A válvula pulmonar é a mais comumente substituída em pacientes com doença cardíaca congênita. O manejo da via de saída do ventrículo direito é diferente em recém-nascidos, crianças e adultos, dependendo da cardiopatia a ser tratada e dos procedimentos cirúrgicos prévios.
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Há várias opções cirúrgicas para a substituição da válvula: homoenxertos, xenoenxertos, válvulas mecânicas, biopróteses e condutos protéticos. Essa gama de materiais e de tecnologia tem sido ampla e continuamente estudada e desenvolvida.11 Emani SM. Options for prosthetic pulmonary valve replacement. Semin Thorac Cardiovasc Surg Pediatr Card Surg Ann. 2012;15(1):34-7.,22 Gusleserian KJ. Adult congenital heart disease: surgical advances and options. Prog Cardiovasc Dis. 2011;53(4):254-64. Infelizmente, todas essas opções cirúrgicas estão associadas a inconvenientes.
Por outro lado, o implante de válvula pulmonar transcateter foi desenvolvido a partir do ano 2000. Há dois dispositivos disponíveis atualmente para o implante percutâneo da válvula pulmonar: a válvula Melody® e a válvula Edwards-Sapien®.
Dados da literatura 33 Lurz P, Bonhoeffer P, Taylor AM. Percutaneous pulmonary valve implantation: an update. Expert Rev Cariovasc Ther. 2009;7(7):823-32.,44 Eicken A, Ewert P, Hager A, Peters B, Fratz S, Kuehne T. Percutaneous pulmonary valve implantation: two center experience with more 100 patients. Eur Heart J. 2011;32(10):1260-65. demonstram que a intervenção transcateter está associada a excelentes resultados imediatos, com melhora clínica e hemodinâmica significativas. Os resultados de médio prazo também são animadores. Uma limitação atual da aplicabilidade da válvula Melody®, desenvolvida para tratar disfunções das válvulas pulmonares em condutos protéticos, inclui condutos com diâmetro > 22 mm.
Ao enfrentarem cenários novos e mais desafiadores, os intervencionistas tornaram-se extremamente confiantes com essa tecnologia, que provou ser um procedimento fácil e seguro. Uma certa criatividade foi demonstrada pelas equipes intervencionistas, ao implantarem a válvula na via de saída do ventrículo direito nativa ou ampliada com patch, em um único ramo da artéria pulmonar ou nos dois ramos.
Durante o acompanhamento, diferentes centros estudaram os resultados com protocolos dedicados, mostrando restauração adequada da função da via de saída do ventrículo direito, com baixas taxas de complicação do procedimento. Além disso, o implante percutâneo da válvula pulmonar prolonga a vida útil do conduto, reduzindo o número de cirurgias de coração aberto. 55 Lurz P, Coats L, Khambadkone S, Nordmeyer J, Boudjemline Y, Schievano S, et al. Percutaneous pulmonary valve implantation impact of evolving technology and learning curve on clinical outcome. Circulation. 2008;117(15):1964-72. As complicações mais temidas são a ruptura da via de saída do ventrículo direito e a compressão coronária.
Infelizmente, essa tecnologia continua bem distante em alguns países, devido a dificuldades que incluem questões financeiras e políticas, além da produção e da distribuição dessas válvulas.
Um passo significativo rumo à direção correta é o trabalho de Ribeiro et al. 66 Ribeiro MS, Pedra CAC, Costa RN, Rossi RI, Manica J, Campanhã LO, et al. Experiência inicial com o implante percutâneo da válvula Melody® no Brasil. Rev Bras Cardio Invasiva. 2014;22(3):275-85., que descreve a experiência inicial com o implante percutâneo da válvula Melody® no Brasil. Os autores avaliaram pacientes em um estudo multicêntrico e seus resultados se mostraram alinhados com a experiência internacional. Ocorreu uma ruptura de conduto protético, mas ela foi contida e não existiram outras complicações. Não foram observados outros eventos adversos no acompanhamento médio de 4 meses.
A experiência brasileira, portanto, é mais do que bem-vinda: novas melodias estão chegando aos corações brasileiros!
REFERÊNCIAS
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1Emani SM. Options for prosthetic pulmonary valve replacement. Semin Thorac Cardiovasc Surg Pediatr Card Surg Ann. 2012;15(1):34-7.
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2Gusleserian KJ. Adult congenital heart disease: surgical advances and options. Prog Cardiovasc Dis. 2011;53(4):254-64.
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3Lurz P, Bonhoeffer P, Taylor AM. Percutaneous pulmonary valve implantation: an update. Expert Rev Cariovasc Ther. 2009;7(7):823-32.
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4Eicken A, Ewert P, Hager A, Peters B, Fratz S, Kuehne T. Percutaneous pulmonary valve implantation: two center experience with more 100 patients. Eur Heart J. 2011;32(10):1260-65.
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5Lurz P, Coats L, Khambadkone S, Nordmeyer J, Boudjemline Y, Schievano S, et al. Percutaneous pulmonary valve implantation impact of evolving technology and learning curve on clinical outcome. Circulation. 2008;117(15):1964-72.
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6Ribeiro MS, Pedra CAC, Costa RN, Rossi RI, Manica J, Campanhã LO, et al. Experiência inicial com o implante percutâneo da válvula Melody® no Brasil. Rev Bras Cardio Invasiva. 2014;22(3):275-85.
Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
Jul-Sep 2014
Histórico
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Recebido
01 Set 2014 -
Aceito
02 Set 2014