup Behav. 1981;2:99-113.and33. Maslach C, Schaufeli B, Leiter P. Job burnout. Annu Rev Psychol. 2001;52:397-422.

A realização pessoal nos afazeres ocupacionais decresce e o indivíduo perde a satisfação e a eficiência no trabalho. Há um sentimento de descontentamento pessoal, o labor perde o sentido e passa a ser um fardo.22. Maslach C, Jackson E. The measurement of experienced burnout. J Occup Behav. 1981;2:99-113.and33. Maslach C, Schaufeli B, Leiter P. Job burnout. Annu Rev Psychol. 2001;52:397-422.

Ao longo de seu processo de desenvolvimento, a síndrome pode ser abordada a partir de quatro perspectivas: clínica, sociopsicológica, organizacional e sócio-histórica. A perspectiva clínica compreende o conjunto de sintomas, incluindo fadiga física e mental, falta de entusiasmo pelo trabalho e pela vida, sentimento de impotência e inutilidade. A concepção sociopsicológica evidencia a existência de fatores multidimensionais, como a interação negativa, cínica, fria e impessoal com os usuários dos serviços, incluindo a diminuição do idealismo e a indiferença frente ao que pode vir a acontecer aos demais. As perspectivas organizacional e sócio-histórica refletem a influência da organização laboral no desenvolvimento da síndrome.66. Shanafelt T, Sloan J, Habermann T. The well-being of physicians. Am J Med. 2003;114:513-59., 77. Svensen E, Arnetz BB, Ursin H, et al. Health complaints and satisfied with the job? A cross-sectional study on work environment, job satisfaction, and subjective health complaints. J Occup Environ Med. 2007;49:32-41.,88. Larsson J, Rosenqvist I, Holmstrom I. Enjoying work or burdened by it? How anaesthetists experience and handle difficulties at work: a qualitative study. Br J Anaesth. 2007;99:493-9.and99. Pilau MM, Bagatini A, Bondan LG, et al. O anestesiologista no Rio Grande do Sul. Rev Bras Anestesiol. 2000;50: 309-16.

Diversos autores reconhecem a importância do papel desempenhado pelo trabalho, assim como as implicações da dimensão social e da relacional, no desenvolvimento da síndrome. De forma geral, toda e qualquer atividade pode vir a desencadear um processo de esgotamento emocional. Todavia, algumas profissões têm sido apontadas como mais predisponentes por características que lhe são peculiares. As ocupações cujas atividades têm envolvimento emocional são tidas como de maior risco para a síndrome de burnout, especialmente os profissionais que trabalham diretamente com outras pessoas, assistindo-as ou como responsáveis pelo seu desenvolvimento e bem-estar. Assim, são consideradas mais predispostas as pessoas que se dedicam à docência, enfermagem, medicina, psicologia e ao policiamento. 44. Nyssen A, Hansez I. Stress and burnout in anaesthesia. Curr Opin Anaesthesiol. 2008;21:406-11., 55. Garrosa E, Benevides-Pereira AMT, Jiménez BM, et al. Prevenção e intervenção na síndrome de burnout. In: Como prevenir (ou remediar) o processo de burnout. Benevides-Pereira AMT. Burnout: quando o trabalho ameaça o bem-estar do trabalhador. 4a ed. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2002: p. 227-72.,1010. Shanafelt T. Burnout in anesthesiology - a call to action. Anesthesiology. 2011;114:1-2.and1111. Tamayo M, Tróccoli B. Construção e validação fatorial da Escala de Caracterização do Burnout (ECB). Estud Psicol. 2009;14:213-21.

Maslach e Leiter referem que, "pela natureza e funcionalidade do cargo, há profissões de risco e de alto risco, sendo poucas aquelas que apresentam baixo risco para a síndrome de burnout". A anestesiologia é considerada especialidade que promove níveis elevados de estresse e pode resultar em consequências negativas em quem a pratica. É, portanto, classificada como de alto risco. 33. Maslach C, Schaufeli B, Leiter P. Job burnout. Annu Rev Psychol. 2001;52:397-422.,66. Shanafelt T, Sloan J, Habermann T. The well-being of physicians. Am J Med. 2003;114:513-59.and1010. Shanafelt T. Burnout in anesthesiology - a call to action. Anesthesiology. 2011;114:1-2.

