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Biomassa e ciclagem de nutrientes por espécies florestais nativas em plantio puro e misto no sudeste da Bahia, Brasil

O objetivo deste trabalho foi avaliar alguns componentes da ciclagem de nutrientes em plantios puros e misto de espécies florestais nativas. O trabalho foi desenvolvido em solos de tabuleiro do sudeste da Bahia, Brasil, no período de agosto de 1994 a julho de 1995, em plantios com 22 anos de idade de pau-roxo (Peltogyne angustiflora), putumuju (Centrolobium robustum), arapati (Arapatiella psilophylla), arapaçu (Sclerolobium chrysophyllum), claraíba (Cordia trichotoma) e óleo-comumbá (Macrolobium latifolium). Como referências, foram utilizadas uma floresta secundária, praticamente em estado clímax, e uma capoeira de 40 anos de idade. O sistema de plantio misto proporcionou maior crescimento das espécies florestais em altura e volume de tronco e aumento médio de 29,4 % de biomassa total. A maior produção de folhedo ocorreu na floresta natural (9,3 Mg ha-1), seguida do plantio misto (7,6 Mg ha-1) e da capoeira (7,3 Mg ha-1). A menor produção de folhedo no plantio puro foi do putumuju (5,5 Mg ha-1). A sazonalidade da produção de folhedo variou entre as espécies nos plantios puros (CV 44,7 a 91,4 %), ao passo que o plantio misto apresentou menor variabilidade (CV 31,2 %). A variação na floresta natural foi de 57,8 % e, na capoeira, de 34,0 %. A taxa de aporte anual de nutrientes via folhedo variou amplamente entre os ecossistemas florestais. Constataram-se, também, diferenças na acumulação e na quantidade de nutrientes da serapilheira entre os ecossistemas florestais. O plantio misto proporcionou, em média, os maiores acúmulos de nutrientes na biomassa da parte aérea. As espécies apresentaram amplitude na acumulação de nutrientes (N + P + K+ Ca + Mg) de 0,97 a 1,93 kg árvore-1 nos plantios puros e de 1,21 a 2,63 kg árvore-1 no plantio misto. A fertilidade do solo (0-10 cm) sob as espécies implantadas nos sistemas puro e misto diferiu marcadamente em relação à dos ecossistemas da capoeira e da floresta natural. O plantio de espécies florestais nativas em sistema misto resulta em taxa de produção de folhedo mais constante e, conseqüentemente, numa contínua decomposição deste. Assim, ele aumenta a disponibilidade de nutrientes e a quantidade de matéria orgânica no solo, o que pode ser caracterizado como um sistema de produção ecologicamente mais sustentável.

floresta tropical; folhedo; fertilidade do solo


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