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REVISTA BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO ESPECIAL: 30 ANOS DE HISTÓRIA

BRAZILIAN JOURNAL OF SPECIAL EDUCATION: 30 YEARS OF HISTORY

RESUMO

Neste artigo, objetivou-se revisitar a história da Revista Brasileira de Educação Especial (RBEE), com um olhar voltado às construções expressas na organização e na estruturação da revista, no decorrer de três décadas de existência. Para isso, percorreram-se as publicações da RBEE de 1992 a 2021, de modo a coletar, organizar e analisar dados sistematizados por meio de unidades de análise. Metodologicamente, o trabalho foi organizado em dois momentos: inicialmente, foram objetos de estudo os sumários, os títulos, os editoriais, as erratas, os informes, as avaliações e os prêmios da revista; em um segundo momento, os títulos das pesquisas publicadas receberam atenção e suas expressões foram sistematizadas para a criação de nuvens de palavras. Desses movimentos, desprendeu-se a criação de três unidades de análise, as quais foram organizadas respeitando marcos históricos evidenciados na RBEE: I) Fase da Criação, a qual contemplou o período de 1992 até 2004, marcado pelo início da institucionalização da RBEE; II) Fase da Expansão, que envolveu o período de 2005 até 2012, no qual se visualizou a manutenção da periodicidade, assim como a indexação da RBEE no sistema Scientific Electronic Library Online (SciELO); III) Fase de Consolidação, a qual compreendeu o período de 2013 até 2021, caracterizado, sobretudo, pela internacionalização da Revista e pelo alcance do Qualis Capes A1 em Educação.

PALAVRAS-CHAVE:
Revista Brasileira de Educação Especial; Marcos históricos

ABSTRACT

In this article, the aim was to revisit the history of the Revista Brasileira de Educação Especial [Brazilian Journal of Special Education] (RBEE), with a focus on the constructions expressed in the organization and structuring of the Journal, over its three decades of existence. For this, we went through the publications of the RBEE from 1992 to 2021, in order to collect, organize and analyze systematized data through units of analysis. Methodologically, the work was organized in two moments: initially, the Journal’s contents, titles, editorials, errata, reports, evaluations and awards were objects of study; in a second moment, the titles of the published studies received attention and their expressions were systematized to create word clouds. From these movements, we created three units of analysis, which were organized respecting the historical landmarks evidenced in the RBEE: I) Creation Phase, which covered the period from 1992 to 2004, marked by the beginning of the institutionalization of RBEE; II) Expansion Phase, which involved the period from 2005 to 2012, in which we visualized the maintenance of the periodicity, as well as the indexing of the RBEE in the Scientific Electronic Library Online (SciELO) system; III) Consolidation Phase, which comprised the period from 2013 to 2021, mainly characterized by the internationalization of the Journal and the reach of Qualis CAPES A1 in Education.

KEYWORDS
Brazilian Journal of Special Education; Historic landmarks

1 INTRODUÇÃO

A Revista Brasileira de Educação Especial (RBEE) foi criada em 1992, na cidade do Rio de Janeiro, por um grupo de pesquisadores preocupados em oferecer um espaço para servir como veículo de integração entre profissionais, professores e pesquisadores das áreas de Educação, Educação Especial e Saúde. A RBEE foi planejada, desenvolvida e implementada por múltiplas mãos, tendo sido uma construção compartilhada. Para garantir a manutenção da revista, foi criada, um ano depois, a Associação Brasileira de Pesquisadores em Educação Especial (ABPEE). Por muitos anos, a RBEE foi o único periódico da área no Brasil. Desde a sua origem até os dias de hoje, a RBEE propõe-se a oferecer suporte ao intercâmbio técnico-científico em Educação Especial e áreas afins (ABPEE, 2022Associação Brasileira de Pesquisadores em Educação Especial. (2022). Revista Brasileira de Educação Especial - RBEE. https://www.abpee.net/rbee.php
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). Nas palavras de Dias (2003)Dias, T. R. S. (2003). Porque uma revista de educação especial: o início. Revista Brasileira de Educação Especial, 9(1), 1-6. https://www.abpee.net/pdf/artigos/art-9-1-1.pdf
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“a necessidade de divulgação científica de artigos da área, a necessidade de intercâmbios entre pesquisadores e a necessidade de demonstrar à comunidade científica a existência de forte produção de conhecimento na área” (p. 1) impulsionaram a criação da revista.