O Distrito Federal, cuja população atual é de cerca de 2,5 milhões de habitantes, conta com 391 anestesiologistas inscritos na sociedade de anestesiologia local (Sadif). Não há relatos da prevalência da síndrome de esgotamento emocional entre médicos anestesiologistas dessa região.

O objetivo do estudo foi o avaliar a prevalência da síndrome de burnout em anestesiologistas do Distrito Federal e caracterizar a intensidade de seus componentes. Como objetivo secundário, descrever características específicas, tais como carga horária semanal de trabalho, faixa etária, gênero e tempo de formação profissional da amostra estudada.

Método

Foi feito um estudo transversal descritivo quantitativo, aprovado pelo Comitê de Ética da Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília. A amostra incluiu 241 anestesiologistas dos 391 inscritos na Sociedade de Anestesiologia do Distrito Federal, avaliados de março a junho de 2011.

Para a coleta de dados usou-se um questionário padronizado e autoaplicável, composto de duas partes: a primeira consistiu de dados sociodemográficos, como idade, sexo, estado civil, presença de filhos na família e formação acadêmica. Dados profissionais também foram avaliados, bem como a quantidade e os tipos de vínculos empregatícios, a carga horária semanal, os plantões noturnos, o cargo de chefia e as férias. A seguir, dados de lazer e hábitos pessoais, como prática de atividade física, cursos, tabagismo, etilismo e uso de drogas ilícitas. A segunda metade do inquérito incluiu o Inventário de Burnout de Maslach (MBI), a ferramenta padrão para a pesquisa da síndrome. É o questionário mais amplamente usado, já traduzido, validado e adaptado no Brasil, e contém 22 questões. As questões de 1 a 9 identificam o nível de exaustão emocional, as de 10 a 17 são relacionadas à realização profissional e as de 18 a 22, à despersonalização.

A forma de pontuação dos itens pesquisados pelo MBI segue escala do tipo Likert, que varia de 0 a 6, ou seja, desde "nunca" até "todos os dias". Para análise dos dados relativos ao instrumento de MBI, fez-se o somatório de cada dimensão (exaustão emocional, realização profissional e despersonalização). Os valores obtidos foram comparados com os valores de referência do Núcleo de Estudos Avançados sobre a Síndrome de Burnout (Nepasb), 1111. Tamayo M, Tróccoli B. Construção e validação fatorial da Escala de Caracterização do Burnout (ECB). Estud Psicol. 2009;14:213-21. apresentados na tabela 1.

Tabela 1
Valores da escala do Inventário de Burnout de Maslach (MBI) desenvolvidos pelo Núcleo de Estudos Avançados sobre a Síndrome de Burnout 11

O risco para o desenvolvimento da síndrome foi determinado após a análise de todas as dimensões. O MBI traz como princípio para o diagnóstico de burnout a classificação em nível alto para as dimensões de exaustão emocional e despersonalização, e nível baixo para a de realização profissional. Portanto, o enquadramento do profissional nesses três critérios dimensionais indica a manifestação da síndrome de burnout e a presença de dois critérios determina alto risco para seu desenvolvimento. Os outros itens avaliados na primeira parte do questionário foram analisados por porcentagem simples.

Resultados

O questionário foi entregue a 241 profissionais inscritos na Sociedade de Anestesiologia do Distrito Federal. A amostra final consistiu de 134 anestesiologistas, o que corresponde à adesão de 55,6%, pois 107 não responderam ao questionário. À análise dos dados sociodemográficos, observou-se entre os anestesiologistas do Distrito Federal a predominância de indivíduos do sexo masculino (65,6%), na faixa de 30 a 50 anos (67,9%), casados (55,2%), com filhos (52,3%), a maioria com título de especialista em anestesiologia (TEA) (55,9%). Médicos em especialização representaram 16,1% (tabela 2). Quanto aos dados profissionais da amostra, verificou-se que grande parte apresentou menos do que cinco anos de atuação na especialidade (41%), até dois locais de atividade profissional (52,2%), carga horária de 61 a 84 horas semanais (44,1%) e exercício de plantão noturno (83,5%). Cerca de 12% ocupam algum cargo de chefia e 88% haviam tido férias no último ano (tabela 3). Sobre os dados de lazer, encontrou-se prática regular de atividade física em 61,1% e frequência em cursos não relacionados à medicina em apenas 17,1%. Foram registrados baixos índices de tabagismo e etilismo, 5,9% e 18,6%, respectivamente. Não houve relato de uso de drogas ilícitas (tabela 4).

