Resumo:
Introdução:
A presença de estresse crônico, causado pelas atividades e exigências do curso de Medicina, pode levar ao que se chama de burnout, uma síndrome caracterizada por três dimensões: exaustão emocional, desumanização (ou despersonalização) e reduzida realização profissional. Diante do aumento da incidência de síndrome de burnout, sintomas de ansiedade e depressão, tentativas de suicídio e suicídio entre estudantes de Medicina, encarado como consequência de exigências cada vez maiores de alcance de sucesso profissional e financeiro em detrimento da saúde física e mental, entende-se a importância de estudar o assunto e propor medidas de prevenção e controle. Este estudo teve como objetivos avaliar e descrever os níveis de burnout e qualidade de vida dos estudantes de Medicina da Universidade Federal de São Paulo.
Método:
Foram avaliados os níveis de burnout e qualidade de vida dos alunos do primeiro ao sexto ano do curso de Medicina da Unifesp, a partir dos questionários MBI-SS e Whoqol-Bref, on-line, em plataforma REDCap.
Resultados:
Um total de 302 estudantes responderam aos questionários completos. Em relação ao MBI-SS, os estudantes apresentaram baixo valor no fator exaustão emocional e altos valores na descrença e eficácia profissional, indicando um burnout entre baixo e moderado. Observou-se também que estudantes do gênero feminino apresentaram maior tendência à exaustão emocional em comparação ao gênero masculino, bem como estudantes do primeiro e segundo anos apresentaram maiores valores de eficácia profissional quando comparados com os do terceiro e quarto anos, sem diferença entre os gêneros. A partir das respostas do Whoqol-Bref, os estudantes consideraram ter boa qualidade de vida. Esses resultados indicam possíveis fatores que podem interferir na qualidade de vida dos estudantes: a carga horária excessiva de atividades, modelo de ensino baseado em aulas expositivas extensas, ausência de estímulo e reconhecimento pelos seus esforços.
Conclusão:
Os estudantes de Medicina avaliados neste estudo têm boa qualidade de vida e níveis baixos ou moderados de burnout, atentando-se para as diferenças entre anos de curso e características sociodemográficas.
Palavras-chave:
Qualidade de Vida; Estudantes de Medicina; Saúde Mental; Currículo