Em 2022, a RBEE contemplou 30 anos de história. Olharmos para a RBEE é observarmos uma constituição diversa que ganha identidade em seu objetivo: difundir conhecimentos em Educação Especial. Trata-se de uma construção edificada no decorrer de três décadas, delineada por vivências e resistências em prol da Educação Especial. Estamos diante de um periódico que, no desenvolvimento de suas ações, se compromete com visibilizar pesquisas e aproximar docentes, pesquisadores(as) e a comunidade educacional por meio do compartilhamento de informações pautadas na ciência.

Reconhecendo a relevância da RBEE para a área da Educação Especial, temos como objetivo revisitar a história da RBEE, com um olhar voltado às construções expressas na organização e na estruturação da revista, no decorrer destas três décadas: de 1992 a 2021.

2 REVISTA BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO ESPECIAL: CRIAÇÃO, EXPANSÃO E CONSOLIDAÇÃO

Para esta jornada, percorremos as publicações da RBEE, nos seus 30 anos de história, seguindo pistas à maneira de Ginzburg (1989)Ginzburg, C. (1989). Mitos, emblemas e sinais: morfologia e história. Companhia das Letras., de modo a coletar, organizar e analisar dados sistematizados por meio de unidades de análise. Entendemos a unidade como uma possibilidade para agrupar elementos respeitando as suas especificidades sem perder as relações com a totalidade. Nas palavras de Molon (2008)Molon, S. I. (2008). Questões metodológicas de pesquisa na abordagem sócio-histórica. Informática na educação: Teoria & Prática, 11(1), 56-68. https://doi.org/10.22456/1982-1654.7132
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, buscar a unidade permite olhar para a relação “entre singular e coletivo, entre subjetivo e objetivo [...], não elimina as diferenças e as especificidades de cada um” (p. 57).

As unidades foram organizadas respeitando marcos históricos evidenciados na RBEE. A Unidade I compreende o período de 1992 até 2004, identificada como Fase da Criação, marcada pelo início da institucionalização da RBEE. A Unidade II envolve o período de 2005 até 2012, que indicamos como Fase da Expansão, identificada pela manutenção da periodicidade, pela qualidade das publicações na RBEE e, ainda, com a indexação da RBEE no sistema Scientific Electronic Library Online (SciELO), o que a tornou totalmente digital. E a Unidade III compreende o período de 2013 até 2021, Fase de Consolidação, caracterizada por iniciativas como: representação de editores associados oriundos de diferentes regiões do Brasil, internacionalização da revista e alcance do Qualis Capes5 5 Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). A1 em Educação.

O universo de conteúdo, para o presente manuscrito, compreendeu as publicações da RBEE de 1992 a 2021. É importante destacarmos que, até o ano de 2005, a publicação da RBEE ocorria no site da ABPEE, e os exemplares impressos também eram postados para os sócios. A partir do número 2, de 2005, a RBEE foi indexada na SciELO, de modo que as publicações passaram a ser postadas nessa base de dados, exclusivamente online, e não mais no formato impresso.

No momento inicial, foram objetos de estudos os sumários, os títulos e os editoriais. Na sequência, os editoriais foram lidos minuciosamente e destacados os elementos históricos. Os sumários possibilitaram que as principais características das publicações fossem identificadas e sistematizadas evidenciando a organização da revista: ano, volume, capa, resenhas e artigos com revisões, ensaios, comentários e relatos. No decorrer das publicações, novas categorias foram explicitadas, como erratas, informes, avaliações e prêmios. Para a sistematização das informações, os dados foram dispostos em tabelas no Microsoft Office Excel e evidenciados os elementos apresentados nos volumes no decurso de cada unidade de análise.