Tabela 2
Distribuição da amostra de anestesiologistas do DF em relação aos dados sócio-demográficos

Tabela 3
Distribuição da amostra de anestesiologistas do DF em relação aos dados profissionais

Tabela 4
Distribuição da amostra de anestesiologistas do DF em relação aos dados de lazer e hábitos pessoais

A análise psicológica pelo MBI destacou que, entre os níveis com maior prevalência, 45,5% dos profissionais apresentaram baixo nível de exaustão emocional, baixa realização profissional em 47,7% e nível médio de despersonalização em 48,5%. Com relação aos limites estabelecidos pelo Nepasb,1111. Tamayo M, Tróccoli B. Construção e validação fatorial da Escala de Caracterização do Burnout (ECB). Estud Psicol. 2009;14:213-21. verificou-se que 23,1% dos anestesiologistas apresentaram nível alto de exaustão emocional, houve baixa classificação de realização profissional em 47,7% e alto nível de despersonalização em 28,3%, características que estabelecem diagnóstico para manifestação da síndrome de burnout ou alto risco para seu desenvolvimento ( tabela 5).

Tabela 5
Prevalência das dimensões do Inventário de Burnout de Maslach (MBI)

A síndrome de burnout apresentou prevalência de 10,4% e ocorreu principalmente em homens (64,2%), na faixa de 30 a 50 anos (64,2%), com filhos (57,1%) e as seguintes outras características: portadores do TEA (42,8%), mais de dez anos de profissão (64,2%), atuação em plantões noturnos (71,4%), sedentários (57,1%) e que não fazem cursos ou atividades não relacionados à medicina (78,5%). Foram caracterizados pela razão de prevalência ( tabela 6). Não houve diferença entre casados e solteiros (ambos com 42,8%). Nenhum médico em especialização apresentou síndrome de burnout. Dos 134 participantes, 50,7% apresentaram pelo menos um de três critérios para desenvolver a síndrome e apenas 8,2% têm baixo risco para sua manifestação.

Tabela 6
Associação medida pela razão de prevalência das principais variáveis nos anestesiologistas com diagnóstico de Síndrome de Burnout

Discussão

A síndrome de burnout é a resposta ao estresse laboral crônico, envolve alterações comportamentais importantes e tem como agravantes variáveis sociodemográficas, profissionais, de lazer e de hábitos de vida. Quando o afeta, o anestesiologista passa a ter atitudes que atingem os pacientes, os colegas e o próprio trabalho, pois os métodos de enfrentamento tornam-se falhos e insuficientes. 44. Nyssen A, Hansez I. Stress and burnout in anaesthesia. Curr Opin Anaesthesiol. 2008;21:406-11.and66. Shanafelt T, Sloan J, Habermann T. The well-being of physicians. Am J Med. 2003;114:513-59. Por essa razão, torna-se necessário esclarecer o esgotamento emocional entre o anestesiologista e suas correlações.

A pesquisa foi feita com a adesão de 55,6% dos anestesiologistas consultados na Sociedade de Anestesiologia do Distrito Federal (Sadif), número significativo de entrevistados, superior aos 35% considerados aceitáveis.1212. Sobrinho CLN, Barros DS, Tironi MOS, et al. Médicos de UTI --prevalência da síndrome de burnout, características sociodemográficas e condições de trabalho. Rev Bras Educ Méd. 2010;34:106-15. O perfil dos anestesiologistas da Sadif é de uma população jovem, predominantemente masculina, com menos de dez anos de prática e em sua maioria possuidora do título de especialista em anestesiologia.

