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AVALIAÇÃO EDUCACIONAL NA ÁREA DA SAÚDE

Resumo:

O presente trabalho objetivou verificar, entre periódicos indexados e produção científica catalogada, a frequência de publicações que enfocaram a avaliação educacional na Área da Saúde, de 1981 a 1992. A metodologia empregada privilegiou na análise a categorização dos textos segundo gênero, tendência temática e distribuição por sub-área de concentração. Concluiu-se que a procura por cursos de pós-graduação é incipiente; a frequência de publicações sobre o assunto foi relativamente pequena no período levantado e restrita a publicações específicas sobre o Ensino Médico; na maioria dos artigos a temática esteve relacionada à avaliação de disciplinas, ao desempenho do aluno e à mensuração. Detectou-se, porém, um conhecimento em construção que parece buscar a transformação do ato avaliatório em processo contínuo e diagnóstico, indo além da simples classificação.

Palavras-Chave:
Avaliação educacional; Área da saúde

Summary

This work verify the number of scientific publications and journals. Focusing educational evaluation in the Health Area from 1981 to 1992. Text categories were analyzed according to gender, focused theme and distribution of topics in sub-areas. lt was observed that the search for a post-graduation course in the Educational Area by health professionals has been incipient; the number of publications about this subject matter within the period under investigation was somewhat small and restricted to Medical Education and most articles focused only evaluation of disciplines, student 's performance and measurement. However, knowledge which is in process and in search of changing evaluation into a continuous and diagnostic process and not just a simple classification system has been detected.

Key-Words:
Educational evaluation; Health area

Introdução

A organização de sistemas de avaliação que garantam não somente o desempenho escolar, mas também a aquisição de competências básicas, autonomia, valores sociais, princípios humanísticos e éticos tem se revelado preocupação crescente de educadores na Área da Saúde, como demonstraram Chaves & Rosa22. CHAVES, M., ROSA, A.R. Educação médica nas Américas. São Paulo: Cortez, 1990, 209p..

A avaliação educacional, meio e não fim em si mesma, deve representar um processo contínuo, diagnóstico e dialético onde o preparo pedagógico do professor e a participação ativa do aluno são aliados no alcance de objetivos interdisciplinares e formação de um novo perfil de profissional da saúde, um desafio para o próximo Milênio.

Decorrente, talvez, do avanço científico, tecnológico e da alta especificidade exigida no ensino profissionalizante, muitas vezes percebemos que não nos "resta tempo" à formação de atitudes, ao pensamento crítico, à emancipação de nossos alunos. Observamos, com frequência, o processo ensino-aprendizagem resumido a situações de transmissão de conhecimentos e memorização e a avaliação educacional, campo rico em alternativas quantitativas e qualitativas, restrita à promoção às séries, à atribuição de notas referenciadas a normas ou critérios das instituições, refletindo acomodação às condições e práticas vigentes.

A avaliação educacional, vista como uma dificuldade e um desafio, que embora diários, muitos professores somente referem à" época" das provas tradicionais escritas, orais e práticas, tem sido objeto de exaustivos estudos que a fizeram evoluir cientificamente e tecnologicamente na Área da Educação. Entretanto, parece que, na Área da Saúde, o número de publicações e a produção científica sobre este tema não tem merecido, comparativamente, nos últimos anos, a mesma atenção atribuída a outros assuntos como a automação e a informatização nos serviços, a implantação de novas técnicas e procedimentos, descobertas na eletrônica e na indústria farmacêutica, entre outros, voltados à concepção positivista do processo saúde-doença. No Brasil, a emergência, especialmente a partir dos anos 80, de novas perspectivas preventivistas em saúde, com destaque, por exemplo, para a descentralização dos serviços e assistência primária à Saúde, parece não ter sido acompanhada da conveniente discussão sobre o perfil de profissional exigido por este contexto histórico-social.

Esta discussão, originada nos meios acadêmicos, em sua produção científica e disseminada por seus principais veículos de socialização de conhecimentos (livros, periódicos, dissertações e teses), seria, então, consubstanciada em ações pedagógicas conjuntas, objetivando a interdisciplinaridade, o trabalho em equipe multiprofissional e a formação integral do aluno. Novas práticas pedagógicas requisitam novas práticas avaliativas preocupadas com o diagnóstico e o ajuizamento de valor que possibilitam retomadas do caminho da aprendizagem. Deste modo, há necessidade de uma formação pedagógica sólida que, acreditamos não tenha sido fornecida aos professores pelos cursos de Graduação e Pós-Graduação na Área da Saúde, e, tampouco seja decorrente da aptidão inata.