No momento final, os títulos das pesquisas publicadas receberam atenção. Eles foram organizados em tabelas e suas expressões foram sistematizadas para a criação de nuvens de palavras. As nuvens de palavras foram empregadas por ser um recurso gráfico que permite dar visibilidade aos termos e às expressões evidenciados na época. Assim como Moreira (2011)Moreira, M. A. (2011). Metodologias de pesquisa em ensino. Livraria da Física. entendemos o título como unidade representativa do texto à medida que possibilita revelar “elementos essenciais do estudo, palavras-chave da pesquisa, é, provavelmente, a frase isolada mais importante [...]” (p. 229). Desse modo, todos os títulos dos artigos de revisões bibliográficas, dos relatos de pesquisas e dos ensaios foram incluídos e agrupados considerando os períodos previamente definidos - foram excluídos stopwords (artigos, preposições, conjunções). As nuvens de palavras emergiram a partir da análise lexical empregada pelo software WordArt.com. Para representação gráfica, foram mantidos a fonte e os diversificados tamanhos e cores de acordo com as frequências das ocorrências, sendo as cinco palavras mais evidenciadas destacadas em nuances da tonalidade azul.

Assim, com essa forma de caminhar, seguimos em busca do objetivo do estudo, focalizando cada unidade de análise: Unidade I - Fase da Criação; Unidade II - Fase da Expansão; e Unidade III - Fase de Consolidação.

2.1 UNIDADE I - FASE DA CRIAÇÃO: DE 1992 ATÉ 2004

O Volume 1 da revista traz o editorial com a abertura das publicações e o sumário, apresentando os textos em seções com artigos, resenhas e informes. Também ganham destaques os documentos da época.

O design da capa destaca o nome da revista e o volume. A variação nos primeiros anos ocorreu principalmente pelas mudanças de cores e ganhou os títulos dos artigos. Esse formato mudou em 1999 no Volume 5, quando fotos, principalmente retratando crianças, se evidenciaram nas capas da revista (Figura 1 a seguir).

Figura 1
Capas do Volume 1 e do Volume 5 da RBEE

Cabe destacarmos que não foi somente a capa que sofreu alterações, até o ano de 1998, uma vez que podemos observar algumas intermitências na periodicidade das publicações. Entretanto, a partir de 1999, não ocorreu mais nenhuma interrupção, sendo mantida a constância e a ampliação das publicações (Tabela 1).

Tabela 1
Distribuição de arquivos na Fase da Criação

Ao considerarmos a estrutura da RBEE, nesse período inicial, observamos que o agrupamento dos artigos envolvia ensaios, relatos de pesquisa e revisões de literatura, porém as resenhas eram indicadas separadamente. Constatamos, ainda, que outros arquivos podiam ser encontrados como editoriais, informes e documentos. Destacamos a relevância dos editoriais, principalmente nessa fase, pois eles possibilitam acompanhar as mudanças, as parcerias, as metas e trazem informações sobre os principais desafios para a continuidade da revista.

Outra mudança que pode ser observada na estrutura inicial se refere a alguns elementos que foram sendo suprimidos, como os informes, já que os artigos foram ganhando espaço. Na formatação, no design e na editoração, a busca pelo cuidado com os textos e a profissionalização das publicações se evidenciam com o decorrer das edições. Nesse processo de aperfeiçoamento, diferentes instituições destacam-se por suas contribuições na editoração e no financiamento da revista, dentre elas: a ABPEE, a Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep), a Universidade Estadual Paulista (Unesp), a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

Em busca das unidades textuais que ganharam destaque nas publicações dessa fase, olhamos mais atentamente para os títulos (Figura 2).

