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As falas sobre a fraude: análise das notícias sobre casos de fraudes nas cotas raciais em universidades em Minas Gerais

Talks about fraud: analysis of news articles on cases of fraud in racial quotas in universities of Minas Gerais

Los discursos sobre la fraude: análisis de noticias sobre casos de fraude en las cuotas raciales en universidades de Minas Gerais

Resumo:

Este artigo apresenta uma pesquisa empírica com o objetivo de compreender como os casos de fraudes nas cotas para negros(as) - pretos(as) e pardos(as) - e indígenas foram veiculados nos sites dos grandes jornais de Minas Gerais. Utilizamos análise de conteúdo (Bauer, 2002BAUER, M. Análise de conteúdo clássica: uma revisão. In: BAUER, M.; GASKELL, G. Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som: um manual prático. Rio de Janeiro: Vozes, 2002. p. 189-217.) como ferramenta metodológica e buscamos identificar as fontes mobilizadas e os discursos que circularam nos textos midiáticos sobre a infringência à legislação. Para entender os argumentos que circularam por meio das notícias analisadas, examinamos literatura acerca do debate sobre formação da identidade (Taylor; Gutmann, 1998TAYLOR, C.; GUTMANN, A. Multiculturalismo: examinando a política de reconhecimento. Lisboa: Instituto Piaget, 1998.) e ações afirmativas no Brasil (Daflon; Feres Júnior, 2012DAFLON, V. T.; FERES JÚNIOR, J. Ação afirmativa na revista Veja: estratégias editoriais e o enquadramento do debate público. Revista Compolítica, Rio de Janeiro, v. 2, n. 2, p. 66-91, jul./dez. 2012.; Santos, 2015SANTOS, S. A. dos. O sistema de cotas para negros da UnB: um balanço da primeira geração. Jundiaí: Paco Editorial , 2015.), bem como a ideia de dispositivo midiático (Antunes; Vaz, 2006ANTUNES, E.; VAZ, P. Mídia: um aro, um halo, um elo. In: GUIMARÃES, C.; FRANÇA, V. (orgs.). Na mídia, na rua: narrativas do cotidiano. Belo Horizonte: Autêntica, 2006. p. 43-60.). Agrupamos as fontes ouvidas pelos jornais em sete categorias: movimento negro e denunciantes, advogados, entidades estudantis, governo federal, especialistas, suspeitos(as) de fraudes e universidades. Como resultado, observamos que as pessoas suspeitas de fraude justificam a autodeclaração como pardas devido à origem/ascendência familiar, enquanto especialistas e ativistas apontam que a aparência étnico-racial (resumidamente o conjunto de características fenotípicas) é o indicativo para a classificação racial, dada a vivência do racismo no Brasil.

Palavras-chave:
análise da informação; identidade racial; sistema de cotas

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