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Revista Brasileira de Cardiologia Invasiva, Volume: 19, Número: 3, Publicado: 2011
  • Stents farmacológicos no tratamento da doença arterial coronária: lições do registro DESIRE Editoriais

    Chaves, Áurea J.
  • Seguimento tardio de pacientes com infarto do miocárdio tratados com stents farmacológicos no Registro DESIRE Editoriais

    Kirtane, Ajay J.
  • Stents farmacológicos para todos!: como? Editoriais

    Feres, Fausto; Costa Jr., J. Ribamar; Costa, Ricardo A.
  • Acesso radial: você pode ensinar novos truques a um velho cão Editoriais

    Andrade, Pedro Beraldo de; Tebet, Marden André; Labrunie, André
  • Evolução tardia de pacientes com infarto agudo do miocárdio tratados com stents farmacológicos na prática diária do mundo real: subanálise do Registro DESIRE (Drug-Eluting Stent In the REal World) Artigos Originais

    Costa, Ricardo A.; Sousa, Amanda G. M. R.; Costa Jr., J. Ribamar; Moreira, Adriana; Maldonado, Galo; Cano, Manuel N.; Feres, Fausto; Jardim, César; Liguori, Ieda M.; Barbosa, Marco A.; Romano, Edson R.; Sousa, J. Eduardo

    Resumo em Português:

    INTRODUÇÃO: Estudos prévios comparando stents farmacológicos (SFs) e stents não-farmacológicos sugerem eficácia e segurança dos SFs no tratamento de pacientes com infarto agudo do miocárdio (IAM). No entanto, a evolução tardia de pacientes com IAM tratados com SFs na prática diária permanece desconhecida. Este estudo teve como objetivo investigar o seguimento tardio de pacientes com IAM recente tratados com SFs na prática diária do mundo real. MÉTODOS: Entre maio de 2002 e junho de 2009, 3.018 pacientes não-selecionados com indicação de intervenção percutânea eletiva ou de emergência foram consecutivamente tratados com SFs em uma instituição clínica. O seguimento tardio de até sete anos foi realizado em 98%, com mediana de 3,4 anos. Os pacientes foram divididos em dois grupos: pacientes com IAM recente (< 30 dias) e pacientes sem IAM recente. RESULTADOS: Os pacientes com IAM recente tinham menos comorbidades e mais doença multiarterial (68,1% vs. 60,7%; P < 0,001), lesões com trombo (13,6% vs. 1,3%; P < 0,001), fluxo TIMI 0/1 (8,3% vs. 1,1%; P < 0,001) e disfunção moderada/grave do ventrículo esquerdo (23,2% vs. 10,9%; P < 0,001), comparativamente aos pacientes sem IAM recente. O grupo IAM recente recebeu 1,6 ± 0,8 stent/ paciente e mais inibidores da glicoproteína IIb/IIIa (19,6% vs. 2%; P < 0,001), mas o sucesso angiográfico foi similar nos dois grupos (> 99%). No seguimento tardio, a incidência de óbito cardíaco (6,4% vs. 2,7%; P < 0,001) e de trombose de stent (3,6% vs. 1,3%; P < 0,001) foi significativamente maior no grupo IAM recente. O IAM recente permaneceu como preditor independente de trombose de stent na análise multivariada (RR 2,96, IC 95% 1,62-5,41; P < 0,001). CONCLUSÕES: Pacientes com IAM < 30 dias tratados com SFs apresentaram pior prognóstico quando comparados aos pacientes sem IAM recente, incluindo aumento significativo do óbito cardíaco até sete anos de acompanhamento, e ocorrência 2,5 vezes maior das taxas de trombose de stent.

    Resumo em Inglês:

    BACKGROUND: Previous studies comparing drug-eluting stents (DES) and bare-metal stents suggest efficacy and safety of the DES in the treatment of patients with myocardial infarction (MI). However, the late evolution of patients with MI treated with DES in the daily practice remains unknown. Our goal was to investigate the late follow-up of patients with MI recently treated with DES in the real world. METHODS: Between May 2002 and June 2009, 3,018 non-selected patients with indication for elective or urgent percutaneous coronary intervention have been consecutively treated with DES in a clinical institution. The 7-year follow-up was performed in 98% of these patients, with a median of 3.4 years. The patients were divided in two groups: patients with recent MI (< 30 days) and patients without recent MI. RESULTS: Patients with recent MI had less co-morbidities, but more multiarterial disease (68.1% vs. 60.7%; P < 0.001), lesions with thrombus (13.6% vs. 1.3%; P < 0.001), TIMI flow 0/1 (8.3% vs. 1.1%; P < 0.001), and moderate/severe LV dysfunction (23.2% vs. 10.9%; P < 0.001) when compared with patients without MI. The recent MI group received 1.6 ± 0.8 stents/patient and more glycoprotein IIb/IIIa inhibitors (19.6% vs. 2%; P < 0.001), but the angiographic success (> 99%) was similar between groups. In the late follow-up, the incidence of cardiac death (6.4% vs. 2.7%; P < 0.001) and stent thrombosis (3.6% vs. 1.3%; P < 0.001) was significantly greater in the recent MI group. Recent MI remained an independent predictor of stent thrombosis in multivariate analysis (HR 2.96, 95% CI 1.62-5.41; P < 0,001). CONCLUSIONS: Patients with MI < 30 days treated with DES had a worse prognosis when compared with patients without recent MI, including a higher incidence of cardiac death and a 2.5 times greater occurrence of stent thrombosis rate up to 7-year follow-up.
  • Impacto da disponibilização de stents farmacológicos para pacientes do Sistema Único de Saúde nas indicações de revascularização miocárdica Artigos Originais

    Oliveira, Rodrigo Lagny de Castro; Demolinari Jr., Luiz Heitor; Rando, Gustavo Adolfo Bravo; Moraes, Paulo Cesar; Abdalla, Guilherme; Medeiros, Alexandre da Silva

    Resumo em Português:

    INTRODUÇÃO: Os stents farmacológicos (SFs) ainda não estão disponíveis para uso clínico em pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). Este estudo teve como objetivo avaliar o quanto a disponibilidade de SFs para utilização em pacientes do SUS poderia impactar na conduta do cardiologista intervencionista com relação à indicação de revascularização miocárdica, cirúrgica ou percutânea. MÉTODOS: Análise retrospectiva dos casos submetidos a revascularização cirúrgica pelo SUS em 2010 na Santa Casa de Misericórdia de Barra Mansa (Barra Mansa, RJ, Brasil). As coronariografias, classificadas pelo SYNTAX Score, foram submetidas à avaliação de três cardiologistas intervencionistas, juntamente com o seguinte questionário: 1) Concorda com a indicação inicial de cirurgia? 2) Utilizando SF, considera que a intervenção coronária percutânea (ICP) seria tão benéfica quanto ou superior à cirurgia? 3) Caso optasse pelo implante de SF, quantos seriam utilizados? 4) Com SF, a revascularização seria completa? Foram excluídos os casos de revascularização cirúrgica prévia, plastia/troca valvar concomitante, e resposta "não" à questão 1 do questionário. RESULTADOS: O estudo incluiu 67 pacientes, com média de idade de 59,7 ± 9,8 anos, 59,7% do sexo masculino e 38,8% diabéticos. Em 29,8% a ICP foi considerada o procedimento de escolha, com revascularização completa em 90% dos casos e uso médio de 1,82 ± 0,83 stent por paciente. De acordo com o SYNTAX Score, a ICP foi indicada em 66,6% dos pacientes com escore < 23, em 23% dos pacientes com escore entre 23 e 32, e em nenhum paciente com escore > 32. CONCLUSÕES: A disponibilização de SF para pacientes do SUS pode influenciar significativamente as indicações de revascularização miocárdica percutânea, principalmente naqueles com SYNTAX Score < 23.