As primeiras pesquisas sobre a síndrome começaram com foco sobre temas correlatos, como a emoção que ocorre no ambiente de trabalho, e não como esgotamento emocional. O conjunto de pesquisas subsequentes foi mais sistemático na avaliação do esgotamento psicológico, parte de um programa de pesquisa psicométrica para desenvolver uma ferramenta de medida padronizada. Assim, chegou-se ao desenvolvimento do MBI, que avalia todas as três dimensões da síndrome e é considerado a ferramenta padrão da investigação.66. Shanafelt T, Sloan J, Habermann T. The well-being of physicians. Am J Med. 2003;114:513-59.and1111. Tamayo M, Tróccoli B. Construção e validação fatorial da Escala de Caracterização do Burnout (ECB). Estud Psicol. 2009;14:213-21.

A dimensão mais afetada na amostra estudada foi a de realização profissional, baixa em 47,7%, semelhante ao estudo australiano feito por Kluger et al., em que a prevalência de baixa realização profissional foi de 36%. 1313. Kluger MT, Townend K, Laidlaw T. Job satisfaction, stress, and burnout in Australian specialist anaesthetists. Anaesthesia. 2003;58:339-45. Esse fato pode dever-se ao sentimento do indivíduo de sobrecarga pelo exercício de atividades maior do que sua capacidade. Por vezes, o quadro de pessoal é reduzido em relação à demanda de atividades e à carga horária elevada. Essa relação pode ser influenciada pelo modelo assistencial adotado em centros cirúrgicos, que gera sobrecarga de movimento e tensão ocupacional. A considerar-se que a necessidade de tomada de decisões imediatas e eficazes é constante, isso pode provocar nos anestesiologistas sensação de que o trabalho não é compensador. 77. Svensen E, Arnetz BB, Ursin H, et al. Health complaints and satisfied with the job? A cross-sectional study on work environment, job satisfaction, and subjective health complaints. J Occup Environ Med. 2007;49:32-41.and1414. Ramirez AJ, Graham J, Richards MA, et al. Mental health of hospital consultants: the effects of stress and satisfaction at work. Lancet. 1996;347:724-8.

No presente estudo, 10,4% dos anestesiologistas entrevistados no Distrito Federal apresentaram síndrome de burnout, prevalência semelhante à de outras classes profissionais também consideradas de alto risco, mas com algumas diferenças entre as variáveis avaliadas. Nas especialidades do intensivismo e da oncologia, segundo alguns autores, atribui-se ao casamento ou união estável e ao fato de se ter filhos a menor propensão à síndrome de burnout.1212. Sobrinho CLN, Barros DS, Tironi MOS, et al. Médicos de UTI --prevalência da síndrome de burnout, características sociodemográficas e condições de trabalho. Rev Bras Educ Méd. 2010;34:106-15.and1515. Souza WC, Silva AMM. A influência de fatores de personalidade e de organização do trabalho no burnout em profissionais de saúde. Estud Psicol. 2002;19:37-48. Nesta amostra, a síndrome foi mais prevalente em homens (64,2%) com filhos (55,6%) e não houve diferença entre o estado civil. Observou-se maior prevalência (78,5%) em profissionais que não fazem cursos fora da área médica, o que sugere que a prática dessa atividade possa promover alívio do estresse.

Outra característica observada neste estudo é faixa predominante para a síndrome de burnout, entre 30 e 50 anos (64,2%). Isso pode sugerir que os profissionais com menor risco para manifestação da síndrome de burnout são aqueles com maturidade profissional e maior domínio das suas emoções em situações de estresse. 1414. Ramirez AJ, Graham J, Richards MA, et al. Mental health of hospital consultants: the effects of stress and satisfaction at work. Lancet. 1996;347:724-8.and1616. Fernández TB, Roldán PLM, Guerra VA, et al. Prevalence of burnout among anesthesiologists at Hospital Universitario Virgen Macarena de Sevilla. Rev Esp Anestesiol Reanim. 2006;53:359-62. Também chama atenção a maior prevalência da síndrome em profissionais que não exercem cargos de chefia (78,5%). Tais elementos sugerem que autoridade, suporte dos colegas e satisfação no trabalho podem ser fatores protetores, o que corrobora estudo conduzido na Áustria. 1717. Lederer W, Kinzl JF, Trefalt E, et al. Significance of working conditions on burnout in anesthetists. Acta Anaesthesiol Scand. 2006;50:58-63. Além disso, a maior prevalência da síndrome em profissionais com emprego exclusivamente público estatutário (50%) pode indicar a falta de condições de trabalho do serviço público como potencial fator de risco.