Incentivado pela convicção de que o ensino e, em especial a avaliação educacional exigem um preparo pedagógico tão importante quanto os conteúdos teóricos, práticos e atualizações profissionais, o presente estudo tem, como intenção maior, despertar a atenção e o interesse de professores e alunos da Área da Saúde para a importância da capacitação pedagógica para a consecução de objetivos comuns e benefícios mútuos, um estímulo ao aprimoramento em seu campo básico de atuação, a docência.

Este trabalho objetivou estabelecer um referencial bibliográfico sobre avaliação educacional em periódicos da Área da Saúde e parte da produção científica catalogada, no período de 1981 a 1992. Esta busca de dados e seus inter-relacionamentos permitiu vislumbrar a necessidade de constantes estratégias educacionais, como adequação de currículos e conteúdos programáticos a diferentes situações sociais e a urgência de novas práticas pedagógicas a respaldar novos paradigmas em avaliação para que a Universidade redefina sua atuação político-social em dois setores comunitários prioritários: a Saúde e a Educação.

Metodologia

O trabalho de coligir informações, de compilar textos de vários autores em diferentes campos do conhecimento caracterizam um tipo de pesquisa, de caráter bibliográfico, de certo modo ainda recente no Brasil.

Como relata Soares66. SOARES. M. B. et al. Alfabetização no Brasil: o estado do conhecimento. Brasília: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais. Rede Latino Americana de Informação e Documentação em Educação, 1989, 151p. as pesquisas de levantamento e avaliação das áreas do conhecimento iniciaram-se, no Brasil, a partir de 1980, com temas educacionais como a evasão e a repetência no ensino básico, a profissionalização, o ensino supletivo, entre outros.

De natureza predominantemente qualitativa, buscando definir núcleos temáticos, sob uma ótica pré-estabelecida do tema, com seleção prévia dos textos a serem analisados, prevendo um inventário da produção acadêmica e científica que identifique as diferentes perspectivas com as quais o estudo vem sendo enriquecido, a metodologia destas pesquisas, segundo este autor embora partindo de uma base comum, o levantamento bibliográfico, adquire peculiaridades coerentes ao fenômeno e aos objetivos a que se propõe.

O método adotado no presente estudo assemelha-se ao desenvolvimento por Candau & Oswald11. CANDAU, V. M.; OSWALD, M. L. B. Avaliação no Brasil: uma visão bibliográfica. Caderno de Pesquisa. São Paulo, n.95, p.25-36, nov. 1995., situado na perspectiva dos “estudos da arte” sobre avaliação, o qual, por sua clareza e objetividade , norteou a realização desta pesquisa.

O período de tempo selecionado (1981- 1992) considerou o início da década de 80 como decisiva para as mudanças políticas, sociais e educacionais empreendidas: a redemocratização do País, com propostas de melhoria na qualidade do ensino, a retomada de direitos e deveres próprios da cidadania e a ampliação da visão positivista de pesquisa para novas abordagens qualitativas que, de acordo com Ludke & André55. LUDKE, M., ANDRÉ, M. E. D. A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo: Pedagógica e Universitária, 1986. p. 1-44. Triviilos77. TRIVINOS, A. N. S. Introdução à pesquisa em Ciências Sociais. São Paulo: Atlas, 1987. p.30-2. e mais recentemente Candau & Oswald11. CANDAU, V. M.; OSWALD, M. L. B. Avaliação no Brasil: uma visão bibliográfica. Caderno de Pesquisa. São Paulo, n.95, p.25-36, nov. 1995., privilegiam antigos paradigmas e estimulando transformações.