Figura 2
Nuvem de palavras - Fase da Criação

A nuvem de palavras permite-nos evidenciar as expressões que mais se destacaram nas pesquisas, sendo as cinco principais em ordem decrescente: “educação especial”, com 28 repetições; “criança”, com 26; “deficiência”, com 20; “deficiência mental”, com 15; e “especiais”, com 12 repetições. Observamos, ainda, termos que revelam expressões utilizadas na época, como, por exemplo, “deficiente” e “portador”.

2.2 UNIDADE II - FASE DA EXPANSÃO: DE 2005 ATÉ 2012

A expansão tem início com a nova conformação da revista. No ano de 2005, a homepage da ABPEE passou por um processo de reconfiguração que permitiu o acesso a alguns números da RBEE esgotados, movimento que, com o tempo, se ampliou para todos os números publicados. A partir desse ano também, os números passaram a ser disponibilizados na plataforma SciELO.

O design da capa no início dessa fase apresentava fotografias de crianças. Esse fato continuou até 2006 quando outra capa foi instituída, cujo elemento de destaque era o nome da revista (Figura 3).

Figura 3
Capa do Volume 11, número 1, de 2005 e do Volume 12, número 2, de 2006

Ao observarmos a editoração (Tabela 2 que segue), podemos notar que, além das resenhas, os artigos passaram a ser apresentados em categorias distintas: relatos de pesquisa, ensaios e revisões. No período anterior, já se observava a busca pela identificação, mas esse movimento tornou-se mais demarcado. Verificamos, ainda, que, ao considerarmos o quantitativo de arquivos publicados no Volume 1 - único, ocorreu um aumento substancial, passando de 15 para 29, em 2005, no Volume 11, organizado em três números.

Tabela 2
Distribuição de arquivos na Fase da Expansão

A Fase da Expansão da revista foi marcada pela ampliação do quantitativo das publicações e, ainda, pela internacionalização, movimento que ganhou forma em 2005 e cresceu no decorrer dos anos seguintes. Outro fator que merece destaque é referente ao tipo de publicação, ficando o relato de pesquisa com a quase totalidade, 213 publicações; em segundo lugar, os ensaios, com 19 publicações; e apenas dez publicações identificadas como revisões de literatura, sendo os informes suprimidos. Observamos, também, que o quantitativo de resenhas acabou por superar a soma dos ensaios e das revisões, atingindo o total de 31 publicações. De igual modo à Fase da Criação, os editoriais são elementos de destaque à medida que possibilitam, além do entendimento dos textos, a aproximação com os movimentos da época.

Pensando sobre as unidades textuais que mais ganharam destaque nas pesquisas desta fase, buscamos nos títulos as evidências (Figura 4).

Figura 4
Nuvem de palavras - Fase da Expansão

Ao analisarmos os títulos por meio da nuvem de palavras, é possível observarmos que a expressão “criança” ganhou destaque, visto que foi a palavra mais mencionada, com 55 repetições, o termo “aluno” esteve presente 45 vezes, seguido por “inclusão”, com 43 repetições. Percebemos, ainda, uma aproximação entre “professor” e “educação especial”, termos mencionados respectivamente 32 e 31 vezes. Considerando as demais palavras que se apresentam, verificamos que “ensino”, “escola” e “escolar” ganharam destaque, bem como a palavra “família”, principalmente a figura da “mãe”, que está mais presente nas pesquisas dessa fase. Quanto ao uso dos termos “deficiente” e “portador”, eles ainda estavam presentes, porém diante do número reduzido de menções a sua visualização na nuvem de palavras é diminuta.

Destacamos, também, que, ao final desse período, no triênio 2010-2012, a RBEE recebeu a avaliação de A2 pelo Qualis Capes para a área da Educação.

2.3 UNIDADE III - FASE DA CONSOLIDAÇÃO: DE 2013 ATÉ 2021

A Fase de Consolidação da RBEE teve início no ano de 2013, quando a nova diretoria eleita no VI Congresso Brasileiro de Educação Especial assumiu a ABPEE. A capa da revista foi mantida, cujo design destacava o nome da revista, porém outras mudanças foram evidenciadas. Ainda no primeiro ano, é possível notarmos alterações na forma de recepção dos artigos para avaliação. Os artigos passaram a ser recebidos de maneira online, não sendo mais necessário o envio de textos e documentos pelo correio. É importante observarmos que as modificações estão relacionadas a um processo iniciado em momento anterior, porém concretizado em 2013 (Tabela 3).

