JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: A bupivacaína racêmica a 0,5% associada a opioides por via peridural constitui técnica anestésica utilizada em cesariana, entretanto sua toxicidade é questionada. A bupivacaína com excesso enantiomérico de 50% apresenta menor cárdio e neurotoxicidade. Avaliou-se a eficácia da bupivacaína racêmica e da bupivacaína com excesso enantiomérico de 50% a 0,5%, associadas ao sufentanil, por via peridural, em gestantes submetidas à cesariana. MÉTODO: Cinquenta gestantes a termo, submetidas à cesariana eletiva, sob bloqueio peridural, distribuídas em dois grupos, de acordo com o anestésico local empregado: Grupo I - bupivacaína racêmica a 0,5% com vasoconstritor; Grupo II - bupivacaína com excesso enantiomérico de 50% (S75-R25) a 0,5% com vasoconstritor. Nos dois grupos o anestésico local (100 mg) foi associado ao sufentanil (20 µg) e o volume total empregado da solução foi de 24 mL. Avaliaram-se: latência do bloqueio sensitivo; nível máximo do bloqueio sensitivo; grau do bloqueio motor; tempo para regressão do bloqueio motor; duração da analgesia; efeitos colaterais maternos e repercussões neonatais. RESULTADOS: A latência, o nível máximo do bloqueio sensitivo, o grau do bloqueio motor e a duração da analgesia foram semelhantes nos dois grupos; o tempo para regressão do bloqueio motor foi significativamente menor no Grupo II. Os efeitos colaterais ocorreram com frequência semelhante em ambos os grupos. Ausência de alterações cardiocirculatórias maternas e repercussões neonatais. CONCLUSÕES: A bupivacaína racêmica e a bupivacaína com excesso enantiomérico de 50%, por via peridural, proporcionam anestesia adequada para realização de cesariana. A bupivacaína com excesso enantiomérico de 50% constitui alternativa promissora para esse tipo de procedimento, por apresentar menor tempo para regressão do bloqueio motor, desejável na paciente obstétrica.
ANESTESIA; ANESTÉSICOS, local; ANESTÉSICOS, local; CIRURGIA, obstétrica