Resumo
Justificativa:
A ventilação difícil ou impossível via máscara facial complicada pela intubação traqueal difícil durante a indução da anestesia ocorre em 0,4% dos casos de anestesia em adultos, possivelmente leva a complicações fatais. Devido a tais catástrofes, recomendou-se que a administração de relaxantes musculares seja feita após a confirmação de ventilação adequada via máscara facial, sem uma validação científica sólida dessa conduta.
Métodos:
Neste estudo observacional, a facilidade de ventilação e os escores de visibilidade em laringoscopia direta antes e após a administração de cisatracúrio foram avaliados em 90 adultos jovens e saudáveis, sem riscos anestésicos e sem intubação difícil prevista, agendados para cirurgias eletivas gerais.
Resultados:
Antes do relaxamento muscular, 43 pacientes (48%) eram Cormack Grau I, enquanto os 47 (52%) restantes eram ou Cormack Grau II (28, 31%) ou Cormack Grade III (19, 21%). Após o relaxamento muscular com cisatracúrio, o número de pacientes com Cormack Grau I aumentou significativamente de 43 (48%) para 65 (72%) (p = 0,0013). Apenas um paciente (5%) dos 19 melhorou sua classificação de Cormack do Grau III para o Grau I, enquanto 16 dos 19 (84%) melhoraram suas classificações de Cormack do Grau III para o grau II após o uso de cisatracúrio. A qualidade da ventilação via máscara facial não diferiu com ou sem relaxantes musculares em todos os pacientes.
Conclusão:
O uso de cisatracúrio em adultos jovens saudáveis submetidos a cirurgias eletivas gerais sem intubação traqueal difícil prevista não teve efeito sobre a qualidade da ventilação via máscara facial, mesmo resultando em melhora quantificável da visibilidade da laringe.
PALAVRAS-CHAVE
Relaxantes musculares não despolarizantes; Visibilidade em laringoscopia; Ventilação via máscara facial