    Resumo em Inglês:

    BACKGROUND: Drug-eluting stents (DES) are still not accessible for patients from the Public Healthcare System (PuHS). This study aimed to evaluate how the availability of DES for use in PuHS patients could impact the conduct of the interventional cardiologist regarding the indication for percutaneous or surgical myocardial revascularization. METHODS: Retrospective analysis of PuHS patients undergoing surgical revascularization at Santa Casa de Misericórdia de Barra Mansa (Barra Mansa, RJ, Brazil) in 2010. Coronary angiographies classified by the SYNTAX score were submitted to the evaluation of 3 interventional cardiologists who answered the following questionnaire: 1) Do you agree with the initial indication for surgery? 2) If a DES was available, do you believe the percutaneous coronary intervention (PCI) would be as beneficial as or superior to surgical revascularization? 3) If you decide to use DES, how many would be used? 4) After using DES, would revascularization be complete? Patients submitted to previous surgical revascularization, concomitant valvoplasty/valve replacement and a negative answer to question 1 were excluded. RESULTS: A total of 67 patients were included, with mean age of 59.7 ± 9.8 years, 59.7% were male and 38.8% diabetics. PCI was the therapy of choice in 29.8%, with complete revascularization in 90% of the cases and a mean use of 1.82 ± 0.83 stents per patient. According to the SYNTAX score, PCI was indicated in 66.6% of the patients with a score < 23, in 23% of the patients with a score from 23 to 32 and none of the patients with a score > 32. CONCLUSIONS: The availability of DES for PuHS patients may significantly influence indications for percutaneous coronary revascularization, especially among those with a SYNTAX score < 23.
  • Influência da curva de aprendizado nos procedimentos percutâneos por via transradial Artigos Originais

    Cardoso, Cristiano de Oliveira; Moraes, Cláudio Vasques de; Voltolini, Ismael; Azevedo, Eduardo Mascarenhas; Santos, Marcela Almeida dos; Borba, Rafael Pereira de; Souza, Emiliane Nogueira de; Moraes, Maria Antonieta; Cardoso, Carlos Roberto

    Resumo em Português:

    INTRODUÇÃO: A curva de aprendizado é uma das limitações da técnica radial. O estudo teve como objetivo avaliar a influência desse aprendizado nos resultados de procedimentos realizados pelo acesso radial. MÉTODOS: Estudo de coorte prospectivo, com pacientes submetidos a cateterismo cardíaco e alocados no grupo A (intervenções realizadas por operadores com > 500 procedimentos por via radial) e no grupo B (intervenções realizadas por operadores com < 500 procedimentos por via radial). O pulso radial foi avaliado com Doppler antes, imediatamente após e aos sete dias da intervenção. RESULTADOS: O estudo incluiu 58 pacientes no grupo A e 62 no grupo B. A maioria era do sexo feminino (57,5%), com média de idade de 59 ± 10,3 anos, e 25% eram diabéticos. A doença arterial coronária foi diagnosticada em igual proporção entre os grupos (43,9% vs. 42,4%; P > 0,99), mas a doença valvar apresentou maior prevalência no grupo A (24,1% vs. 3,2%; P = 0,001). A taxa de crossover para a técnica femoral foi semelhante (1,7% vs. 1,6%; P > 0,99). Os operadores com maior experiência realizaram os procedimentos com menor tempo de punção e de fluoroscopia e com menor tempo total de exame (13,2 ± 5,2 minutos vs. 16,3 ± 4,8 minutos; P = 0,001). Não ocorreram complicações maiores. Não foram observadas diferenças em relação à presença de hematomas tipo I (12% vs. 3,2%), tipo II (1,7% vs. 1,7%) e tipo III (0 vs. 1,7%). Na avaliação pelo Doppler, o fluxo do pulso e a oclusão da artéria radial foram semelhantes entre os grupos. CONCLUSÕES: A curva de aprendizado exerce papel importante em alguns dos desfechos relacionados aos procedimentos pela via de acesso radial. Operadores experientes realizam exames com menor tempo total, de fluoroscopia e de punção.

    Resumo em Inglês:

    BACKGROUND: The learning curve is one of the limitations of the transradial technique. The aim of this study was to evaluate the influence of the learning curve in the outcomes of procedures using the radial approach. METHODS: Prospective cohort study in patients undergoing cardiac catheterization allocated to Group A (interventions performed by operators with > 500 procedures by radial approach) and Group B (interventions performed by operators with < 500 procedures by radial approach). Radial pulse was evaluated by Doppler before, immediately after and seven days after the intervention. RESULTS: Fifty-eight patients were included in Group A and 62 in Group B. Most of them were female (57.5%), with mean age of 59 ± 10.3 years and 25% were diabetic. Coronary artery disease was diagnosed in equal proportion between groups (43.9% vs. 42.4%; P > 0.99), but valve disease was more prevalent in Group A (24.1% vs. 3.2%; P = 0.001). The crossover rate for the femoral technique was similar (1.7% vs. 1.6%; P > 0.99). The more experienced operators performed the procedures with shorter puncture, fluoroscopy and total procedure time (13.2 ± 5.2 minutes vs. 16.3 ± 4.8 minutes; P = 0.001). There were no major complications. No differences were observed for the presence of type I (12% vs. 3.2%), type II (1.7% vs. 1.7%) and type III (0 vs. 1.7%) hematoma. On Doppler evaluation, pulse flow and radial artery occlusion were similar between groups. CONCLUSIONS: The learning curve plays an important role in some of the outcomes related to procedures using the radial approach. Experienced operators perform procedures with shorter puncture, fluoroscopy and total procedure time.
  • Intervenção coronária pelas vias radial ou femoral no infarto agudo do miocárdio com supradesnivelamento do segmento ST: uma visão da prática clínica contemporânea Artigos Originais

    Welter, Dulce I.; Sarmento-Leite, Rogério; Cardoso, Cristiano O.; David, Renato Budzyn; Rover, Marciane M.; Abelin, Anibal P.; Sebben, Juliana C.; Azmus, Alexandre D.; Baldissera, Felipe A.; Dutra, Oscar P.; Peñaloza, Mário F. L.; Gottschall, Carlos A. M.; Quadros, Alexandre Schaan de