Uma peculiaridade do Distrito Federal, nem sempre encontrada em outras regiões brasileiras, deve ser ressaltada. Mais de 95% dos anestesiologistas dessa região trabalham exclusivamente em anestesiologia, por causa do grande número disponível de postos para essa especialidade nos hospitais públicos regionais. Muitos profissionais trabalham em mais de um hospital, mas sempre na especialidade. Assim, é permitido presumir que, nessa amostra, elementos relacionados a outras atividades ocupacionais não interferiram na ocorrência dos sintomas relacionados à síndrome de burnout.

Entre os anestesiologistas, certos fatores podem ser determinantes no desenvolvimento da síndrome do esgotamento emocional. A limitação de tempo é citada como uma das razões mais comuns de estresse entre anestesiologistas, por causa da pressão constante para cumprir os horários, fazer os procedimentos rapidamente e deslocar-se entre hospitais.88. Larsson J, Rosenqvist I, Holmstrom I. Enjoying work or burdened by it? How anaesthetists experience and handle difficulties at work: a qualitative study. Br J Anaesth. 2007;99:493-9.and99. Pilau MM, Bagatini A, Bondan LG, et al. O anestesiologista no Rio Grande do Sul. Rev Bras Anestesiol. 2000;50: 309-16. Contribuem para o estresse específico dos anestesistas a proximidade do sofrimento e da morte, as necessidades físicas e emocionais dos pacientes e a pressão para obterem-se sempre bons resultados, mesmo sob condições e expectativas variadas, bem como os relacionamentos dentro do ambiente do trabalho. Talvez o mais importante entre esses fatores seja o relacionamento e a interação com cirurgiões, obstetras e outros profissionais nas salas de cirurgia e de recuperação pós-anestésica. Esse tipo de relação pode envolver confusão quanto às responsabilidades de cada um e, por causa das posições hierárquicas com limites pouco definidos, podem surgir divergências sobre como atingir os objetivos e selecionar elementos que devem ser prioritários. Chega-se, por vezes, até a conflitos e disputas.99. Pilau MM, Bagatini A, Bondan LG, et al. O anestesiologista no Rio Grande do Sul. Rev Bras Anestesiol. 2000;50: 309-16.and1616. Fernández TB, Roldán PLM, Guerra VA, et al. Prevalence of burnout among anesthesiologists at Hospital Universitario Virgen Macarena de Sevilla. Rev Esp Anestesiol Reanim. 2006;53:359-62. Também pode contribuir como determinante uma certa desvalorização do profissional por parte dos planos de saúde.1818. Carneiro AF. Síndrome de burnout em anestesia. Anest Rev. 2011;5:16-7.

Há ainda o estresse físico decorrente dos fatores extenuantes do ambiente cirúrgico, que incluem poluição sonora, exposição a gases anestésicos, radiação, látex, infecções, frio ou calor excessivo, uso de cadeiras desconfortáveis e até mesmo limitação de espaço. A sobrecarga de ruídos leva à ativação simpato-adrenal em pessoas normais e tal resposta é aumentada em indivíduos com ansiedade crônica e/ou hipertensão arterial.77. Svensen E, Arnetz BB, Ursin H, et al. Health complaints and satisfied with the job? A cross-sectional study on work environment, job satisfaction, and subjective health complaints. J Occup Environ Med. 2007;49:32-41. O ruído nas salas de operação pode ser suficiente para provocar hiperatividade do sistema nervoso simpático e efeitos cognitivos e psicológicos. Outro fator de importância é a privação de sono, pois a anestesiologia é uma especialidade que precisa oferecer serviços contínuos aos pacientes. Existe a necessidade de disponibilidade 24 horas por dia, durante todo o ano, e para a adequada cobertura das escalas de plantão se faz necessário trabalho no período noturno. Todos esses fatores têm como consequência a fadiga e o esgotamento.77. Svensen E, Arnetz BB, Ursin H, et al. Health complaints and satisfied with the job? A cross-sectional study on work environment, job satisfaction, and subjective health complaints. J Occup Environ Med. 2007;49:32-41., 1313. Kluger MT, Townend K, Laidlaw T. Job satisfaction, stress, and burnout in Australian specialist anaesthetists. Anaesthesia. 2003;58:339-45.,1616. Fernández TB, Roldán PLM, Guerra VA, et al. Prevalence of burnout among anesthesiologists at Hospital Universitario Virgen Macarena de Sevilla. Rev Esp Anestesiol Reanim. 2006;53:359-62.and1919. Calumbi RA, Amorim JA, Maciel CMC, et al. Avaliação da qualidade de vida dos anestesiologistas da cidade do Recife. Rev Bras Anestesiol. 2010;60:42-51.

