As lianas observadas neste estudo, Abuta convexa (Vell.) Diels, Abuta imene (Mart.) Eichler e Chondrodendron platiphyllum (A. St.-Hil.) Miers, possuem câmbios sucessivos em seus caules. A terminologia aplicada à histologia de caules de espécies com câmbios sucessivos é tão diversa quanto as interpretações das origens dessa variação cambial. O objetivo deste estudo é investigar a origem dos câmbios sucessivos através de uma análise do desenvolvimento nas espécies supracitadas, incluindo uma análise da terminologia utilizada para descrevê-los. Diversos estágios do desenvolvimento que originam os câmbios sucessivos em Menispermaceae foram constatados. Inicialmente, o periciclo forma de 1 a 3 camadas de tecido conjuntivo. Depois da diferenciação do primeiro anel, o tecido conjuntivo divide-se novamente, desenvolvendo cerca de 10 fileiras de células parenquimáticas. Na porção mediana forma-se um anel de esclereídes, subdividindo o tecido conjuntivo em duas partes. A parte mais interna (tecido conjuntivo interno) forma novos câmbios, que, por sua vez, originam os novos cordões vasculares secundários, formando, assim, o segundo anel vascular sucessivo do caule. A parte mais externa (tecido conjuntivo externo) permanece parenquimática durante a instalação do segundo anel e posteriormente sofrerá novas divisões periclinais, repetindo todo o processo descrito. Entre os cordões neoformados diferenciam-se novos câmbios que produzem somente raios. Conforme a literatura especializada, os câmbios sucessivos são formados por um meristema denominado "meristema lateral difuso". Neste estudo, é demonstrado que nas espécies analisadas o "meristema lateral difuso"é o próprio periciclo.
Abuta; Chondrodendron; desenvolvimento; liana; variação cambial