    Resumo em Português:

    INTRODUÇÃO: A via radial é um acesso seguro para procedimentos percutâneos e reduz as complicações vasculares locais. Neste estudo comparou-se a evolução hospitalar de pacientes com infarto agudo do miocárdio com supradesnivelamento do segmento ST (IAMCSST) submetidos a intervenção coronária percutânea primária (ICPp) por via radial vs. via femoral. MÉTODOS: Estudo de coorte prospectivo com pacientes consecutivamente atendidos entre dezembro de 2009 e maio de 2011. RESULTADOS: Foram incluídos 794 pacientes, 82 (10,3%) tratados por via radial e 712 (89,7%), por via femoral. Pacientes do grupo radial eram mais jovens (56,2 ± 10,7 anos vs. 61,2 ± 11,9 anos; P < 0,01), mais frequentemente do sexo masculino (78% vs. 68%; P = 0,06), com menor prevalência de diabetes (9,8% vs. 20%; P = 0,02) e maior fração de ejeção do ventrículo esquerdo (61,2 ± 11,8% vs. 55,5 ± 12,1%; P = 0,05). Não houve diferença em relação à maior parte das características angiográficas. Tromboaspiração (44% vs. 31%; P = 0,01) e administração de glicoproteína IIb/IIIa (41% vs. 26%; P = 0,004) foram mais utilizadas no grupo radial. O fluxo TIMI 3 final (93% vs. 88%; P = 0,47) e o blush miocárdico 3 (70% vs. 66%; P = 0,87) foram semelhantes entre os grupos. Não foram observadas diferenças em relação a óbito (7,5% vs. 8,4%; P = 0,78), reinfarto (4,9% vs. 4,4%; P = 0,77), revascularização de urgência (3,7% vs. 4,1%; P > 0,99), trombose do stent (2,4% vs. 3%; P > 0,99), sangramento maior (0 vs. 1,6%; P = 0,61) ou sangramento menor (5,3% vs. 7,3%; P = 0,81). CONCLUSÕES: A abordagem transradial mostrou-se segura e efetiva, com resultados semelhantes aos da abordagem transfemoral em pacientes com IAMCSST.

    Resumo em Inglês:

    BACKGROUND: Radial access is a safe approach for percutaneous procedures and reduces local vascular complications. This study compared the hospital outcomes of patients with ST-elevation acute myocardial infarction (STEMI) submitted to primary percutaneous coronary intervention (pPCI) using the radial vs. femoral approaches. METHODS: Prospective cohort study with consecutive patients treated between December 2009 and May 2011. RESULTS: Seven hundred and ninety-four patients were included, 82 (10.3%) treated by radial access and 712 (89.7%) treated by femoral access. Radial access patients were younger (56.2 ± 10,7 years vs. 61,2 ± 11,9 years; P < 0.01), more often male (78% vs. 68%; P = 0.06), had a lower prevalence of diabetes (9.8% vs. 20%; P = 0.02) and higher left ventricle ejection fraction (61.2 ± 11.8% vs. 55.5 ± 12.1%; P = 0.05). There was no difference for most angiographic characteristics. Thromboaspiration (44% vs. 31%; P = 0.01) and glycoprotein IIb/IIIa administration (41% vs. 26%; P = 0.004) were used more often in the radial group. The final TIMI 3 flow (93% vs. 88%; P = 0.47) and myocardial blush grade 3 (70% vs. 66%; P = 0.87) were similar between groups. There were no differences for death (7.5% vs. 8.4%; P = 0.78), reinfarction (4.9% vs. 4.4%; P = 0.77), emergency revascularization (3.7% vs. 4.1%; P > 0.99), stent thrombosis (2.4% vs. 3%; P > 0.99), major bleeding (0 vs. 1.6%; P = 0.61) or minor bleeding (5.3% vs. 7.3%; P = 0.81) rates. CONCLUSIONS: The transradial approach has proven to be safe and effective with similar results to transfemoral approach in patients with STEMI.
  • Comparação das vias radial e femoral nas intervenções coronárias percutâneas: resultados do Registro TotalCor Artigos Originais

    Godinho, Roger Renault; Ribeiro, Henrique B.; Faig, Sandro; Spadaro, André Gasparini; Gabrilaitis, Camila; Sacramento, Gustavo; Rodrigues, Marcelo Jamus; Garcia, José Carlos Teixeira; Carvalho, Leonardo Pinto de; Baruzzi, Antonio Claudio do Amaral; Furlan, Valter; Ribeiro, Expedito E.

    Resumo em Português:

    INTRODUÇÃO: A intervenção coronária percutânea (ICP) por via radial ainda é pouco utilizada em nosso meio. O objetivo do presente estudo foi avaliar a prevalência e os resultados da ICP por via radial, comparada à via femoral, em uma população do mundo real. MÉTODOS: Registro unicêntrico, com 507 pacientes consecutivos submetidos a ICP pelas vias radial (n = 121) e femoral (n = 386), de acordo com a escolha do operador. RESULTADOS: Os pacientes que utilizaram a via radial (23,9%) eram mais frequentemente do sexo masculino (78,5% vs. 69,9%; P = 0,07) e tabagistas (19,8% vs. 11,7%; P = 0,02), com maior prevalência de lesões uniarteriais (59,5% vs. 46,4%), tipo A/B1 (39% vs. 28,4%) e com função ventricular preservada (87,1% vs. 73%; P < 0,01). Nesse grupo foram utilizados stents de maior diâmetro e menor comprimento. O sucesso do procedimento foi elevado (97,3% vs. 96,3%; P = 0,56) e a incidência de óbito foi baixa, não diferindo entre os grupos (0,8% vs. 0,8%; P = 0,96), assim como as taxas de infarto do miocárdio (2,5% vs. 2,1%; P = 0,73). Não ocorreram revascularizações do vaso-alvo de urgência. Os pacientes tratados pela via radial permaneceram menos tempo internados (1 dia vs. 2 dias; P = 0,02) e não apresentaram complicações vasculares (0 vs. 3,4%; P = 0,045). CONCLUSÕES: A utilização da ICP por via radial representa o dobro da média nacional na instituição em que o estudo foi realizado, e a escolha de pacientes para essa técnica trouxe resultados do procedimento equivalentes aos da via femoral, nenhuma complicação vascular, e reduziu à metade o tempo de internação hospitalar.

