Maxillaria é um dos maiores gêneros da região Neotropical com cerca de 450 espécies, apresentando diversas incertezas taxonômicas quanto à delimitação do gênero e de diversas espécies, principalmente pela grande variação morfológica que o grupo apresenta. Este trabalho tem por objetivo analisar a variação morfológica e a delimitação de algumas espécies no complexo Brasiliorchis picta, um gênero criado recentemente a partir de algumas espécies de Maxillaria, utilizando análise multivariada morfométrica. Foram analisados 340 indivíduos, distribuídos em seis espécies (B. chrysantha (Barb. Rodr.) R.B. Singer, S. Koehler & Carnevali, B. gracilis (Lodd.) R.B. Singer, S. Koehler & Carnevali, B. marginata (Lindl.) R.B. Singer, S. Koehler & Carnevali, B. picta (Hook.) R. Singer, S. Koehler & Carnevali, B. porphyrostele (Rchb. f.) R.B. Singer, S. Koehler & Carnevali e B. ubatubana (Hoehne) R.B. Singer, S. Koehler & Carnevali), empregando-se métodos de análise multivariada (PCA, CVA, DA e UPGMA). Brasiliorchis gracilis exibiu as maiores descontinuidades morfológicas, relacionadas principalmente ao seu porte reduzido. Entre as demais espécies, é possível notar apenas tendências de agrupamento, nas quais um grande número de caracteres com valores intermediários gera grande sobreposição entre indivíduos de diferentes espécies, não permitindo uma clara separação entre as espécies. Os padrões de distribuição geográfica e eventos como hibridização podem estar envolvidos na diferenciação de espécies e linhagens no complexo. Como as espécies classificadas a priori neste trabalho não podem ser reconhecidas através dos caracteres quantitativos utilizados, outras técnicas como morfometria geométrica e dados moleculares devem ser empregados em trabalhos futuros para esclarecer as relações de parentesco entre as espécies deste complexo.
análise multivariada; complexo de espécies; morfometria; taxonomia
