RESUMO
A existência de diferentes métodos preventivos que oferecem elevado grau de proteção contra o HIV tem trazido à luz um desafio: como países que proporcionaram ampla cobertura de prevenção e tratamento poderão utilizar novos métodos preventivos para reverter taxas de incidência que permanecem elevadas, até mesmo crescentes, em grupos sociais específicos? Realizamos uma revisão narrativa da literatura com a finalidade de examinar os métodos preventivos e as intervenções estruturais que, no contexto de epidemias concentradas populacional e geograficamente, podem ter maior impacto nas taxas de incidência. Com isso, analisamos o conhecimento acerca do grau de proteção dos diferentes métodos, seus limites e suas potencialidades. O alcance e a efetividade dos métodos têm sido minimizados, notadamente, por barreiras estruturais e psicossociais, como falhas de adesão, uso inconsistente ao longo do tempo ou apenas em situações em que as pessoas se percebem em maior risco. Indivíduos e grupos sociais mais atingidos pela epidemia têm limitado o uso e o não uso de métodos de acordo com seus valores, necessidades identificadas de prevenção e condições de vida. Isso impede que um método isoladamente venha a promover um forte impacto de redução na epidemia. Políticas baseadas na oferta conjunta e na complementaridade entre os métodos, na atenção aos aspectos psicossociais que interferem no seu uso e na redução das barreiras estruturais de acesso poderão ter maior impacto na incidência, especialmente se forem planejadas e implantadas com participação e mobilização social.
Palavras-chave:
HIV; Prevenção & controle; Preservativo; Seleção por Sorologia para HIV; Profilaxia pré-exposição; Profilaxia pós-exposição