    Resumo em Inglês:

    BACKGROUND: In our country radial access is still underused in percutaneous coronary interventions (PCI). The objective of this study was to evaluate the prevalence and compare radial to femoral vascular access for PCI in a real-world population. METHODS: Single center registry, with 507 consecutive patients undergoing PCI by radial (n = 121) and femoral (n = 386) access, according to the operator's choice. RESULTS: Patients using radial access (23.9%) were more often male (78.5% vs. 69.9%; P = 0.07) and smokers (19.8% vs. 11.7%; P = 0.02), had a higher prevalence of single-vessel disease (59.5% vs. 46.4%), type A/B1 (39% vs. 28.4%) lesions and had preserved ventricular function (87.1% vs. 73%; P < 0.01). Larger diameter and shorter stents were used in this group. Procedure success was high (97.3% vs. 96.3%; P = 0.56), the incidence of death was low and was not different between groups (0.8% vs. 0.8%; P = 0.96), as well as myocardial infarction rates (2.5% vs. 2.1%; P = 0.73). There were no urgent target-vessel revascularizations. Patients treated by the radial approach had a shorter hospitalization period (1 day vs. 2 days; P = 0.02) and did not have vascular complications (0 vs. 3.4%; P = 0.045). CONCLUSIONS: The use of radial access for PCI in our institution is twice the national average and the choice of patients for this technique provided similar results to those obtained by the femoral approach, no vascular complications and halved patients' average stay in hospital.
  • Resultados da intervenção coronária percutânea primária em pacientes do Sistema Único de Saúde e da saúde suplementar Artigos Originais

    Barreto, Rodrigo; Cantarelli, Marcelo José de Carvalho; Castello Jr., Hélio José; Gonçalves, Rosaly; Gioppato, Silvio; Guimarães, João Batista de Freitas; Ribeiro, Evandro Karlo Pracchia; Vardi, Júlio César Francisco; Silva, Patricia Teixeira da; Gasperi, Ricardo de; Almeida, Leonardo Cao Cambra de; Coelho, Leonardo dos Santos; Almeida, Roberto Simões de

    Resumo em Português:

    INTRODUÇÃO: A intervenção coronária percutânea (ICP) primária é a mais eficaz técnica de reperfusão no infarto agudo do miocárdio (IAM) e seu sucesso depende de múltiplos fatores. Este estudo teve como objetivo avaliar o perfil e comparar os resultados hospitalares da ICP primária entre os pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) e da saúde suplementar (SS). MÉTODOS: Entre 2006 e 2010, 493 pacientes foram submetidos a ICP primária, sendo 220 tratados pelo SUS e 273, pela SS. A técnica e a escolha do material ficaram a cargo dos operadores. RESULTADOS: O grupo SUS tinha maior número de pacientes Killip > I. Doença coronária multiarterial, fluxo coronário pré-procedimento TIMI 0/1 e presença de colaterais para o vaso tratado não diferiram entre os grupos. O grupo SS utilizou mais cateteres de aspiração de trombos (10% vs. 20,8%; P < 0,01) e inibidores da glicoproteína IIb/IIIa (24,1% vs. 36,6%; P < 0,01). Não houve diferença em relação ao tempo porta-balão (62,3 minutos vs. 64,2 minutos; P = 0,91). Para os pacientes encaminhados de outros hospitais, no entanto, o tempo de transferência foi maior no SUS (400,8 minutos vs. 262,4 minutos; P < 0,01). O sucesso da ICP e a ocorrência de eventos cardiovasculares e cerebrovasculares maiores (ECCAM) não diferiram entre os grupos (6,3% vs. 6,2%; P = 0,1). Idade, Killip III/IV e tempo de transferência foram as variáveis que melhor explicaram a ocorrência de ECCAM. CONCLUSÕES: As diferenças nos perfis clínico, angiográfico e do procedimento dos pacientes submetidos a ICP primária, atendidos pelo SUS e pela SS, não tiveram impacto nos ECCAM. O tempo de transferência, entretanto, elevado nos dois grupos e maior no grupo SUS, mostrou ser preditor independente de eventos adversos.

    Resumo em Inglês:

    BACKGROUND: Primary percutaneous coronary intervention (PCI) is the most effective reperfusion technique in acute myocardial infarction (AMI) and its success rate depends on many factors. This study aimed to assess the profile and to compare in-hospital outcomes of primary PCI among patients from the Public Healthcare System (PuHS) versus those from the Private Healthcare System (PrHS). METHODS: From 2006 to 2010, 493 patients were submitted to primary PCI, of which 220 were treated by the PuHS and 273 by the PrHS. Procedure technique and materials were left to the operator's discretion. RESULTS: The PuHS group had a larger number of Killip > 1 patients. Multivessel coronary disease, pre-procedure coronary flow TIMI 0/1 and the presence of collaterals for the treated vessel did not differ between groups. The PrHS group used more thromboaspiration catheters (10% vs. 20.8%; P < 0.01) and glycoprotein IIb/IIIa inhibitors (24.1% vs. 36.6%; P < 0.01). There was no difference for door-to-balloon times (62.3 minutes vs. 64.2 minutes; P = 0.91). For patients referred from other hospitals, however, transportation times were higher for PuHS patients (400.8 minutes vs. 262.4 minutes; P < 0.01). PCI success rates and the occurrence of major adverse cardiovascular and cerebrovascular events (MACCE) did not differ between groups (6.3% vs. 6.2%; P = 0.1). Age, Killip III/IV and transportation time were the variables that best explained the occurrence of MACCE. CONCLUSIONS: Differences in the clinical, angiographic and procedure profile of patients undergoing primary PCI treated by the PuHS and the PrHS did not have an impact on MACCE. Transportation times, however, high in both groups and higher in the PuHS group, proved to be an independent predictor of adverse events.
  • Análise ultrassonográfica tardia do stent eluidor de sirolimus FirebirdTM Artigos Originais

    Costantini, Costantino R.; Costantini, Costantino O.; Denk, Marcos A.; Tarbine, Sergio G.; Zanuttini, Daniel A.; Santos, Marcelo F.; Takayama, Everson K.; Barbosa, Marco J.

    Resumo em Português:

    INTRODUÇÃO: Os stents farmacológicos (SFs) melhoraram a evolução clínica dos pacientes submetidos a intervenção coronária percutânea (ICP). Novos SFs foram desenvolvidos com o propósito de superar as atuais limitações da geração mais antiga de SFs. Este estudo teve como objetivo avaliar os aspectos angiográfico e ultrassonográfico tardios do SF eluidor de sirolimus FirebirdTM. MÉTODOS: Entre dezembro de 2007 e março de 2008, 15 pacientes portadores de lesões de novo foram submetidos a ICP com implante de stent FirebirdTM. Avaliação com angiografia e USIC foi realizada em todos os pacientes aos 24 meses de seguimento. O objetivo primário foi a avaliação da perda luminal tardia à angiografia coronária quantitativa e o porcentual de obstrução volumétrica intrastent pelo ultrassom intracoronário (USIC) RESULTADOS: A média de idade foi de 57 ± 7,1 anos, 87% eram do sexo masculino e 27% eram diabéticos. A artéria descendente anterior foi o vaso mais frequentemente tratado (36%) e a maioria das lesões era do tipo B2/C (82%). Aos 24 meses, a perda luminal tardia foi de 0,17 ± 0,36 mm e a revascularização do vaso tratado foi de 6,6%. O porcentual de obstrução volumétrica intrastent foi de 9,6 ± 4,6%. Não houve casos de óbito, infarto ou trombose de stent. CONCLUSÕES: Neste estudo de centro único brasileiro, o stent FirebirdTM apresentou resultados tardios satisfatórios. Esses achados, em conjunto com os disponíveis na literatura, fornecem evidências adicionais para o uso do stent FirebirdTM na prática clínica diária.