Definidos o assunto e a metodologia adotada, iniciou-se o levantamento bibliográfico através de duas buscas retrospectivas via CD-ROM (Compact Disk Read Only Memory): a primeira ao LILACS (Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciências da Saúde), 15ª edição , indexador de periódicos alimentado por países latino americanos e avalizado pela OPAS (Organização Pan Americana de Saúde); e OMS (Organização Mundial da Saúde); o segundo, ao IBICT (Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia) , que cataloga teses e dissertações em âmbito nacional. A estratégia de busca utilizada em ambos os levantamentos envolveu a palavra-chave "avaliação educacional" ligada aos cursos de

  • Graduação e m Farmácia, Medicina, Odontologia, Fisioterapia e Enfermagem no campo de título e campo de assunto.

As buscas resultaram na seleção de 63 artigos e 12 dissertações e teses que tratavam do tema, escritos por

  • Profissionais que atuavam na área da Saúde. Estes textos foram organizados em fichas segundo o autor, título e fonte; procedeu-se à coleta de dados através de um protocolo de informações padronizado sobre o tipo de publicação, seção, natureza do texto, temática, referencial teórico, ideário pedagógico e resumo.

Este propósito inicial esbarrou em dificuldades como bibliotecas deficitárias em publicações, periódicos descontínuos e desatualizados, descuidos dos usuários, acesso demorado e oneroso a trabalhos de outras instituições, entre outros impedimentos que tornaram a disponibilidade do material impresso um fator limitante da dimensão da pesquisa.

A análise dos dados seguiu a metodologia de análise de conteúdo por Krippendorff appud Ludke & André55. LUDKE, M., ANDRÉ, M. E. D. A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo: Pedagógica e Universitária, 1986. p. 1-44. realizou-se primeiramente "a decodificação das mensagens e organização dos dados obtidos por unidades de frequência" (p.41), um processo que envolveu leituras e releituras e que culminou na categorização dos aspectos recorrentes (aspectos que apareceram e reapareceram em diferentes contextos, situações e fontes). Após a obtenção deste conjunto inicial de categoria (um processo indutivo e convergente porém embasado em uma consistente referencial teórico), a próxima etapa envolveu o enriquecimento da análise dos dados com a procura de ligações, tendências, inferências, associações, padrões e relacionamentos, aprofundando qualitativamente as informações e imprimindo um caráter próprio e distinto aos produtos, em nível de abstração mais elevado.

Os Textos Indexados

Os critérios básicos para seleção dos textos a serem analisados foram a sua publicação (considerou-se a socialização como base da construção cumulativa do conhecimento); a indexação (confiabilidade e disseminação) e a disponibilidade dos periódicos (por acervo e comutação bibliográfica). Na listagem emitida pela 15ª edição do LILACS (a mais recente disponível à época do levantamento), destacou-se como principal editor de artigos sobre aspectos da avaliação educacional a Revista Brasileira de Educação Médica (periódico da Associação Brasileira de Educação Médica), sendo responsável por 35 dos 63 textos selecionados (cerca de 56%) Nestes 35 artigos da Revista Brasileira de Educação Médica, professores dos cursos de Medicina e Enfermagem escreveram 89% dos artigos que tratavam de avaliação. Considerando que os restantes 11% foram escritos por profissionais ligados à Psicologia da Aprendizagem, Educação e Análises Clínicas, foram ausentes artigos originados dos cursos de Farmácia, Odontologia e Fisioterapia. Nos indexadores utilizados, de 1981 a 1992, de um total de 12 trabalhos científicos selecionados, 05 dissertações e teses foram apresentada sem cursos de Pós Graduação em Enfermagem e 01 dissertação de um profissional odontólogo. Os autores dos outros seis trabalhos eram profissionais da Área de Educação, Psicologia e Educação Física e somente foram computados por sua indexação.

Análise dos Textos

A leitura crítica de textos não se constitui, por si só, tarefa fácil. Analisá-los, portanto, requer método e disciplina para decodificar as mensagens dos autores. H a necessidade de se trabalhar com um protocolo básico de informações. O método seguido neste estudo assemelha-se ao desenvolvimento por Soares66. SOARES. M. B. et al. Alfabetização no Brasil: o estado do conhecimento. Brasília: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais. Rede Latino Americana de Informação e Documentação em Educação, 1989, 151p.. Foram estas categorias de análise almejadas:

  1. Temas dos textos: privilegiamento de aspectos da avaliação educacional por sua recorrência nos textos e perspectivas que embasaram a categorização;

