Objetivo:
O presente estudo avaliou a associação entre as feridas recorrentes por prótese dentária mal adaptada e o risco de câncer bucal.
Metodologia:
Foi realizado estudo caso-controle de base hospitalar que incluiu 71 pacientes com câncer bucal atendidos em dois hospitais da cidade de São Paulo, Brasil. O grupo controle foi composto por 240 pacientes sem câncer, atendidos em ambulatórios diversos dos mesmos hospitais. Todos os casos receberam diagnóstico histológico de carcinoma epidermoide em localizações anatômicas da boca sujeitas a feridas pelo uso de prótese mal adaptada. As feridas decorrentes do uso de prótese mal adaptada foram avaliadas por meio do autorrelato dos pacientes. A análise utilizou modelos de regressão logística não condicional multivariada.
Resultados:
A associação entre feridas por prótese mal-adaptada e câncer de boca mostrou-se estatisticamente significante no modelo multivariado: OR 3.98; IC95% 1.06 - 14.96. A avaliação específica dos tumores da mucosa inferior confirmou esse resultado (OR 6.39; IC95% 1.49 - 29.52).
Conclusão:
A contribuição do uso de próteses mal-adaptadas para a carcinogênese bucal ainda é controversa. O presente estudo confirma a hipótese de que as feridas recorrentes pelo uso de próteses mal-adaptadas podem estar associadas ao risco de câncer bucal. Os resultados encontrados sugerem que a avaliação profissional regular das próteses dentárias pode ser importante para a prevenção do câncer.
Epidemiologia; Neoplasias bucais; Dentaduras; Estudos caso-controle; Fatores de risco; Úlceras orais