    Resumo em Inglês:

    BACKGROUND: Drug eluting stents (DES) have improved the clinical outcomes of patients undergoing percutaneous coronary interventions (PCI). New DES have been developed with the purpose of overcoming the current limitations of the older generation DES. This study aimed to evaluate the long-term angiographic and intravascular ultrasound (IVUS) findings of the Firebird TM sirolimus eluting stent. METHODS: From December 2007 to March 2008, 15 patients with de novo lesions underwent PCI using the FirebirdTM stent. Angiography and IVUS were performed in all patients at 24 months of follow-up. The primary objective was to assess the late luminal loss by quantitative coronary angiography and in-stent percent volume obstruction by intravascular ultrasound (IVUS). RESULTS: Mean age was 57 ± 7.1 years, 87% were male and 27% were diabetics. The left anterior descending artery was the most frequently treated vessel (36%) and most of the lesions were B2/C type lesions (82%). At 24 months, late luminal loss was 0.17 ± 0.36 mm and target vessel revascularization was 6.6%. In-stent percent volume obstruction was 9.6 ± 4.6%. There were no cases of death, myocardial infarction or stent thrombosis. CONCLUSIONS: In this single center study in Brazil, the FirebirdTM stent showed good late outcomes. These findings, together with the available literature, provide further evidence for the use of the FirebirdTM stent in the daily clinical practice.
  • Avaliação do recolhimento elástico tardio de stents farmacológicos de primeira e segunda gerações Artigos Originais

    Slhessarenko, Juliano Rasquin; Collet, Carlos; Feres, Fausto; Abizaid, Alexandre; Costa Jr., J. Ribamar; Staico, Rodolfo; Costa, Ricardo; Siqueira, Dymitri; Maldonado, Galo; Mattos, Luiz Alberto; Braga, Sérgio; Chaves, Áurea J.; Tanajura, Luiz Fernando; Centemero, Marinella; Sousa, Amanda G. M. R.; Sousa, J. Eduardo

    Resumo em Português:

    INTRODUÇÃO: A expansão radial e a sustentação da parede do vaso pelos stents melhoraram os resultados da angioplastia coronária por balão. Entre as características dos stents mais contemporâneos destacam-se a redução da espessura de suas hastes e plataformas com novos desenhos, mas não está claro se essas modificações podem resultar em próteses de menor força radial e suscetíveis a recolhimento elástico, especialmente em evoluções muito tardias. Este estudo teve como objetivo investigar se ocorre recolhimento elástico tardio em duas gerações de stents farmacológicos (SFs) em avaliação por ultrassom intracoronário (USIC) seriado a longo prazo. MÉTODOS: O estudo avaliou 25 pacientes com lesões coronárias únicas, de novo, tratados com SFs (12 CypherTM e 13 BioMatrixTM) e submetidos a USIC pós-procedimento e 4-6 meses e 4-5 anos após o implante. Foram comparados os volumes dos stents no período compreendido entre o procedimento índice e os reestudos de médio e longo prazos. O recolhimento elástico do stent foi definido como diminuição > 10% do volume índice do stent. RESULTADOS: A maioria dos pacientes era do sexo masculino (52%), com média de idade de 58,8 ± 7,6 anos, e 28% eram diabéticos. O volume do stent índice, objetivo primário deste estudo, foi de 7,7 ± 1,5 mm³/mm no pós-procedimento, de 7,7 ± 2,1 mm³/mm aos 4-6 meses, e de 7,8 ± 1,6 mm³/mm aos 4-5 anos, com variação tardia de -0,02 ± 1,6 mm³/mm (P = 0,97). A variação a longo prazo do volume do stent índice foi de 0,13 ± 1,8 mm³/mm (1,7%) para o stent CypherTM e de -0,05 ± 1,3 mm³/mm (-0,6%) para o stent BioMatrixTM (P = 0,78). CONCLUSÕES: A avaliação invasiva seriada por meio do USIC mostrou que SFs de aço inoxidável, de diferentes gerações, não demonstraram evidência de recolhimento elástico a longo prazo.

    Resumo em Inglês:

    BACKGROUND: Radial expansion and vessel wall scaffolding properties of stainless steel stents have improved the outcomes of coronary balloon angioplasty. Thinner struts and new platform designs are characteristic of more contemporaneous stents, but it is not clear whether these changes may result in devices with less radial strength, susceptible to elastic recoil, especially in the very late follow-up. This study was aimed at assessing late stent recoil in two generations of drug-eluting stents (DES) using serial intravascular ultrasound (IVUS) analysis. METHODS: Twenty-five patients with single de novo coronary lesions, treated with DES (12 CypherTM and 13 BioMatrixTM), were included and serial IVUS analysis was performed after stent implantation and at 4-6-months and 4-5 years of follow-up. Stent volume index was compared between the procedure and the mid and long-term follow-ups. Stent recoil was defined as a decrease > 10% of the stent volume index. RESULTS: Most of the patients were male (52%), with mean age of 58.8 ± 7.6 years, and 28% were diabetic. Stent volume index, the primary objective of this study, was 7.7 ± 1.5 mm³/mm post-procedure, 7.7 ± 2.1 mm³/mm at 4-6 months and 7.8 ± 1.6 mm³/mm at 4-5 years, with a delta of -0.02 ± 1.6 mm³/mm (P = 0.97). The long-term delta stent volume index was 0.13 ± 1.8 mm³/mm (1.7%) for the CypherTM stent and -0.05 ± 1.3 mm³/mm (-0.6%) for the BioMatrixTM stent (P = 0.78). CONCLUSIONS: Serial IVUS analysis showed that stainless steel DES of different generations did not show evidence of long-term elastic recoil.
  • Avaliação ultrassonográfica intracoronária da carga aterosclerótica no tronco da artéria coronária esquerda prediz a extensão da doença no restante da árvore coronária: análise piloto Artigos Originais

    Falcão, Breno de Alencar Araripe; Morais, Gustavo Rique; Falcão, João Luiz de Alencar Araripe; Silva, Rafael Cavalcante; Ribeiro, Expedito Eustáquio; Martinez, Eulógio Emílio; Lemos, Pedro Alves

    Resumo em Português:

