O uso inadequado pode degradar os recursos naturais, sobretudo o solo. Práticas visando à recuperação de solos degradados têm recebido mais atenção nos últimos anos, por meio do uso de adubos orgânicos, correção do solo e implantação de espécies adequadas às condições adversas. Nesse sentido, desenvolveu-se o presente trabalho com o objetivo de investigar a recuperação das propriedades físicas de um Latossolo Vermelho degradado devido à construção de usina hidrelétrica. Na área estudada, foi retirada uma camada de solo de aproximadamente 8 m de espessura, com o uso de máquinas pesadas, o que causou compactação do solo, caracterizando alto grau de degradação. O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado, com nove tratamentos e quatro repetições. Os tratamentos foram: 1-solo mobilizado pelo preparo (para se obter o efeito mecânico da mobilização em todos os tratamentos) e sem plantio, deixando a ocorrência de vegetação espontânea; 2-mucuna-preta (Stizolobium aterrimum Piper & Tracy); 3-guandu (Cajanus cajan (L.) Millsp) até 1994, sendo depois substituído por feijão-de-porco (Canavalia ensiformis (L.) DC); 4-calcário+mucuna-preta; 5-calcário+guandu até 1994, sendo depois substituído por feijão-de-porco; 6-calcário+gesso+mucuna-preta; 7-calcário+gesso+guandu até 1994, sendo depois substituído por feijão-de-porco; e, para controle, duas testemunhas, sendo: 8-vegetação nativa de Cerrado e 9-solo exposto (sem mobilização pelo preparo e sem plantio), deixado nas condições naturais e, nessa situação, sem vegetação espontânea. Nos tratamentos 1 a 7 o solo foi mobilizado pelo preparo. Os tratamentos foram instalados em 1992 e permaneceram por sete anos, até que em 1999 implantou-se Brachiaria decumbens em todas as parcelas experimentais. Após 17 anos de implantados os tratamentos descritos, foram avaliadas as propriedades: macroporosidade, microporosidade, porosidade total, densidade do solo e estabilidade de agregados nas camadas de 0,00-0,10, 0,10-0,20 e 0,20-0,40 m, resistência do solo à penetração e umidade do solo (0,00-0,15 e 0,15-0,30 m). Com relação às plantas, foram avaliados a massa seca da braquiária e o crescimento das espécies arbóreas nativas que surgiram espontaneamente nas parcelas experimentais, sendo notadas a partir de 2006. Os resultados foram analisados efetuando-se a análise de variância e o teste de Tukey a 5 % para comparação de médias. Todos os tratamentos adotados, com exceção do solo exposto (sem intervenção para a sua recuperação), estão recuperando as propriedades físicas do solo degradado. A macroporosidade, densidade do solo e porosidade total foram bons indicadores da qualidade do solo. A ocorrência de espécies nativas espontâneas foi um indicativo do processo de recuperação do solo, e a espécie Machaerium acutifolium Vogel foi a mais adaptada, pelo maior número de plantas e maior desenvolvimento; a produção de massa seca de Brachiaria decumbens no solo em recuperação foi semelhante à do solo sob condição natural, atestando a sua recuperação.
densidade do solo; porosidade do solo; degradação do solo; qualidade do solo
