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A População Transgênero sob o Olhar da Bioética: Um Panorama dos Currículos de Graduação e dos Cursos de Bioética das Escolas Médicas do Estado de São Paulo

Resumo:

Introdução:

Pessoas transgênero constituem um grupo sujeito a situações de discriminação e adoecimento por causa da marginalização social e da falta de acesso a direitos básicos, em especial a saúde. Sofrem com a inadequação do atendimento voltado a demandas básicas de saúde, com a alta incidência de doenças e com o não atendimento de demandas específicas. A vulnerabilidade dessas pessoas atinge um nível preocupante em razão das atitudes desrespeitosas que as levam a não buscar ajuda. Como uma educação médica voltada às necessidades das populações marginalizadas constitui a base para a melhoria do acesso e para uma assistência adequada, é essencial que as escolas médicas definam conteúdos e estratégias pedagógicas destinados a grupos vulnerados. Com base nisso, este estudo se propôs a investigar e discutir como (e se) a temática da assistência à população trans está inserida no currículo de graduação das escolas médicas do estado de São Paulo.

Método:

Trata-se de um estudo exploratório, de natureza descritiva-analítico, realizado com base em dados coletados de escolas médicas paulistas. O estudo foi conduzido em duas etapas: 1. fez-se uma análise documental sobre a inserção da temática trans nos currículos de graduação e 2. adotou-se um questionário destinado aos professores dos cursos de Bioética com o objetivo de avaliar como e se o tema é abordado como conteúdo programático. Os dados obtidos na primeira etapa foram analisados quantitativamente e são apresentados por meio das frequências relativas das características avaliadas. Na segunda fase, examinaram-se os dados por meio do método estatístico descritivo (perguntas fechadas) e da análise de conteúdo (perguntas abertas).

Resultados:

Identificamos menções à temática trans nos currículos formais de apenas duas das 32 escolas médicas pesquisadas, com um total de cinco citações referentes ao tema. Na análise dos questionários aplicados aos docentes da área de bioética, encontramos relatos de discussões sobre esse tema em 5/12 (42%) das escolas. Apesar de todos os participantes afirmarem que a temática é importante, somente 7/12 (58%) se consideram preparados para abordá-la.

Conclusões:

Postula-se que a evidente falta de conteúdo formativo voltado à temática trans nas escolas médicas pode dificultar a busca por um atendimento mais digno dentro da rede de atenção à saúde e o combate à transfobia. A partir de subsídios encontrados no referencial teórico da bioética de proteção, acreditamos que os currículos médicos e os cursos de Bioética deveriam criar espaços para abordar essa temática, empregando diferentes práticas pedagógicas efetivamente transformadoras e respeitando a diversidade de gênero em todos os ambientes.

Palavras-chave:
Pessoas Transgênero; Educação Médica; Bioética

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