    INTRODUÇÃO: A imagem de placas ateroscleróticas em território extracardíaco, por meio do ultrassom das carótidas, tem sido proposta como forma indireta para estimar o risco coronário. Considerou-se a hipótese de que a avaliação isolada do tronco da artéria coronária esquerda (TCE) pudesse predizer diretamente a carga aterosclerótica no restante da árvore coronária. MÉTODOS: O estudo incluiu pacientes com diagnóstico de doença arterial coronária com indicação de intervenção coronária percutânea (ICP), que apresentassem TCE sem estenose significativa. Durante a ICP, realizou-se ultrassom intracoronário (USIC) do TCE e das três artérias coronárias em que foram mensuradas as áreas luminal, da membrana elástica externa e da placa e a carga de placa em cada vaso. RESULTADOS: Foram incluídos 17 pacientes com média de idade de 56 ± 8,9 anos, 71% do sexo masculino e 41% diabéticos. Apesar de nenhum paciente apresentar estenose significativa no TCE à angiografia ou ao ultrassom, observou-se, no TCE, evidência de aterosclerose com área de placa de 8,4 ± 2,7 mm² e carga de placa de 33,5 ± 8,9%. Correlação significativa entre o TCE e o restante das coronárias foi observada para todos os parâmetros ultrassonográficos avaliados: área luminal (r = 0,5), área da membrana elástica externa (r = 0,7), área de placa (r = 0,6) e carga de placa (r = 0,4). CONCLUSÕES: Nesta análise piloto, a carga aterosclerótica coronária global pôde ser estimada a partir da avaliação isolada do TCE por USIC. Essa associação é relevante para a construção de escores de predição de risco coronário, como marcador substituto da carga de aterosclerose global da árvore coronária.

    Resumo em Inglês:

    BACKGROUND: Non-cardiac atherosclerotic imaging, including carotid ultrasound, has been proposed as an indirect way to estimate coronary risk. The authors hypothesize that the isolated assessment of the left main coronary artery (LMCA) could predict the atherosclerotic burden in the remainder of the coronary tree. METHODS: The study included patients with a diagnosis of coronary artery disease with an indication for percutaneous coronary intervention (PCI), without significant LMCA stenosis. During PCI, LMCA and three-vessel intravascular ultrasound (IVUS) examination was performed and the lumen area, external elastic membrane area, plaque area, and plaque burden were measured. RESULTS: A total of 17 patients were included with mean age of 56 ± 8.9 years, 71% male, and 41% diabetics. Although none of the patients had LMCA stenosis by angiography or IVUS, evidence of atherosclerosis was observed with a plaque area of 8.4 ± 2.7 mm² and plaque burden of 33.5 ± 8.9%. A significant correlation between the LMCA and the rest of the coronary arteries was observed for all IVUS parameters: lumen area (r = 0.5), external elastic membrane area (r = 0.7); plaque area (r = 0.6), and plaque burden (r = 0.4). CONCLUSIONS: In this pilot study, the coronary atherosclerotic burden could be estimated from the isolated assessment of the LMCA by IVUS. Such an association is relevant for the development of future coronary risk scores, as a surrogate marker of the global coronary tree atherosclerotic burden.
  • Comparação de segmentos angiograficamente normais e com estenose luminal significativa avaliados pelo ultrassom intracoronário com histologia virtual: análise piloto Artigos Originais

    Morais, Gustavo Rique; Falcão, Breno de Alencar Araripe; Falcão, João Luiz de Alencar Araripe; Silva, Rafael Cavalcante e; Silva, Expedito Eustáquio Ribeiro da; Lemos, Pedro Alves

    Resumo em Português:

    INTRODUÇÃO: A doença arterial coronária (DAC) é sabidamente difusa, podendo acometer múltiplos segmentos arteriais. No entanto, quando se analisa a angiografia coronária, é comum a concomitância, em um mesmo paciente, da presença de lesão em um segmento e da ausência de obstrução em outros. Por se tratar de um luminograma, a angiografia apresenta limitações para o diagnóstico da DAC. Neste estudo utilizou-se o ultrassom intracoronário com histologia virtual (USIC-HV) para avaliar a presença e a composição de placas ateroscleróticas em segmentos angiograficamente normais e com lesões em pacientes com DAC estabelecida. MÉTODOS: No total, 17 pacientes com DAC obstrutiva encaminhados para realização de angioplastia foram submetidos a USIC-HV dos três grandes vasos epicárdicos. Após análise minuciosa da angiografia, foram selecionados 32 segmentos angiograficamente normais, os quais foram comparados a outros 19 segmentos coronários com estenose luminal > 70%. RESULTADOS: A carga de placa média em segmentos sem lesão angiográfica foi de 47,3 ± 15,1%, enquanto em segmentos com estenose angiográfica foi de 76,2 ± 8,8% (P < 0,01). A composição da placa diferiu entre os segmentos. Placas nos segmentos angiograficamente normais apresentavam maior componente fibrolipídico (17 ± 11% vs. 11,4 ± 12%; P = 0,045) e menor componente necrótico (13,1 ± 13% vs. 20,2 ± 12%; P = 0,03). CONCLUSÕES: Nesta análise piloto, em pequeno grupo de pacientes portadores de DAC, observou-se que segmentos angiograficamente normais frequentemente apresentam placa aterosclerótica. A composição da placa em segmentos angiograficamente normais, entretanto, diferiu daquela em segmentos com lesão, sugerindo a coexistência de estágios distintos do processo aterosclerótico em um mesmo paciente.

    Resumo em Inglês:

    BACKGROUND: Coronary artery disease (CAD) is known to be diffuse and can affect multiple arterial segments. However, findings of concomitant lesions in a single segment and no obstructions in other segments of the same patient are not unusual when assessing coronary angiographies. Because it is a luminogram, angiography has limitations for the diagnosis of CAD. In this study, intravascular ultrasound and virtual histology (IVUS-VH) were used to assess the presence and composition of atherosclerotic plaques in angiographically normal segments and in segments with lesions of patients with established CAD. METHODS: A total of 17 patients with obstructive CAD referred for angioplasty were submitted to IVUS-VH of the three major epicardial coronary arteries. After careful angiographic analysis, 32 angiographically normal segments were selected and compared to 19 segments with luminal stenosis > 70%. RESULTS: Mean plaque burden in angiographically normal segments was 47.3 ± 15.1%, whereas in segments with angiographic stenosis it was 76.2 ± 8.8% (P < 0.01). Plaque composition differed among segments. Plaques in angiographically normal segments had higher percentage of fibrofatty component (17 ± 11% vs. 11.4 ± 12%; P = 0.045) and lower percentage of necrotic component (13.1 ± 13% vs. 20.2 ± 12%; P = 0.03). CONCLUSIONS: In this pilot study, in a small group of patients with CAD, it was observed that angiographically normal segments often have atherosclerotic plaque. However, plaque composition was different in angiographically normal segments and those with angiographic stenosis, suggesting the coexistence of distinct stages of the atherosclerotic process in the same patient.
  • Oclusão percutânea de comunicação interventricular por via arterial: técnica alternativa Artigos Originais