  2. Distribuição no período de tempo considerado: publicações nos triênios compreendidos de 1981 a 1992;

  3. Natureza dos textos: tipo de abordagem ao fenômeno estudado, se exposição de ideias (ensaio), relato de experiência ou investigação (pesquisa).

a) Os temas privilegiados na construção do conhecimento

Para Luckesi44. Avaliação educacional: pressupostos conceituais. Tecnologia Educacional. Rio de Janeiro, n. 24, p. 5-8, set. /Out. 1978., avaliação é um “julgamento de valor sobre manifestações relevantes da realidade, tendo em vista uma tomada de decisão”, (p.5). Esta definição, com seus três elementos essenciais (o juízo de valor dados relevantes e tomada de decisão) foi considerada linha-mestra para análise dos textos. Esta análise revelou diversificação de enfoques, com a ressalva de que possam haver superposições ou emissões de itens sobre o tema que, portanto, não são excludentes. Esta diversidade está representada na Tabela I.

TABELA I
Temas sobre Avaliação Educacional segundo sua recorrência em 63 artigos - 1981/1992

Pode-se observar que a avaliação educacional nos artigos analisados é vista, de modo geral, com o processo de obter informações sobre o desempenho do aluno, em disciplinas isoladas, para atingir objetivos sem sempre claramente definidos. Para isso, usa-se uma metodologia mais ou menos padronizada, isto é, que dificilmente sofrerá adequações às situações de aprendizagem. Este conceito está implícito na maioria dos textos, confirmando, parece, a existência de um ritual pedagógico, de "contornos suficientemente definidos, de tal forma que a integridade do sistema permaneça intocável" (Cury appud Luckesi33. LUCKESI, C. C. Avaliação educacional escolar: para além do autoritarismo. Revista de Educação AEC. Brasília, n. 60, p.23-37, abr./jul. 1986., p.25).

b) Distribuição dos artigos e temas no período de 1981 a 1992

Com relação à distribuição dos artigos no período levantado, a Tabela II mostra o número de publicações nos triênios de 1981 a 1992.

Concentraram-se nos anos de 1981 a 1986 a maioria dos artigos sobre avaliação educacional, com decréscimo significativo deste assunto no último triênio considerado. Este fato provavelmente pode estar relacionado a dois fatores: a influência da tecnologia educacional no início da década de 80 e o aumento relativo nos últimos triênios, de artigos sobre aspectos referentes à especialidades médicas, prestação de serviços e assistencialismo.

TABELA II
Artigos indexados sobre Avaliação Educacional ao longo do período de 1981 a 1992

c) Natureza dos textos

Os textos analisados foram classificados em três gêneros, de acordo com Soares66. SOARES. M. B. et al. Alfabetização no Brasil: o estado do conhecimento. Brasília: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais. Rede Latino Americana de Informação e Documentação em Educação, 1989, 151p., ensaio, relato de experiência e pesquisa . No primeiro, o autor expõe, teoriza revisa literatura e assim, representa o pensamento. O segundo gênero de textos, é relato de experiência onde o autor descreve e analisa uma prática promovida ou efetiva em condições peculiares ou não específicas. Em um terceiro grupo, os autores relatam pesquisas, isto é, formulam hipóteses sobre determinados fenômenos obtidos e apontam soluções para o problema levantado.

A Tabela III demonstra a distribuição dos gêneros considerados, de acordo com a sua relação com a realidade.

A maioria dos artigos relatou experiências efetivadas em disciplinas isoladas, utilizando metodologias de ensino e/ou sistemas de avaliação diferenciados daqueles adotados nas respectivas instituições. São representações do sucedido em determinadas situações educacionais, grupos, séries ou atividades.

O pequeno número relativo ao desenvolvimento de pesquisas sobre avaliação educacional na Área da Saúde, parece confirmar a incipiente procura de cursos de Pós-Graduação em Educação por profissionais da Saúde, embora atuem essencialmente como docentes em suas especialidades.

TABELA III
Gêneros na produção sobre Avaliação Educacional indexados pelo LILACS - 1981-1992

Considerações Finais

A análise dos artigos, dissertações e teses, aqui denominados produção científica brasileira sobre avaliação educacional, revelou aspectos qualitativos que podem ser assim resumidos.