Como em estudos anteriores, a síndrome apresentou-se mais prevalente em profissionais com exercício de plantões noturnos, pois o sono e o cansaço decorrentes do trabalho noturno geram falta de agilidade e atenção, lentidão da função cognitiva e dos reflexos, além de tornar o profissional mais impaciente com as atividades cotidianas. Assim, o descanso adequado é um fator adicional de segurança e bem-estar na anestesiologia, especialidade cuja prioridade é a segurança. As características pessoais citadas anteriormente não são individualmente desencadeantes do fenômeno, mas facilitadores da ação dos agentes estressores.44. Nyssen A, Hansez I. Stress and burnout in anaesthesia. Curr Opin Anaesthesiol. 2008;21:406-11.and1414. Ramirez AJ, Graham J, Richards MA, et al. Mental health of hospital consultants: the effects of stress and satisfaction at work. Lancet. 1996;347:724-8.

Este estudo é pioneiro no sentido de fornecer um perfil dos anestesiologistas do Distrito Federal e de avaliar a prevalência da síndrome de burnout nessa amostra. Entretanto, apresenta algumas limitações. Trata-se de um estudo transversal, que examina a relação exposição-doença em dada população ou amostra, num momento particular. Fornece um retrato de como as variáveis estão relacionadas naquele momento específico, sem, entretanto, estabelecer nexo causal. Também não foram feitas análises multivariadas, importantes para se chegar a conclusões definitivas. 2020. Pereira MG. Epidemiologia: teoria e prática. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1995. Observou-se falha na caracterização do etilismo, uma vez que não foi adequadamente detalhado no questionário (frequência semanal e número de doses ao dia). Além disso, o uso de um questionário autoaplicável pode gerar divergências na interpretação das questões.

Diante da gravidade das consequências da síndrome de burnout, percebe-se a necessidade de atenção à situação de saúde dos anestesiologistas. Do ponto de vista organizacional, o trabalho em centro cirúrgico gera sobrecarga de movimento e tensão ocupacional. É recomendável a monitoração periódica da saúde mental e física desses profissionais, para reorganizar o processo de trabalho e diminuir as fontes de estresse. Para isso existem várias estratégias, todas com mesmo objetivo. Deve-se melhorar a resposta do indivíduo ao estresse, de modo voltado para a educação, e buscar-se o aprendizado de métodos para lidar com os fatores desencadeantes. Recomenda-se ainda o aprimoramento do contexto ocupacional, com vistas a estratégias de gerenciamento. Por fim, também é importante a interação entre o contexto ocupacional e o indivíduo e a combinação de mudanças educacionais e administrativas por meio de acompanhamento psicológico em equipes multidisciplinares. 55. Garrosa E, Benevides-Pereira AMT, Jiménez BM, et al. Prevenção e intervenção na síndrome de burnout. In: Como prevenir (ou remediar) o processo de burnout. Benevides-Pereira AMT. Burnout: quando o trabalho ameaça o bem-estar do trabalhador. 4a ed. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2002: p. 227-72.,1717. Lederer W, Kinzl JF, Trefalt E, et al. Significance of working conditions on burnout in anesthetists. Acta Anaesthesiol Scand. 2006;50:58-63.and1919. Calumbi RA, Amorim JA, Maciel CMC, et al. Avaliação da qualidade de vida dos anestesiologistas da cidade do Recife. Rev Bras Anestesiol. 2010;60:42-51.

Conclusão

Foi revelada elevada prevalência da síndrome de burnout, bem como alto risco para seu desenvolvimento entre os anestesiologistas do Distrito Federal. Deve-se refletir sobre a adoção de medidas para modificar as condições de trabalho e a motivação desses profissionais.