    Queiroz, Francisco José Araujo Chamié de; Simões, Luiz Carlos do Nascimento; Queiroz, Daniel Silva Chamié de; Tress, João Carlos; Lacoste, Maximiliano Otero

    Resumo em Português:

    INTRODUÇÃO: A oclusão percutânea das comunicações interventriculares (CIVs) surgiu como uma alternativa ao tratamento cirúrgico ainda na década de 1980. Durante o implante da prótese por via anterógrada, a formação de uma alça arteriovenosa com a guia é tecnicamente difícil e demanda tempo. O objetivo deste estudo foi apresentar a experiência dos autores com a via retrógada e mostrar sua exequibilidade nos diversos tipos de CIV. MÉTODOS: Foram incluídos pacientes portadores de defeitos do septo inter-ventricular, que não apresentassem outros defeitos associados. Os casos foram selecionados por meio de ecocardiografia transtorácica. RESULTADOS: No total, 8 pacientes foram submetidos ao procedimento, 4 portadores de CIV muscular e 4 portadores de CIV perimembranosa. Metade era do sexo masculino, as idades variaram de 7 anos a 32 anos (18,6 ± 7,8 anos) e os pesos, de 30 kg a 97 kg (66,12 ± 24,7 kg). Os diâmetros dos defeitos variaram de 2 mm a 8,6 mm (5 ± 2,4 mm). O implante foi possível em todos os casos, e a prótese mais utilizada foi a Lifetech CeraTM tipo I. As próteses AmplatzerTM Muscular VSD Occluder e Lifetech CeraTM tipo II também foram empregadas. Duas próteses embolizaram imediatamente após o implante e foram retiradas. Oclusão imediata ocorreu em 75%. Uma paciente apresentou bloqueio atrioventricular total na semana seguinte ao procedimento. Foi tratada com esteroides, obtendo a reversão para ritmo sinusal. CONCLUSÕES: A utilização da via retrógrada mostrou-se eficaz na oclusão de todos os tipos morfológicos de CIV com próteses de duplo disco. Os autores sugerem essa técnica como alternativa para a oclusão percutânea das CIVs de qualquer morfologia.

    Resumo em Inglês:

    BACKGROUND: Transcatheter occlusion of ventricular septal defects (VSDs) was developed as an alternative to surgical treatment in the 80's. During anterograde device implantation, the formation of an arteriovenous loop with a guide-wire is technically difficult and time consuming. The aim of this study is to present the authors' experience with the retrograde approach and demonstrate its feasibility in different types of VSD. METHODS: Patients with VSD with no other associated defects were included in the study. Cases were selected by transthoracic echocardiograms. RESULTS: A total of eight patients were submitted to the procedure, 4 with muscular VSD and 4 with perimembranous VSD. Half of them were male, with ages ranging from 7 to 32 years (18.6 ± 7.8 years) and weight ranging from 30 to 97 kg (66.12 ± 24.7 kg). The defect diameter ranged from 2 to 8.6 mm (5 ± 2.4 mm). Implantation was possible in all patients and the most commonly used device was Lifetech CeraTM Type I. AmplatzerTM Muscular VSD Occluder, and Lifetech CeraTM Type II devices were also used. Two devices embolized immediately after implantation and were snared out. There was immediate occlusion in 75% of the cases. One patient had a complete atrioventricular block in the week following the procedure. The patient was treated with steroids, and was reverted to normal sinus rhythm. CONCLUSIONS: Retrograde transcatheter VSD occlusion with double disk devices proved to be effective in different types of VSD. The authors suggest this technique as an alternative to percutaneous occlusion of all types of VSD.
  • Oclusão percutânea da fenestração no pós-operatório tardio da cirurgia de Fontan Artigos Originais

    Costa, Rodrigo Nieckel da; Reyes, Roberto Omar O'Connor; Pedra, Simone Rolim Fernandes Fontes; Louzas, Giselle de Montalvão e Alpoim; Silva, Maria Aparecida de Almeida; Rubayo, Eliana Muscalu; Santana, Maria Virgínia Tavares; Chaccur, Paulo; Jatene, Ieda Biscegli; Braga, Sérgio Luiz Navarro; Fontes, Valmir Fernandes; Pedra, Carlos Augusto Cardoso

    Resumo em Português:

    INTRODUÇÃO: A fenestração na cirurgia de Fontan (CF) melhora o resultado imediato no pós-operatório, por descompressão do circuito venoso-pulmonar e aumento do débito cardíaco, a despeito da dessaturação arterial de oxigênio e do risco de embolia paradoxal. Geralmente as fenestrações são ocluídas percutaneamente no seguimento a médio prazo. Este estudo teve como objetivo relatar a experiência institucional na oclusão percutânea da fenestração. MÉTODOS: Estudo descritivo longitudinal, observacional, retrospectivo, de uma coorte não-consecutiva de pacientes. O procedimento foi realizado sob anestesia geral com a ajuda de ecocardiograma transesofágico. O teste de oclusão da fenestração com cateter Bermann angiográfico foi realizado antes da intervenção. Diferentes técnicas e dispositivos foram empregados para a oclusão da fenestração. RESULTADOS: Entre abril de 2004 e dezembro de 2010, 12 pacientes (média de idade, 103,1 ± 88,6 meses; peso, 29,9 ± 12,7 kg) submetidos a CF (10 tubos extracardíacos, 2 túneis intra-atriais) foram tratados 44,1 ± 26,7 meses após a CF. Um paciente não tolerou o teste de oclusão com o balão, sendo contraindicado o procedimento. As próteses utilizadas foram: HelexTM (4 pacientes), AmplatzerTM (2 pacientes), Cardia AtriaseptTM (2 pacientes), FigullaTM (1 paciente), CeraTM (1 paciente), e 1 stent coberto Cheatham-PlatinumTM. Após a oclusão da fenestração, a saturação de oxigênio aumentou significativamente (82,1 ± 6,5% para 95,2 ± 3,2%), sem aumento significativo da pressão venosa central (12,4 ± 2,6 mmHg para 14,5 ± 2,3 mmHg) nem queda do débito cardíaco. Após o procedimento foi observado shunt residual imediato em 5 pacientes, que desapareceu antes da alta. CONCLUSÕES: A oclusão percutânea das fenestrações após CF pode ser realizada com várias opções de próteses e técnicas, sendo um procedimento seguro e efetivo e que resulta em normalização dos níveis de saturação.