Tabela 3
Distribuição de arquivos na Fase da Consolidação

Outro destaque fica para a seção de “Avaliação de artigos”, que ocorreu de forma pontual, em 2013, com três artigos no Volume 19, número 1. Mais uma seção que se diferencia das demais aconteceu em 2019, no Volume 25, número 4, quando foram publicadas quatro pesquisas referentes ao prêmio de melhores teses e dissertações.

Os editoriais foram mantidos até 2017 quando então foram suprimidos das publicações. Destacamos apenas uma inserção no ano de 2018 quando foi identificada a apresentação para o Volume Especial. Outro ponto a destacarmos: a partir do Volume 24, número 2, no ano de 2018, houve a alteração das normas de formatação dos artigos, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) para a American Psychological Association (APA). Ainda sobre a estrutura da revista, podemos notar uma importante alteração a partir de 2021, momento no qual foram suprimidos os números que passaram a ser únicos. Observamos, ainda, a presença de erratas e a publicação das listas de pareceristas contendo o nome dos avaliadores da RBEE no referido ano e respondendo aos primeiros passos das demandas da ciência aberta. É importante salientarmos que, no Qualis Capes - 2013/2016, a RBEE conseguiu manter sua avaliação como A2 para a área da Educação.

Analisando a composição das seções, os relatos de pesquisa continuam sendo maioria, porém as revisões de literatura começaram a ganhar espaço, seguidas pelos ensaios, ficando as resenhas com o menor quantitativo de publicações da fase. Quanto aos autores dos textos, podemos identificar, prioritariamente, pesquisadores/as relacionados/as a instituições de Ensino Superior e a expansão no quantitativo de arquivos internacionais.

Uma característica dessa Fase de Consolidação foi, em 2014, um novo perfil do Corpo Editorial, que, além do Editor Chefe, Eduardo José Manzini (Unesp), se instituiu a figura dos Editores Associados, a saber: Márcia Denise Pletsch (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro - UFRRJ), Débora Regina Nunes (Universidade Federal do Rio Grande do Norte -UFRN), Fabiana Cia (UFSCar) e Dirce Shizuko Fujisawa (Universidade Estadual de Londrina - UEL).

Em 2018, a RBEE foi assumida por uma nova Equipe Editorial formada pela Editora Chefe, Márcia Denise Pletsch (UFRRJ), e como Editores/as Associados/as os/as professores/as: Débora Regina de Paula Nunes (UFRN), Geovana Mendonça Lunardi Mendes (Universidade do Estado de Santa Catarina - Udesc), Leonardo Santos Amâncio Cabral (UFSCar), Maria Luíza Salzani Fiorini (Unesp), Amélia Maria Araújo Mesquita (Universidade Federal do Pará - UFPA) e Washington Cesar Shoiti Nozu (Universidade Federal da Grande Dourados - UFGD). Tal constituição da Equipe Editorial integrou, pela primeira vez, pesquisadores(as) de todas as regiões do Brasil, o que evidenciou não apenas o crescimento da área da Educação Especial, mas também a sua interiorização e a sua descentralização, em larga medida, resultante das políticas de expansão do Ensino Superior e da Pós-Graduação no Brasil.

Em 2019, tivemos mais uma ampliação da Equipe Editorial, momento em que mais seis novas editoras associadas vieram a se juntar à equipe anteriormente formada. Foram elas: Ana Valéria Marques Fortes Lustosa (Universidade Federal do Piauí - UFPI), Andressa Santos Rebelo (Universidade Federal de Santa Maria - UFSM), Carmem Lucia Artioli Rolim (Universidade Federal do Tocantins - UFT), Eliana da Costa Pereira de Menezes (UFSM), Gerusa Ferreira Lourenço (UFSCar) e Kamila Lockmann (Universidade Federal do Rio Grande - FURG).