Agradecimentos

Agradecemos a Cristina Sousa Govêia, por sua ajuda na tradução do manuscrito. Agradecemos também aos anestesiologistas participantes, que compartilharam conosco suas experiências.

References

  • 1
    Freudenberger H. Staff burnout. J Soc Issues. 1974;30:159-65.
  • 2
    Maslach C, Jackson E. The measurement of experienced burnout. J Occup Behav. 1981;2:99-113.
  • 3
    Maslach C, Schaufeli B, Leiter P. Job burnout. Annu Rev Psychol. 2001;52:397-422.
  • 4
    Nyssen A, Hansez I. Stress and burnout in anaesthesia. Curr Opin Anaesthesiol. 2008;21:406-11.
  • 5
    Garrosa E, Benevides-Pereira AMT, Jiménez BM, et al. Prevenção e intervenção na síndrome de burnout. In: Como prevenir (ou remediar) o processo de burnout. Benevides-Pereira AMT. Burnout: quando o trabalho ameaça o bem-estar do trabalhador. 4a ed. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2002: p. 227-72.
  • 6
    Shanafelt T, Sloan J, Habermann T. The well-being of physicians. Am J Med. 2003;114:513-59.
  • 7
    Svensen E, Arnetz BB, Ursin H, et al. Health complaints and satisfied with the job? A cross-sectional study on work environment, job satisfaction, and subjective health complaints. J Occup Environ Med. 2007;49:32-41.
  • 8
    Larsson J, Rosenqvist I, Holmstrom I. Enjoying work or burdened by it? How anaesthetists experience and handle difficulties at work: a qualitative study. Br J Anaesth. 2007;99:493-9.
  • 9
    Pilau MM, Bagatini A, Bondan LG, et al. O anestesiologista no Rio Grande do Sul. Rev Bras Anestesiol. 2000;50: 309-16.
  • 10
    Shanafelt T. Burnout in anesthesiology - a call to action. Anesthesiology. 2011;114:1-2.
  • 11
    Tamayo M, Tróccoli B. Construção e validação fatorial da Escala de Caracterização do Burnout (ECB). Estud Psicol. 2009;14:213-21.
  • 12
    Sobrinho CLN, Barros DS, Tironi MOS, et al. Médicos de UTI --prevalência da síndrome de burnout, características sociodemográficas e condições de trabalho. Rev Bras Educ Méd. 2010;34:106-15.
  • 13
    Kluger MT, Townend K, Laidlaw T. Job satisfaction, stress, and burnout in Australian specialist anaesthetists. Anaesthesia. 2003;58:339-45.
  • 14
    Ramirez AJ, Graham J, Richards MA, et al. Mental health of hospital consultants: the effects of stress and satisfaction at work. Lancet. 1996;347:724-8.
  • 15
    Souza WC, Silva AMM. A influência de fatores de personalidade e de organização do trabalho no burnout em profissionais de saúde. Estud Psicol. 2002;19:37-48.
  • 16
    Fernández TB, Roldán PLM, Guerra VA, et al. Prevalence of burnout among anesthesiologists at Hospital Universitario Virgen Macarena de Sevilla. Rev Esp Anestesiol Reanim. 2006;53:359-62.
  • 17
    Lederer W, Kinzl JF, Trefalt E, et al. Significance of working conditions on burnout in anesthetists. Acta Anaesthesiol Scand. 2006;50:58-63.
  • 18
    Carneiro AF. Síndrome de burnout em anestesia. Anest Rev. 2011;5:16-7.
  • 19
    Calumbi RA, Amorim JA, Maciel CMC, et al. Avaliação da qualidade de vida dos anestesiologistas da cidade do Recife. Rev Bras Anestesiol. 2010;60:42-51.
  • 20
    Pereira MG. Epidemiologia: teoria e prática. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1995.
  • Estudo desenvolvido no Centro de Anestesiologia da Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília (UnB).

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Mar-Apr 2015

Histórico

  • Recebido
    11 Fev 2013
  • Aceito
    16 Jul 2013
Sociedade Brasileira de Anestesiologia R. Professor Alfredo Gomes, 36, 22251-080 Botafogo RJ Brasil, Tel: +55 21 2537-8100, Fax: +55 21 2537-8188 - Campinas - SP - Brazil
E-mail: bjan@sbahq.org