    Resumo em Inglês:

    BACKGROUND: Surgical fenestrations improve the early postoperative outcomes of the Fontan operation (FO) as a result of reduced systemic venous congestion and increased cardiac output, in spite of mild systemic desaturation and risk of paradoxical embolization. Generally, these fenestrations are occluded in the midterm follow-up. This study was aimed at reporting our experience with the percutaneous occlusion of Fontan fenestrations. METHODS: Longitudinal descriptive, observational, retrospective study of a non-consecutive cohort of patients. The procedure was performed under general anesthesia with the guidance of the transesophageal echocardiogram. A fenestration occlusion test was performed prior to the intervention using a Bermann angiographic catheter. Different techniques and devices were used to occlude fenestrations. RESULTS: From April 2004 to December 2010, 12 patients (mean age 103.1 ± 88.6 months; weight 29.9 ± 12.7 kg) undergoing FO (10 extracardiac conduits, 2 intra-atrial tunnels) were treated 44.1 ± 26.7 months after the operation. One patient failed the balloon occlusion test and the procedure was contraindicated. The following devices were used: HelexTM (4 patients), AmplatzerTM (2 patients), Cardia AtriaseptTM (2 patients), FigullaTM (1 patient), CeraTM (1 patient) and 1 covered Cheatham-PlatinumTM stent. After fenestration closure there was a significant increase in oxygen saturation (82.1 ± 6.5% to 95.2 ± 3.2%), without a significant increase in central venous pressures (12.4 ± 2.6 mmHg to 14.5 ± 2.3 mmHg) or reduction of cardiac output. Immediate residual shunt was observed in 5 patients, which disappeared before discharge. CONCLUSIONS: Percutaneous occlusion of Fontan fenestrations can be performed safely and effectively using a variety of techniques and devices resulting in normalization of systemic saturation levels.
  • Tratamento percutâneo de pseudoaneurisma da zona fibrosa intervalvar mitroaórtica Relatos De Caso

    Zanuttini, Daniel; García, Eulogio; Lazarte, Jose L.; Costantini, Costantino O.; Tarbine, Sergio; Freitas, Marcelo; Denk, Marcos; Costantini, Costantino R.

    Resumo em Português:

    O pseudoaneurisma da zona fibrosa intervalvar mitroaórtica (PFMA) é uma doença pouco frequente, em geral secundária a endocardite da valva aórtica, particularmente em próteses valvares. Seu curso clínico é variável e pode ocasionar complicações graves, como ruptura para o pericárdio, aorta ou átrio esquerdo, compressão sistólica das artérias coronárias ou compressão sistólica da valva mitral, ocasionando regurgitação mitral acentuada, motivo pelo qual se recomenda seu tratamento cirúrgico. Neste relato é apresentado o caso de paciente com 69 anos de idade, assintomático, com antecedente de duas cirurgias de revascularização miocárdica, a última associada a troca valvar aórtica. O PFMA foi diagnosticado incidentalmente na evolução pós-operatória tardia, optando-se pelo tratamento percutâneo com a prótese AmplatzerTM Muscular VSD Occluder.

    Resumo em Inglês:

    Pseudoaneurysm of the mitral-aortic intervalvular fibrosa (PMAF) is a rare disease, usually secondary to aortic valve endocarditis, particularly in prosthetic valves. Its clinical course is variable and may potentially cause serious complications, such as rupture into the pericardium, aorta or left atrium, systolic compression of the coronary arteries or systolic compression of the mitral valve, leading to severe mitral regurgitation, for which surgical treatment is recommended. This is a case report of a 69 year-old asymptomatic patient, with a prior history of two coronary artery bypass graft surgeries, the latter associated with aortic valve replacement. The PMAF was incidentally diagnosed in the late follow-up, and a decision was made to perform percutaneous therapy with the AmplatzerTM Muscular VSD Occluder.
  • Obstrução coronária biostial e insuficiência aórtica acentuada em paciente com aortite sifilítica Relatos De Caso

    Resende Junior, Vicente Paulo; Santos, José Luis Attab dos; Paiva, Alan Nascimento; Fabris Junior, José Fabio; Greguolo, Clemente; Lebet, Roberto; Urzêda, Marcio Alves; Souza, César Franco de; Mandaloufas, Leandro Coumbis; Hueb, Alexandre Ciappina

    Resumo em Português:

    A sífilis incide em 2,1% na população sexualmente ativa no Brasil, e em 30% dos casos não-tratados evolui para a forma terciária. Relatamos um caso de paciente com angina progressiva, com evidência de obstrução coronária biostial e insuficiência valvar aórtica acentuada à coronariografia. O paciente foi submetido a revascularização cirúrgica do miocárdio, associada a troca valvar aórtica. Em decorrência da suspeita de sífilis nos achados do intraoperatório (acúmulo de material caseoso na aorta e calcificação envolvendo os óstios coronários), foram solicitados os testes VDRL e FTA-Abs, que se revelaram positivos. O paciente recebeu alta, com a prescrição de penicilina G benzatina (2,4 milhões de unidades, uma vez por semana, por 3 semanas).

    Resumo em Inglês:

    Syphilis has an incidence of 2.1% in the sexually active population in Brazil and evolves into its tertiary form in 30% of the non-treated cases. This is a case of a patient with progressive angina, evidence of biostial coronary obstruction and severe aortic valve insufficiency at coronary angiography. Patient was submitted to coronary artery bypass grafting, associated to aortic valve replacement. Because of the suspicion of syphilis in the intraoperatory findings (accumulation of caseous material in the aorta and calcification involving the coronary ostia), VDRL and FTA-Abs tests were required and results were positive. Patient was discharged and was prescribed Penicillin G Benzathine (2.4 million units, once a week, for 3 weeks).
  • Pseudoaneurisma: rara complicação do acesso radial Relatos De Caso

    Santos, Luciano Nunes dos; Esper, Rodrigo B.; Ybarra, Luiz Fernando; Ribeiro, Henrique B.; Campos, Carlos A.; Lopes Jr., Augusto C.; Ribeiro, Expedito E.

    Resumo em Português:

    A via radial apresenta menores taxas de complicações vasculares para realização de cinecoronariografia. O pseudoaneurisma da artéria radial é uma complicação rara desse procedimento. O diagnóstico precoce é essencial para evitar complicações como ruptura espontânea, isquemia e síndrome compartimental. Neste relato é descrito um caso de pseudoaneurisma da artéria radial direita após realização de cinecoronariografia eletiva. O diagnóstico foi confirmado por ultrassonografia com Doppler, que evidenciou pseudoaneurisma da artéria radial na face anteromedial do antebraço, medindo 3,7 x 2,5 cm, com colo de 0,7 cm. O tratamento foi feito com curativo compressivo local e nova ultrassonografia com Doppler, realizada 12 horas após, demonstrou resolução do pseudoaneurisma.

    Resumo em Inglês:

    The radial approach has lower vascular complication rates for coronary angiography. Radial artery pseudoaneurysm is a rare complication of this procedure. Early diagnosis is essential to avoid complications such as spontaneous rupture, ischemia and compartment syndrome. We describe a case of pseudoaneurysm of the right radial artery after elective coronary angiography. Diagnosis was confirmed by Doppler ultrasound, which revealed a pseudoaneurysm of the radial artery on the anteromedial surface of the forearm, measuring 3.7 x 2.5 cm, with a neck of 0.7 cm. Treatment was done with local compressive dressing and a new Doppler ultrasound, performed 12 hours later, demonstrated resolution of the pseudoaneurysm.
  • Errata Errata

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