Em 2021, com a eleição da nova diretoria da ABPEE, houve modificações no quadro da Revista. Assim, a RBEE iniciou o ano de 2022 tendo como Editora Chefe a professora Kamila Lockmann, da FURG, e como Coeditora a professora Márcia Denise Plestch, da UFRRJ. Nesse mesmo momento, os/as Editores/as Associados/as, Amélia Maria Araújo Mesquita (UFPA) e Washington Cesar Shoiti Nozu (UFGD), também passaram a compor a Diretoria da Associação de Pesquisadores em Educação Especial, a qual, após a eleição, ficou assim constituída: Mônica de Carvalho Magalhães Kassar - presidente; Márcia Denise Pletsch - vice-presidente; Adriana Araújo Pereira Borges - tesoureira; Washington Cesar Shoiti Nozu - primeiro secretário; e Amélia Maria Araújo Mesquita - segunda secretária. Ainda constituem o Conselho Fiscal: Rosângela Gavioli Prieto, como primeira conselheira; Glaucimara Pires Oliveira, como segunda conselheira; e Francisco Ricardo Lins Vieira de Melo, como terceiro conselheiro.

Outro elemento que ganhou destaque nesse momento é o fato de que a Equipe Editorial da RBEE passou a utilizar editais públicos para a seleção dos novos membros. Por meio do Edital Público 01/2022, foram selecionados/as: Aline Maira da Silva (UFPI), Gilmar de Carvalho Cruz (Universidade Estadual do Centro-Oeste - Unicentro), Patrícia Graff (Universidade Federal da Fronteira Sul - UFFS) e Simone Souza da Costa Silva (UFPA).

Atualmente, a Equipe Editorial conta com a Editora Chefe Kamila Lockmann, da FURG, a Coeditora Márcia Denise Plestch, da UFFRJ, e 11 Editores/as Associados/as representantes das cinco regiões brasileiras, a saber: Aline Maira da Silva, da UFGD; Andressa Santos Rebelo, da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS); Carmem Lucia Artioli Rolim, da UFT; Débora Regina de Paula Nunes, da UFRN; Eliana da Costa Pereira de Menezes, da UFSM; Gerusa Ferreira Lourenço, da UFSCar; Maria Luiza Salzani Fiorini, da Unesp; Patrícia Graff, da UFFS; Simone Souza da Costa Silva, da UFPA; e Gilmar de Carvalho Cruz, da Unicentro.

Outro fato característico dessa Fase de Consolidação foi a implementação de um template da revista, visando mais qualidade na formatação e nas normas da RBEE. Além disso, em 2021 e 2022, tivemos a circulação de listas preliminares do Qualis Capes, que indicam que a RBEE foi avaliada como A1, apenas aguardando a publicação de tal avaliação no site da Capes.

Pensando sobre os destaques textuais dessa fase, identificamos, por meio da nuvem de palavras, maior diversidade de expressões (Figura 5).

Figura 5
Nuvem de palavras - Fase da Consolidação

Ao identificarmos as cinco palavras mais mencionadas, encontramos, em primeiro lugar, com 74 repetições, o termo “criança”; em segundo lugar, “aluno”, com 65 repetições; “professor” em terceiro, com 58 repetições; na sequência, aparecem “ensino” e “educação especial”, com 53 e 51 repetições respectivamente. Quanto ao termo “deficiente”, sua presença é de difícil visualização, considerando que foi mencionado apenas quatro vezes; já o termo “portador” não foi mencionado. Outras palavras ganharam destaque, como “educação”, “autismo”, “estudo” e “inclusão”, expressões que revelam os núcleos de atenção das pesquisas desta fase.

