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Rbem: cinco anos no Scielo e o porvir

Rbem: five years in the Scielo and looking ahead

EDITORIAL

Rbem: cinco anos no Scielo e o porvir

Rbem: five years in the Scielo and looking ahead

Sergio Rego

Editor da RBEM, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, RJ, Brasil

A Revista Brasileira de Educação Médica chega ao ano de 2012 com alguns marcos importantes a destacar, para consideração dos associados da Abem e pesquisadores do campo. Inicia-se o trigésimo sexto ano de publicação ininterrupta da Revista. Considerando o contexto sociopolítico e econômico brasileiro ao longo desses anos, é preciso reconhecer que nem sempre foi fácil. O contexto de hiperinflação e a fase de confisco de recursos financeiros promovido pelo governo federal no início da década de 1990 - momento em que eu também exercia a função de editor da Rbem - trouxeram dificuldades especiais para a Associação. Outro problema, embora não menos importante, era pouco discutido: a reduzida produção acadêmica relevante no campo, que trazia dificuldades adicionais para a editoria, já que em alguns momentos não havia trabalhos de qualidade que permitissem publicar a Revista regularmente.

A década de 1990, entretanto, trouxe não apenas a estabilidade financeira para o País, mas também, em nosso campo, o projeto de avaliação das escolas médicas, realizado, com a liderança da Abem, pela Comissão Interinstitucional Nacional de Avaliação do Ensino Médico (Cinaem). Entre tantos méritos que a realização do chamado Projeto Cinaem teve, merece destaque a ampliação do número de docentes e discentes interessados na discussão e reflexão sobre o processo de formação médica e o fato de ter relacionado esta discussão à atividade de pesquisa, trazendo a discussão para o campo científico. Apesar disso, no final do século, o número de artigos publicados oriundos do resultado de pesquisas ainda era pouco significativo, sendo frequentes os relatos de experiência apenas descritivos. Embora com frequência esses relatos fossem criticados nas avaliações que a Revista recebia das agências financiadoras e organismos de indexação, a editoria da Rbem e as diretorias da Abem entendiam que era preciso qualificar os relatos de experiência e não suprimi-los, até pela necessidade de divulgar as experiências de mudanças no curso médico que vinham ocorrendo. Esse foi um processo lento, já que trazia implícita a necessidade de os médicos se familiarizarem com métodos de pesquisa das ciências humanas e sociais. Esse processo ainda está longe de ser finalizado, mas, com o especial apoio do CNPq e do Scielo, já atingimos uma maturidade indiscutível: seja nos trabalhos submetidos à apreciação da Rbem, seja nos Congressos de Educação Médica, é indispensável que os relatos de experiência tragam igualmente uma consistente discussão teórica. No último exemplar publicado em 2011, houve apenas três relatos de experiência, de um total de 19 trabalhos publicados.

Apesar das dificuldades no reconhecimento do valor acadêmico e científico das pesquisas no campo da Educação Médica, a Rbem recebeu na avaliação Qualis as seguintes classificações: programas das áreas de Saúde Coletiva (nossa origem histórica), Educação Física, Enfermagem, Interdisciplinar e Psicologia a classificam como B2, enquanto Medicina I e II ainda a classificam como B4, e a Medicina III como B5.

A Rbem está disponível no Scielo desde dezembro de 2006, e o acesso online nos obriga a repensá-la. Até março de 2012, houve pouco mais de 981.000 acessos a artigos publicados pela Revista. Para se ter uma ideia do significado deste número, pode-se dizer que, se tais acessos estivessem regulamente distribuídos por todos os dias desses pouco mais de cinco anos, ter-se-ia cerca de 500 acessos a um artigo publicado por nós. Nesse período, foram publicados 355 artigos, mas o número de trabalhos publicados em educação médica em nosso país ainda é pequeno e insatisfatório. É preciso que, cada vez mais, os estudiosos que vêm se formando no campo por meio de iniciativas de cursos lato e stricto sensu pesquisem e publiquem seus artigos, dialogando com a produção nacional que é majoritariamente publicada na Rbem. Não é razoável que artigos que analisem a realidade brasileira não realizem esse diálogo. Constatar que os artigos da Rbem receberam apenas 1.206 citações no período mencionado mostra que esse diálogo não está ocorrendo em sua plenitude. Dentre as dez revistas que mais nos citam (além da própria Rbem), sete são da área da Saúde Coletiva, duas médicas e uma da enfermagem.

A análise dos temas dos dez artigos mais consultados no site da Rbem no Scielo merece uma reflexão de todos os envolvidos no processo de formação profissional. Supondo que os artigos mais acessados na Revista expressem os temas que mais preocupam nossa comunidade, temos nesta descrição um tema instigante para reflexão. Dos 10 artigos mais consultados até março de 2012, 3 são da área de saúde mental (sendo 2 sobre bullying), 2 sobre currículo e métodos de ensino, 2 sobre ética/bioética/humanização e 2 sobre integração com a rede de serviços e cenários de prática. Considerando os 50 artigos mais consultados no período, temos 15 sobre currículo e métodos, 9 sobre cenários de prática, 7 sobre saúde mental e 7 sobre ética e humanização.

Dentre os planos para os próximos anos estão previstas as seguintes ações:

— reduzir a tiragem impressa da Revista e investir na qualidade da versão online, incentivando a publicação, nesta versão, dos artigos em língua inglesa;

— ampliar o número de colaboradores como revisores da Rbem (voluntários devem se inscrever em http://www.educacaomedica.org.br/conselho/formulario_adhoc.php);

— planejar fóruns temáticos para os diferentes números, de forma a criar mecanismos de estímulo ao debate de temas estratégicos.

Participe você também: seja um autor e revisor da Rbem. Inscreva seu nome em nossa história. Contribua para transformar a formação superior na área da saúde.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    25 Jun 2012
  • Data do Fascículo
    Mar 2012
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