Quanto aos periódicos não se detectou, de forma explícita a Pedagogia tradicional, embora as evidências demonstrem sua predominância no contexto pedagógico brasileiro. Isto revela dissonância entre o que se escreve e o que se pratica em avaliação educacional. Parece que o que tem prevalecido em sala de aula é o poder decisório do professor, não compartilhado com o aluno, revelando assimetria de relações.

Parece existir um conhecimento em construção que busca novas tendências sem avaliação, indo além da simples classificação; no entanto, aparecem nos textos mais como tentativas isoladas do que como decisões interdisciplinares e institucionalizadas.

A preocupação com a avaliação na universidade brasileira é notória, especialmente na área médica, mas é frágil na prática educativa. Este fato aponta à necessidade de substituir velhos paradigmas em avaliação, principalmente relativos às funções classificatórias e de controle que têm sido exercidos, por novos pressupostos que considerem a dialética nas relações e o papel mediador do professor entre a realidade social e o aprendido.

A complexidade teórica, o desenvolvimento científico e as diversas possibilidades quantitativas e qualitativas em avaliação requisitam o preparo pedagógico do profissional da Saúde. Esta necessidade tem sido reconhecida especialmente por especialistas em Educação Médica, já que o conhecimento teórico-prático acumulado não garante, via de regra, que a aprendizagem se efetue. Porém, parece urgente que também se amplie o alcance deste preparo a todos, os profissionais da Saúde que atuam como educadores e, melhor, que se efetivem medidas institucionais que favoreçam esta condição. O incentivo à participação em cursos/programas de capacitação pedagógicas e a valorização destas atividades, poderão conduzir à sensibilização e a novas adesões que se traduziram em novas práticas em sala de aula.

O número relativamente pequeno de dissertações e teses indica concordância com a incipiente procura por curso de Pós-Graduação em Educação por profissionais da Saúde que, por sua vez, desvela a maior valorização de cursos concluídos na área de formação específica. Não se trata aqui de superestimar ou desvalorizar profissões e sim de reconhecer que o domínio de conteúdo e a atualização são condições fundamentais, mas não exclusivas, para o ato de ensinar.

A incrementação de pesquisas que envolvam alunos e professores da Saúde em atividades educacionais e, consequentemente, em práticas avaliativas parece ser uma estratégia coerente, para que a Educação se efetue, de modo integral e integrado, tomando o aluno agente de sua própria transformação individual e social.

A título de conclusão, retomam-se as ideias expressas na Introdução deste artigo: o alcance de procedimentos diagnósticos e contínuos de avaliação educacional como meio e não como fim em si mesma e a valorização do processo sem detrimento ao produto, devem constituir-se metas conjuntas que sobreponham às diferenças entre as profissões, e que ratifiquem a necessidade de reestruturação nas ações pedagógicas de profissionais que, antes de tudo, atuam como educadores com objetivos comuns: a formação de novos profissionais, éticos, críticos e participativos, em busca de uma sociedade com oportunidade para todos e maior senso de justiça social.

Referências Bibliográficas

  • 1
    CANDAU, V. M.; OSWALD, M. L. B. Avaliação no Brasil: uma visão bibliográfica. Caderno de Pesquisa. São Paulo, n.95, p.25-36, nov. 1995.
  • 2
    CHAVES, M., ROSA, A.R. Educação médica nas Américas. São Paulo: Cortez, 1990, 209p.
  • 3
    LUCKESI, C. C. Avaliação educacional escolar: para além do autoritarismo. Revista de Educação AEC. Brasília, n. 60, p.23-37, abr./jul. 1986.
  • 4
    Avaliação educacional: pressupostos conceituais. Tecnologia Educacional. Rio de Janeiro, n. 24, p. 5-8, set. /Out. 1978.
  • 5
    LUDKE, M., ANDRÉ, M. E. D. A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo: Pedagógica e Universitária, 1986. p. 1-44.
  • 6
    SOARES. M. B. et al. Alfabetização no Brasil: o estado do conhecimento. Brasília: Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais. Rede Latino Americana de Informação e Documentação em Educação, 1989, 151p.
  • 7
    TRIVINOS, A. N. S. Introdução à pesquisa em Ciências Sociais. São Paulo: Atlas, 1987. p.30-2.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    03 Fev 2021
  • Data do Fascículo
    May-Dec 1996
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