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Decomposição superficial e subsuperficial da biomassa de uma pastagem de gramíneas dessecada relacionada com a erosão e sua predição com o modelo "RUSLE"

A erosão reduz a capacidade produtiva do solo para as culturas e causa problemas de sedimentação e poluição da água. Os resíduos culturais superficiais e incorporados ao solo, assim como as raízes vivas e mortas das plantas, são importantes no controle da erosão do solo. Uma forma eficiente de avaliar a eficácia de redução da erosão de tais materiais é por meio de constantes de decomposição como as usadas no subfator uso anterior da terra ("PLU") da Equação Universal de Perda de Solo Revisada ("RUSLE"). Para investigar este assunto, foi utilizada chuva simulada sobre um solo Argissolo Vermelho distrófico típico, textura franco-arenosa, com 0,12 m m-1 de declividade, na Estação Experimental Agronômica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em Eldorado do Sul (RS). A área experimental encontrava-se na condição de campo nativo com pastagem de gramíneas aproximadamente há quinze anos. Em meados de março de 1996, a pastagem foi roçada mecanicamente e seu resíduo cultural removido da área. Ao final de abril de 1996, a pastagem foi quimicamente dessecada por meio da aplicação de herbicida e, cerca de um mês após, foram estabelecidos e avaliados para decomposição de biomassa vegetal e erosão hídrica do solo, de junho de 1996 a maio de 1998, sobre pares de parcelas de erosão com dimensões de 3,5 x 11,0 m, os seguintes tratamentos: (a) e (b) solo sem preparo, com resíduo superficial e raízes mortas, (c) solo sem preparo, com raízes mortas somente, (d) solo com preparo convencional a cada dois meses e meio, com raízes mortas e resíduo superficial incorporado e (e) solo com preparo convencional a cada seis meses, com raízes mortas e resíduo superficial incorporado. As chuvas foram aplicadas com um simulador de chuva de braços rotativos, na intensidade de 63,5 mm h-1 e duração de 90 min, oito a nove vezes durante o período experimental (aproximadamente a cada dois meses e meio). As quantidades de biomassa superficial e subsuperficial da pastagem nativa dessecada foram avaliadas antes de cada teste de chuva simulada, acompanhadas das medições de erosão relativas à taxa de enxurrada, concentração de sedimentos na enxurrada, taxa de perda de solo e perda total de solo. Análise de regressão não-linear com os dados observados foi efetuada por meio de um modelo exponencial e um modelo potencial. A decomposição da biomassa superficial da pastagem dessecada foi mais bem descrita pelo modelo exponencial, enquanto a da subsuperficial pelo modelo potencial. A biomassa subsuperficial decompô-se mais rapidamente e em maior quantidade do que a biomassa superficial, com as raízes mortas em solo não preparado e descoberto decompondose mais do que as raízes mortas em solo não preparado e coberto. O tipo e a freqüência de preparo do solo praticamente não influíram na decomposição da biomassa subsuperficial. As taxas de perda de solo aumentaram expressivamente tanto com a decomposição da biomassa vegetal superficial, quanto com a decomposição da biomassa subsuperficial, no solo preparado convencionalmente; todavia, elas foram pouco influenciadas pela decomposição da biomassa subsuperficial no solo não preparado. As taxas de enxurrada mostraram-se pouco influenciadas pelos tratamentos estudados. As raízes mortas mais o resíduo cultural incorporado foram importantes na redução da erosão no solo preparado convencionalmente, enquanto a consolidação da superfície do solo foi importante no solo não preparado. O efeito residual da pastagem nativa dessecada e incorporada ao solo sobre a erosão diminuiu gradualmente no tempo e cessou após dois anos.

erosão hídrica; chuva simulada; decomposição de biomassa vegetal; "RUSLE" equação


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