3 CRIAÇÃO, EXPANSÃO E CONSOLIDAÇÃO: O FUTURO

Ao retomarmos o objetivo de nosso estudo, que foi revisitar a história da RBEE, com um olhar voltado às construções expressas na organização e na estruturação da revista, observamos que nuances foram explicitadas, características destacadas, configurações identificadas, revelando inúmeras mudanças que ocorreram desde a sua criação. Alterações na estrutura, no design, na periodicidade, nas parcerias institucionais e a Equipe Editorial fortalecida pela ABPEE, profissionalização consolidada com indexações e o Qualis A1, evidenciam a busca pela manutenção e pelo cumprimento do compromisso assumido com a Educação Especial.

Verificamos que o quantitativo das publicações aumentou em volume e qualidade, ganhando o território nacional e internacional. A nuvem de palavras evidenciou que a preocupação com a “criança” esteve presente no decorrer dos 30 anos de existência da revista, já que esse termo foi encontrado em segundo lugar na fase da criação e em primeiro lugar nas fases seguintes. Por sua vez, os termos “aluno” e “professor” destacaram-se, principalmente nas Fases da Expansão e da Consolidação da RBEE. Outra expressão que esteve entre as cinco mais citadas nos títulos dos artigos foi “educação especial”. Na contramão dos destaques, observamos que o termo “deficiente” foi sendo extinto dos títulos, bem como “portador”. Assim, a nuvem de palavras possibilitou reconhecer as principais preocupações das pesquisas publicadas na revista: criança, educação especial, aluno e professor.

Ao revisitarmos o percurso histórico, entendemos que, desde o momento de criação da RBEE, é possível observarmos que se trata de uma construção que contribui com a Educação Especial, revista planejada, executada de forma coletiva e representativa de regiões e de instituições, e, mesmo no decorrer de três décadas de desenvolvimento, mantém os compromissos da sua criação e os amplia em suas responsabilidades.

Assim, encerramos esta jornada com a certeza de que outros estudos são necessários, a fim de adentrar os movimentos, as construções e os desenvolvimentos sociais e educacionais presentes na história da RBEE. Nesse caminhar, reconhecemos estar diante de uma revista consolidada, que expandiu suas fronteiras sem perder o objetivo de sua criação: “difundir conhecimento em educação especial”. Desse modo, deixamos os nossos agradecimentos aos inúmeros profissionais, pesquisadores/as, professores/as, sujeitos na construção dessa história, reconhecendo os alicerces que foram edificados e que, hoje, nos impulsionam para a existência e para o desenvolvimento da Revista. Desejamos vida longa à RBEE e que novas gerações de pesquisadores em Educação Especial possam se juntar a nós para dar continuidade à Revista como espaço de compartilhamento de saberes e de divulgação e de intercâmbio técnico-científico em Educação Especial e áreas afins.

REFERÊNCIAS

  • Associação Brasileira de Pesquisadores em Educação Especial. (2022). Revista Brasileira de Educação Especial - RBEE https://www.abpee.net/rbee.php
    » https://www.abpee.net/rbee.php
  • Dias, T. R. S. (2003). Porque uma revista de educação especial: o início. Revista Brasileira de Educação Especial, 9(1), 1-6. https://www.abpee.net/pdf/artigos/art-9-1-1.pdf
    » https://www.abpee.net/pdf/artigos/art-9-1-1.pdf
  • Ginzburg, C. (1989). Mitos, emblemas e sinais: morfologia e história Companhia das Letras.
  • Molon, S. I. (2008). Questões metodológicas de pesquisa na abordagem sócio-histórica. Informática na educação: Teoria & Prática, 11(1), 56-68. https://doi.org/10.22456/1982-1654.7132
    » https://doi.org/10.22456/1982-1654.7132
  • Moreira, M. A. (2011). Metodologias de pesquisa em ensino Livraria da Física.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    09 Jun 2023
  • Data do Fascículo
    2023

Histórico

  • Recebido
    17 Nov 2022
  • Revisado
    24 Nov 2022
  • Aceito
    25 Nov 2022
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